Quarto do Gláucio

DIA 21, 3 horas e 30 minutos da tarde

Gláucio estava meditando e centrando seus pensamentos em uma paisagem relaxante, como aprendera a fazer, mas algo impedia-o de conseguir isso, era como se uma mão gigante surgisse do vácuo para tirá-lo de sua zona de conforto, agarrando sem machucá-lo, puxaria para um portal interdimensional de onde vinha a desconhecida mão onipotente.


Sumia sua essência naquele lugar...

SOM ATMOSFÉRICO:

Ele não estava mais presente no quarto, não estava mais nos picos das montanhas concentrando seu zen, despertara caído no chão de um longo corredor escuro, um forte chiado insistia em seu consciente, não sabia de onde vinha, provavelmente de sua mente, era incômodo e angustiante, parecia estar preso numa televisão.


A sua frente, um estranho encontrava-se sentado em um banco, a baixa claridade no fundo não permitia vê-lo além da sua sombra.




Uma voz de senhor ecoa daquela sombra sentada no banco – Você não deveria estar aqui...


Uma pequena névoa começa a vir no final do corredor rasteiramente e aos poucos passava a cobrir o recinto. O que você faz?

-Névo...A... Como... Na colina... Como daquela vez, exatamente como daquela vez.
Não...O Doutor disse que aquilo naão aconteceu... Deve ser uma sauna... Não

Me afasto, tento correr deles e procurar um lugar para me esconder longe da vista dele.

Longe da névoa... Ravenloft... Carcosa...

Não...

Respiro e tento procurar abrigo.

DIA 21, 3 horas e 31 minutos da tarde

A névoa passava a cobrir todo o fundo do corredor e você andaria em direção contrária, era escuro demais para enxergar, mas parecia ser a melhor opção, não era possível deixar de olhar para trás e acompanhar o que acontecia, o chiado o seguia sem explicações, aquilo desorientava um pouco Gláucio. Então o senhor cai no chão...


"Será que enfartou?", poderia pensar.


[...]


Ele volta a se mexer lentamente, seu corpo tremia como se levasse choque, era silencioso, não parecia algo humano de se ver, ao se levantar de pouco e pouquinho, seu corpo passa a aumentar de tamanho e um barulho perturbador vem dele.

BARULHO ESTRANHO:

Aquilo sem dúvida poderia assustá-lo, "Como saio deste lugar?", poderia pensar, aquele ser agora tinha um corpo de um homem forte de dois metros de altura, a névoa o cobria e sua sombra angustiava-o pelo mistério de não conseguir ver quem era.




Ele começa a andar serenamente em passos robóticos em sua direção.

MÚSICA DE TENSÃO:

Você poderia correr, mas até onde esse corredor escuro o levaria, você não saberia dizer. Luzes começam a piscar e sua sanidade é testada.




Após descer as escadas você encontra um longo corredor com várias portas, a iluminação era precária, piscava e apagava. O que fará?

Uma escada...

Luzes...

De Neon...

Certo, seu cretino...

Desço pela escadaria um tempo, me volto para ele.

- Que você quer? Onde eu estou?

DIA 21, 3 horas e 32 minutos da tarde

Gláucio questiona ao sobrenatural, mas parecia inútil, não havia resposta, apenas gemia aquele som horripilante. A névoa acompanhava-o, engolindo todo o corredor por trás.


Seguia andando, seus passos eram leves e silenciosos, sua mão estava estendida, como se quisesse alcançar o intruso que era Gláucio.


Pelo outro lado não dava para ver o fim do corredor, várias pontas faziam presentes.


Lutar, fugir ou esconder, o que fazer?

DIA 21, 3 horas e 33 minutos da tarde

Gláucio escondera-se dentro de um armário, fora apenas intuição ou instinto de sobrevivência, mas foi a escolha que tomara para escapar daquele ser cósmico. Seu coração certamente palpitava, com certeza estaria ofegante, a adrenalina estava borbulhando em seu sangue, mas era preciso se controlar, tinha que manter em silêncio... Ele chegou...


Sua mão gira a maçaneta lentamente e abre a porta de tal forma que faz um rangido perturbador.


[...]


Pensamentos de que o acharia provavelmente viriam, não teria como fugir naquela condição.


[...]


Ele desiste e fecha a porta, o som de seus passos marcam o seu distanciamento. Você escapou.


Após sair do armário com cuidado Gláucio repara que estava em um quarto exótico, vários objetos antigos e de natureza clássica, mas algo realmente chamara sua atenção na mesa.




O que isso significaria? Onde você está? O que está acontecendo? Qual é a conexão disso tudo? Muitas dúvidas deverão vir e provavelmente nenhuma resposta aparecer...

-Uma moeda nazista... Mas...?

Algo que por sobrevivência alguém que foi um punk do ABC paulista nunca deixaria de reconhecer é qualquer coisa que simbolize qualquer referência ao Reich Alemão.
Eu pego a moeda e olho ao redor tentando entender onde diabos eu fui parar.
Pego a moeda e a guardo comigo no bolso da calça.

Me aproximo lentamente da porta, tentando ouvir o que esta havendo.

DIA 21, 3 horas e 34 minutos da tarde

Após olhar pela beirada da porta, nada mais da névoa e do ser que já havia sumido, então sai do quarto lentamente.








[...]

SOM DE EFEITO:

UM SUSTO DESESPERADOR! ERA COMO SE SEU CORAÇÃO FOSSE SAIR PELA BOCA!


Podia ver nitidamente a criatura, ela surgiria sem explicações em sua frente, estendendo a mão, passa suavemente os dedos em sua face de maneira grotesca e perturbadora, seu gemido continuava e então fala com uma voz familiar, mas indistinguível no momento – Você está em perigo, fuja enquanto tem chance!


Então tudo fica escuro, tudo fica vazio e vira queda livre, será que morrerá agora? Poderia pensar.



[...]

DIA 21, 3 horas e 45 minutos da tarde

Morgana chega no quarto e encontra Gláucio desmaiado, ele estava bem suado.

-Hum... Mas...onde...?

Começo a me levantar, subindo de uma vez....

-Oh, céus... Morgana? É você?!

Em desespero a abraço quase chorando.

Vejo Morgana indo pegar água.

-Eu... entendo, esse carinha que você arranjou é maluco... Desculpe comentar.
Faço uma brincadeira apesar de tudo quando ela retorna e pego a água.

-Desculpe o abraço subito, eu... Tive um pesadelo... Eu precisava era... bom, acho que uma ducha depois desse suor, mas... Não queria que você fosse embora do quarto...

Comento meio sem jeito e bebo a água.

Por um instante o medo some, afinal foi só um sonho ruim, fantasmas e nazistas são coisas que me atormentam. O Espirito Santo... Os Orixás... Eu já não acreditava em mais nada disso... Mas foi muito aterrador e realista, o velho ancião virando um monstro morto-vivo ao melhor estilo de alguma criação de um necromante em um RPG... Vendo que estou na realidade, ainda assim sinto medo de ficar sozinho e peço ajuda para uma jovem que por alguma razão me odeia e hostiliza há um tempo.

Morgana escreveu:-Ele é um pouco, mas ele é uma boa pessoa já que está sempre me ouvindo e não precisa se desculpar eu estou aqui por que fiquei preocupada, bem me desculpe pelas brigas além do mais você tem razão nós descendentes de índios deveríamos entrar na faculdade por merecimento e não por cota, bem vai tomar seu banho que eu te espero sem problemas.[/center]

Apesar da sensação ainda presente de medo, não consigo evitar de sorrir.

-Não foi exatamente isso que eu quis dizer naquele debate, Morgana...hehehe... Agora entendi porque estava tão brava comigo depois da minha palestra... Eu vou tomar uma ducha rápida, te explico quando eu voltar.

Pego uma toalha e uma muda de roupas na mochila. Cara, que sonho foi aquele?

Dentro do banheiro, enquanto estou me despindo procuro instintivamente nos bolsos a moeda nazista...

DIA 21, 3 horas e 50 minutos da tarde

Gláucio começava a tranquilizar-se, entendendo que seus sonhos eram apenas... sonhos, mas um vento frio arrepia seu corpo, após tirar a roupa e checar os bolsos, aquela moeda que continha o símbolo nazista, estava lá, "mas como isso é possível?" certamente pensaria, não há explicações para isso, nada poderia explicar o que acontecia naquele instante, agora resta tentar desvendar esse enigma.


[...]


Enquanto isso, Morgana fica aguardando no quarto.


[...]


Uma sensação estranha começa a crescer na jovem descendente de índios, uma espécie de tonteira, sua visão passa a ficar turva e isso incomodava-a.




Uma pessoa encontrava-se a sua frente ao lado da porta da varanda, com sua dificuldade de enxergar, não poderia reconhecer quem era, poderia ser o Gláucio.

Me surpreendo ao ver a moeda, por um momento penso que estou mais louco do que eu imaginava e coloco o objeto sobre a pia.
Por um instante penso que parte do sonho deve ter sido sonambulismo e que provavelmente eu saí do meu quarto nesse meio tempo.

Eu havia deixado a porta encostada...

Por medo de ser cercado por um monstro quando o vapor começar a subir?

Ligo o chuveiro e entro debaixo dele.

Devo estar ficando totalmente pirado.

Conforme a água cai sobre minha cabeça, eu apoio os braços ao lado do chuveiro, pensando em como falar sobre essa moeda.

Irmãos gêmeos loiros... Como os Fenris da Marvel Comics... Os gêmeos Andrea e Andreas von Strucker

Lembro que Ricks não me disse seu sobrenome.

...

Saco...

Deixo a água correr mais um tempo e quando o vapor começa, penso em desligar a água quente.