O elfo e a humana seguem esgueirando-se pela cidade, embora o esforço pareça desnecessário. Não encontram uma vivalma no caminho, nem sequer um guarda. Ainda assim, por precaução, continuam furtivos, andando pelas sombras.
- Sim, estou - responde Tamlen, também aos sussurros, diante da pergunta de Olivianna - Mas não faço ideia de onde esteja vindo. E a cidade está deserta demais. Mesmo para os padrões dos últimos dias...
De fato, algo estranho está acontecendo. Afinal, por mais que as pessoas estejam temerosas demais para sair de suas casas à noite, a guarda está supostamente triplicada. Mas não se vê nem sinal de guarda algum, ou de qualquer ser vivo.
À medida que os dois aproximam-se das grandes favelas onde moram os elfos, o cheiro de fumaça fica cada vez mais forte, e Olivianna pode notar o corpo do elfo cada vez mais tenso. Seus cabelos longos ocultam sua expressão facial, mas é perceptível que sua testa está franzida. A preocupação é explícita em sua linguagem corporal.
Finalmente alcançam um dos portões que separam o Alto Quarteirão do resto de Halamshiral. O nome da área humana não é apenas uma referência à alta classe; ela é fisicamente alta. Por isso, o portão dá para uma rampa mais ou menos regular que desce até as favelas. O normal é que os portões fiquem fechados à noite, com pelo menos meia dúzia de guardas vigiando cada um.
Mas o portão está escancarado. O único guarda no local está dormindo profundamente sentado no chão. Quando os dois aproximam-se do portão e olham para baixo, enfim descobrem a origem do cheiro de fumaça.
Fogo. Muito fogo. Elfos lutando, elfos fugindo. Guardas, chevaliers e soldados com o estandarte da Coroa ateando fogo nos barracos, matando elfos e perseguindo os fugitivos. Uma cena indescritível de morte e destruição.
Tamlen fica paralisado por alguns momentos, os olhos arregalados estampados com um desespero nítido. Mas então sua expressão se fecha, e é tomada por uma raiva igualmente intensa. Jogando no chão os sacos que carrega e desembainhando sua espada, ele corre. Mas não em direção às favelas. Corre em direção ao guarda dormindo e corta-lhe a garganta em um piscar de olhos.
E então vira-se para Olivianna. Quase não há mais humanidade em seu rosto, apenas uma expressão animalesca de puro ódio.
- Saia da cidade - diz, com a voz sibilante - Não há mais nada para você aqui. - o elfo então começa a se virar para descer a rampa, mas, como se lembrando de algo, volta-se novamente para a humana - Encontre Madre Giselle. Se ela não nos ajudar depois disso, ninguém mais vai - e, sem se despedir, corre ladeira abaixo.
- off:
TÁ PEGANDO FOGO, BICHO
O pai da Olivianna era amigo da Madre Giselle, pq os dois tinham visões de mundo parecidas e eram caridosos com os mais pobres. Elas já se conheceram antes e sua perso sabe que a Giselle é da Chantria de Jader