Coffin Rock

Apenas assenti as palavras de Dolores. Isso até ela demonstrar otimista em relação ao comportamento do doutor.

- Spencer? - Disse confusa. Até compreendi a referencia de minha amiga. Só não entendi o porque daquele nome. Talvez Dolores já tenha estendido a mão para o tal Spencer. Tal ideia me fez rir. - Não esperava essa visão vinda logo de você, Dolores. Mas, se tem algo que eu aprendi é que homens são homens. - Dou de ombros.

Concentrei-me em tomar minha sopa. Bem, isso até um dos arruaceiros começar uma nova baderna. Sabia que estavam embriagados, mas ainda sim, agiram de forma muito suspeita. Assim que os vi deixando o saloon, levantei-me fui logo atrás do homem que havia gritado.

Do lado de fora:

- Esperar. Eu Asdza, uma grande xamã. Eu poder espantar demônios. Ritual de tribo de Asdza muito bom. - Encaro eles por um segundo. - Contar Asdza o que acontecer e Asdza ajudar.

Apreensiva aguardei para ver a reação deles. Não esperava que homens brancos me levassem a serio. Mas, em momentos de desespero, eu sabia que poderiam acabar recorrendo a qualquer coisa que lhes prometesse uma solução.

Encarei o papa defunto enquanto ele fazia sua ceninha para com os mineiros. Já pretendia não mais perder meu tempo com aqueles homens e retornar para meu ensopado quando ele decidiu se dirigir a mim aos berros. E por um segundo quase sai da personagem.

- Magia... - Respirei profundamente antes de prosseguir. -...magia do povo de Asdza vem da natureza. Nada mais puro que a natureza. - Disse sem levantar a voz. - Eu poder purificar a cidade de todo mal. Coisa que homem que chama Asdza de herege não faz. Se tivesse dom igual de Asdza, já teria livrado pessoas de todo sofrimento. - Completei em tom de desafio.

Mais uma vez cogitei em retornar para dentro do saloon, mas mantive-me ali aguardando o berreiro que viria por parte do papa-defunto. Já conhecia religiosos brancos o suficiente para saber como eles agiam. E esse parecia o típico religioso branco...

Revirei os olhos ao ouvir os mineiros concordarem com papa defunto. E conforme ele continuava a vociferar suas injurias, eu apenas suspirava já sem paciência para debater com esse tipinho que vinha de forma agressiva em minha direção. E por me medir dos pés a cabeça, eu diria que seria ele um dos que mais gostaria de cometer um pecado luxurioso.

Enquanto ele invadia meu espaço pessoal e proferia suas bobagens e seu mau hálito chegava até mim, involuntariamente franzi o nariz fazendo uma cara de nojo.

- Certamente há algo a se purificar por aqui. - Disse tapando o nariz com o indicador e o polegar. - Vó de Asdza ensinar chá com hortelã-pimenta que resolver problema de mau cheiro. - Dizia com a voz anasalada por estar tapando o nariz.

Esperava constranger o papa defunto a ponto de fazê-lo se afastar.

- E como não haver o que purificar. Agora a pouco no saloon esses três incomodavam a todos com medo. Eles gritar sobre o demônio na garrafa. - Levo as mãos na cintura encarando-os. - Eles atrapalhar refeição de Asdza e amigos. - Volto-me para o reverendo. - Se não há mal nessa cidade fazer seus fieis não fazer espetáculo e incomodar todos a volta.

Esperava que aquilo se encerrasse por ali. Tudo que queria era voltar para dentro e terminar meu ensopado.

Assim que as palavras soaram, meus olhos correram entre os curiosos até identificarem as autoridades locais. No mesmo momento, baixei a guarda deixando escapar um suspiro. Não porque aquilo poria um fim a discussão, mas sim porque não era viavel arrumar confusão diante daqueles três que se aproximavam.

Diante das acusações do papadefundo revirei os olhos levando as mãos a cintura. Mas, diante das palavras do xerife, logo preferi.

- Finalmente, alguém sensato. - E então assenti com a cabeça quando questionada.

Por fim, o papadefunto recuou e os curiosos dispersaram. Contudo, já era tarde. Aquele padreco havia posto sobre si mesmo um alvo. Se havia um mal sobre a cidade, eu já começava a suspeitar de quem realmente o havia invocado.

- Xerife Bryce, não é? - Voltei-me ao homem. - Eu ser Asdza. Ritual do povo de Asdza não ser mal. Ritual de Asdza usar forças da natureza. Natureza nunca ser má. - Fiz uma breve pausa. - Xerife Bryce, Asdza agradece por ajuda. - Completo com uma singela mesura.

E antes que pudesse prosseguir, senti alguem agarrar meu pulso e me puxar. Annie parecia zangada.

- Eu não fazer nada. Eu tentar ajudar. - Dizia enquanto era arrastada.

Porém, ao nos afastarmos ela tomava um tom mais brando.

- Pelo que entendi, aqueles mineiros tiveram os amigos mortos por um demonio. - Sussurrava para Annie. - E lá dentro do saloon, eles pareceram ainda estar sendo perseguidos por tal demonio. Infelizmente, aquele padreco apareceu para me atrapalhar. - Esboço um sorriso malicioso. - Aposto que ele tem algo a ver com isso. Talvez minha amiga aqui queira passar uma noite de diversão com uma inocente india? - Dou uma piscadela para Annie.