Aideen fez força para seguir Hyn, mas parou ao ver o seu pai, ali, estirado do outro lado do convés, sem ninguém para ajudá-lo. Ela deu dois passos hesitantes em direção à Debrett, mas parou, olhou para Hyn e uma enorme dúvida se criou em sua cabeça. Hyn podia facilmente adivinhar no que ela estava pensando. Ela tinha a possibilidade de tentar ajudar o seu pai, e provavelmente ser morta logo depois por algum morto ou pelo próprio Sinistro, ou então fugir com o seu amado em busca da salvação dos dois, pois a chance que Hyn estava oferecendo certamente era a última de escapar daquele caos que se criara. Era uma decisão difícil a ser tomada, e ela ficou parada por mais tempo do que seria sensato, mas Tymora parecia sorrir aos dois uma vez mais, pois nenhum inimigo percebeu ou se importou com a presença de Aideen.
O malandro não sabe o que pesou mais na decisão de Aideen, o juízo de se salvar ou o amor dela por ele, ou ainda por saber que o Capitão Debrett já estava condenado ferido daquele jeito, mas o fato é que Aideen caminhou na direção de Hyn, e sem dizer nenhuma palavra, entrou no bote. Hyn começou a descer o bote na velocidade que dava agradecendo a Tymora por nenhum desmorto ter vindo apunhalá-lo pelas costas, e quando o barco a remo estava na superfície do mar, Hyn escalou a murada do Esperança e se jogou no bote, sentando-se ao lado de Aideen e pegando os remos para tirá-los dali o quanto antes.
Hyn já remava por um tempo, mas apesar de seus esforços, os dois navios ainda eram visíveis no horizonte, fato que ficou comprovado quando ele se virou para dar uma espiada para trás, embora o som da luta não estivesse mais em seus ouvidos. Aideen estava deitada na parte traseira do bote, cansada e certamente muito triste por ter abandonado o seu pai.
- Eu não podia me arriscar, Ly. Pelo futuro de nosso filho.
E talvez Hyn tivesse finalmente compreendido o que pesara em sua decisão. Só agora ele percebeu como a barriga dela estava inchada. Neste momento, o malandro viu formar-se uma onda gigante a sua frente. A princípio ele achou que fosse uma onda, apesar de não estar ventando forte e o mar estar calma, mas de repente as águas começaram a tomar forma de modo muito semelhante aos elementais que atacaram o Marlin Negro dias atrás, só que aquela forma que estava se formando era pelo menos três vezes maior e mais assustadora. Ele olhou para trás buscando uma saída, e viu o Desmorto se aproximando do outro lado em velocidade impressionante para um navio, com Sinistro na proa manuseando o Cajado de Arvandor, que era o artefato que estava criando a forma do elemental.
Tymora não estava mais sorrindo.