Capítulo 10

“Olá, Viribus, sou Chris Ka, um estudioso do fogo. Acredito que um Titã deveria ter seu nome na história e você?”

– EUUU POR SER TITÃÃ FUI ESQUECIIIDO NAS HISTÓRIIIAS!!!! MAAAS NÃO HÁÁÁ DIFEEERENÇA ENTREEE EUUU, UM TITÃÃ, E OS DEUUSES VENERAAADOS! NOSSAAAS FORÇAAAS SÃO IGUALMENTEE IMENSUUURÁVEIS!!!! SOMOOS TRATADOOOS DIFERENTEEEES DEVIDOOO A NOSSAA DEFORMIDAAADE, SERMOOOS SANGUEE IMPUROO!!!!!


[...]


“Viribus, não existe ninguém aqui dentro então? Fora nossa própria expedição. É isso o que quer dizer? Como... Como você sabe? Existia outro caminho na caverna, viemos por um mais difícil.”

– EUU SOUU VIRIBUUS, POSSOO SENTIIIR QUALQUEEER FORMAA DE VIDAAA DE LONGEEE!!!! NÃO HÁÁ OUTROO HUMANOO NESSAA CAVEEERNA ALÉÉÉM DE VOCÊS QUATROO!!!! – Os heróis assustam-se com a notícia, afinal, se for verdadeira, todos os soldados da expedição morreram, "Será que Griffith morreu?", pensariam alguns, certamente Chris Ka teria outro pensamento "Griffith matou todos e colocou-nos nessa armadilha". A caverna treme novamente e ele aproxima-se o bastante para que fosse possível enxergar seu rosto, era imenso, seus olhos vermelhos eram maiores que o próprio Khatar, que era o mais alto da expedição. Seus dentes afiados sinalizavam uma enorme ameaça, bastava um movimento e todos estariam sendo mastigados, caso ele quisesse isso, já teria feito, isso era certo. Era possível ver que suas escamas eram negras e sua feição não passava qualquer tranquilidade e confiança, provavelmente isso ajudara a terem tamanhas desavenças com os deuses.

Viribus retoma a fala então, após ver Khatar, Chris Ka, Oscar e Solaire de perto – HMMMM... AGOORA VÓS ESTAAIS PRESOS COMIGOO!!! O CAMINHOO QUE VOCÊÊÊS VIERAM É UM LABIRINTOOO QUE APÓÓÓS ENTRAAAR NINGUÉÉÉM SOBREVIVEE!!! – Isso era uma notícia muito ruim, mas deixava a incógnita “Como uma criatura desse tamanho e poder chegaria aqui e ficaria preso?”, pensamento que todos os presentes deveriam compartilhar.


Solaire aproxima-se e levanta a voz – Caro, senhor Viribus, reconheço sua força, mas cabe a mim uma pergunta: Como pararas aqui? – O dragão demonstrara raiva ao resmungar, rochas caíam do teto da caverna, enquanto fazia tremer mais e mais o lugar.

– HÁÁ MUITO TEMPOOO EUUU FUI SELAADO POR UMAAA MAGIA ARCAIIICA E NÃÃÃO POSSO SAIIIIR MAIS DAQUUUI!!!! A MENOS QUE UUUM HUMAAANO DESFAÇAAAA O FEITIIIIIÇO NO FINAAAL DO ABISMOOOO!!!!! SE EU SAIIIR DAQUI, EUUUU PODEREEEEI TIRÁÁÁ-LOS DESSAAA CAVERNAAA!!!!

Arregalou os olhos enquanto encarava Viribus. A percepção de grandez era muito diferente da realidade, o enorme titã-dragão-divindade era colossal, uma montanha viva. Comparou-se aos brilhantes olhos vermelhos e se viu insignificante, ficou um pouco aliviado por ter optado pela diplomacia nesse momento, não seria uma batalha justa. Não conseguia imaginar nem mesmo como qualquer arma poderia ter forte ou mesmo longa o suficiente para atingir qualquer parte vital daquele ser - podia ser os olhos, mas mesmo assim, seria muito pior um deus louco e cego atacando para todos os lados em um local que não pudessem sair.

Viribus confirmou, mas não estava pronto para confiar totalmente nele ainda, ainda mais que agora ele tinha um desejo e necessidade com relação ao grupo. Dizia que não havia mais ninguém na caverna, mas ao mesmo tempo queria indicar que eles fossem à saída para que pudessem libertá-lo. Seria para desviar o caminho deles e ter uma liberdade mais rápida? Por outro lado, ele poderia conceder esse favor de confirmar que o príncipe estaria ali e então ganhar a confiança do grupo de forma mais natural. Algumas coisas ainda precisam ser esclarecidas.

Por mais que tivesse qualquer outra denominação, para Khatar - aquilo era um deus. Estavam trocando palavras com um deus em sua forma primordial. E sabia de histórias, os deus podiam ser traiçoeiros. Precisava ter cautela, mas ao mesmo tempo, o tempo era relativo para um ser como esse, se não conseguisse o que queria com eles, poderia simplesmente matá-los e esperar por mais 1000 anos que fosse, até outro grupo surgir.

- Viribus...

Retormou a fala, novamente.

- Desculpe-me, mas como podemos ter certeza do que fala? Não quero ofender, mas infelizmente e como você mesmo disse, as histórias esqueceram o seu papel então nunca soubemos. Qual foi o seu papel? Por qual motivo está preso? Você foi traído?

Talvez, conhecer um pouco mais dele desse uma noção melhor do que fazer. Ainda assim, ele poderia mentir sobre qualquer coisa, mas Solaire parecia conhecer muitas histórias e pode ser que a história contada fosse de acordo com alguma das histórias que Solaire conhecesse, isso poderia dar alguma confirmação para que pudessem enfim, seguir em frente.

Tentou não pensar no outro grupo, com o líder da expedição, Griffith. Isso não era importante agora, pois não havia muito o que ser feito - mesmo que tivessem sido traídos, não conseguia entender o propósito. De qualquer forma, isso seria algo para ser considerado após saírem da situação atual, da caverna e resolverem sua relação com a figura de Viribus.

“Viribus... Desculpe-me, mas como podemos ter certeza do que fala? Não quero ofender, mas infelizmente e como você mesmo disse, as histórias esqueceram o seu papel então nunca soubemos. Qual foi o seu papel? Por qual motivo está preso? Você foi traído?”


Estava pensativo, após ter sua narrativa questionada – HMMMMM... VEJOOO QUE SOOOIS CAUUUTELOSOS!!!! DIREIII BREVEEEMENTE A MINHAA IMPORTÂNCIIIA NESSEEE MUNDOO!!!!

“Nós, Titãs, carregamos em nosso espírito sede de poder, carregamos o fogo, o nosso fogo representa poder, ambição e, consequentemente, descontrole. Enquanto tínhamos um enorme poder, éramos menosprezados pelos Deuses Venerados por serem belos e ordeiros e nós, criaturas desfiguradas. Não havia o que fazer, nascemos assim, não podemos decidir como é a nossa natureza neste universo.

Mas ambos éramos imortais e poderosos, não havia motivos para sermos descartados, então, com isso, a famosa guerra de Titanomaquia aconteceu durante muito tempo.

Depois de milênios, percebi que a nossa natureza era incapaz de proporcionar algo de bom, como conhecedor de todos os segredos, entreguei nossa fraqueza ao Lorde Gwyn, os raios, e que Nito poderia tirar a imortalidade dos meus irmãos com suas pragas. A única exigência era eu ter meu espaço no reinado dos Deuses Venerados.

Após a humanidade surgir o meu fogo despertou o ego, o capricho, o desejo, a ambição, a vontade, o anseio, o calor, a paixão, a luxúria e a gula. Todos vocês possuem um pouco de mim.

Mas o trato com Lord Gwyn não fora respeitado, mandou seu capacho, Ornstein, ‘O Matador de Dragões’, para exterminar meus dragões que criei, por serem poderosos e motivos de desconfiança, eu não admiti e, com respeito a minha ajuda há tempos de outrora, enviou seu guarda para prender-me aqui.

Nessa caverna estou preso há muito tempo, ela inibe todos meus poderes e só um humano seria capaz de desfazer essa runa mágica que me sela aqui.”





(Ornstein, ‘O Matador de Dragões’)

Solaire observa atentamente e repara que seus companheiros avaliam sua reação a história, diz então – Essa história encaixa, mas, nunca ouvi que Lord Gwyn pudesse cometer tamanha falha de caráter, talvez para que não duvidassem de sua integridade... – reflete.


“Ó grande Viribus, o que pode falar para nós sobre este local? Se quer que façamos algo, precisamos nos preocupar com armadilhas? Há outras saídas ou apenas uma? Pode recompensar-nos de alguma maneira?”


– ESSA CAVERNAAA É TRAIÇOOEIRAAA!!!!! SE NÃOO FOSSEEE, NÃO ESTAARIAM PRESOOOOS AQUIIII!!!! A ÚNICAAA SAÍDAA É DESFAZEEEREM O SELOOO E EU TIRAREEEEI VOCÊÊÊS DAQUIIII!!!!!!!



Oscar comenta com seus companheiros – Acredito que não tenhamos escolha, vamos ter que quebrar o selo! –, olha esperando aprovação deles.

- Estou disposto a acreditar em Viribus.

Disse por fim, não tinha com certeza alinhado a sua mente com relação a isso, mas não parecia haver tanta escolha, afinal. Ouviu a história e compreendeu que ela fazia sentido, algumas coisas batiam também com o conhecimento de Solaire, mesmo sem perguntar, ele assentiu e fez perguntas que encaixavam no contexto do que estava sendo passado. É claro, havia problema naquilo tudo - grandes problemas, problemas que eles talvez não fossem capazes de resolver de forma simples - fácil não seria nem mesmo cogitado, mas simples talvez. Precisava da confirmação de todos eles para seguir em frente e deixaria claro quais eram suas dúvidas, assim como quais seriam possíveis resultados daquilo.

- Assim como estou disposto a quebrar o selo, caso isso dependa de mim, no final das contas. Mas preciso que todo o grupo esteja de acordo com isso. Tenho certeza de que você detém muito mais conhecimento do que nós e estamos abrindo um ponto aqui ao confiar - mas pode ser que estejamos liberando uma força de destruição no mundo. E será essa a nossa culpa. Espero que você realmente tenha sido traído e que iremos fazer uma coisa boa aqui.

Passou para seus companheiros. Na verdade, Solaire e Ka - Oscar já havia declarado sua posição.

- O que me dizem?

A cabeça de Viribus flutuava no meio da escuridão sobre os heróis atentamente, seus olhos fixavam com desconfiança em Chris Ka, quando Khatar fala, sua atenção chega até ele, “Estou disposto a acreditar em Viribus.”, seus ânimos em ouvir isso eram claros, faltavam dois apenas.

– Oscar e Khatar decidiram que sim, sinto-me numa situação complicada, nunca ouvi falar de Viribus, encontrar um titã pessoalmente, nunca pensei nessa possibilidade, apesar da desconfiança, devo dizer, aprendi que histórias possuem versões, “a história é sempre dos vencedores” uma vez disseram-me. Talvez tudo que eu tenha aprendido seja apenas uma versão velada de algumas verdades e Viribus tenha sofrido disso. Talvez erremos em nossa escolha, mas erraremos por acreditar na bondade e honestidade, por acreditar na virtude. – Solaire olha para Chris Ka então – Eu decido que ajudarei a quebrar o selo!


Ka diz “[...] Se o corpo de Ornstein está aqui, o que acha de pegarmos seus pertences para mostrar que desafiamos seus algozes? [...]”, Viribus observa as expressões do homem e com um tom levemente de frustração diz – O ENCANTAAAMENTOOO DELEEE FEEEEZ ESSAAA CAVEEERNA SURGIIIR, ELAAA É AAA MINHAAA PRIIIISÃOO, ELEEE NUNCAAA ESTEEEVE AQUIIII!!!!


Solaire exclama – Hm, então, por isso, no topo da montanha dessa caverna tem o rosto de uma cobra, não era o rosto de uma cobra, mas o rosto de Viribus! –, parou para reparar na reação dos colegas – Sua entrada tinha um aviso e o túnel um labirinto para que nenhum humano chegasse perto, pois seriamos a chave para desfazer o selo!


Chris Ka acaba aceitando, pendendo para escolha da maioria, não adiantaria ser o único a dizer não.


Oscar ostenta sua voz firme – Então, vamos, temos que encerrar este capítulo logo, todos decidiram desfazer o selo!

[...]

Vocês descem as escadas em forma de espiral no âmago da caverna que se afunila cada vez mais ao aproximarem do final do abismo.

Para cada dúzia de passos era possível ouvir o dragão cochichar sozinho – ISSOOO, DESÇAAAM!!!! LOGOOO ESTAREMOOOS LIVREEES!!!!


[...]


Após um certo tempo, vocês deparam-se com uma enorme fonte de luz concentrada, só podia ser a magia do selo, então, os heróis correm até ele.

– ISSO!!! ACHARAAAAM!!! DESTRUAAM!!! – Pede Viribus.


Era um enorme círculo com desenhos de hieróglifos desconhecidos, a luz era mais forte no contorno, Oscar observa e fala para seus companheiros – Acredito que uma espada arranhando esse selo possa já desfazer a magia! –, olha esperando confirmação dos heróis, eles confirmam. Então, Oscar branda sua espada ao tirar da bainha e corta o chão, desfazendo o círculo, a luz apaga...


– FIIIIIIINAAAAAAAALMEEEEEEEEENTEEEEE!!!!!!! – Comemora Viribus. A caverna começa a tremer, rochas caem, o lugar desmorona.


Vocês apagam.




[...]




Solaire e Oscar acordam Chris Ka e Khatar.

– Vocês estão bem? – Pergunta o cavaleiro de brasão do sol aos heróis. – Parece que o dragão salvou-nos do desmoronamento! – Olha ao seu redor e estavam no meio do campo aberto da floresta, as ruínas do que foram um dia uma grande montanha jaziam em frente, tudo destruído.


Oscar olha para o céu – Apenas nós sobrevivemos, não resgatamos o príncipe, e quase toda expedição morreu, falhamos em nossa missão!

Não poderia deixar de pensar que foi traído pelo dragão titã, mesmo sem ter a confirmação ou a certeza absoluta - ainda mais considerando que ele não os deixou morrer soterrados, as emoções eram conflitantes, a idéia de estar preso lhe dava pena e vontade de ajudar, mas imaginar Viribus com asas que poderiam cobrir uma cidade inteira, lhe dava um receio e ansiedade sem fim. Sua preocupação para o momento era com relação ao que tinham libertado no mundo. Após a conversa com Oscar, tudo aconteceu rápido demais e não houve tempo se quer para revisar suas opções. Ergueu-se do chão e bateu a poeira e pequenas pedras dos escombros de suas roupas, procurou nos arredores por seu machado enquanto ouvia seus companheiros.

Ambos acreditavam na falha da missão, mas Viribus confirmou que não havia nada dentro da caverna. Se houvesse, sim, teriam falhado e assassinado o príncipe assim como o dragão titã realmente tinha traído o grupo.

A destruição era completa, a montanha inteiro veio abaixo. Caminhou até próximo de onde estava e recuperou sua arma. Com certeza os cavalos teriam se assustado com tudo o que aconteceu e se não tivessem fugido, com certeza teriam se machucado tentando fugir. Sentiu pena dos animais. Não tinha mais referências geográficas para retornar à posição inicial. Deu mais alguns passos, tentando observar algum ponto na distância que pudesse lhe indicar qualquer direção.

Solaire foi procurar os cavalos.

– Viribus disse que o príncipe não estava lá, a informação que obtivemos veio de alguém que desconhecemos, mas garantiram ser de confiança. Ou a informação estava errada ou era uma cilada, se foi uma cilada, a intenção era que morrêssemos nessa caverna, mas o que ganhariam com a nossa morte? – Refletia Oscar consigo mesmo, Chris Ka e Khatar escutavam.

Tudo parecia tranquilo, não parecia que a pouco tempo encaravam um dragão milenar e estavam prestes a morrer, agora que estavam vendo o sol da tarde, não poderiam deixar de pensar o quanto tempo estiveram dentro daquela montanha.

[...]

Solaire retorna com os cavalos, esboçava uma expressão preocupante.

– O que houve, Solaire? – Pergunta Oscar, intrigado.

– Fui buscar nossos cavalos, todos os cavalos estavam lá, menos... o cavalo branco de Griffith...

– Isso significa que ele está vivo! – Oscar comemora, mas, então, para e repara que Solaire não demonstrava alegria com essa notícia.

– Oscar, acredito que Griffith seja nosso traidor!


Oscar era sério e objetivo, mas era difícil para ele acreditar que seu companheiro de tantas batalhas, juntamente com Solaire, um dos poucos homens que confiava, teria largado ele a morte propositalmente.

- Se for essa a intenção, poderá dizer qualquer coisa. Mas temos uma montanha a menos para provar que alguma coisa muito mais forte do que nós aconteceu aqui e que paramos em uma armadilha. A não sei que nosso antigo líder estiver em conchavo com Viribus, mas acredito estar deixando minha mente ir longe demais...

O que não era muito dificil naquele momento, uma vez que - algo que se quer poderia ser cogitado horas antes, aconteceu. Tiveram um encontro com um dragão, um titã de tempos antigos. Checou o seu cavalo, seguindo a instrução de Ka - mal não poderia fazer e no dado momento, seria importante estar prevenido. Passou a mão pela crina do cavalo e encostou a testa no mesmo, como fez ao se despedir. Então, segurou as rédeas e montou o mesmo.

- Devo voltar para o castelo da Midland e me apresentar, acredito ser o melhor curso de ação agora. Alguém culpado teria um interesse em fugir.

- Narramos tudo. Do começo ao fim... Inclusive sobre como Griffith sabia onde era a montanha, onde era a entrada, o caminho que ele escolheu para seguir com seus soldados contratados e o caminho que escolheu para que nós, voluntários, seguíssemos.

Seria bom deixar claro todos os detalhes, a história precisava fazer sentido - entendia bem que reis não eram misericordiosos quando não conseguiam o que queriam e independente da história, apenas ouvir que não conseguiram resgatar seu herdeiro, já seria suficiente para perderem as cabeças. Mas contar tudo conforme o ocorrido, inclusive detalhes que mesmo para eles não estavam claros o suficiente, poderia dar uma chance maior de entendimento e de assim, talvez, continuar sua busca pelo príncipe. Embora muita coisa tivesse acontecido até ali, o objetivo final e o destino do príncipe, assim como Midland, era incerto e poderiam correr atrás dessa questão, ainda.

- Quando for o momento, acredito que também precisaremos falar sobre o dragão. Por mais que possamos parecer... loucos.

Sabia que seria difícil explicar uma criatura onde seus olhos eram maiores do que Khatar, que era um homem grande. Usou o termo da criatura, o que se assemelhava de forma mítica, ao invés de tratar com adoração. Estava um pouco incomodado com a forma na qual Ka tratava Viribus, com essa recém descoberta fé e até mesmo o creditar como misericordioso, quando ele apenas retribuiu o mínimo, não os deixando morrer por terem o libertado.

- Solaire? Oscar? Vocês virão juntos até o castelo de Midland?

Vocês conferem os cavalos, não pareciam fracos, o que constata não terem passado tanto tempo na caverna quanto pensavam ter passado, não haviam indícios de provas criminatórias também. Depois de ouvirem a conversa de Khatar e Chris Ka, são perguntados "Solaire? Oscar? Vocês virão juntos até o castelo de Midland?", eles pensam.

– Não podemos deixar ele impune! – Solaire responde firmemente. Oscar apenas acena que sim, seus sentimentos pareciam meio confusos sobre o que acontecia.

Os heróis montam em seus cavalos, orientando-se pelo sol definiram a direção de Midland, avançavam.


[...]


– Oscar, você já viu isso antes? – Pergunta Solaire.

– O quê? – Oscar atordoado em pensamentos retorna a si com a voz de seu companheiro, Solaire aponta para o céu enquanto cavalgam.

– Que estranho, isso lembra Aurora Boreal, mas ela só aparece em terras nórdicas!


Vocês observam, sem entender muito bem o motivo daquele fenômeno acontecer, na velocidade que iam não iria faltar muito para chegar a Midland.

[...]

Alguma coisa grande cai do céu estranho em direção a uma vila grande, era possível ouvir o barulho da queda mesmo naquela distância.


– O que foi isso? – Solaire fala surpreso.

– Vamos rápido ver o que houve, talvez precisem de ajuda! – Oscar ordena.

Puxou as rédeas do cavalo para a direção da vila, dando um tapinha de leve no pescoço do cavalo. Ao mesmo tempo, aumentou a velocidade da corrida até lá, tinha uma preocupação com o animal que o carregava, também e por isso não o golpeou para isso, mas deu um leve puxão nas rédeas indicando que poderia se soltar e ir mais rápido. Não tinha o que discutir com seus companheiros naquele momento, especialmente com relação a ir ou não até à cidade, era um local que precisava de ajuda e os quatro talvez pudessem ajudar, seriam capazes dependendo da situação e por mais que tivessem a obrigação com relação ao rei de Midland, de reportar todo o ocorrido, isso poderia ficar para um pouco depois, com certeza poderia ficar para um pouco depois. Com a iminência atual, poderiam pelo menos verificar o que tinha acontecido ali na cidade. Visto que fora um objeto que caiu do céu e um objeto grande - capaz fosse muito bem ter a ver com o que acabaram de fazer com relação ao dragão e a montanha com cabeça de 'cobra'. Talvez fossem mais informações para levar ao castelo e com isso, provar que talvez tivessem sido traídos pelo líder da expedição.

O céu passa a escurecer muito rapidamente, na medida que alcançam o grande vilarejo vocês veem que um grande incêndio se prolifera – Temos que acelerar, pessoas estão em perigo! –, afirma Oscar.

“Socorro!!!!”

“Minha casa está pegando fogo!!!”

Pessoas gritam em desespero, havendo um grande alvoroço delas fugindo, tentando salvar o que podem, seus familiares, pertences e objetos de valor...

[...]

Solaire para e olha – Que catástrofe, está fora de controle!


Uma mulher chega até vocês caindo no chão em desespero, ela implora – Por favor, ajudem-me, meu filho está preso naquela casa, não consigo entrar lá, o fogo está em toda parte! – Oscar sai do cavalo e levanta-a – Não se preocupe, eu irei ajudar!

Ele corre até a casa, destrói a porta com um único ataque de sua arma, as labaredas fecham a passagem, mas mesmo assim avança, com sua espada faz cortes rápidos numa tentativa de jogar vento e afastar por um instante as chamas do caminho, vocês perdem ele de vista.


– Droga, acho que irei, talvez precise de ajuda! – Diz Solaire apreensivo.


[...]

A casa é totalmente tomada pelo incêndio e desfaz-se, a moça grita de tristeza pelo nome de seu filho, vocês preocupam-se com companheiro.


[...]


– Estou vendo alguém aparecer daquela fornalha! – Solaire observa esperançoso que seja Oscar. Então, aparece ele correndo com um pano cobrindo o garoto em seus braços.

– Aqui, senhorita, agora fujam! – Diz Oscar a mulher, ela agradece e foge com sua criança.

– Acho que teremos muito trabalho pela frente! – Observa Solaire.


[...]


Uma gigantesca explosão flamejante acontece e vocês caem no chão devido à pressão. Um barulho muito estranho ressoa, como um grito, mas era alto demais e diferente de um grito de socorro humano.

[...]


Um enorme ser alado de olhos amarelos surge da escuridão causada pela fumaça e assopra fogo pelo caminho que sobrevoa e essa chama está alcançando vocês.

Sabia em seu âmago que não deveria ter confiado no dragão. Lendas e contos míticos foram feitos para isso, para serem lendas e contos míticos. Não deveriam vagar pelo mundo, os homens já eram suficientemente cruéis para esse papel da matança, ele sabia bem - não precisavam de novos terrores e novos medos. Foram inocentes e talvez até um pouco covardes ao aceitar a proposta de Viribus, libertar essa força no mundo para que apenas pudessem sair da caverna. Uma troca injusta, mal pensada, apesar da história ter feito sentido no momento - deveria haver um motivo para que ele estivesse preso no local que estava e poderia até ser um motivo injusto, mas viam agora que foi um erro. Viu a correria das pessoas, aterrorizadas - agarrando seus filhos nas mãos e junto do colo. Um dragão destruindo por completo seu vilarejo, mostrando a raiva do fogo. Agarrou o machado com força, torcendo a madeira e as tiras de couro com a força dos dedos e punho.

A criatura surgiu e ao mesmo tempo que seu rosto foi iluminado pelo alaranjado das chamas do local, Khatar teve um momento breve de esclarecimento. Ele lembrava muito bem de Viribus, pelo espanto, pela admiração e pela curiosidade. Tentou observar cada detalhe da criatura que fora encontrada na caverna que ficaram presos e comparou, na medida do possível com a criatura que havia surgido a sua frente agora no vilarejo. Um ponto que lhe chamou a atenção foram os olhos. Viribus tinha profundos olhos vermelhos, que eram do tamanho de Khatar, até um pouco maiores - enquanto a criatura ali, tinha olhos amarelos - não foi possível dimensionar o tamanho, mas a cor estava clara. Não poderia ser um truque das chamas, pois seus olhos não somente tinham essa cor vermelha, como também brilhavam no mesmo tom com uma intensidade incrível. Era perfeitamente possível que estivesse enganado, mas ao mesmo tempo, também era possível que aquele não fosse o mesmo dragão que libertaram horas antes e se fosse esse o caso, menos pior - pois, ainda tinham isso para lidar, independente do ser ou não Viribus, as pessoas ali ainda estavam sendo atacadas e algo precisava ser feito.

Viu o fogo se criando dentro da boca da criatura e jogou-se para o lado, tentando escapar do turbilhão de chamas - teria que aguardar uma melhor oportunidade para desafiá-lo.