Arrasta-pé & Correria (Aventura)

Vocês vivem em uma pequena cidade comercial, no interior do reino qual pertence, chamada de “Uihn”. Lá a vida é difícil e árida, sem muitas chances para prosperar, mas vocês sempre souberam que algo em vocês não era comum, alguma força crescia em vocês a cada ano que se passava naquele local.

Juninho passara toda sua infância e adolescência na Igreja do Livramento, estudando teologia e outros assuntos eclesiásticos para se tornar um padre no futuro e honrar o pedido de sua mãe que lhe enviou para lá como forma de agradecimento à Deus por ele ter nascido saudável. Já seu irmão, Gambiru, permanecia todo tempo em casa, tendo contato com seu pai e sua mãe, mesmo que eles mal falassem com ele ao ponto dele não saber seus nomes.  Até que um dia, algo mudou.

Juninho foi mandado de volta para casa com alegações de que descumpriu os desígnios de Deus e que não poderia mais permanecer na abadia, o que causou tamanha tristeza em sua mãe. Mas o jovem notou que alguém estava faltando ao chegar em casa e que a tristeza da sua mãe não parecia somente derivar de sua volta abrupta. Seu pai havia morrido não tinha muito tempo.

Com isso, Rosinha, a mãe dos dois irmãos, passou a treiná-los na arte milenar da família de seu esposo, o Khan'Gasso, em que os dois jovens desenvolveram suas aptidões com a finalidade de que um dia fossem usá-las para proteger sua mãe, sua cidade e até mesmo todo o reino... como dizia o bilhete deixado ao lado dos rastros de seu pai morto.

Rosinha:

Após alguns meses de treinamento no quintal de sua casa, Rosinha parou as atividades abruptamente e sentou-se ao chão. Não parecia nada bem.

- Acho que está começando... aquilo que treinei vocês para combater, está vindo... Rosinha fala ofegante olhando para os filhos.

Mesmo sabendo que seus treinamentos não haviam terminado, ambos se sentiam mais fortes do que a alguns meses atrás... mas seria o suficiente?

- Eu não aguento ficar de pé, mas se vocês conseguem é porque o pai de vocês estava certo. Agora andem e saiam pela cidade para procurar ajuda... Eles estão vindo e precisamos sair daqui, rápido.

Ela fica ali, sentada ao chão usando de todas as forças que lhe resta para desferir um olhar apreensivo na direção de vocês.

- Mãe, quem é que está vindo? Em quê que painho estava certo? O que está acontecendo, mainha?

Gambiru saiu correndo em direção de sua mãe, botou em seu rosto suas mãos tentando encontrar algo traço de alguma doença, suas mãos estavam tremendo, nunca vera sua mãe em tal estado mesmo após de um longo dia treino.

Olhou em direção a Juninho, tão pálido quanto uma tapioca:

- Não está vendo que ela está passando mal? Vá lá dentro buscar um copo d'água ela precis...

Eis que algo fez com que um calafrio estremecesse seu corpo, involuntariamente, Gambiru já tentava com suas orelhas de timbu captar algo.

- Mas o quê...

Rosinha escuta as perguntas de seu filho e lentamente ergue a cabeça utilizando-se do pouco folego que lhe havia restado além daquele que gastava apenas para se manter acordada.

- Meu filho, Se acalme... Deu-se uma pausa para respirar. - Depois eu respondo suas perguntas, agora vocês tem que sair logo antes qu... Sua fala é interrompida por Gambiru, que pareceu entender a urgência de toda a situação e tomou a iniciativa perante aquilo.

Lentamente a mão de Rosinha foi ao encontro da mão que seu filho colocara em sua testa. Ela sabia da distância que sempre tivera dele, mas acalentava seu coração ver que mesmo assim tinha crescido tão determinado, decidido e esperto... lhe lembrava e muito o marido.

- Obrigado, mas realmente não temos tempo. Seu rosto se virava com a mesma fragilidade que apresentará quando olhou para Juninho, mas agora seus olhos focavam nos olhos de Gambiru. Com isso notou que ele parecia ter notado algo, mas em seu semblante podia se ver um misto entre estranhamento e insegurança.

Gambiru, já chateado por não conseguir identificar o que fazia sua mãe ficar naquele estado, parecia não conseguir se concentrar o suficiente para identificar a causa daquela sensação que tivera. Tocou o chão, levantou as orelhas, fechou os olhos, tentou mais uma vez... e nada. Parecia que tinha sido apenas um mal pressentimento, mas diante da pressa de sua mãe, poderia ser algo mais concreto do que eles poderiam esperar.

- VOCÊS NÃO ME ESCUTARAM? CORRAM PRA CIDADE AGORA !!!!!!!!!!!! A mulher faz um movimento brusco ao levantar seu braço, com o dedo indicador em riste, direcionando-o para a porta do quintal que daria diretamente na rua.

Aquilo surpreendeu os dois filhos já que até então seu corpo mal parecia conseguir se manter em pé...

Mas aquele movimento parecia ser o último suspiro de força que lhe restara, o que fez com que aquele gesto carregasse um grande peso moral para os que presenciaram o seu grito.

Gambiru poderia não ter conseguido identificar se alguém estava chegando perto deles, mas sentia nas palavras de sua mãe o quão frágil e desesperada estava.

Não era tempo de conversar.

A encostou num canto, mesmo em meio ao caos não deixara de ter cuidado pela sua mãe, beijou sua testa com pesar e seus olhos a qualquer hora estariam inundados de lágrimas.
- Bença, mainha...

Olhou pra Juninho que parecia mais desnorteado que barata depois de uma sandaliada.
- Vais ficar que nem abestado olhando? Pega tuas coisas e vamo embora agora!

Juninho prontamente olha pra seu irmão Gambiru e estranha a maneira com que ele se espanta, Juninho vai até a cozinha procurando ajudar sua querida mãe, mas ao chegar ao lado de seu irmão, lhe questiona.

-Gabiru, meu irmãozinho, o que houve? Tá sentindo alguma coisa?

Juninho já tinha visto essa expressão poucas outras vezes em sua vida, e nunca foi por um bom motivo, Gambiru avisara Juninho do Padre, Juninho nunca escutou seu irmão, até esse dia

Ao sentir o beijo em sua testa, Rosinha sorri de orgulho pela decisão tomada por seu filho, qual até então fora deixado de lado pela família.

- Que Deus abençoe vocês dois, Meus filhos. Sorria enquanto um de seus olhos se fechava como resposta a dor que sentia.

Mas Juninho parecia não estar preparado emocionalmente para tudo aquilo. Talvez toda a confusão em relação ao Padre e sua expulsão da igreja tivesse perturbado ainda mais sua cabeça e tirado ele de si, mas aquela atitude não era a melhor maneira de lidar com o que aconteceria naquele quintal.

De repente, todos ali presentes começam a sentir um tremor abaixo de seus pés. A terra tremia. As rachaduras daquele solo seco pareciam aumentar e as pequenas pedras dispostas ao chão balançavam de lá pra cá em um ritmo que cada vez ficava mais frenético até que pôde se escutar um grito incompreensível que ecoou por toda a cidade. Uma voz grossa que gritava palavras desconhecidas de forma bestial e que logo fora acompanhada de outras vozes semelhantes até se tornar um uníssono que mais parecia um deslizamento de rochas.

O Som estava muito perto, todos ali sabiam que algo havia invadido a cidade e Rosinha estava certa. Os irmãos dirigiram os olhares uma para o outro, mas o tempo que demorou para que seus olhos se cruzassem parecia infinito. Tudo estava devagar, a respiração pesada, o suor despontando na face de cada um.

Gambiru viu nos olhos de Juninho uma confusão enorme e Juninho, por sua vez, viu nos olhos de Gambiru algo que não conseguia entender mas que parecia arder com grande intensidade.

Não durou muito.

Um som estrondoso invadiu os ouvidos de todos ali e logo após viu-se o muro que rodeava o quintal vir abaixo e levantar muita poeira. Não deu tempo de reagir, uma figura escura invadira o quintal correndo. Era humanoide, com membros alongados e animalescos que carregavam um grande machado afiado, assim como suas garras e dentes que ficavam amostra em seu semblante.

- UM VOLANT!!! EU AVISEI A VOCÊS PARA CORREREM. ELES DEVEM ESTAR POR TODA A CIDADE. VÃO LOGO, EU FICO PRA DEFENDER A CASA E VOCÊS BUSCAM AJUDA. Gritou Rosinha com uma voz rouca.

Volant:

A Figura monstruosa continuou sua corrida frenética e escolheu ir em direção àquele que parecia mais indefeso por estar abaixado perto de Rosinha: Gambiru. Sua arma desceu com força na direção do Kemono, mas sem precisão alguma, cortando o ar e batendo apenas no solo. O Jovem rolou para o lado e parou a uma distância segura.

Mas agora havia um problema, o Volant estava de frente a Rosinha caída e a encarava com tamanha raiva.

- VÃO LOGO, POR FAVOR, NÃO TEMOS MUITO TEMPO. FUJAM ENQUANTO EU DISTRAIO ELE. Continuou a vociferar até perder completamente a voz.

Os irmãos estavam parados, ofegantes, tentando se recuperar do susto que levaram para tentar tomar alguma decisão antes que mais daquelas criaturas chegassem até ali.

ROLAGENS:

Juninho, percebendo a ameaça indo encima de seu querido irmão, puxa sua Pinga-Fogo e tenta um "tiro rápido".

[Juninho puxa das suas costas a Ak-51, rapidamente mira e atira]

Juninho ofegava enquanto encarava a situação. Olhos vidrados, boca seca. A cabeça pairava em pensamentos conflituosos sobre o que tinha se passado na igreja no tempo que passou fora de casa e em como isso afetara sua relação com sua família. Seu irmão estava ao seu lado, abaixado pois acabara de se esquivar de um golpe mortal a pouco tempo atrás, e sua mãe, caída, encarava o Volant com uma bravura que somente ela seria capaz de exalar naquela situação.

Mas o garoto que tentou se tornar clérigo, também tinha sangue nordestino nas veias e isso fez ativar em si algo que o fazia sentir como se tivesse em chamas. Sua roupa começou a chamuscar um pouco quando, em um movimento rápido, sem o monstro notar, tirou sua arma das costas e apontou-a para a figura grotesca que se mantinha frente a sua mãe. Tinha tanta afinidade e destreza com aquela arma devido aos dias que treinou com sua mãe que a AK51 fez-se valer pelo apelido que ganhou ao ser criada pelo pai dos garotos...

AK51: Pinga-fogo

Naquele quintal pôde-se ver os brilhos das balas que, rapidamente, perfuraram o corpo do Volant ao mesmo tempo que os olhos de Rosinha brilhavam ao ver que todo o trabalho que fizera com os dois garotos havia dado resultado e que ela finalmente poderia dizer que cumpriu o que prometeu ao marido. Seus filhos estavam aptos para sair e enfrentar a batalha que estava marcada no sangue da família.

O primeiro tiro acerou o Volant no ombro, que soltou um grunhido de ódio e dor ao se virar em direção de Juninho que já preparava seu segundo disparo. O monstro ousou dar o primeiro passo de sua corrida contra o jovem, mas ao seu pé esquerdo pisar no chão, sentiu o corpo amolecer quando o segundo tiro transpassou-lhe o coração. O Corpo do bicho atingiu o solo com força, já sem vida.

Ao virar seu rosto na direção de sua mãe, Juninho ainda pôde ver seu sorriso de orgulho, mas que logo se transformou em um semblante de preocupação.

- Vocês ganharam tempo e isso foi ótimo, fico orgulhosa que nosso treinamento rendeu tantos frutos em vocês... mas o tempo ainda é curto. Falou rosinha, tentando se arrastar. - Me coloquem dentro de casa e saiam imediatamente, já viram o que a desobediência de vocês trouxe pra cá e não vai demorar para outros entrarem por aquele buraco.

Rosinha tira do bolso um terço e aponta para os dois.

- Tenho que ficar na casa pra proteger esse terço. Prometi ao pai de vocês que isso nunca iria sair dessas terras e terei muita honra de cumprir essa promessa.

Mais uma vez Rosinha está ao chão dependendo da escolha de seus filhos e o tempo está cada vez mais curto pois, ao longe, todos podem escutar mais gritos incompreensíveis se aproximando da casa.

Gambiru estava em choque, não pela precisão do ataque do seu irmão, mas pelo quão próximo ele quase foi acertado pelo golpe do Volant.

Após sua mãe dar as instruções novamente, a obedeceu apoiando o braço de Rosinha em suas costas e restando sua outra mão na cintura dela para ajudá-la entrar em casa em segurança.

Em sua cabeça já imaginava as possibilidades de escapar com Juninho daquela invasão que acontecera na cidade, porém algo no cuscuz dentro de sua barriga estava a embrulhar mais do que dobradinha, sentia que precisa saber informações sobre o monstro assim teria certeza do que fazer e para onde deveria ir...

Ao ser colocada em casa, Rosinha guardou o terço em sua roupa e se posicionou de frente para a porta que dava diretamente ao quintal de onde eles acabaram de sair. Dali em diante seria sua missão impedir que qualquer um entrasse na casa da família. Olhou para Gambiru e, antes que ele saísse, sorriu como forma de agradecimento já que sua voz lhe faltava. Seus olhos estavam marejados pois sabia que aquilo poderia ser um eterno adeus.

Mas tentava ser mais confiante em si e em seus filhos.

Ao voltar para o quintal, o jovem se abaixou perto do corpo do monstro que seu irmão derrotara tão rapidamente e começou a vasculhá-lo. Não que houvesse muitos lugares para procurar já que as únicas coisas que ele carregava eram o seu machado que se encontrava caído ao chão e um tecido esfarrapado que mais parecia uma tanga que cobriria suas partes íntimas caso as tivesse. Mas Gambiru viu que ele não possuía nada por debaixo, como se fosse um manequim.

Desistiu de procurar objetos escondidos pois viu que aquele ser não carregava nada além de sua arma. Levantou-se e, ainda curioso pelo Volant, deu uma última olhada em seu rosto. Seus olhos, antes completamente negros, agora pareciam voltar a possuir uma característica mas humana, com o globo ocular branco, iris castanha e a pupila muito dilatada. Aquilo prendeu a atenção de Gambiru, mas por pouco tempo, pois um barulho atraiu a visão dos dois irmãos.

Duas figuras escuras entravam pelo buraco no quintal e rapidamente ambos os reconhecem como Volants. Eram como cópias, exatamente iguais aquele caído ao chão, portando machados de igual tamanho. Eles gritaram de ódio ao ver um de sua espécie ao chão daquele quintal e, com certeza, isso iria atrair mais daquelas aberrações.

Os filhos de Rosinha se olham e sabem que tem poucos segundos para tomarem uma decisão do que fazer.

Tudo, a partir dali, dependeria deles.

Gambiru não estava nem um pouco afim de perder mais tempo, as respostas não viriam daquelas criaturas, e sabia que o que aconteceu no episódio passado foi um golpe de sorte de Juninho.

Pegou Juninho pela mão puxando para o acompanhar antes que tomasse alguma decisão preciptada.

Gambiru os guiou então para uma escada que dava acesso ao telhado da casa, lá de cima eles conseguiriam ver o melhor decisão a ser tomada: pular para o telhado da casa vizinha ou tentar acertar os novos Volants que invadiram a casa.

Juninho, olhando pra seu irmão Gambiru, Juninho afirma:

-Maninho, acho melhor irmos pelo telhado, vai ser mais seguro e mais difícil desses arrombados nos perceberem. Mas não sei para onde ir.

Juninho então ainda meio perdido com tudo que está acontecendo e que aconteceu, com os olhos meio marejados tardiamente por conta da situação que sua amada mãe estava entregue, olho para seu irmão com uma olha de como se tivesse pedindo ajuda na situação, mesmo sabendo que Gambiru se encontrava do mesmo jeito, mesmo que não aparentasse por fora, mas tem certeza que por dentro, ele estava sofrendo.

Os dois irmãos saíram correndo dos Volants e deixaram sua mãe para trás, sem saber se o objetivo daqueles monstros era eles ou ela.

Com sagacidade, Gambiru lembrara da escada que dava acesso até o telhado da casa e rapidamente guiou seu irmão, que parecia cada vez mais acordar do torpor que se encontrava, para lá junto a si. Após alguns passos ansiosos pela casa, sentiram um misto de alívio e preocupação ao escutarem que os sons pesados que os Volants causavam com suas corridas vinham cada vez mais para perto da dupla, que agora já encarava suas possibilidades de fuga, e mais para longe de Rosinha.

Ao chegar ao topo da escada, saíram no telhado da casa da família, podendo receber no rosto o vento seco e árido da região. Ambos estavam tão focados na fuga que mal pararam para olhar ao redor e se puseram a pensar em que medidas iriam precisar tomar. Gambiru, como sempre mais rápido em pensamento do que seu irmão, pôs na mesa quais eram essas opções e Juninho, sem muita demora, respondeu qual das alternativas achava a mais segura, mesmo que tenha tentado esconder essa resposta daqueles que tanto aguardavam por ela...

Ao esconder seu post, ativou minha carta armadilha:

Os irmãos se entreolharam e olharam para a beirada da casa vizinha mais próxima, preparando os músculos das suas pernas para serem capazes de aguentar aquele salto. Já podiam até ver que o caminho de telhados que possuíam a sua frente, constituído por toda a pequena vizinhança de casas da cidade, poderia lhes levar diretamente para a saída de Uín.

Testes:

Juninho, pegando impulso para o salto, começou a correr mais do que crianças quando anunciam "quem chegar por último é a mulher do padre" e realiza seu salto...

Gambiru não poderia deixar a provocação de seu irmão de graça e saiu correndo junto a Juninho, porém ao saltar pisou em falso em uma telha antes quebrada, o que não lhe deu impulso o suficiente para saltar ileso.

Bateu com o bucho direto com a calha da casa vizinha , esticou seus braços cravando suas garras nas telhas ao lado.

As telhas escorregavam, estava ainda sem ar por causa do impacto, não conseguia chamar direito a atenção de Juninho, iria logo logo se estribuchar no chão se algo não fosse feito.

Inesperadamente, Juninho toma a primeira atitude que visava ir para o outro telhado a frente da dupla. Suas pisadas batiam forte nas telhas da sua casa até que sua corrida originou um pulo que, por muito esforço do jovem, foi bem sucedido e fez com que ele caísse com os dois pés firmes na telha ao lado, sem fazer maiores barulhos. Gambiru, vendo a atitude de seu irmão, inicia logo a sua própria corrida mas a cada passo que desferia, começava a notar que as telhas que pisava estavam mais frouxas por conta da investida anterior do seu irmão, até que, na beirada do telhado de sua casa, a última telha que seria utilizada como base para desferir o salto se rachou, fazendo com que o kemono perdesse boa parte do seu impulso.

Gambiru pairou no ar, meio desajeitado, com um ar de desespero nos olhos de quem estaria prestes a cair. Esticou os braços ao máximo desejando poder aumentar sua envergadura só para poder se sustentar no telhado vizinho mas, já no ponto máximo da parábola que fizera no ar, viu seu corpo perder cada vez mais altura e, com certeza, pensou que seu destino seria se estatelar no chão de terra batida logo abaixo de si.

Mas a ponta de suas garras se fincaram ao limite de algumas telhas mais afastadas na frente de onde Juninho estava acabando de se recuperar do salto, o que fez com que ganhasse mais algum tempo de sustentação antes da queda eminente.

Parecendo um gato que errada o calculo do salto, Gambiru já puxava o ar para os pulmões a fim de gritar para que seu irmão o puxasse para cima, mas antes disso pôde escutar sons de uma grande bagunça e coisas sendo quebradas e esmagadas dentro de sua casa, junto com mais um grito gutural de uma das bestas que invadiram seu quintal. Aquilo o fizera perder o ar e se preocupar com sua mãe que ficara pra trás e com ambos que ali estavam fugindo...

Será que tudo realmente estava perdido por conta de desvios do destino e do azar, como dados que teimam em falhar?

Gambiru fechou os olhos e sentiu suas garras se desprendendo das telhas. O vento começou a passar entre suas orelhas, de baixo para cima, fazendo-o sentir o corpo suspenso no ar...

Na escuridão, o garoto sentiu como se tivesse escutado uma voz... não conseguiu distinguir bem o que dizia, nem se era homem, mulher ou qualquer ser humano. Mas o medo gigante que consumia seu coração repentinamente sumiu e deu lugar ao alívio, para logo sentir a mão de seu irmão lhe puxar pela sua calda.

Os dois finalmente conseguiram sentir os pés firmes sobre as telhas da casa vizinha, evitando olhar para trás e ver o duro destino que escolheram para sua mãe. Ao longe viam um longo caminho de casas que podiam levá-los para fora da cidade se ambos escolhessem seguir, mas teriam que ter cuidado pois todo esse alvoroço pôde der deixado outros Volants ao redor atentos.

Testes:

Então Gambiru olhou para a casa adiante, o que aparentava que nenhum Volant tinha a invadido ainda, não restava medo ou rastros de insegurança pela decisão que passou rápido pela sua mente.

Não se deu o trabalho de falar com Juninho, já foi correndo direto para a próxima casa saltando o telhado mais uma vez sendo que dessa vez obtera sucesso em seu pouso. O som de seu impacto no telhado fora abafado pela confusão que acontecia na vizinhança, apenas se alguém estivesse dentro da casa seria capaz de escutar o som das telhas se arrastando.

No quintal da casa, algo de fato era curioso, ele parecia dá acesso a uma mata onde se tinha uma estrada de jambeiros, em direção oposta pelo qual os Volants viera, parecia uma oportunidade perfeita de escapar, se eles pudesse passar despercebidos pulando de uma árvore a outra, era certa suas chances de saírem de lá ilesos.

Olhou para trás em direção ao seu irmão fazendo um sinal para que deixasse de prosa e se apressasse, eles não poderiam perder mais tempo ficando por ali por perto, era arriscado demais.

Juninho prontamente se ligou e começou a correr, por ser um pouco tabacudo correu fazendo muito barulho e soltou fazendo mais barulho ainda, parecia uma jumenta prenha de tanto barulho, mas prontamente ele saltou e... fez barulho no pouso, as telhas quebraram e Juninho deu um grande grito de dor ao se estabacar no chão mais rachado que velho usando chapa comendo rapadura.

Nesse momento, Juninho ao chão só olha para cima, no buraco que fez ao cair do teto, sem saber o que fazer só com a esperança de seu irmão aparecer como um anjo.

Lado a lado, com a confiança que crescia dentro de ambos, os irmãos iam pulando de casa em casa, passando pelos telhados e atentos a quaisquer barulhos que poderiam atrair a atenção de seus perseguidores. Os pulos consecutivos pareciam não causar nenhum efeito de cansaço naqueles dois já que ambos estavam em sua melhor forma física, mas, mesmo assim, a impressão de ver cada vez mais casas a frente fazia com que a ansiedade de se verem livres daquela situação aumentasse... e talvez por isso o primeiro deslize fora cometido.

Gambiru, por ter tomado a iniciativa, sempre estava alguns passos a frente de seu irmão que já se preparava pra saltar a próxima casa até que sua atenção foi roubada pelo barulho de telhas que o pouso do Kemono fez ao final de seu salto. Mesmo que por pouco tempo, aquela atenção roubada fez com que Juninho calculasse mal seu salto e errasse seu destino final, batendo com o peito na parede da casa e se pendurasse agarrando a beirada com as mãos. Ao tentar se levantar e pedir ajuda ao seu irmão, as telhas quebraram debaixo de suas mãos, fazendo com que ele caísse de costas no chão em frente a casa, soltando um grito de sofrimento que certamente ecoou por toda aquela rua. Apesar da dor nas costas e falta de ar momentânea, a queda não causou muitos ferimentos no jovem.

Dano:

Gambiru ainda encarava as árvores que observara durante seu pulo e pensava em um plano que pudesse ser mais eficiente do que continuar saltando pelos telhados, mas seu raciocínio fora cortado repentinamente pelo grito que reconheceu sendo do irmão, o que fez com que parasse imediatamente o que estava fazendo e fosse até a murada do telhado, onde podia ver, lá em baixo, seu irmão estirado de costas no chão enquanto, não muito longe, na entrada da rua, dois Volants se aproximavam rapidamente na direção da origem do barulho.

Muitas opções pairavam na cabeça de ambos... Ficar e lutar, correr, se esconder, descer para rua, subir até o telhado ou até mesmo entrar na casa, eram inúmeras as maneiras que poderiam decidir como lidar com a situação da melhor forma possível e isso ficava cada vez mais urgente de ser decidido a medida que os passos dos Volants ficavam mais altos em seus ouvidos.