Albam Pekham

A partir da chegada dos novos concílianos em Avalon ninguém podia se dar ao luxo de não pegar no pesado preparando suas acomodações, exceto é claro pelo nobre Pekham da Casa Verdicus, do qual dispunha da ajuda dos braços fortes e condicionamento físico vigoroso de seu servo Domor, que se prontificava a fazer todo tipo de tarefa, desde levar as bagagens até mesmo ir pegar água no poço para os demais. Dessa forma pôde clarear sua mente para tomar a difícil decisão de onde faria sua morada. No centro das ruínas de Avalon havia diversos alojamentos individuais de estrutura semelhante a de casas feitas de pedra, no entanto muitas delas estavam terrivelmente avariadas. Por sorte, fôra capaz de encontrar entre elas uma construção velha e empoeirada, porém mais espaçosa, onde além de fixar seu laboratório talvez também pudesse chamar de lar. Dawid, o carpinteiro do concílio, passou a semana inteira fazendo os devidos reparos e fortificando as vedações para que o clima frio e úmido não penetrasse em seus aposentos. Assim, com a reforma terminada e seus pertences ajeitados, enfim Albam e Irina podiam descansar mais tranquilos, passando juntos uma noite calorosa e privativa debaixo de seus lençóis de seda.

Logo pela manhã o artífice despertava ouvindo suavemente o som lírico de sua companheira. Sentada próxima da janela, seus dedos delicados e graciosos deslizavam pelas cordas de sua lira formando as notas com tamanha intimidade em uma destreza quase absoluta, tornando-se difícil de acompanhar aqueles movimentos sem sentir uma intrigante sensação sublime, como o calor de uma fogueira crepitante em uma noite fria. Os cabelos negros e volumosos de Irina caíam por sobre seus ombros como a noite em seu esplendor a emoldurar sua face morena e olhos púrpura. Um sorriso descontraído formava-se em seus lábios fartos arqueando a sobrancelha ao notar o despertar de seu amante. Entretanto, antes que pudesse encerrar seu acorde, subitamente seus olhos se arregalavam e um suspiro profundo era tomado em um tom do desespero de um afogamento, franzindo sua testa em uma tenebrosa agonia.
No monento em que Albam se levantava para acudi-la, sua voz inundava todo aquele recinto, como o trovejar em uma tempestade:

-- A tormenta varrerá estas terras para os confins do oblivium!

E então desmaiara repentinamente, deixando seu corpo cair sobre seu instrumento como se pegasse em um sono profundo. Em um sequência turbulenta, um tumulto era ouvido ao longe e não demorou para que martelassem fortemente ao bater em sua porta. Para que então a voz grossa de Domor se fizesse presente trazendo a noticia de forma abrupta sem dispor de firulas.

-- Estamos sob ataque!

Aquela situação era de fato atípica, visto que mesmo com as visões enigmáticas e premonições repentinas de sua companheira, ela jamais havia tido um comportamento de oráculo recitando uma profecia dessa maneira, inclusive não tinha o conhecimento do Verdicos em Latim para saber aquela palavra específica; "Oblivium'' palavra designada para retratar o esquecimento, desaparecimento, extinção e muitas outras variações de perda. Enquanto pensava e tentava ajuda-la, o aroma da musicista se impregnava em seu olfato como se reclinasse para cheirar o perfume de uma flor em dias de primavera. O corpo da garota fraquejava ao ser colocada de pé, porém no momento derradeiro em que Domor arrombava a porta agindo por impulso em meio a agitação das palavras do nobre Pekham, Irina recobrava a consciência no susto já posta de pé por Albam. O brutamontes coçava a cabeça observando a dama em seus braços sem entender muito bem o comando que havia recebido anteriormente, no entanto cruzava os braços fingindo trabalho cumprido e dizia num tom firme como lhe era de costume.

-- Flechas voaram por todos os lados vindas de cima dos muros do portão levadiço! Na correria vi que muitos dos nossos estão se reunindo no templo.

Domor se sentia erudito tentando falar de forma rebuscada sem recorrer a gírias para chamar atenção de seu mestre. Já Irina demonstrava o oposto, desvencilhando-se de seus braços gentilmente para que pudesse se sentar na cama. Sua postura cabisbaixa não pretendia esconder seu descontentamento com a visão que tivera, respirando fundo antes de transmitir melancolia em sua voz, até mesmo não dando importância aos relatos de Domor.

-- Por favor, eu gostaria de ficar um pouco sozinha... Estarei segura aqui enquanto vocês resolvem esta inconveniência.

Por outro lado, Domor também não pretendia ficar enrolando diante daquela situação emblemática onde o tempo perdido poderia implicar em graves consequências. Razão pela qual o homem se exaltava brandindo ordens como se estivesse em posição de comando antes de se virar e sair correndo sem esperar por respostas.

-- Vá para o templo!! Eu irei dar cabo desse assunto!

Ainda cabisbaixa, Irina acentia afirmativamente com a cabeça levamente acatando as palavras de Albam. Assim que saia de sua residência, podia ouvir a cadeira sendo arrastada lá dentro para que ela pudesse devidamente bloquear a porta. O centro do concílio parecia calmo como o habitual, dando a impressão que Domor havia feito alarde atoa. No entanto, ao se aproximar do templo foi capaz de notar uma movimentação atípica de pessoas agitadas correndo de um lado para o outro, sendo uma delas a jovem cozinheira Gertrudes, na qual estava rumandando igualmente para o templo porém vindo da direção oposta enquanto carregava de forma meio desajeitada um balde cheio de água e um pano de algodão pendurado nos ombros, ela parecia apressada e foi capaz de adentrar ao templo primeiro.

-- Continuação no tópico ''Templo de Avalon'' --

Antes de se afastar de Niels você percebe que Gertrudes se recuperou do tombo, mas seguiu mancando na direção das outras duas mulheres. Você ainda vasculha o horizonte com seus olhos de águia, mas Irina e Matilda já desapareceram em algum lugar do pântano.

Você caminha de volta para o que seria o “centro” do concílio. Um conjunto de cabanas e casebres em torno de um espaço aberto bem em frente ao templo. Vaughan escolheu para si uma das casas mais rústicas – que ele precisará ampliar, se quiser fazer ali seu laboratório.

Não há nenhuma fumaça saindo da chaminé de sua cabana. Você chama e bate na porta, mas não tem resposta. O lugar parece vazio – e até abandonado, considerando as condições da pequena construção.

Você olha mais além, para o outro extremo do concílio, onde fica a torre em ruínas habitada pela excêntrica Roxanne. A torre não é muito alta, e seu topo está destruído, provavelmente há séculos, mas ela é sem dúvida um ponto de observação privilegiado, inclusive por se encontrar sobre um montículo lamacento. Você segue até lá em passos largos e galga os degraus até estar em cima da estrutura. O vento parece mais forte e frio aí.

Novamente você olha ao redor, desta vez com 360 graus de vista livre. Bem longe, no lago, você vê um grupo de dez ou doze barcos seguindo em direção a Glastonbury. Você olha então para o sul, em direção ao lugar para onde viu as mulheres correndo. Você consegue enxergar longe no pântano, mas só consegue ver Gertrudes, agora caminhando de volta para Avalon.

Para o oeste também não há nada além do pântano cinza e melancólico, mas ao norte você vê um par de homens caminhando em direção ao concílio. São Vaughan e Eustace e eles caminham se escorando um no outro, mas nenhum parece estar seriamente ferido. Pelo ritmo da caminhada deles, você estima que estarão chegando até a torre em 20 ou 30 minutos.

Você improvisa a fórmula mágica e a executa energicamente, mas sente a magia falhar no último momento, por pouco. O esforço do feitiço somado à caminhada apressada até a torre te deixa ofegante e você se apoia momentaneamente no parapeito para recuperar o fôlego.

Vaughan e Eustace seguem sua caminhada sem dar qualquer sinal de terem te notado. Enquanto respira você se dá conta de como as defesas de Avalon estão em situação precária, mas seu pensamento prático de artífice também te permite notar que na realidade pouco trabalho é necessário para deixá-las em bom estado. Você vê também que a maioria dos concilianos está se reunindo na “praça” em frente ao templo. Não é nenhum tumulto e eles parecem apenas estar conversando e trocando informações entre si.

Não demora nem um minuto e você já se sente revigorado novamente, sem qualquer sinal de fadiga.

OFF::

Você caminha de volta até a frente do templo onde os demais concilianos estão reunidos. Como não há nenhum magi entre eles, os outros interrompem brevemente suas conversas se voltando em sua direção, como que esperando alguma orientação, finalmente.

Isso acaba sendo conveniente, porque quando você formula a primeira pergunta, ela é dirigida a todos.

– Senhor! – responde prontamente Domor – Até agora só temos notícias de que Asha tenha sido atacada. Mas há pessoas faltando! Irina e Matilda sumiram, senhor, elas foram vistas por Gertrudes correndo pelo pântano atrás de umas crianças…

– Vi mesmo! – diz Gertrudes visivelmente alarmada e com o vestido coberto de lama – Mas não sei se eram crianças não! Parecia uns diabrete.

– Também não sabemos onde está Eustace – complementa sem muitos rodeios Peter, o arqueiro de rosto queimado que pertence ao círculo íntimo de Roxanne. – Ou Vaughan… mas não sei se eles estavam aqui antes do ataque.

– Fora isso estão todos aqui, senhor Albram. Quer dizer… tem aquele que foi morar em Glastonbury – diz sir Pontius, resumindo – e dentro do templo estão Flamarion e as senhoras Roxana e Aysha.

Você processa rapidamente as informações e em seguida propõe que voluntários te auxiliem no restauro das defesas concilianas.

Domor é o primeiro a responder.

– Eu ajudarei, senhor, é claro.

A ele se unem o arqueiro Peter, sir Pontius, os dois homens contratados como ferreiro e carpinteiro (eles de fato já estavam trabalhando nisso, construindo grades e estruturas necessárias para o trabalho), e um par de rapazotes orfãos. Isso é quse a metade da população do concílio e a maioria da população masculina, o que o deixa bastante satisfeito.

Flamarion, Roxanne e Aysha saem do templo e se juntam ao grupo. Como você e Flamarion estão juntos novamente peço que poste sua resposta no tópico do templo, quando estiver pronto.