Cinzas.
Quando Cyrus caminhara as ruas de Sal Ghidos em busca da casa onde tudo aconteceu, esperava encontrar outras pessoas morando nela, ou talvez uma casa abandonada, fechada com tábuas de madeira e histórias de fantasmas. Mas certamente não esperava ISSO.
Quem quer que tenha tentado ocultar tudo, certamente teve muito trabalho. A casa era feita de pedra, primariamente arenito e mármore, e por mais que fossem pedras relativamente frágeis, eram pedras. Mas isso não pareceu impedir alguém - ou algo - de queimá-la até virar cinzas. Nada restara naquele lugar além de uma área de chão enegrecido com poucos resquícios da fundação e uma folhagem ressecada, que devia ter crescido fraca e desprovida de cor no terreno abandonado e cauterizado. Aparentemente ninguém se dera ao trabalho de construir algo por cima, deixando a área como uma espécie de terreno baldio, onde pessoas jogavam sucata e lixo, e cães sarnentos e gatos descarnados brigavam por um pedaço de comida podre.
Mesmo afastando o choque de ver a que se reduzira aquele forte ponto de suas memórias, ainda era desolador que qualquer pista que pudesse ser encontrada por ali tenha sido incinerada. Mas restava a pergunta: Como alguém conseguira queimar uma casa inteira feita de pedra?
Cyrus ainda remoía aquele pensamento, quando ouviu um pigarro. Um kolbold de escamas rosa estava logo atrás dele, trajando vestes coloridas e largas, cobertas por uma bela capa verde e com a cabeça encimada por uma bandana adornada e um chapéu azul.
-Está muito longe de Goug e suas máquinas, senhor Cyrus. Ou deveria chama-lo de Víbora?
Goug era conhecida como A Cidade de Máquinas. Ela reunia os maiores artífices e mecânicos livres, que procuravam desenvolver seus trabalhos longe dos olhos dos reinos que, em geral, não tinham muito apreço pelo ascendente ramo da mecânica.