Lago Calenhad

O novo golpe de Sarah é tão certeiro quanto o anterior. Com um guincho final, a figura encapuzada cai ao chão, uma poça de sangue formando-se ao redor do seu corpo. Aparentemente, não levantará mais.

Sem perder tempo, a guerreira puxa a cama, liberando a porta de seu quarto, e rapidamente vai até o quarto ao lado, para verificar se Ashalle está bem. Ao se aproximar da porta, não pode ouvir nada do outro lado; está tudo em silêncio. Virando a maçaneta, não consegue abrir a porta. Aparentemente, a elfa seguiu seu conselho e também bloqueou sua porta.

Todas as outras portas do corredor permanecem fechadas; naqueles tempos estranhos, o medo sobrepõe-se à curiosidade, e as pessoas preferem manterem-se trancadas a descobrir o que se passa.

Mas algo a mais incomoda a guerreira. O silêncio. Não consegue ouvir mais quaisquer latidos ou sons do mabari lá embaixo. A noite está absolutamente quieta. Toda a agitação de um minuto atrás desapareceu tão rapidamente quanto surgira.

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A porta cede violentamente ao chute da guerreira, quebrando a fechadura e afastando a cama do outro lado. A brecha aberta é suficiente para que a guerreira entre de lado no aposento, temendo o pior.

Vê-se diante de uma cena aterradora. Não há corpo, nem sangue. Mas também não há elfa. O vento frio invade o quarto pela janela escancarada. Olhando através dela, também não vê sinal, lá embaixo, de qualquer vulto. O local onde estava o Mabari, vazio. Seus companheiros desapareceram.

No chão, entretanto, pode ver um pedaço de papel amassado, que aparentemente alguém deixou cair. Ao pegá-lo, vê que está desenhado um mapa com direções sobre como chegar na taverna. No verso, está escrito o seguinte, em uma letra garranchada:

Mantenham-se alertas. Não confiem nos locais. Recuperem a donzela. Matem a filha e quem ficar no caminho. Encontrem o coletor em Halamshiral. Não quero atrasos.

Logo abaixo da mensagem escrita, o sinete da Chantria. De algum modo, seus algozes souberam que elas estariam naquela taverna.

O mapa é rudimentar, e não traz muitas informações. Parece mais uma série de referências para que seu portador não se esquecesse do caminho. Entretanto, analisando-o com atenção, Sarah percebe que os agressores vieram do oeste - de Orlais. Talvez da cidade de Halamshiral, como está escrito na carta.

A passos leves, a guerreira retorna ao seu quarto, atenta para qualquer nova movimentação. Abaixando-se, investiga o corpo do agente que matou, buscando qualquer coisa que ajude a esclarecer tudo.

Tirando o capuz, percebe que seu agressor era um homem em seus trinta anos. Revistando-o, encontra a espada curta com a qual ele a atacou, um conjunto de facas de arremesso e um saquinho de pano com 20 moedas de prata. Além disso, ele também possui um bilhete consigo, similar àquele que Sarah encontrou no outro quarto. Este diz:

O plano está nos trilhos. Ela não desconfia. Sejam discretos.

Recolhendo os itens, a guerreira ergue-se novamente e desce as escadas, de volta ao térreo da estalagem, sempre atenta; mas não percebe nenhuma movimentação estranha. Entretanto, assim que abre a porta para sair do lugar, é interrompida por um grito de fúria atrás de si.

- ISSO, VÁ EMBORA! - virando-se, vê o taverneiro surgindo da cozinha, carregando uma vela na mão que lança sombras sobre seu rosto enfurecido - Sua vagabunda! Eu sabia que você ia trazer problema para esse lugar. Suma! E não volte mais! - e bate a porta atrás de Sarah, trancando-a.

Voltando à sua missão, a humana caminha em busca de algum rastro deixado pelos invasores. A escuridão da noite não ajuda em nada, e eles parecem ter sido discretos. De fato, não encontra nada que lhe dê uma rota clara. Mas, por outro lado, também não vê sinal de nenhum deles. Ou já partiram sem ela, ou estão muito bem escondidos. Resta-lhe agora buscar algum lugar para passar a noite, já que foi expulsa da estalagem, ou seguir imediatamente à Estada Imperial, em direção a Orlais.

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