Kheltu, O Guardião dos Mortos

- Acho que estou bem - diz Kheltu colocando a mão sobre o ferimento. Ele volta a se sentar recostado na estrutura. A verdade é que a dor foi mais aguda do que o Guardião poderia esperar. - Você podia ter me avisado que haviam aranhas gigantes nesta floresta. Que mais monstros eu tenho que me preocupar?

Barundar olha com uma cara de debochado para Kheltu: - Machuco é?!HÁ! diz o anão, não contendo a risada. - Fazia tempo que num matava uma dessa aí, diz o anão, cheirando o bicho de longe e fazendo uma cara feia. - Esqueci como FEDEM! diz o anão, arrastando a criatura para a sacada e a jogando para baixo.

- Cuidado ai Zandor! diz ele, antes de jogar o bicho.

- Um livro? deixa eu ver isso aqui, diz o anão, pegando o grosso livro e foleando. - Bah! Parece élfico. Num conheço essa língua, diz ele, jogando o livro no chão.

- Tá na tua hora de vigiar jardineiro, cuidado com as aranhas! HÁ! diz barundar, pegando o seu saco de dormir e se encostando em um canto da sala.

- Podem haver mais aranhas - diz Kheltu olhando para a copa da árvore. - Bom, de qualquer forma pode dormir tranquilo. Tentarei ser um vigia mais atento do que você.

TESTES:

Kheltu observa bem as árvores ao redor, tenta escutar algum som diferente tambem. Mas a noite segue tranquila e nada de diferente ocorre. As cinco da manha o guardião acorda Barundar, interrompendo o ronco retumbante do anão. O anão resmunga um pouco mas levanta do seu saco de dormir.

Os dois improvisam uma mesa e comem o café da amanha, composto das suas rações de viagem e algumas frutas que Barundar pegou pelo caminho. A chuva, que havia cessado, volta a cair pesadamente na floresta, embora as copas das árvores bloqueiem em parte a água.

- Temo mais um dia e meio de viagem. Essa chuva deixa o solo lamaçento, vai atrapalha um pouco, diz Barundar, enquanto come um naco do pedaço de ração.

Após, os dois se organizam para voltar a viagem. Primeiro desce Barundar, após Kheltu desce as armaduras e mochilas, por fim desce o clérigo. Barundar coloca sua armadura fosca e coloca sua marreta as costas, pega sua corda e da um pouco de ração ao Zandor. No início da manha (6h), os dois partem para continuar a viagem.

A lama realmente atrapalha em alguns trechos, fazendo com que os dois aventureiros escorreguem vez ou outra. É no final da manha do segundo dia de viagem que os dois escutam o som de um homem falando, com uma voz grave, ao longe. A voz ecoa pela silenciosa floresta.

- Mas que diabo? dia Barundar.

Kheltu volta a cobrir seu rosto com o capuz mediante o retorno da chuva. Ele perguntara ao anão quanto tempo faltava para chegarem ao destino enquanto comia um pedaço de sua ração de viagem. Eles retomam a viagem e o guardião usa de seu cajado para se apoiar no solo lamacento. No fim da manhã, eles ouvem uma voz masculina ecoar por entre as árvores.
- Para quem num único dia teve que enfrentar um bando de zumbis e uma aranha gigante mortalmente venenosa, não creio que correremos tanto perigo se formos ver o que está acontecendo. Pode ser um aliado em potencial ou até mesmo uma pessoa precisando de ajuda.

- Hmm, vamos, mas com cuidado, diz o anão, erguendo a grossa sobrancelha e segurando firme a sua marreta.

Os dois vão na direção dos sons lentamente, se desviando um pouco do percurso. Após andar por cerca de 5 minutos atraves de um mato alto que atinge o peito do anão, os dois chegam a um pequeno vale.

No centro deste vale, vêem uma cena pitoresca: Uma enorme árvore segurando um homem pelos braços, que mais se parecem com um tronco repleto de galhos menores. A casca da árvore é grossa e marrom molahdo devido a chuva, seus braços são retorcidos como galhos e seus pes estão encolhidos, fixados ao solo. Acima dos olhos, de um azul brilhante, existem diversos galhos menores, onde florescem muitas flores. Ao redor da "árvore", vários corpos estão espalhados, cerca de 10 ou 15, com roupas simples e escuras de aldeões. Ela balança levemente o homem, que apesar da situação tenta falar com a criatura:

- Brummm, como vou terr cerrteza que não querr me machucarr pequeno monstrinho? diz a "árvore"

- EU NÃO SOU ZUMBI! EU SOU HUMANO, ME LARGA DE UMA VEZ ÁRVORE MALDITA? diz o homem

Kheltu, apesar da cena nada normal, não consegue deixar de notar a emoção do anão.

- Um...um...ente! Venha Jardineiro, vamos falar com ele!diz Barundar, saindo do esconderijo onde estava e indo correndo na direção do ente.

- Ó grande servo de Silvanus, é uma honra estar aqui per...diz Barundar, quando bruscamente é pego por um do braços da criatura.

- Brmmmm prrrrrroooooo isso é uma emboscada? quantosss mais de vocês estão aqui? diz a árvore, segurando os dois e olhando para os lados.

Em uma linguagem estranha e desconhecida por Kheltu, Barundar se comunica com a árvore. Ela então fala:

- Um anão druída? De armadura? Acho que você esta querendo me enganar criatura mal cheirosa! diz ela, aertando mais ainda Barundar.

Kheltu não sabia se devia sacar sua arma ou preparar alguma magia para ajudar o anão. A árvore falante não parecia ser tão agressiva, embora segurasse firmemente Barundar e o outro homem desconhecido. O guardião então opta por tentar o diálogo.

- Ó grande ser da floresta, nós viemos em paz. Eu e meu amigo anão não queremos desejar-lhe nenhum mal, e se possível, podemos ajudá-lo no que for preciso. Coisas estranhas andam acontecendo nesta floresta e tenho certeza que você está ciente disto. Agora, por favor sábio ente, solte meu amigo para que possamos conversar de uma maneira mais apropriada.

- MAIS UM! UMA EMBOSCADA? diz a árvore, em um som retumbante.

O anão pronuncia mais algumas palavras em uma língua que Kheltu não entende. Ao final, a criatura afrouxa a mão e coloca o anão no chão, a um metro da pilha de corpos.

- Brmmm, servo de silvanus. Na próxima vez, seria sábia não vir correndo na direção de um ente enfurecido! O que vocês querem na minha floresta? O que são essas criaturas nas minhas raízes? O que é essa coisa cheia de pelos, barbas e malcheirosa? diz o ente, mostrando o homem que esta na sua outra mão.

- Não conheço esse ai não. Me chamo Barundar, Marreta Espinho. Ali atras esta Kheltu, servo de Kelenvor, diz Barundar.

- Kelem...FOI VOCÊ QUE FEZ ESSA SUJEIRA, CLÉRIGO DO DEUS DA MORTE!? diz a árvore, numa aparente fúria, sua voz soa como um tambor nos ouvidos dos aventureiros.

- Eu não queria atrapalhar a conversa de vocês, mas to muito desconfortavel aqui. Dá pra me largar o cabeça de carvalho? Meu nome é Shadnakar, não sirvo a ninguem mas valorizo a minha vida, diz o homem preso na mão do ente.

- Eu que ia perguntar isto a você, ó grande ente.

Agora que a situação parecia estar controlada, Kheltu se dirige até os corpos que estavam ao redor da árvore falante e os observa mais de perto, tentando ver os ferimentos que haviam lhe causado a morte. Neste momento ele estava mais preocupado em saber o que havia ocorrido ali do que em convencer o ente a soltar o humano que se nomeara Shadnaktar.
- Eles merecem ter um enterro digno - diz Kheltu em relação aos corpos. A seguir ele se vira novamente ao ente. - Você não tem ideia do que aconteceu aqui?

- Muito corajoso você aproximar-se de um ente assim, ou excesso de burrice! diz o ente, mexendo seus braços em tom de desaprovação. - Vocês devem se retirar imediatamente daqui forasteiros, essa floresta não é segura. Há coisas piores que um velho ente rebujento por aqui. E você, criaturinha malcheirosa, nos vamos ter uma boa conversa! diz o ente, mirando o homem preso nos seus punhos.

- ME SOLTE! diz o homem, explodindo de raiva e se libertando da mão do ente. Todos conseguem escutar o som do estalar de madeiras. O homem cai no chão e se levanta, aponta o dedo para o ente e fala: - Não farei nenhum mal a floresta arvore falante. Vim aqui atras desses monstros aqui. Que bela festa que você fez, não deixou nenhum para mim!diz Shad, apontando para os cadaveres proximos as raizes da velha arvore.

O ente fica supreso com a força do homem e sem palavras por alguns instantes.

Kheltu nota que trata-se de corpos mutilados, com as costelas, dentes, ossos aparecendo ou faltando algum pedaço. pelo combate que havia passado um dia antes, percebeu que se tratavam de mortos vivos. Certamente o ente os matou.

- Brmmm...brmmmm...se vocês quiserem enterrar essas criatura tudo bem, problema é de vocês. Mas não quero ver nenhuma chama na minha floresta, que isso fique bem claro jovem servo de Kelemvor! O que houve aqui? é assim que se fala com um ente de mais de mil anos de idade? Brrmmmmm essa geração esta perdida...esses homens me atacaram quando eu estava conversando com aquela arvore ali, diz o ente apontando para uma arvore inerte, e esse homem malcheiroso veio correndo na minha direção, com lamina em punho. Como parecia ser o mais inteligente do grupo, mas posso estar enganado ho ho ho o segurei para lhe fazer umas perguntas a velha maneira ente!

- Não quis desrespeitá-lo, ó grande ente. Não estou acostumado a falar com um ser tão longevo e sábio como você. - Kheltu avalia novamente os corpos ao chão. Mais zumbis, pensa angustiado. Isto aqui está infestado deles... - Grande ser da floresta, você poderia me dizer de que direção vieram estes corpos que você liquidou?

Kheltu olha na direção que o ente apontou e tenta perceber se era a mesma direção de onde os zumbis do dia anterior tinham vindo. Porém ele se surpreende com o comentário do humano de nome Shadnakar.
- Você também está atrás destes monstros?!?! - não era propriamente uma pergunta. - Por um motivo nobre, eu espero... Eu e meu amigo anão estamos aqui com o objetivo de eliminar esta ameaça que paira sobre a floresta. - Ele olha a seguir para Barundar, para ver o que anão achava de chamar o humano para ajudá-los nesta missão.

Kheltu se vira para o homen de nome Shadnakar, esperando por uma resposta.
- E então...? Por que você está atrás dos zumbis?

- Você não deve cobrar caro pelos seus serviços já que uma vila de lenhadores conseguiu contratá-lo... Mas me diga uma coisa, Shad, você não é um mero mercenário que busca ouro e fama, é? - Kheltu seguirá sem falar muito no restante da viagem até alcançarem o destino que Barundar está guiando-os.