- É um belo espécime, senhor Barbarossa. Posso lhe garantir de que é a ave mais inteligente e mais bem treinada destes mares – Aseir Pashar mostrava cada uma das aves que tinha em seu poleiro ao capitão Barbarossa. Aseir é um comerciante de pele escura oriunda das temperaturas sufocantes e do impiedoso sol do deserto de Calimshan. A ave que Aseir tentava vender para Barbarossa era um papagaio bastante peculiar: as laterais de sua cabeça eram azuis, sua testa e seus loros possuíam uma cor avermelhada, enquanto a vértice e garganta eram arroxeadas. – O papagaio-de-cara-roxa é uma espécie rara e em extinção, apenas encontrada nas margens da floresta de Chult, ao sul de Faêrun.
Aseir Pashar era um comerciante renomado, conhecido por viajar mundo afora em busca de preciosidades. Além de aves raras, ele vendia pedras preciosas, obras de arte e objetos mágicos. Ele ainda era dono de um navio negreiro, dando a sua parcela de contribuição para o escravismo praticado nas Ilhas Piratas. Barbarossa bateu o martelo e aceitou pagar as 200 moedas de ouro pelo papagaio-de-cara-roxa, e este era todo o lucro que o capitão tinha conseguido vendendo as armas e armaduras da tripulação abatida de Sinistro.
- Foi bom fazer negócio com você, senhor. Pretendo ficar mais uma dezena na ilha, então qualquer coisa que você precisar estarei a sua disposição – disse Aseir. Ele mandou um empregado retirar a ave do poleiro e entregar ao Barbarossa. Depois o capitão retornou ao seu navio ancorado no porto da ilha de Ilthan, onde foi bem recebido por sua tripulação.
Fazia alguns dias que os marujos da Senhora da Maré Profunda estavam na ilha descansando de suas últimas aventuras, que incluía escapar de uma prisão e enfrentar uma trupe de mortos-vivos comandados por um capitão amaldiçoado. Ilthan era mais um dos refúgios piratas por aquelas bandas do Mar das Estrelas Cadentes, com pequenas comunidades de piratas habitando acampamentos provisórios ao longo da costa meridional. A ilha era bem localizada estrategicamente, ficando exatamente no centro do conjunto das Ilhas Piratas e com isso tendo fácil acesso a todas as outras ilhas.
A noite chegou e com ela a lua cheia, e a tripulação já se preparava para dormir nos deques inferiores. Ninguém sabia ainda quando tempo ficariam ancorados na ilha; pelo menos até que o capitão Barbarossa tivesse algum novo rumo em mente. E era isso em que Barbarossa se viu pensando quando ficou a sós com o papagaio em sua cabine. Valeria a pena ir atrás do Capitão Sinistro e do Cajado de Arvandor? A tripulação do Marlin Negro poderia voltar a ser uma pedra em seu caminho? Para onde foram o elfo do mar e o darfelano que fugiram de sua tripulação na calada da noite? O sono chegou antes que ele decidisse o seu destino...
13 de Tarsakh, 1372
A manhã seguinte trouxe más notícias. Hendrik bateu à porta da cabine do capitão com força, anunciando ser um assunto urgente. Barbarossa abriu a porta e respirou o ar matinal enquanto caminhava para ver o que estava acontecendo. Um bolo de marujos estava ao redor de algo ou alguém no centro do deque principal, e eles falavam uns com os outros aparentemente temerosos. Com a ajuda de Hendrik, o capitão abriu caminho e viu um dos seus marujos estatelados no chão, absolutamente inconsciente. Era Timmet, o vigia do navio.
- Capitão, ele foi encontrado nesse estado logo pela manhã – afirmou o imediato. – Descemos ele do cesto da gávea e já fizemos de tudo para tentar despertá-lo, mas ele nem se meche, é como se tivesse morto. Alguma doença ou maldição se abateu sobre ele, capitão.
- É maldição daquela puta que estava em nosso navio! – gritou um dos marujos. Barbarossa não viu qual deles que disse isso, mas muitos balançaram a cabeça em concordância. Eles certamente se referiam a Emelina Ashdown, a mulher que o capitão havia mantido em segredo em seu navio e que depois a matara a sangue frio. Mulheres eram sempre vistas como mau presságios a bordo de uma embarcação.