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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Guilix
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 3 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Guilix Sáb Jan 26, 2019 1:21 am




    Padre Inácio
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    ORA ET LABORA

    "Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
    Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca."
    Apocalipse 3:15,16

    Depois de anunciar que não iria se consagrar, Dom Inácio tentou contribuir ajudando Mayane, Ana e o pequeno Guilherme com os desenhos. O padre não costuma desenhar e nem tocar muitas pessoas diferentes, então juntar essas duas coisas era inédito, mas já estava acostumando com as novidades daquela noite peculiar. "Acordei padre, e agora nem sei mais o que sou".

    Ter uma criança no ambiente, de certa forma deixava o clima mais tranquilo. E o garoto parecia gostar de Inácio fazendo várias perguntas e comentários, alguns um pouco avançados para sua idade. Guilherme parecia ser um garoto maduro, e como não seria? Deve ser muito difícil ter uma infância comum vivendo naquela realidade, Inácio se compadeceu dele, que também não havia escolhido estar naquela situação. O padre com um sorriso respondia as dúvidas da forma que podia em uma linguagem simples.

    - CeticisMO. É assim que se diz. - falou dando ênfase na última silaba em tom "professoresco". - Significa mais ou menos que você duvida das coisas que te falam ou acreditam.

    Ao explicar para o garoto mais uma vez um questionamento quanto suas próprias atitudes naquela noite surgiu em sua mente. Por algumas vezes Dom Inácio não teve fé nas suas crenças e ainda duvidou das histórias que os outros contavam. Ele se sentiu em cima do muro. E isso o lembrava de uma parábola que vez ou outra usava em seus apelos:

    "Havia um grande muro separando dois grandes grupos. De um lado do muro estavam Deus, os Anjos e os Santos. Do outro lado do muro estavam Satanás, seus demônios e todos os que não servem a Deus. E em cima do muro havia um jovem indeciso que estava em dúvida se continuaria servindo a Deus ou se deveria aproveitar um pouco os prazeres do mundo. O jovem indeciso observou que o grupo do lado de Deus chamava e gritava sem parar para ele:
    - Ei, desce do muro agora... Vem pra cá!
    Já o grupo de Satanás não gritava e nem dizia nada. Essa situação continuou por um tempo, até que o jovem indeciso resolveu perguntar a Satanás:
    - O grupo do lado de Deus fica o tempo todo me chamando para descer e ficar do lado deles. Por que você e seu grupo não me chamam e nem dizem nada para me convencer a descer para o lado de vocês?
    Grande foi a surpresa do jovem quando Satanás respondeu:
    - É porque o muro é MEU!"


    Era uma historinha simples que ensinava que não escolher também é uma escolha. E mais uma vez seu corpo tremeu. Não participar da Consagração mas ajudar nos preparativos era hipocrisia. O padre ainda não havia decidido qual lado do muro ele escolheria. Uma vida quente de clérigo com suas crenças antigas, ou uma vida fria de Caçador enfrentando essa nova realidade. Era melhor decidir logo se seria frio ou quente, porque talvez a mornidão seria vomitada.

    Ao ver que Irmã Graça se dirigiu a cozinha, Inácio a acompanhou. Aquela noite ele já havia tentado perguntar coisas para ela, mas até então só recebera respostas vagas que traziam mais dúvidas do que antes. Talvez ele quisesse que ela apenas decidisse por ele, como alguns fiéis de sua diocese faziam. Enquanto estavam na cozinha o padre a ajudou com os preparativos da ceia noturna, e ouviu com atenção toda a história que ela lhe contou.

    - Irmã. Me responda, por favor. Como você consegue viver essas duas vidas? Elas não são o oposto? Manter a fé nas nossas tradições e nas Santas Escritura e enfrentar esses demônios? Você é quente, fria ou morna?


    Então voltaram para a sala de jantar e Inácio ajudou a pôr a mesa. Depois de decidir não se consagrar e conversar com a freira, já estava mais aliviado, e talvez seu estômago estivesse pronto para uma refeição mais tranquila. Antes de comer, decidiu tomar a inciativa e apresentar as a tradução porca que havia feito das Tábuas de Osíris, que trouxe do museu:

    Quando as neves consumirem a terra
    e o [sol] ---------- [como] uma vela ao vento
    então, e apenas então, nascerá uma mulher,
    a [última] Filha de Eva,
    e [com] ela será decidido o ------- -- ----.

    E [você] não reconhecerá esta mulher, exceto pela sua marca -- ---,
    e ela [confrontará] a traição, o ódio e a dor,
    mas [nela] está a [última] esperança.

    Depois disso pegou um pedaço de pão caseiro e o mergulhou em uma mistura morna de café quente com leite frio. Já estava decidido. E enquanto comia, pôde ouvir atentamente Mel os comunicar quais seriam as próximas ações do grupo.

    - Não quero parecer covarde, mas não sei como eu poderia ajudar o grupo em uma dessas missões, ainda mais sem passar pela tal Consagração. Mas... podem contar comigo.






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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 3 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Saskwatch Sáb Jan 26, 2019 11:36 pm

    Ao acordar assustado, Gerson olha para os lados, para, respira, esfrega os olhos com os punhos fechados.

    Respira fundo novamente, engole a saliva demoradamente, tentando se recuperar desse sonho, que parecia muito real.

    Ouvido a conversa e explicações de seus colegas começa a entender.

    _ Piazada do céu, que caraio foi esse, e como é que é? Nois tamo no meio dos lobisome?

    Muitas informações chegando muito rápido, ir para ouros mundos, sonho e umbra...

    _ Bom véi, já tô rabiscado, jurado, e tudo mais. Maís quero sabê como é que vamo se defendê com isso tudo... Como é que faiz os paranauê pra isso funcioná?

    Mais do que tudo, o rapaz precisava saber como isso iria ser útil para se proteger, e seus novos amigos, "amigos?"

    _ Viu Ana, vô com voceis, to querendo vê até onde vai essa parada, e to doido pra quebra a cara duns macabro aí, mesmo que ainda num sei como.

    Voltou a mesa, para tomar um café, enquanto os demais estavam por ali. Ficou animado vendo a fome de Antônio. Já que tinha alguém a sua altura na mesa, resolveu fazer um lanchinho. Pensando, enquanto comia, dirigiu-se a Victor:

    _ Ô Vito, piá, num sei você, mais eu se saísse prucurá alguém por aí, ia passá um aperto de fome... Será que se a gente carrega uma marmita, com umas carne com osso, que nem tinha na janta, e oferece pra um desses pai e mãe de lobisome não podia conseguí algo? Eu adoro roê um osso de churrasco, mas sempre machuco a boca  ( piscou um dos olhos e sorriu).

    _ Gente acho que a nossa vida ta não mão um dos otros, se for confiá em voceis, vo chamá voceis de amigo, assim posso xingá sem dó quando alguém fizé cagada.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 3 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Mellorienna Sáb Jan 26, 2019 11:37 pm





    Jardim Secreto


    02h40min
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    Os Caçadores eram muitos, e - como era de se esperar - haveria dúvidas semelhantes em meio a pensamentos completamente díspares.

    Para Victor, em um canto mais afastado da sala, Mel reservou um de seus raros sorrisos tortos e charmosos, que ganhava um ar irreverente em par com aqueles olhos que eram poços de escuridão:

    - "Conheço as tuas ações, e o teu labor e a tua perseverança, e que não pode suportar homens maus. Não obstante, tenho contra ti que tens abandonado o amor que tinhas no princípio". O Anjo de Éfeso, do livro do Apocalipse. Capítulo 2. Versículos 2 e 4. É um alerta para todos aqueles que caçam. Não abandone o amor que tinhas no princípio, Victor. E tudo ficará bem. - Mel tocou de leve o braço do homem - E se não ficar, eu mesma cuidarei do caso. Você tem minha palavra.

    Talvez em outro ambiente aquilo soasse como uma ameaça. Mas, ali entre aquelas pessoas, era quase como dizer "se um dia você precisar, cuidarei do seu cachorro" - uma forma de demonstrar boa-fé e amizade.

    Ao mesmo tempo, Irmã Graça riu da pergunta de Dom Inácio, olhando o padre de soslaio enquanto respondia:

    - Se não fossemos do Clero, perguntar a uma mulher se ela é quente soaria de forma muito diferente... - a freira ria, secando os olhos, como quem se divertia muito com a situação - Eu não sou tão velha a ponto de suposições menos ortodoxas serem descartadas de plano, Inácio! - controlando-se para parar de rir, dando tapinhas amigáveis na mão do padre, ela finalizou - A Fé é minha rocha, Inácio, é o farol que guia meu caminho. E é exatamente por ter Fé que não me sinto perdida em meio à tempestade, não me se sinto sem chão diante da maldade crua do mundo. Há uma linda frase que li quando era ainda uma menina, e que repousa até hoje em meu coração. E agora eu a ofereço para você, como um presente. "Anda serenamente o seu caminho por entre o barulho e a pressa, e lembra que o silêncio é paz".

    Pela casa, os Caçadores se reuniam e se preparavam como podiam, conversavam e buscavam acertar detalhes. Ao comentário emocionado de Doc de que iria em busca de Ana Rita quer as pessoas ao redor quisessem, quer não, Ace apenas assentiu, enquanto limpava seu rifle:

    - Você pode liderar seu grupo na localização e resgate da médica, Doc. Basta que eles queiram acompanhar você. Eu e Mel vamos para a Umbra se for assim, enquanto Victor e Guinnevere atravessam com Ana e Gerson para o Sonhar. Na verdade, é uma boa ideia, guria. Se o recado espiritual que Mayane recebeu estiver mesmo correto, e o Sexto Maelstrom tiver se erguido na Umbra Profunda, seria uma missão suicida. - o loiro sorriu para Doc, parando de limpar a arma para dar um abraço meio de lado na moça, conduzindo-a pelo ombro para junto de Mayane, Antônio e Dom Inácio - Belos instintos tem a sua Tutora! Agora é dar graças a São Pedro e beijar meu gurizinho antes de atravessar a Película. Com Maelstrom não se brinca.

    Ace apertou Doc pelos ombros, sorrindo em um gesto simpático, antes de se virar para a esposa:

    - Eles têm que saber. Os Tutores mais que os outros. Mas todos têm qu--- não, não quero saber. Não podemos trata-los como crianças, Mel. Nem como civis. Bah... eles tem o Inferno nos olhos. - a Caçadora estava bem séria, e Ace estava ficando vermelho, mas não se deteve - Nós localizamos um Noturno capaz de reproduzir os Sinais. Um tatuador. Um de vocês poderá receber os Sinais da Consagração em definitivo, sem sair de Bela Vista. Mas apenas um. Após gravá-los, o Noturno deve ser conduzido à Morte Final. Para que não se crie entre as Crias das Trevas sequer o mais vago conhecimento sobre a Consagração. E... - ele engoliu em seco. Mel continuava silenciosa como uma estátua levemente zangada da Medusa - ... pretendemos convidar um de vocês, Tutores, a integrar permanentemente nosso trio.

    Havia um nítido desconforto no ar, quebrado pela voz apaziguadora de Irmã Graça:

    - Os que vão atravessar para a Umbra ou o Sonhar, deveriam descansar. Falta menos de quatro horas para o nascer do Sol, mas pouco descanso é melhor que descanso nenhum. Depois de cruzar a barreira, não é possível saber quando será seguro fechar os olhos outra vez. - olhando para Doc e seu grupo, a freira completou - Os que buscarão pela legista também deveriam descansar. Não há chance alguma de sucesso numa empreitada noturna de invasão de um covil de sanguessugas. É quando eles dormem e apenas seus asseclas ficam para trás que nós entramos. Quando o gato morto-vivo sai, os ratos armados fazem a festa. E sobre esse assunto de Consagração... - havia desgosto no olhar que a freira lançou para Ace - ... trazido à tona no pior momento pelo chucrismo de um bagual que eu treinei feito meu nariz... - o Caçador indignou-se de forma carinhosa contra a Mestra, que prosseguiu - ... não vai acontecer hoje. Nem amanhã. Perder horas de sono sobre algo incerto, preso ao futuro, é o caminho do desastre. "O futuro a Deus pertence", afinal. Tenham fé.

    O silêncio desceu pesado sobre a sala, enquanto uivos cortavam a noite fria de agosto.


    Padre
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 3 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Padre Seg Jan 28, 2019 3:53 pm

    TAKE IT OR LEAVE IT

    Doc respirava aliviada, pelo menos em saber que recebeu a permissão para fazer o que queria. Não queria parecer-se com uma criança mimada, mas até que ponto seria justo trair o que acreditava? No começo da noite não haviam entrado em um consenso de que fariam aquilo para que outros inocentes não precisassem fazer? De qualquer jeito, seus olhos ainda enchiam de lágrima ao receber o elogio de Ace, um comentário tão pequeno mas que fazia tanta diferença numa noite pesada como aquela, apesar de tudo ainda sentia-se besta.

    Quantos anos eu tenho, 10?

    Obrigada, Ace, de verdade. Não sei se voltarei viva, mas darei o meu melhor.

    Preparava-se então para falar com os seus companheiros, limpava o rosto antes que alguma lágrima ousasse cair, já preparava o discurso quando algo que saia da boca de Ace lhe chamava a atenção e talvez provavelmente chamasse a atenção de todos os outros caçadores ali. Seus olhos perdiam Mayane, Antônio e Dom para focar novamente no casal. Doc já se preparava pra perguntar do que raios estavam falando, mas não precisou, a médica recebia a informação engolindo seco, talvez ainda não entendesse o peso que uma consagração definitiva traria e também não sabia se era digna o suficiente para passar por algo do gênero.

    Poderia falar alguma coisa, porque sua mente com certeza estava pensando em um monte de coisas, mas se segurou. Antes de explanar qualquer ideia que tivesse sobre aquilo, precisava ela mesma digerir e entender. Assim, enquanto irmã graça falava seus olhos apenas se perdiam no canto da sala, apenas sendo trazida de volta quando a velha freira lhe dirigia a palavra.

    Já iremos nos retirar pra descansar, irmã, obrigada pela preocupação, mas antes eu preciso discutir algo com eles. ― Sorria amigavelmente para a freira e então chamava Dom Inácio, Mayane e Antônio para o canto onde pudessem conversar de maneira mais reservada. Estava séria. ― Ace me ofereceu a chance de ir atrás da legista e disse que se vocês quiserem, podem me acompanhar e ele e Mel acabariam indo para a umbra. ― Encarava outro canto da sala ao longe mais uma vez antes de continuar. ― Nenhum de vocês tem nenhum tipo de dever ou obrigação comigo e eu entendo isso, por isso já aviso, que se não se sentirem confortáveis de ir, não precisam, de verdade. O que aconteceu com a legista foi minha culpa e eu não nego isso. Existe uma grande chance das coisas darem errado e de que talvez nenhum de nós volte, mas... Se vocês optarem por ir comigo, eu prometo que eu vou fazer o meu melhor pra que vocês saiam com vida e para que o que aconteceu mais com Rita não se repita novamente, nem com ela, nem com vocês ou com qualquer outro. Sendo assim... Vocês me dariam a chance de ser a mentora de vocês mesmo que eu siga por esse caminho egoísta?
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    Mensagem por Nazamura Ter Jan 29, 2019 11:13 am

    Maria escreveu:― Ace me ofereceu a chance de ir atrás da legista e disse que se vocês quiserem, podem me acompanhar e ele e Mel acabariam indo para a umbra.
    - Tudo bem, eu irei com você, afinal, ela estava do meu lado quando sumiu, então parte dessa culpa tambem é minha - diz tentando consola-la pondo a mão em seu ombro.
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    [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto - Página 3 Empty Re: [!ON!] 1ª Noite: Jardim Secreto

    Mensagem por Mellorienna Ter Jan 29, 2019 5:40 pm





    Jardim Secreto


    Fim da 1ª Noite
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    O silêncio desceu pesado sobre a sala, enquanto uivos cortavam a noite fria de agosto.

    Doc, Mayane, Antônio e Dom Inácio combinavam como agir, enquanto os demais buscavam silenciosamente por uma cama ou um canto ao qual se encostar para dormir. Até mesmo Guinnevere, que pensou que não voltaria a ter sono tão cedo, se pegou bocejando à menção de um descanso. Em breve, alguns nos sofás, alguns nas camas, os novos Caçadores todos dormiam sob a revista dos olhos de escuridão de Mel da Paixão, que os tocava brevemente na testa antes de caminhar até o próximo, sussurrando palavras que nenhum deles teria entendido, ainda que estivessem acordados.

    Após retirar o Manual das mãos de Ana, que havia dormido abraçada ao livro, Mel se juntou a Ace e Irmã Graça na cozinha. O Caçador já trazia o filho adormecido nos braços.

    - Tem certeza de que eles saberão o que fazer?

    Mel ergueu os olhos muito lentamente para o marido.

    - Tenha Fé.

    Ace sorriu e acariciou os cabelos vivos da mulher. Ele sabia que ela não tinha certeza. Mas havia feito o que era possível por eles. E isso era tudo que se poderia desejar, no fim de tudo.

    - A sua bênção, Madre. - os dois disseram antes de sair para a madrugada que despontava em um nascer do sol tingido em sangue.




    Antônio, Doc, Dom Inácio e Mayane


    Eram exatamente 7h da manhã quando acordaram, todos ao mesmo tempo, de um sono sem sonhos.

    Sentiam-se leves, estranhos e maravilhosos - como uma criança que tivesse dormido embalada no colo da mãe após uma crise de choro. Esperavam olhar ao redor e ver o belo Jardim ao sol da manhã, talvez com um cheirinho de pão saindo do forno, preparados pelas mãos habilidosas de Irmã Graça...

    ... mas não havia nada.

    Perceberam-se, os quatro, acordando em uma sala pequena de um apartamento minúsculo, cujas paredes há muito não pintadas pareciam impregnadas do alcatrão de milhares de cigarros. Havia um banheiro de 1m x 1m, com um espelho pequeno e embaçado acima da pia, em um daqueles armários de plástico antigos, onde as vovós guardavam creme para dentadura. Mas, ali, muitos remédios - para dor, para ficar acordado, para dormir, para infecção, para tosse seca - e certo número de drogas ilícitas - LSD e cocaína, em grande parte.

    No pequeno quarto, uma cama de casal descoberta, cujo colchão tinha muitas marcas de sangue e provavelmente já tinha visto dias melhores, e um guarda-roupa simples, com algumas poucas mudas de roupa. Masculinas. Calças jeans e camisetas surradas de bandas de Heavy Metal. Um desodorante já no fim. Um par de coturnos gastos, com a aparência macia e confiável que apenas muitos anos de luta poderiam dar a um calçado como aquele. Tamanho 42.

    A sala e a cozinha eram um só cômodo, sem divisões. Não havia louças sujas nem lixo a recolher. Nos armários, poucos copos, todos sem par, alguns daqueles de requeijão. Poucos pratos, alguns lascados, alguns com flores - talvez herança de dias menos sombrios. Na geladeira, uma jarra de plástico com água, seis latas de cerveja popular e uma dúzia de ovos. Além de uma caixa de pizza, cuja nota fiscal - grampeada à tampa - indicava que era de dois dias atrás. Ainda restavam sete das doze fatias de pepperoni.

    O cheiro de cinzeiro era forte, apesar de não haver cinzas pelo lugar. O chão, as paredes, os móveis, tudo cheirava como um grande cigarro barato. Mas, na maior parede da sala, o dado mais impressionante sobre aquele pequeno apartamento desconhecido: um enorme esquema, estilo Mapa de Crime, com fotos e informações acerca de uma jovem - aparentando ter algo entre 16 e 21 anos, dependendo da foto - sob o nome de "Lucy D'Arc".

    "Noturna?" - a caligrafia masculina, apressada e angulosa, tecia a pergunta. E, em um dos registros, era possível ver que Lucy D'Arc foi fotografada enquanto observava uma mulher à distância. Uma mulher que Antônio, Doc e Mayane reconheceram como sendo a médica legista levada naquela noite: Ana Rita.




    Ana, Gerson, Guinnevere e Victor


    Mais um dia quente e poeirento em San Miguel.

    A professora se despediu do último aluno, agradecendo pela maçã. Ana era muito querida por todos e, ainda que a estação já não fosse mais propícia, as crianças ainda a presenteavam com maçãs, sempre que podiam. "An apple a day keep the doctor away!" - ela sorria enquanto caminhava pelas ruas de chão batido varridas pelos ventos estéreis daquela terra castigada.

    Victor não demoraria a chegar. Como Sheriff a vida já não era tão sofrida quanto à época em que o marido era Texas Ranger. Ainda assim, Ana se preocupava. A estrela era a marca da lei, mas também trazia a ela uma sensação indefinida de desconforto. Principalmente desde que aquela estrela vermelha havia surgido no céu de San Miguel.

    Havia conversado longamente com Guinnevere sobre ela. A ruiva administrava sozinha o saloon local e era a melhor amiga que se poderia desejar. Esperta, de mente afiada, muito à frente de seu tempo. Enquanto as matronas sussurravam sobre superstições e maus-agouros, Guinnevere tinha sido clara com Ana: era algum tipo de cometa persistente, como um Halley que gostasse de entreter por mais tempo sua platéia. Ou era o Olho do Cramunhão, como andavam pregando na missa dominical. Tanto fazia. Enquanto houvesse gargantas secas, haveria saloons, e da porta do saloon para dentro, o único demônio que deveria preocupar alguém era a ruivinha com um rifle atrás do balcão.

    Corria à boca miúda por toda San Miguel as fofocas sobre Guinnevere e Gerson. Big Bad G tinha sido um dos piores ladrões de diligência daquelas paragens, antes de conhecer Lady Red, a dona do saloon. Diziam que eles haviam se conhecido ali mesmo, em uma mesa de bar. Biblicamente. Mas Guinnevere era moderna demais pra casamentos, e Big Bad G tinha a cabeça a prêmio lá pelas bandas de Santa Madre. No começo, Ana pensou que o marido estivesse louco, mas Victor fez de Gerson seu Deputy, dando ao homem uma renovada dignidade. Agora, era realmente o melhor braço direito que um Sheriff poderia ter: literalmente, no caso de distribuir uns socos por aí.

    O sol baixava no horizonte quando o Sheriff Victor entrou em casa, batendo a poeira da rua na soleira da porta antes de entrar na sala. Ana enfeitava a casa com flores agrestes, mas nenhuma era mais bela que a esposa.

    O sol baixava no horizonte quando o Deputy Gerson entrou no saloon já lotado de mineiros e trabalhadores da ferrovia, tirando o chapéu com aquele ar de patrão. Guinnevere sorriu atrás do balcão, porque não se importava o mínimo com o falatório das beatas.

    "E podia ser só mais um lindo entardecer em San Miguel... se eu não soubesse o que acontece quando a lua está no céu. Mas quem mora por ali sabe bem como as coisas são. Sei que essa noite eles virão. E não vai sobrar nada de ninguém."


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