Malik T'chakan

O caminho da minha ida tinha sido tranquilo, não existiam muitas conversas que eu precisa-se ter com Urban enquanto me levava, não, Urban era um homem igualmente sério e preservava o silêncio, mas eu gostava dele, nós conhecemos a muitos anos nas senzalas dos senhores que nos aprisionavam, ter ele ao meu lado, bem foi um conforto e um lembrete de onde eu tinha saído. Afinal até mesmo Julius Cesar tinha um homem para lembra-lo que ele era apenas um homem e não era um deus.

Adentrei em Gula e sentei em uma mesa, a de sempre, cativa, preferêncial para mim. Beatriz logo chegaria e eu, bem, eu ainda tinha preocupações a solucionar. Enquanto a aguardava fazia uma breve ligação para Nefertitti que me auxiliaria em outra coisa importante para aquela noite e com um tom ameno falaria com a mesma:


[color=red]-- Nefertitti preciso que você organize meus horários para as reuniões que eu possa a ter hoje, alguém importante precisa de minha presença ? -- [b]-- A conversa seria estendida o máximo que fosse possível para apurar os detalhes do que ainda tinha para fazer, tudo isso enquanto esperava calmamente Beatriz. Porém a medida que os minutos passassem começaria a sentir a leve angústia tomar conta de seu corpo, as sensações únicas começarem a deixarem mais e mais a sensação de algo errado e por fim desligaria o telefone com Nerfetitti e começaria a observar o relógio com certa preocupação.

Após passado tempo suficiente sem notícias, faria um sinal breve para Urban que obviamente estaria próximo para fazer a segurança de minha conversa com minha neta e o sinal talvez já fosse o suficiente para que ele compreendesse, eu sentia que algo estava errado, algo estava acontecendo abaixo do meu nariz e eu não estava sentindo o cheiro..

Logo então ligaria para Beatriz e se a mesma atendesse falaria com tom preocupado, mas igualmente preocupado falaria se caísse na caixa postal :

-- Onde você está Beatriz, sabe que as noites de New Orleans são perigosas não sabe ? -- Entretanto se outra pessoa atende-se falaria em um tom severo, porém claro de que compreendia o que aquilo significava -- Diga-me o que quer....

Nem mesmo um sinal de vida , nem mesmo o menor dos sinais de existência. Beatriz não era uma jovem despreocupada, muito menos tola o que indicava apenas uma das coisas mais tenebrosas que podia se passar em minha cabeça: Ela tinha sido pega. Urban provavelmente estaria ali, aguardando notícias e afins, aguardando um sinal de seu capanga, mas o que ele provavelmente tinha era o mesmo que eu, silêncio e por isso era a hora de começar a mover-se nesse jogo de xadrez que aparentemente estava começando com as peças em desvantagem.

Olharia para Urban e com um sereno respirar não muito comum da minha raça ou existência arrumaria meu terno e acomodaria melhor o lanço em meu bolso, apenas para com um ar sereno e pesado poder complementar uma linha de raciocineo que começava a permear a minha cabeça e meus pensamentos:


-- Ela não atende, está fora do horário e seu homem provavelmente não responde, diga-me Urban, existe alguma forma de rastreá-la? GPS, ou Afins ? -- -- Aguardaria a resposta do mesmo com um certo ar de serenidade, estalando os dedos e respirando mais uma vez escutaria a mesma e confirmaria com a cabeça se o mesmo perguntasse se era do meu desejo ver esses recursos, mas acredito que para bom entendedor meia palavras era mais o que o suficiente.

Pré supondo que eu conseguiria ver a trajetória da mesma, falaria para Urban em um tom sereno e pouco “caloroso”, mostrando uma verdadeira tonalidade da ameaça que eu era quando estava irritado e ultrajado por ver que alguém estava ameaçando a minha família, e algo tão baixo quanto isso não merecia mais do que meu desprezo:

-- Apenas me leve lá Urban, me leve para onde descobriu pistas de onde Beatriz possa estar... -- E o seguiria, seguiria até o carro, sentaria enquanto retirava a minha parte de cima do paletó e então em sequência falaria para o mesmo com um olhar digno de quem estava pronto para lutar mais uma das muitas batalhas que a vida proporcionou --...vai ser um massacre, como nos dias coloniais Urban...