por Natalie Ursa Seg Ago 21, 2017 9:23 pm
Em resposta, Seth fez uma careta contrariada para o Marechal, como se agora fosse um garoto não muito mais velho do que Zheng.
- Qual é, cara? Eu não entendo de criança, mas desse jeito ele não vai aprender nada!
Ainda bem que ele não tinha sido contratado para dar aulas de como usar a espada, pois nisso ele era péssimo, ainda mais se Seth estava resolvendo levar em conta o jeito com o qual foi ensinado, quando ainda era bem mais novo do que Zheng.
Quando virou a cara, ainda com uma atitude meio infantil, sua atenção se voltou à estranha movimentação do lado de fora, muito distante, mas incapaz de passar despercebido.
Ouvindo o comentário do contratante, Seth responde prontamente, já se preparando para o pior:
- À passeio é que eles não devem ter vindo. - pousou a mão sobre o cabo da monokatana. Não pretendia desembainha-la, não tinha ainda uma razão para isso, mas o movimento lhe ajudava a se acalmar um pouco quando sentia-se mais agitado - Melhor esperar por qualquer coisa. - respondeu enquanto prestava atenção no que acontecia do lado de fora.
Enquanto abaixado com os outros dois, o ruivo já imaginava que se a situação piorasse seria muito difícil conseguir ataca-los furtivamente, pelo menos não enquanto todos juntos. Não era um soldado, tampouco era a melhor opção para um embate frontal. Era por isso que esse trabalho não tinha nada a ver com ele. Precisaria de muitas distrações para conseguir boas brechas para atacar e eles só eram três. Pelo menos estavam ocultos ali e dificilmente teriam que enfrentar alguém naquele momento. Levaria um tempo para acharem o trio ali se realmente tivessem a intenção de encontra-los. O pensamento deixava Seth um pouco mais aliviado.... Isso até ele se dar conta de que se estivessem os procurando iriam vir com algum dispositivo com sensores de calor, ou qualquer outra dessas tecnologias malucas que só atrapalhavam seu trabalho.
Seth ia quebrar o silêncio inquietante do ambiente para sugerir se afastarem mais da janela, quando o míssil é disparado e o Sr. Nebraska grita o comando em desespero. Sem pensar direito, o rapaz só conseguiu rolar para longe, não tendo tempo para tentar ajudar os outros dois. A explosão que veio em seguida foi ensurdecedora. O teto despencou, mas Seth tinha se afastado o suficiente para escapar, quanto aos outros dois não tinha certeza, não conseguia ver nada com toda a poeira e fumaça que a explosão levantou. Ele rapidamente se colocou de pé e foi verificar a situação do Marechal e seu filho.
Pela quantidade de sangue que escorria da coxa do Sr. Nebraska, o ferimento tinha sido profundo, mas não impediu ele de ir atrás do rádio enquanto Seth confirmava mentalmente, com irritação, que definitivamente fora uma péssima ideia aceitar o trabalho. Não tinha grande experiência em guerrilha. Não tinha experiência nenhuma em guerrilha com pessoas feridas para tomar conta! Tarde demais para arrependimentos. Nada ia ser resolvido se ele ficasse só se repreendendo mentalmente por ter sido tolo o suficiente para aceitar estar ali.
Enquanto esperavam resposta no rádio, Seth percebeu o pavor no olhar de Zheng e pousa a mão no cabelo empoeirado dele:
- Fica calmo aí que tá todo mundo vivo ainda.
A resposta veio no rádio, mas não foi o suficiente para deixar o ruivo mais confiante sobre a situação. O fraco ruído dos homens se aproximando ficava mais audível à cada instante e logo ficariam cercados naquele prédio destroçado. Enquanto estava tentando decidir o próximo passo, o Marechal também demonstrava querer saber a opinião dele sobre o que deveriam fazer. Seth coçou a cabeça também empoeirada, pensativo. Sozinho ele sairia dali o mais rápido que pudesse, mas provavelmente não iria retornar ao carro. Se estavam dispostos a bombardear prédios velhos para derrubar inimigos que, sabe-se lá como, sabiam onde estavam, poderiam facilmente explodir o carro se tivessem a chance. Talvez fosse até fácil fugir e desaparecer enquanto sozinho... Só que Seth não estava pensando em fugir sozinho. Era exatamente por isso que não gostava de trabalhar em equipe. O rapaz se distraía demais se preocupando com a integridade física dos outros. Era muito mais simples cuidar se si próprio, pois já tinha plena consciência de suas capacidades e limites, mas não tinha como saber as daqueles que o acompanhavam.
- Olha, cara. Acho que tem que considerar como eles ficaram sabendo que tinha gente aqui. - se aproximou, meio agachado, do Marechal e arrastou o filho dele junto, o segurando pelo braço - Talvez também saibam onde o teu carro tá. Só que eu não gosto da ideia de ficar aqui e trocar tiro também. Você não sabe quanto tempo o reforço vai levar pra vir. Vamos tentar sair do prédio e nos esconder em outro lugar. - o ruivo finalmente puxou o fuzil das costas, pois aparentemente a situação exigiria que ele bancasse o atirador. - Ei, você. Zheng! - puxou-o de forma um pouco mais brusca em direção ao Sr. Nebraska - Ajuda teu pai a andar mais rápido, eu dou cobertura pra vocês! - correu até a porta para verificar se ainda era possível atravessar o corredor depois da explosão e se já havia alguém por perto, procurando prestar atenção nos ruídos que ecoavam nas paredes da construção abandonada - Tem outra saída desse prédio? - inquiriu ao Marechal, diminuindo o tom da voz, mas mantendo os olhos atentos no caminho à frente.