Não uma sensação vaga, mas literalmente alguma coisa bloqueando as vias, subindo pela traqueia, saindo pela boca.
Um tubo.
De imediato, o instinto de arrancá-lo. Mas o movimento acaba por desprender, de maneira indelicada, agulhas espalhadas pelos braços. Ao menos agora era possível respirar e engolir normalmente.
Ao redor, sons confusos. Outros gemidos.
- Spoiler:
- Em algum ponto do passado
“...lamentamos... autoridades... voo não poderá... desembarque de todos os pertences... saguão... maiores explicações... companhia agradece...”. Era difícil discernir a voz da pilota nas caixas de som em meio à turba. Reclamações, choro de crianças e “acalmem-se” competiam pela atenção. Se ao menos soubessem que aquelas palavras protocolares e vagas eram o anúncio de uma catástrofe que varreria brutalmente todas as vidas ali... .
Haviam acabado de voltar ao avião após uma escala comum e agora isso. Encontraram drogas? Uma ameaça terrorista? A tripulação sabia pouco, de modo que havia muito espaço para conjecturas e possibilidades.
Iluminação enervante, avermelhada, instável. Energia de emergência - tudo de supérfluo desligado.
O espaço lembra uma enfermaria pequena, mas com enormes vidros reforçados por grades e nenhuma janela. Difícil dizer se trata-se da superfície ou do subsolo. O ar está viciado.
Equipamento de observação. UTI completa, não só o básico.
Seis macas, todas com aparelhos fora de serviço e compartimentos de soro vazios – talvez o término dos sedativos seja a causa do despertar. Isso é, descontando uma paciente que parece não ter resistido.
Há pranchetas presas a cada cama, das com informações sobre tratamento.
- Spoiler:
- Em algum ponto do passado
Aviões desviados antes do pouso; outros, decolando sem contato externo além do reabastecimento. Infelizmente para vários, a rápida ida ao “free shop” foi o suficiente para não poderem continuar.
Passageiros de diferentes destinos se aglomeravam para ouvir explicações de um militar num megafone. Nas últimas horas, uma infecção desconhecida tinha se propagado rapidamente pela cidade. Com a forma de contágio incerta, ninguém que tivesse pisado na ilha poderia sair agora. Acomodações seriam oferecidas a todo mundo e exames em massa seriam providenciados... .
- Mas nem saímos do aeroporto! Nos tirem antes que fiquemos doentes!
Por pouco – na verdade por medo dos fuzis – não houve um quebra-quebra depois daquilo.
Fraqueza. É difícil se manter de pé. Quanto tempo na horizontal? Fome e sede. É preciso procurar algo para ingerir. E descobrir que lugar é esse. Aos poucos, a lembrança da epidemia, do quarto de hotel, do adoecimento.
Apesar de avançado, tudo parece sujo e malcuidado. Lixo acumulado. Através das divisórias transparentes, é possível ver que, na sala à frente, há alguém com o peso tombado sobre uma mesa. Dormindo ou...?
- Spoiler:
- Em algum ponto do passado
Na TV local, informações contraditórias. Saques a mercados eram creditados tanto a quem procurava estocar para evitar o contágio quanto ao próprio sintoma do que fosse lá que estivesse acontecendo, se é que estava. Num bloco, falava-se em um problema social e revolta da população; noutro, apontava-se um distúrbio neurológico provocando uma onda de violência. “Invenção das autoridades pra assustar as pessoas e minimizar os protestos”, respondera um entrevistado.
Cinco pessoas acordadas. Nenhum rosto familiar. Investigando, a única que poderiam descobrir era a coincidência de estarem num dos diversos voos presos pelo lockdown. Visitantes. Ninguém conhece a ilha – se é que ainda estão lá – afora o espaço dos hotéis do aeroporto onde receberam acomodações enquanto acompanhavam de longe o caos se espalhando... .
- Spoiler:
- Em algum ponto do passado
Era estranho. Enquanto notícias diziam que pessoas infectadas ficavam extremamente violentas, você “só” sentia febre altíssima e outros sintomas perigosos, mas comuns. Ao telefone, essa descrição pareceu ter caído na “malha de inteligência” e prometeram socorro imediato. E ele veio, quase saído duma ficção: médicos e militares de máscaras e roupas protetoras, abrindo caminho a força. Ou foi delírio?
- Precisamos entubar imediatamente – dissera alguém de forma urgente.
- Preparem para induzir o coma... .
POR MIM SE VAI À ETERNA DOR ,
POR MIM SE VAI À PERDIDA GENTE.
(...)
DEIXAI TODA ESPERANÇA, VÓS QUE ENTRAIS!"
(Dante)
Vocês despertam numa sala sem janelas, com equipamentos médicos e outras pessoas que estavam internadas. Além dos coisas previsíveis numa enfermaria, há as pranchetas de diagnóstico e um possível corpo na sala à frente. O que fazem?
P.S.: todos estão com -2 tanto em Força quanto em Agilidade. Precisam de comida, água e 4h de descanso para ficarem 100%