Briga em Família

Enquanto comia, ouvia atentamente o que todos diziam. Logo Jack sugeriu que nos separassemos para ajudar Eltras. Ainda preocupada com a segurança do grupo devido a desavenca do dia anterior resolvi manifestar-me.

- Creio que Eltras não precise de guarda-costas. Afinal, se o quisessem, tais homens já teriam agido. Se ele se manter distante estará em segurança. - Recosto na cadeira espriguiçando-me. - Não preciso lembrar que mal chegamos na cidade e já temos algumas desavenças. Considerando que eles são a "lei". Eles podem tentar nos incriminar, emboscar, etc. Então, sugiro que por ora seria melhor nos mantermos juntos.

Oráculo passou a ignorar por um tempo as conversas e indagações, principalmente de Barukhya que desde que a conheceu compara ela com um cão de rua, suas atitudes não pareciam fazer sentido aos olhos da vidente. Haviam poucos povos bárbaros que agiam como animais, muito até possuíam uma sociedade bem estruturada, agir como um animal feroz o tempo todo fazia acreditar que aquela mulher poderia levar o grupo a um destino cruel.

Ela respira fundo e fecha os olhos, ao abrir seus olhos estão negros como onix, a maga sussurra palavras desconexas e ouvia sussurros em seus ouvidos enquanto questionava ao destino se a separação do grupo naquele momento poderia trazer consequências desagradáveis e desconfiou que não devido a fama da cidade, mas para a sua surpresas lhe foi sussurrado um destino muito diferente.

Oráculo fecha os olhos e ao abrir ele está normal, ela olha para os demais. A selvagem estava em pé já colocando os pés pelas mãos, a elfa não concorda em uma separação e a vidente aproveita a deixa para falar.

— Consultei o destino e ele respondeu que nos separarmos pode trazer bons frutos. Porém o futuro é mutável e não cabe a mim decidir por todos...

Assim que o paladino conclui eu questiono:

- Sam, você realmente acredita que o mal seria apenas o sargento e sua trupe? Não crê que a algum mal maior puxando os cordéis? - Esboço um sorriso matreiro.

A conversa prosseguia com Latifa levantando uma ideia até que interessante, mas ainda acreditava ser uma perda de tempo. Mas antes que pudesse pronunciar, Jack voltava-se a mim.

- Theri?! - Sussurro rindo do apelido.

Assim que Jack concluiu segui apontando os pontos que achava importante.

- Bem, eles já tiveram dois dias para ir atras do rapaz e não o fizeram. Então, a possibilidade de ele ser útil para os agressores do doutor é quase, se não, nula. - Encaro Latifa e sorrio amigavelmente. - Você é boa moça. No entanto, seu plano tem uma falha. Se escoltarmos Eltras até a casa dele, ele ficara exposto ao deixarmos ele e formos para a casa do elfo investigar. Se o levarmos conosco e houver qualquer tipo de ato hostil contra nós, estaremos pondo a vida dele em risco. - Volto-me para Jack. - Por fim, não acredito que as três famílias sejam uma ameaça para ele. E até onde sei, apenas uma delas pode estar envolvida com o sequestro. Se uma delas estiver envolvida, qual delas sera? -  Dou de ombros. - Estou disposta a acreditar nas previsões da profetisa. Podemos nos separar, mas seria mais útil nos separar para reunir informações... - Concluo levantando da mesa.

Vou até meu quarto e pego o necessário para minha proteção e minhas ferramentas de trabalho e retorno para a mesa.

- Então jovem Eltras, se puder indicar-me onde reside o mestre elfo Taryl seria de grande utilidade. - Olho para os outros. - Mais alguém gostaria de seguir até lá? - Aguardo alguns instantes para alguém pronunciar-se.

Ouvi o discurso do paladino e logo respondi:

- Só quis dizer que algumas vezes precisamos ignorar um mal menor para podermos chegar até sua verdadeira fonte.

Para minha infelicidade ouvia que a bárbara levaria o rapaz conosco. Naquele mesmo momento revirei os olhos respirando profundamente.

- Ok, Barukhya! Mas ele será responsabilidade sua. Não culpe-me por qualquer imprevisto. - Completo ainda esperando pela decisão dos demais.

Perguntava-me se a bárbara realmente não entendia as palavras ou se não entendia por não prestar atenção.

- Como eu disse anteriormente. Se o levarmos e os guardas atacarem, nós vamos colocá-lo em perigo. Um perigo desnecessário. - Mais uma vez dou de ombros. - Ainda creio que ele não corre perigo se manter-se longe do caso. Enfim...

A porta da casa do herbalista Taryl havia sido arrombada e o caos habitava seu interior. Toda aquela bagunça e a ausência de qualquer rastro de sangue podiam indicar que os homens eram violentos e estavam tentando intimidar o doutor e o herbalista. Achava pouco provável que tivesse ocorrido um combate. O doutor Tellios já deveria ser um senhor de meia idade, considerando que medicina detêm de tempo para o aprendizado e que já possuía um jovem discípulo. Prossegui olhando por todos os cantos minuciosamente à procura de pistas que pudessem indicar algo sobre o paradeiro do medico e do herbalista.