Loba Saltadora - Lia

Lia ouviu as rochas cortando o ar e, como se tivesse olhos na nuca, esquivou-se em saltos, sem se virar e sem parar de correr.

As pedras atingiram o solo e espalharam uma nuvem de neve com o impacto, mas a Loba Saltadora já tinha alcançado a escada de madeira e subiu-a rapidamente, ganhando a distância segura daqueles monstros atiradores.

Após o fim da escada, o caminho se abria numa pequena clareira e virava à direita ao redor de algumas árvores, até chegar a um platô. Dele era possível ver os exércitos das fadas se digladiando na planície abaixo.

No fim do platô havia outra escada de madeira que subia para um novo nível, possivelmente o último.

Mas alguém ali bloqueava o caminho.

Era um ser grande e forte, brandindo um machado serrilhado, que apontou para ela:

Spoiler:

- Você é a vanguarda dos veraneantes, não é? Pois terá a honra de ser a primeira a morrer!

Ele correu na direção dela, já preparando um golpe com a lâmina da arma.

Spoiler:

OFF: Pode lutar se quiser. Se preferir tentar fugir esquivando-se, a dificuldade contra esse inimigo é um pouco maior.

Lia avançou com suas garras contra o machado do guerreiro feérico. 

O tamanho dele era similar ao da forma garou da fianna. Os movimentos eram  tão rápidos quanto sonhos febris, e tanto as garras da Loba Saltadora quanto a lâmina do guardião sombrio riscavam o ar, espalhando cristais de gelo, pêlos, brilhos estrelados e sangue vermelho brilhante.

No primeiro movimento, Lia rasgou o  ventre do inimigo, mas sentiu a arma do inimigo abrindo um talho profundo em sua perna.

No segundo, Lia golpeou mais forte, enterrando as garras da outra mão no peito do oponente, enquanto a lâmina retornava contra sua nuca, mas com uma força menor que o golpe anterior.

Na sequência, a Loba Saltadora não acertou seu terceiro golpe, e um soco do cavaleiro das trevas fez Lia ver estrelas passando numa torrente coruscante até sentir seu corpo bater no chão com força. A neve gelada e a terra fofa amorteceram um pouco o impacto, mas Lia sentia todo seu corpo doendo terrivelmente. Ela teve que lutar contra seu próprio corpo para forçá-lo a se erguer novamente para continuar a luta.

Com o sangue negro escorrendo por seu tronco, o troll sombrio ergueu de novo seu machado enquanto Lia avançava novamente com suas presas preparadas para abocanhar. Antes mesmo de sentir a lâmina arrancando-lhe uma orelha, Lia já tinha fechado seus dentes sobre o pescoço dele, prendendo-o numa armadilha mortal. 

Ela ainda sentiu um golpe contra seu estômago, mas usou suas garras para arrancar os braços do fada maligno enquanto suas presas faziam as veias do pescoço dele explodirem numa nuvem de sangue.

Momentos depois, Lia estava ofegante e sangrando ao lado do corpo sem vida do inimigo.

Havia mais uma escada para o último patamar, e Lia teria alcançado o castelo dos adversários.

Lia percebeu que seus ferimentos não estavam se curando tão rapidamente quanto ela esperava. A rápida regeneração dos garous só poderia ser evitada por ferimentos causados por fogo, prata, garras e presas de outros metamorfos ou então... magia. Seriam aquelas fadas capazes de infligir dano mágico?

Sem poder esperar mais, a Loba Saltadora obrigou-se a erguer-se e tentar chegar à última plataforma daquela escalada, o planalto que fundamentava o enorme castelo das fadas sombrias. Havia uma névoa escura e fria naquela altura, que fazia os ferimentos de Lia doerem de frio.

À medida que a névoa se dissipava lentamente, revelando um castelo imponente, a respiração dela se tornava mais rápida e se condensava no ar. A sensação de mistério e perigo pairava no ar, enquanto Lia avançava corajosamente em direção às portas do castelo assombrado. Ela sabia que haveria um último guardião no comando das hostes malignas. Sua missão era enfrentar um príncipe fae, um ser de beleza sobrenatural, conhecido por sua astúcia e crueldade.

Os portões de ferro rangiam sinistramente ao serem abertos, dando acesso a um pátio sombrio e desolado. A vegetação retorcida e as paredes de pedra cobertas de hera pareciam testemunhas silenciosas de séculos de segredos obscuros. Seu coração batia descompassado, enquanto ela avançava pelo pátio, observando cada sombra e escutando o eco de seus próprios passos.

Finalmente, chegou à entrada principal do castelo, cujas portas maciças se abriram lentamente, como se convidando-a para o desconhecido. Com uma respiração profunda, adentrou o salão principal, onde a atmosfera era carregada de uma magia sinistra. Lustres enferrujados balançavam de forma ameaçadora, espalhando uma luz fraca e vacilante sobre a cena.

Foi então que ela o avistou, o príncipe fae inimigo, de pé em um ponto mais elevado do salão. Seus olhos faiscavam com um brilho malicioso, e suas roupas luxuosas pareciam tecidas a partir da própria escuridão. Seu sorriso sádico revelava dentes afiados, enquanto seus cabelos longos e escuros ondulavam ao sabor de uma brisa inexistente.


Enquanto se aproximava, um sentimento de cautela se misturava com a determinação dentro dela. Lia sabia que estava diante de um inimigo astuto, capaz de manipular a realidade ao seu bel-prazer. No entanto, ela também carregava uma arma secreta: o conhecimento ancestral dos fiannas sobre os segredos das fadas.

Com cada passo que dava, a tensão no ar aumentava. Era como se o próprio castelo estivesse lhe observando, aguardando o desenrolar desse duelo entre dois mundos. Finalmente, o príncipe fae estendeu a mão, convidando-a a se aproximar ainda mais.

Em meio a um silêncio pesado, encontraram-se face a face. Seus olhos escuros cintilavam com um misto de curiosidade e desdém. Um sorriso irônico dançou nos lábios dele, enquanto ele falava em uma voz suave, porém cheia de veneno: 

- Ah, uma valente desafiante. Mas você é apenas uma garou... o que você pode fazer contra minha lâmina cheia de magia antiga e permeada com os pesadelos de milhares de humanos?