por Leomar Ter Jan 23, 2018 6:53 am
- Aí é que está, nós deveríamos receber mais informações sobre o tal "artefato" quando chegamos aqui na colônia, mas ainda não recebemos. Claro que os responsáveis podem, com justiça de causa, dizer que as informações pertinentes serão dadas no tempo certo, pois acabamos de chegar. Isto seria totalmente aceitável... mas o que me incomoda nem é ainda a natureza do tal artefato e sim fatores aparentemente menos importantes que poderiam passar despercebidos se não tivéssemos atentos.
Obviamente uma das coisas que preocupa é não saber qual era a função de Hass nisto tudo. Nós nem estaríamos preocupados, ou estaríamos preocupados por causa da explosão da outra colônia, mas sem suspeitar de algo a mais se não fosse a presença dele: Hass podia ser influente e graduado, mas não passava de um cão-de-briga. Todas as pessoas em volta dele, incluindo todos os supervisores sabiam disto pois foram alertados constantemente. E pessoas como ele só continuam sendo chamados para missões importantes pois as pessoas por trás destas missões precisam de cães-de-briga.
Portanto, só podemos, por enquanto, fazer especulações. E o que me preocupa é que TODAS as especulações que eu penso agora são de perspectiva beeeem ruim.
Brüder faz uma pausa para ver se os demais achavam que era preciso enumerar as especulações. Como ninguém se manifesta e ficam até com cara de que esperam que ele diga algo mais, ele continua.
- A questão é: Porque os responsáveis por esta missão precisariam de um cão-de-briga? Se fosse uma simples missão de transporte, eles não precisariam de pessoas tão especializadas como nós por mais secreto que o tal artefato fosse, e definitivamente não precisariam de um animal como Hass, que tenho quase certeza que está envolvido na explosão da colônia.
Só faria sentido se fosse uma missão com alto potencial beligerante, e aí outras coisas não fazem sentido. Se fosse uma missão desta, eles precisariam de outras pessoas para vigiar o cão-de-briga, pois não se solta um cão numa missão arriscada.
Brüder olha para Melissa:
- Neste ponto eu acredito que UMA das funções de seu namorado Thomas era justamente vigiar o cão-de-briga para que ele não fizesse besteira na hora errada. E se as pessoas por trás da missão sabiam do risco, eles deveriam ter designado mais pessoas para vigiá-lo.
Novamente para todos:
- Se eles "calcularam mal" da primeira vez, podem ter calculado mal com a gente também, pois quando saímos da Terra a merda aqui ainda não tinha acontecido. Vamos supor que o que aconteceu foi só uma série de acontecimentos aleatórios infelizes e que nossa missão na verdade não era tão complexa ou arriscada, neste caso pode ser que, como eu sugeri antes, tenhamos sido designados não apenas por nossas capacidades, mas por interesses muito menos nobres, como por exemplo encher o ego de Hass quando ele fizesse a maior façanha de sua carreira na frente de seus desafetos.
Óbvio que vocês vão falar que ninguém seria estúpido o suficiente de gastar uma fortuna numa missão desta para mandar quatro pessoas para algo que seria quase um tipo de "pegadinha". Infelizmente tenho bastante conhecimento, tanto de psicologia teórica, pois precisamos dela para sermos soldados eficientes, como experiências concretas ao lado de pessoas maquiavélicas que não se importariam em usar os meios mais diabólicos para conquistar seus fins.
E as especulações que podemos fazer ficam ainda piores: Por melhor que cada um de nós seja no seu campo, numa missão "normal" nenhum de nós é insubstituível. Eu poderia substituir a Melissa no comando ou o Ross na manutenção, e numa missão comum qualquer médico menos especial que a doutora Wiane serviria para nos manter vivos.
Oficialmente minha posição é apenas de apoio, pois se tudo corresse bem, eu não precisaria substituir nenhum de vocês. Mas embora eu seja também mecânico, minha habilidade "especial" no espaço é combate. E se eles estavam ESPERANDO que algo não corresse muito bem... talvez neste caso eu posso ter sido escolhido para ser outro cão-de-briga.
Oficialmente fui escolhido para o caso de eu precisar proteger vocês de algum perigo inesperado, mas isto pode acabar não sendo tão inesperado assim. E, se as pessoas por trás da missão forem do tipo realmente maquiavélicas, cujos fins justificam os meios, talvez eu não esteja aqui só para proteger vocês de algo, mas para proteger algo de vocês.
Ele dá uma pausa para digerirem o tom de ameaça.
- Um dos problemas que podemos ter com missões deste tipo, é que alguns superiores esperam poder contar com pessoas eficientes mas que não façam perguntas, e é bem possível que eles pensem que podemos ser este tipo de pessoas, e também é bem possível que eles estejam errados... a onde isto nos leva?