Um fórum de RPG online no formato de PBF (Play by Forum).


    O diário de Gartran

    Wordspinner
    Antediluviano
    Wordspinner
    Antediluviano

    Mensagens : 3075
    Reputação : 170
    Conquistas :
    • https://i.servimg.com/u/f11/17/02/65/26/411.png
    • https://i.servimg.com/u/f11/17/02/65/26/1012.png
    • https://i.servimg.com/u/f11/17/02/65/26/1413.png
    2º Concurso :
    • https://i.servimg.com/u/f51/19/64/68/80/dourad13.png
    • https://i.servimg.com/u/f89/19/67/13/04/medalh33.png
    • https://i.servimg.com/u/f89/19/67/13/04/medalh22.png
    • https://i.servimg.com/u/f89/19/67/13/04/medalh42.png
    • https://i.servimg.com/u/f89/19/67/13/04/medalh28.png
    • https://i.servimg.com/u/f89/19/67/13/04/medalh44.png

    O diário de Gartran  Empty O diário de Gartran

    Mensagem por Wordspinner Sex Fev 16, 2024 8:09 am

    Leia essas páginas Garthram. Não esqueça!!

    Meus pés cansados gritam sua agonia silenciosa. Não importa eu vejo as torres de Gaus, a cidade da rainha. Eu vejo os portões abertos para o campo dourado de onde saíram às forças que tornaram nossa nação a maior que já existiu. Eu vejo o portão, sempre fechado, frente ao qual o campeão caído sangrou na lâmina do príncipe dourado. O fim de uma era gloriosa, o rubi na coroa da rainha Isthar. O flagelo que varreu todos cantos do mundo.

    Agora eles, os ingratos pés, me levam sobre as pedras onde uma vingança brutal fez nascer o mártir dourado que adorna vitrais e tapeçarias. Praças e cordões. Escudos e corpos. Athos. Nascido da carne e do osso mais nobre. Testado em chamas de dor e sacrifício. Quebrado por perdas tão profundas quanto se pode imaginar. A chama brilhante que redime nossos pecados e dá sentido à nossas vidas violentas. A razão dos meus milhares de passos até aqui.

    Não esqueça o caminho Garthram.

    Sétimo dia do mês do Dragão. Ano 457 do ano da Rainha

    Escrever é mais que lembrar, é o que o capelão Mitri diz. Ele diz que é pensar também, mas se for, é certo eu voltar e pensar de novo o que já pensei? Não seria regredir? Não cabe muito o que questionar. Os dias tem sido abençoados aqui. Adimito minha falha. Meu vazio. Minha surdez. Nunca ouvi a voz do guia cheio de virtude que viveu entre nós entre as ruas da cidade. Nunca vi o caminho. Só tinha olhos para a dor. Para retribuição brutal e tão plena que é a vingança, tão plena que corta fundo naquele que a empunha. Mas aqui? Aqui onde sinto o calor em pedras frias? Onde vejo a luz até nas sombras? Aqui eu sou pio. Sou um com a minha fé. Sou inteiro na luz que preenche o vazio que cortei em mim procurando reparação. Aqui eu sigo os passos de tantos outros que antes de mim encontraram redenção. Encontraram propósito. Se libertaram da dor que urge em suas almas. Já a dor que lastima o corpo, essa é uma velha companheira e seus lamentos são minha única casa.

    Não pare de aprender, se é um conselho para mim que deixo aqui é esse. Você melhorou muito e suas mãos não cheiram a sangue. Se lembre e aprenda mais até ser digno.



    Décimo dia do mês do Dragão. Ano 457 do ano da Rainha

    Me aceitaram na capela, não que ela seja o que se espera da palavra. Todos são aceitos para ouvir a palavra, mas só aqueles dispostos a arriscar o corpo e a vida por aqueles fracos demais para retribuir são realmente aceitos. É um dia especial. Eu sou, em uma pequena parte a luz misericordiosa de Athos. Eu. Eu que sei o que já fiz. Mitri diz que o passado não pode ser mudado, mas no futuro podemos ser outras pessoas. No futuro eu posso ajudar mais do que o contrário.





    Décimo dia do mês do Dragão. Ano 458 do ano da Rainha

    Faz um ano. Sinto muito. Perdi muito do que poderia por nessas páginas para mim. Mitri não é mais o capelão, ele é luz com nosso senhor. Varish ocupa o seu lugar, com mais bravura que compaixão. Varish que ninguém pode negar ter benção divina. Varish que derrama sangue e sangra mais que qualquer um que já tenha visto. Minhas mãos o seguem, mas meu coração tem dúvidas. Protegemos os que tem os braços fracos e condenamos os que tem o coração fraco. Mas eu já fui um deles. Dúvidas.



    Décimo dia do mês do Grifo. Ano 458 do ano da Rainha

    Eu sinto nos meus ossos. Não podia deixar isso passar. Não posso deixar a sensação escapar. Eu não só vejo, eu sigo o caminho. Eu ando na luz. Sinto o calor dourado do nosso senhor. Meus pés não reclamam mais. Eu visto meu manto simples, e ele é uma armadura explendida. Eu ergo meus punhos vazios, e eles são uma espada formidável. As sombras tremem na luz que emano. Não tenho mais dúvidas, só a plena certeza da justiça.

    Não esqueça Garthram. Não esqueça do brilho quando fecha os olhos.



    Décimo dia do mês da Rosa. Ano 458 do ano da Rainha

    Deveria escrever mais. Lamar diz que escreve todos os dias. Ele diz que um dia outros lerão o que eu escrevi. Que seguirão minhas palavras, meu jeito de ver a luz do nosso senhor. Ele acha que um dia os outros deuses serão histórias e brincadeiras em festas e que Athos vai ser o único poder. Ele diz que a força é uma necessidade temporária: "Ganha-se a batalha dos corações e os punhos são inúteis." Eu olho para Varish e não vejo isso. ontem estavamos no subsolo, ele acha que podemos achar um caminho para Arghan, mas só encontramos estranhas criaturas cheias de partes sem sentido e as vezes escritas velhas nas paredes. Não entendo o que está escrito, mas vou procurar anotar e traduzir.

    Não esqueça, encontramos um anél da guarda dourada que afundou com Arghan. Há um caminho para Ishtar. Para o lugar onde nosso senhor nasceu e onde deu seu ultimo suspiro.


    Décimo quinto dia do mês da Rosa. Ano 458 do ano da Rainha

    As palavras que ecoam nas paredes úmidas e escuras do subterrâneo sussurram segredos antigos que despertam minha curiosidade. Cada símbolo rabiscado nas pedras desgastadas conta uma história de tempos passados, uma narrativa que se perdeu nas sombras do passado. Varish, com seus olhos astutos e mente ágil, decifra alguns dos caracteres mais antigos, revelando fragmentos de um conhecimento esquecido. Estudamos os desenhos e inscrições durante horas a fio, deixando que a luz tênue de nossas tochas iluminasse os mistérios enterrados sob toneladas de rocha. É como se estivéssemos desenterrando as memórias esquecidas de uma era há muito perdida. Meu sangue corre com antecipação.


    Não esqueça, Garthram, os caminhos que percorremos e os segredos que descobrimos. Cada passo nos aproxima mais do destino que nos aguarda, cada palavra escrita nas paredes antigas nos guia em direção à luz que brilha além das trevas.


    Vigésimo dia do mês da Rosa. Ano 458 do ano da Rainha

    As profundezas do subterrâneo se revelam como um labirinto de enigmas e perigos imprevisíveis. A cada passo, enfrentamos desafios que testam não apenas nossa coragem, mas também nossa inteligência e determinação. Varish lidera com destemor, sua espada reluzindo na escuridão enquanto enfrentamos criaturas que há muito tempo foram esquecidas pelos deuses e pelos homens. Nas paredes cada palavra traduzida nos aproxima mais do segredo oculto que nos aguarda nas profundezas, uma verdade ancestral que pode mudar o curso da história de nossa nação.

    A esperança cresce em nossos corações, alimentada pelo fogo da determinação e pela promessa de verdade que nos aguarda além das sombras. Não importa o quão sinuosos sejam os corredores que percorremos, não importa quão terríveis sejam os desafios que enfrentamos, estamos unidos em nossa missão de desvendar os mistérios que envolvem Arghan e os segredos que ela guarda.

    À medida que avançamos pelas profundezas escuras, eu me pego refletindo sobre as palavras escritas no diário que carrego comigo. A voz do escritor ecoa em minha mente, lembrando-me da importância de seguir em frente, de nunca esquecer o caminho que percorremos e as lições que aprendemos ao longo do caminho. As palavras dele são minhas. Da minha alma aos pensamentos e deles aos dedos e enfiam a pena e tinta. Traduzidos de minha essência até marcas sem vida que tentam transformar aqueles que as lêem enquanto esses tentam tirar dela força.

    Não esqueça, Garthram, as palavras de sabedoria que nos guiaram até aqui. Não esqueça o brilho da esperança que nos ilumina, mesmo nas horas mais sombrias. Que Athos nos conceda força e coragem para enfrentar os desafios que ainda estão por vir, e que nossa determinação seja inabalável diante das adversidades que encontrarmos.


    Vigésimo quinto dia do mês da Rosa. Ano 458 do ano da Rainha

    A escuridão que nos cerca parece cada vez mais densa, envolvendo-nos em seu abraço gelado enquanto avançamos pelas entranhas sombrias do subterrâneo. O ar está impregnado com um odor acre de decomposição, e o eco de nossos passos ressoa como um lembrete constante de nossa solidão neste lugar sinistro.

    Varish, antes tão confiante, agora parece tenso e inquieto. Seus olhos, normalmente ardentes de determinação, agora refletem uma sombra de dúvida e temor. Mesmo ele, com sua coragem inabalável, parece sucumbir à opressão das trevas que nos cercam, como se as sombras sussurrassem segredos nefastos em seus ouvidos. Mesmo quando voltamos a superficie e mostramos nossos achados. As palavras misturam nossa lingua com alguma profanidade. Eles ouvem quando falamos de esqueletos pequenos e suas escamas. Quando falamos das monstruosidades que encontramos a nossa cidade sagrada parece condenada. Acho que é isso que mais perturba Varish. Mais assusta Lamar.

    Lamar continua decifrando os antigos símbolos nas paredes, mas suas mãos tremem ligeiramente enquanto traça as linhas dos caracteres ancestrais. Cada palavra revelada parece trazer consigo uma aura de desespero, como se os próprios deuses tentassem nos advertir sobre os horrores que nos aguardam adiante .A esperança, que antes ardia em nossos corações como uma chama ardente, agora parece vacilar diante da vastidão insondável das trevas. Cada passo adiante nos leva mais fundo neste abismo de desespero, onde o medo e a incerteza são nossos únicos companheiros. Avante, a luz verdadeira nos aguarda. A fé nos guia. Não há porque vacilar.

    Não esqueça, Garthram, que nesta jornada para as profundezas do desconhecido, nosso destino está nas mãos de Athos, e apenas ele pode nos proteger do abismo que nos aguarda adiante. Que suas bênçãos nos acompanhem nesta jornada sombria, e que sua misericórdia nos salve do destino terrível que nos aguarda nas profundezas de Arghan. Que seja luz.

    Décimo dia do mês do lobo. Ano 458 do ano da Rainha

    As sombras do subterrâneo envolvem nossos passos, enquanto avançamos por túneis parcialmente alagados, cujas paredes são adornadas por estranhas inscrições e imagens enigmáticas. O eco de nossos suspiros ressoa nas profundezas, misturando-se ao sussurro sinistro das águas que nos rodeiam, alimentando o medo que se agita em nossos corações.

    Criaturas marinhas, distorcidas pela escuridão e pelo tempo, emergem das profundezas, suas formas grotescas contorcendo-se em um balé macabro enquanto avançam em nossa direção. Varish, com sua espada clara como a primeira luz da manhã, Lenegar, e coragem inabalável, lidera o contra-ataque, enfrentando as abominações com uma ferocidade digna de um herói lendário.

    Mas mesmo sua bravura não pode conter o avanço implacável das criaturas que surgem das profundezas. Em um último esforço heróico para garantir a segurança de nosso grupo, Varish enfrenta as monstruosidades, sua espada reluzindo na escuridão enquanto ele luta com uma determinação feroz.

    O sangue é derramado nas águas turvas, uma oferta sombria para os deuses do abismo enquanto Varish cai, seu corpo envolto em um halo de glória e sacrifício, Lenegar abandonada. Seu último suspiro ecoa pelo labirinto subterrâneo, uma prece silenciosa pela segurança daqueles que deixou para trás. Nós, os fracos demais para seguir a palavra contida em seus atos.

    Nossos corações pesam, mas não podemos nos deter diante da morte de um herói. O destino de nossa fé ainda está em jogo, e devemos continuar avançando, mesmo que cada passo seja marcado pela dor da perda e pela sombra da incerteza. Entre as pedras, atráves de uma parede instransponível de água dura. Não gelo. Água, ou vidro, ou ar.

    A cidade dourada se ergue à nossa frente, submersa e envolta em trevas. Seus portões cerrados são uma lembrança sombria de um passado glorioso que agora jaz perdido nas profundezas do oceano. Mas não podemos recuar agora, não quando estamos tão perto de desvendar os segredos que ela guarda. Que Varish seja lembrado como um herói, um guerreiro cujo sacrifício pavimentou o caminho para nossa jornada. Descobriremos como passar.


    Décimo sétimo dia do mês do lobo. Ano 458 do ano da Rainha

    Os fieis se aglomeram em uma multidão impressionante. Eu sem saber como e nem porque assumo o lugar de Varish que agora guarda a entrada do paraiso para nós. Nos espera. Mantém a porta aberta para podermos passar. Certamente agora ele luta com uma lâmina ainda mais impressionante que Lenegar, que caiu do céu. Só há um caminho. Uma direção. Eles vem de todo o mundo. Eles se aglomeram nos templos com uma febre sagrada. Temo que o mesmo vale para os servos dos outros deuses, cegos por suas mentiras. Seduzidos por seus caminhos tortos. Sinto muito por eles. Tão perto da luz eu sinto que algo horrível está tão próximo. Mais do que nunca precisamos encontrar a verdade. Mais do nunca eu preciso, nós precisamos, de fé.
    Garthram não se esqueça. Varish não ficará sozinho na escuridão.

    --------

    Vigésimo sétimo dia do mês do lobo. Ano 458 do ano da Rainha

    Novamente enfrentamos a escuridão. Mais preparados. Sabendo que uma vitória pode mudar o mundo. Sabendo o que nos espera. Os pequenos escamosos são mais complexos do que podíamos imaginar e estão em uma guerra entre eles mesmos. Sua luta não nos impedirá. Cortamos um caminho pelo horror necessário e por seus avisos. Avançamos.
    Mais perto. Novamente quanto mais fundo, mais estranho. A sensação de que uma pressão e uma presença alienígena.


    --

    O caminho é difícil e de seguir e havia um denso vapor cobrindo o lugar por onde tínhamos passado antes. Sal sobre a pedra em cristais estranhos e quebradiços. Procuramos outra passagem. Mais difícil. Mais funda. Mais das criaturas. Algumas delas faziam as cores escorrerem pela parede e o tempo fugir entre os dedos. Algumas faziam os pensamentos voarem como pássaros e os momentos deixarem vazios para trás. Mas os piores eram aqueles que roubavam o comando do seu corpo, te tornavam passageiros em cada movimento que fazia. O horror de ter o sangue dos seus companheiros em suas mãos.

    Prosseguimos. Não esqueça que prosseguimos. Garthran, se lembre dos que pavimentaram o caminho com sangue.


    --

    Vigésimo nono dia do mês do lobo. Ano 458 do ano da Rainha

    Finalmente. Eu escrevo essas palavras porque não poderei seguir adiante. Eu vi. Eu vi o caminho para a cidade. As marcas estão na parede. As nossas. Preciso voltar para a superfície para lidar com o caos. Os ataques aos templos em todos os lugares. De alguma forma mensagens não nos alcançam aqui. Um milagre de algum tipo nos permitiu saber do horror que nos espera na superfície. Um horror feito pelas nossas mãos.

    Não esqueça da razão para afundar na escuridão os dos aliados que o esperam lá. Não esqueça a luz que espera na escuridão

    --

    Não sei que dia é hoje. Não acho que alguém saiba.

    Eu leio de novo e de novo e não me reconheço. Não entendo a quem essas palavras chamam. Quem elas procuram. Não encontro a minha fé ou qualquer luz. Eu lembro do horror da batalha. Lembro do vazio quando o mundo quebrou. O calor e a energia se esvaindo. A paixão brilhante deixando um vazio sem bordas. Quem são os meus irmãos que tanto me faltam? Leio seus nomes e não sinto nada. Vejo os templos queimados. A pedra reduzida a pó. Marcas no chão. Um vazio que ecoa. Um grito sem som que ensurdece e enlouquece. Toda razão reduzida a nada. Toda a fé desfeita em dor e traição.

    Garthran, quem é você? Quem sou eu?

      Data/hora atual: Dom maio 12, 2024 12:11 am