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VILA DE TRIESTE
Theo explica seu plano para Sarah, que termina por se sentir mais segura diante de todo esse problema. O viajante de outro mundo então se aproxima dela de forma até intima, o que por reflexo a deixa desconcertada. Sarah ainda não sabia como lidar com seus sentimentos que se afloravam, a sua consciência lhe incomodava por causa de sua relação com aquele homem. E procurava por alguma explicação que tirasse seu sentimento de culpa. “Não tem nenhum problema, não estou fazendo nada de errado... Não sei se meu marido está vivo ou morto, e eu e Theo somos amigos... É comum amigos se ajudarem e se abraçarem, para oferecer apoio e proteção.”
Sarah então abraça e encosta sua cabeça no peito forte de Theo, fechando seus olhos e não pensando em mais nada, apenas apreciando aquele momento.
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No dia seguinte, Theo e Sarah pegam a carroça e vão até a cidade mais próxima, Fermat. Com os restos das economias de Sarah, compram ferramentas e madeira, e depois partem para uma longa viagem ate a capital do reino, Malphoros. No tempo da jornada, enquanto Sarah guiava a carroça, Theo passa seu tempo criando instrumentos inovadores, de peças encaixáveis, que facilitariam a vida dos fazendeiros no corte e carregamento da madeira.
Ao chegarem na cidade os dois abriram uma tenda na famosa Feira Livre de Malphoros, onde comerciantes de várias localidades e até de outros reinos vinham comprar suas mercadorias. Rapidamente as ferramentas de Theo fizeram sucesso, e logo encomendas para fazer mais começaram a se amontoar. Sarah passou a ajudar Theo a fazer, recebendo as instruções e cumprindo com perfeição, e com isso ambos conseguiram acumular um dinheiro considerável em 1 mes, suficiente para pagar os débitos devidos e também com a possibilidade de abrir uma marcenaria.
De volta na vila de Trieste, Sarah pode pagar o que devia a Sir Randolph, que com desagrado recebeu a quantia. Ao lado de sua casa, Sarah e Theo construíram um espaço para a marcenaria, onde continuaram a construir os aparatos que tanto fizeram sucesso em Malphoros.
Nesse meio tempo, a relação entre Theo e Sarah tornou-se cada vez mais estranha. Theo mostrava seu interesse por ela, mas Sarah por vezes se mostrava arredia. Haviam dois problemas: os flashbacks mostraram a Theo partes de sua vida anterior a sua chegada nesta terra estranha. Ele vinha de um mundo futurista, porém não se lembrava se tinha uma família ou amor em local distante. E Sarah não sabia se seu marido estava vivo ou morto, e muitas vezes se culpava por estar amando Theo e estar traindo seu marido.
Sarah estava com seu coração apertado, e por muitos noites mal conseguia dormir. Já era hora de ter uma conversa clara com Theo. Ela o chamou para conversar na sala de jantar de noite, segurou sua mão firme, e explicou a situação.
| “Eu peço sua compreensão Theo... Sei que deseja que fiquemos juntos, e eu também quero isto, mas eu não posso prosseguir enquanto não resolver este meu problema. E se meu marido estiver vivo, mas preso em algum lugar, sem poder voltar por vontade própria? Então se tivermos algum contato mais intimo, eu o estarei traindo, pois ele ainda acredita que estamos juntos... Eu... também não saberia como reagir, se ele voltasse assim, de repente...”
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O fato de Theo também não se lembrar de ter uma família, era um outro entrave.
| “A situação em que voce se encontra, assim sem memoria, é muito parecida com a minha... Se começarmos algo, voce poderá estar traindo alguém que confia em voce e te ama. Voce conseguiria suportar este peso em sua alma? Tambem não esta sendo fácil para mim... e muitas vezes eu caio em tentação...”
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Sarah segurava a mão de Theo, e ela estava quente. Assim como Sarah. Por muitas noites ela sentia uma coceira que sabia que não podia coçar, mas aquilo já estava ficando insuportável...