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    O Mistério de Rorikstead

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    O Mistério de Rorikstead Empty O Mistério de Rorikstead

    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 9:52 pm

    Capítulo 1: Retornando para casa:

    O Mistério de Rorikstead Erik_s10


    Erik limpava o suor da testa enquanto cavalgava para o Oeste, e ao horizonte, ele já podia ver sua vila natal: Rorikstead.

    O Mistério de Rorikstead 93806-1537811409-1937400130

    Enquanto as imagens da vila enchem seus olhos, lembranças inundam sua mente.


    ...



    Erik nunca conheceu sua mãe, Frida, apenas sabia através de seu pai que ela havia morrido ao lhe dar à luz, mas seu pai sempre cuidou dele. Mralki, como era chamado, era dono da taverna da vila, amigo pessoal de Rorik, fundador de Rorikstead.
    Apesar de nunca ter conhecido sua mãe, Erik nunca passou necessidades, pois apesar de pequena, a vila de Rorikstead era conhecida como a vila com o solo mais fértil de toda Skyrim (sendo que outras cidades maiores chegavam até mesmo a pagar para comprarem seu rico solo), então, comida e clientes não faltavam. Erik trabalhava nas plantações de seu pai, mas seu coração era o de um aventureiro, e ao passar a adolescência, o jovem começava a achar a vida de fazendeiro entediante. Erik sonhava em deixar a vila e trabalhar como espadachim de aluguel, conhecer novas terras, novas pessoas, enfrentar bestas selvagens, desbravar tumbas antigas, descobrir segredos há muito perdidos e quem sabe salvar uma ou duas donzelas em perigo, mas seu pai jamais o deixaria partir e ele não seria capaz de juntar sozinho uma quantia suficiente de dinheiro para comprar o equipamento que a vida de aventureiro exigia. Tudo isso mudou quando, há alguns meses, um guerreiro errante o ajudou a comprar uma armadura e foi a primeira pessoa a contratá-lo. Mais tarde, Erik descobriria que ele não era um mero aventureiro, e sim aquele que agora era conhecido como Dovahkiin, ou Dragonborn, o herói de Skyrim. Erik se aventurou com ele por algum tempo e aprendeu muito, mas eventualmente, decidiu que deveria construir seu próprio legado e amistosamente se despediu do Dragonborn.

    Erik é então tirado de seu torpor por Sofie, sentada na sua frente, também no cavalo.
    - É... é mesmo lindo, Erik! Eu nunca havia visto pastos tão verdes antes. Lá em Windhelm só havia neve, pedras... e mais neve.


    Erik conheceu Sofie em Windhelm, logo após se separar do Dragonborn ao final da Guerra Civil. Ele perambulava pelas ruas da cidade em uma noite fria, quando encontrou a criança dormindo no chão de pedra. Ele estremece só de pensar no que poderia ter ocorrido com a menina se ele não tivesse chegado a tempo. Ela era uma órfã, sua mãe morreu ao lhe dar à luz (assim como a de Erik) e seu pai faleceu lutando pelos Stormcloaks. Desde então, a menina vinha vendendo flores para conseguir dinheiro para a próxima refeição.
    O estado e a história de Sofie partiram o coração do jovem e ele decidiu adotá-la. Mas havia um problema... Erik não possuía residência, e levá-la em suas viagens seria tão perigoso quanto deixa-la dormindo no relento na neve.
    O nórdico então decide leva-la até sua antiga moradia (seu pai talvez precisasse de um par extra de mãos agora que o filho o havia deixado para se aventurar em Skyrim, em troca, a menina teria um teto sobre sua cabeça, comida e um lugar para chamar de lar).

    - É aqui, Sofie! – Dizia Erik, apontando para a estalagem “Frostfruit Inn”.


    Erik descia do cavalo, ajudava a menina a descer, então amarrava sua cela em algum local seguro, para depois guiar a menina para dentro. Ela estava tímida e ele teve de guia-la pela mão.

    - Não se preocupe, meu pai é legal, você vai gostar dele!
    - Mas... e se ele não gostar de mim?
    - É claro que ele vai gostar, vamos!


    Ainda era cedo da manhã e não haviam muitos clientes, mas seu pai estava lá, como se Erik nunca tivesse ido embora.
    Mralki olha para ele ao entrar pela porta, esperando que fosse mais um cliente, mas seus olhos brilham ao ver seu filho novamente. O homem não consegue conter sua excitação e deixa seu posto de trabalho para ir correndo abraçar Erik.

    - ERIK! Filho, eu senti tantas saudades! Eh...- Então ele se atrapalha ao ver a menina que segurava a mão do filho. - Hã... você não esteve fora tempo suficiente para ter uma filha dessa idade...

    O rosto de Sofie corou, e Erik riu por dentro.

    - Pai, esta é Sofie, eu a encontrei em minhas viagens. Ela não tinha onde morar, então eu pensei... bem... ela poderia lhe ajudar em seus afazeres enquanto eu estiver fora! A propósito, este é Mralki, meu pai!

    Mralki franze as sobrancelhas, como que pensando no que dizer. É um instante que apesar de durar alguns segundos, parecia durar uma eternidade.

    - Bem... eu devia saber que você não estava voltando para ficar- Então ele se dirige à menina – O que você sabe fazer, menina?
    Novamente, Sofie corava. Erik percebeu que deveria interceder por ela.
    - Pai, ela vendia flores, mas tenho certeza que se esforçará em qualquer tarefa que dê a ela!
    - Hum... veremos. Seu quarto está vago, mas duvido que esta mocinha tenha força suficiente para auxiliar na horta tão bem quanto você fazia. Talvez ela possa me ajudar na cozinha, sinto falta de alguém que cozinhe desde que sua mãe...- A frase era interrompida, como se o homem engasgasse.
    A apresentação não saiu tão bem quanto Erik esperava, então ele decide ficar por alguns dias e ver como Sofie se saía.
    Mais tarde, Erik mostrava à menina seu novo quarto.
    - Erik... a...acho que ele não gostou muito de mim!
    - Naaahh, ele é assim mesmo. Pode ter certeza de que se ele não tivesse gostado, eu saberia! Não se preocupe com ele, ele pode ser carrancudo às vezes, mas tem um bom coração. É mais provável que apenas esteja triste por eu não ter voltado para ficar!
    - Você poderia... digo... poderia ficar? Pelo menos por algum tempo, até que eu me acostume?
    - É claro, pode deixar que você não ficará desamparada!
    - Obrigada – diz a menina, e Erik teve a impressão de ver uma lágrima querendo sair do olho da garota – Sabe, eu gostaria de lhe agradecer. Não é muito, mas é tudo o que tenho!

    Então oferecia a ele uma flor azul da montanha.


    - É linda! Obrigado!

    Então ele se ajoelha e beija a testa da menina, que o abraça.



    ...




    Enquanto recolhia as coisas para fechar a estalagem, Mralki ouve o som de alguém se aproximando. Era Jouanne Manette, o mago da vila, amigo de Rorik. Sua súbita aparição era tão assustadora quanto sua face saindo das sombras.


    - Noite feliz, Mralki? O bom filho à casa torna!
    - Ah sim, estou muito feliz. Mas infelizmente ele não veio para ficar.
    - Entendo. Felizmente ele trouxe consigo alguém!
    - Ah sim, a menina...
    - É, uma jovem e adorável menina! Justamente o que precisávamos para a próxima colheita!

    Mralki se assusta com o que havia ouvido.

    - Você... você está pensando...?!
    - Ah, vamos lá, Mralki, uma alma pura é algo raro hoje em dia. Tivemos sorte dela ter aparecido por aqui, assim poderei continuar treinando Sissel por mais uma temporada!
    - Fale baixo, meu filho está no quarto. Se ele ouvir o que você está falando...
    - Ah sim, o pobre e inocente Erik. Ele já tem idade o suficiente para conhecer o segredo da vila, não acha?!
    -... Não, e eu gostaria que ele permanecesse longe disso, principalmente agora que você deseja usar a menina que ele acabou de salvar para...
    - Pai, ela capotou como uma pedra na minha cama, acho que vou ter que dormir no monte de palha! – Mralki se assusta ao ouvir a voz do filho, mas felizmente, parece que ele não havia ouvido nada de mais.

    - Ah... claro, filho, pode indo!
    - Certo, pai. Ah, boa noite, senhor Jouanne!
    - Boa noite, Erik!
    Então, o mago deixava a estalagem, enquanto Mralki o seguia com os olhos, pensativo, e falava para si mesmo:
    - Ah, Frida, que os Nove não permitam que essa menina passe pelo mesmo que você passou!


    OBS:. A história é baseada no game "Elder Scrolls V: Skyrim" e tem como base uma das maiores teorias de fãs sobre o jogo (envolvendo a cidade de Rorikstead). O protagonista do conto "Erik, The Slayer", bem como a maioria dos personagens e locais na história são apresentados no game.
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    O Mistério de Rorikstead Empty Re: O Mistério de Rorikstead

    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 10:00 pm

    Capítulo 2: O cavaleiro Sem Cabeça :





    Ragnar o Vermelho
    Oh, era uma vez um herói chamado Ragnar, o Vermelho
    Quem veio cavalgando para Whiterun da antiga Rorikstead
    E o fanfarrão se vangloriou e brandiu sua lâmina
    Enquanto ele falava de batalhas ousadas e ouro que havia feito
    Mas então ele ficou quieto, Ragnar, o Vermelho
    Quando ele conheceu a escudeira Matilda que disse
    Oh, você fala e mente e bebe todo o nosso hidromel
    Agora eu acho que é hora de você se deitar e sangrar
    E então veio o choque e o corte de aço
    Enquanto a brava moça Matilda investia com zelo
    E o fanfarrão chamado Ragnar não se gabava mais
    Quando sua cabeça ruiva feia rolou no chão
    E o fanfarrão chamado Ragnar não se gabava mais
    Quando sua cabeça ruiva feia rolou no chão


    Um menestrel vindo diretamente da Escola dos Bardos de Solitude animava os clientes de Frostfruit Inn com a famosa canção “Ragnar the Red”. Erik já conhecia a melodia, mas nunca havia percebido um estranho detalhe dela, até que Sofie chamou sua atenção para ele.

    - Nossa, pobre Ragnar, apesar de ser um fanfarrão, não acho que ele merecia tal destino, e ainda por cima uma música imortalizando sua derrota. Você o conheceu?
    - Ah não, não – riu-se Erik – Ragnar viveu muito antes de meu pai sequer nascer. Essa música já é muito antiga!
    - Oh... mas então... você me disse que aquele tal de Rorik fundou a vila, que foi batizada em homenagem a ele. Há quantos anos ele fundou a vila então?

    Erik então se sentia um tolo, e não tinha palavras para explicar à menina, pois ela o havia pego. Quantos anos Rorik teria? Ele não aparentava ser muito mais velho que seu pai. Talvez umas 50 primaveras? No máximo 60. Erik tinha certeza que essa canção era mais velha do que isso, então como ela podia mencionar Rorikstead? Seria uma outra vila com o mesmo nome? Ou talvez a canção tivesse sido mudada com o passar dos anos? De qualquer forma, o nórdico ruivo se surpreendeu de não ter percebido este detalhe antes.

    ...

    Sofie parecia ter certa aptidão na cozinha. Ainda não sabia cozinhar nada muito complexo, mas tinha grande vontade de se superar e se mostrar útil. Por alguma razão, Mralki parecia não olhar nos olhos da menina quando se dirigia a ela, o que frustrava Erik. Mas no fundo, ele tinha certeza que ambos acabariam se acertando.
    Erik decidiu aproveitar que estava em casa e ajudar seu pai na horta como fazia anteriormente. O dia estava ensolarado e ambos trabalhavam sem conversar, quando Erik retirava os cabelos ruivos do rosto suado e decidia quebrar o gelo.

    - Pai, quanto anos essa vila tem exatamente?
    Mralki pareceu desconcertado com a pergunta.
    - Por quê a pergunta, filho?
    - Só curiosidade, Sofie percebeu que ela é mencionada em “Ragnar the Red”, e essa canção já é bem antiga, não?!
    Mralki engolia em seco e demorava longos segundos para responder.
    - Bem... provavelmente não seja uma história real. Sabe como é, talvez tenha sido apenas uma canção inventada por algum bardo de Solitude. Talvez tenha sido modificada ao longo do tempo para mencionar as localidades atuais de Skyrim. O que interessa é que ela coloque o nome de nossa vila na boca do povo!
    Erik sentiu como se houvesse levado um golpe forte no rosto. Com apenas algumas frases, sua infância inteira estava indo para o Oblivion.
    - Então... é tudo mentira? Nunca existiu nenhum Ragnar Vermelho?
    - Ah... sabe como é, talvez até tenha existido, mas bardos costumam inventar fatos para atrair a atenção do público, exagerar, criar personagens e histórias, essas coisas...
    - Mas... Lokir disse ter visto um fantasma sem cabeça quando cavalgava à noite pelo Leste!
    - Ah, Erik. Lokir era um charlatão, e um ladrão. Não se esqueça que o sujeito foi morto por roubar um cavalo e fugir da vila.
    - Bem sim, mas... eu sempre achei as circunstâncias da fuga dele bem estranhas. Por quê ele teria fugido daquela forma?
    - Provavelmente deve ter roubado ou enganado alguém importante da vila e fugiu para evitar as represálias. Aquele jovem nunca valeu as roupas do corpo.

    Erik havia conhecido Lokir desde a infância. Ele realmente era um trapaceiro, mas não achava justo que seu nome fosse difamado dessa forma após sua morte, mesmo que ele realmente tenha sido um ladrão e um covarde. Além disso, sempre acreditou em sua história de como viu o temível cavaleiro sem cabeça. Seus olhos demonstravam o pavor de ter visto o fantasma, aquilo não poderia ter sido fingimento.



    ...









    Erik não conseguia dormir naquela noite. Talvez fosse a falta de ação. Talvez o fato de descobrir que nem tudo o que acreditou quando criança era verdade, ou talvez por inconscientemente, saber que havia algo estranho por trás de tudo isso. Ele se levantava tomava um gole de água, então saía para fora. O ar fresco da noite acariciava seu rosto. Era uma noite onde ambas as luas estavam cheias. Segundo Lokir, assim estavam também na noite em que ele viu o lendário cavaleiro sem cabeça.
    Erik não pensou duas vezes, vestiu sua armadura, pegou sua espada, escudo, arco e aljava, montou seu cavalo e saiu noite adentro, cavalgando em direção a Whiterun ao Leste (como que repetindo os passos de Ragnar na música).
    O aventureiro desviou-se de estrada, cavalgou por entre rochas e ruínas, procurando algo que ele nem mesmo sabia o que era. O vento açoitava seu rosto, quando repentinamente ele vê uma sombra próxima a uma rocha. Ele decide se aproximar cautelosamente e vê um indivíduo vestindo o que pareciam serem mantos sacerdotais. O indivíduo possuía uma cauda felina. Um Khajiit.

    O que alguém estaria fazendo a esta hora da noite, sozinho no meio do nada? Antes de se apresentar, o Khajiit fala, indicando que já havia percebido a presença de Erik.

    - Oh, as duas luas em sua forma mais bela. Elas guiam os caminhos dos Khajiit, sabia?! A beleza de forma nua, e por falar em nudez, há uma ilha que você pode alcançar se segui-las, uma ilha Dunmer cheia de corpos maravilhosos, nus e brilhantes, todos de pele cinzenta. Ela só aparece quando as luas estão cheias, a chuva cai, o mar fica vermelho e é o aniversário de M'aiq.
    - Desculpe?!
    - M’aiq o desculpa!
    - Não, quero dizer... o que você...?!
    - É bom que as pessoas usem roupas. M'aiq usa roupas. Quem gostaria de ver M'aiq nu? Pessoas doentes. Muito triste.
    - O quê?...
    - M'aiq acha que seu povo é lindo. O povo argoniano também é lindo. Eles estão melhores do que nunca. Principalmente as criadas argonianas.
    - Deixa pra lá, você não parece falar coisa com coisa mesmo... – Diz Erik se afastando.
    - Muito pelo contrário, M’aiq sabe muito sobre lendas, incluindo a lenda do cavaleiro sem cabeça!
    Ao ouvir isso, Erik se vira rapidamente para o estranho Khajiit.
    - Você sabe sobre a lenda do cavaleiro sem cabeça?
    - Lendas, hunf. Lendas são para crianças. M'aiq não se lembra de sua infância. Talvez ele nunca tenha tido uma.
    - Mas você disse...
    - M'aiq está cansado agora. Vá incomodar outra pessoa. – Então sai correndo em direção a grandes rochas.
    - Espere, eu não entendi nada! – Diz Erik tentando alcança-lo, mas quando contorna as rochas, não vê M’aiq lá. Há alguns metros, em um canto escuro, Erik ouve um uivo, indicando a presença de lobos, e após alguns instantes, três deles se revelam.

    Erik saca sua espada, enquanto seu cavalo empina, quase derrubando-o. Os três lobos correm, cercando-o, procurando um ponto fraco, e o nórdico pode sentir seu cavalo ficando cada vez mais nervoso. O primeiro lobo salta em direção ao cavalo, mas Erik desfere um forte golpe de espada que fere gravemente o lobo, que se afasta ganindo, no exato instante em que os outros dois atacam com uma sincronia perfeita, um em direção às patas traseiras do cavalo, outro tentando abocanhar a perna de Erik. O cavalo consegue golpear o lobo, deixando-o desacordado, mas isso assusta o equino ainda mais, fazendo-o disparar às cegas, à toda velocidade, quando o terceiro lobo enterra as presas na perna protegida de Erik. O ruivo sente uma enorme pressão em sua perna, que quase o derruba quando o cavalo dispara na direção oposta.
    Agora, Erik lutava para não cair do cavalo, enquanto podia ver os dois lobos restantes perseguindo-os. O guerreiro não tem tempo de se preocupar com os inimigos, ele apenas se concentrava em se manter sobre o cavalo, que corria sabe-se lá para onde.
    Erik finalmente consegue tomar o controle do animal, e percebe que os lobos ficaram para trás, mas agora ele não fazia ideia de onde estava. Parecia um vasto campo aberto, rodeado por montanhas. Mas enquanto procurava algum ponto para se localizar, o jovem vê de relance um brilho cinza-azulado há algumas dezenas de metros de distância. O que seria aquilo?
    Ele atiça seu cavalo para ir em direção ao brilho translúcido, que parecia se distanciar à medida que ele se aproximava. Erik força o cavalo a aumentar a velocidade, e se surpreende com o que vê:

    Sim, parecia com um cavaleiro espectral sem cabeça. Teria ele acidentalmente descoberto exatamente o que vinha procurando?! Erik apressa ainda mais o cavalo, mas este, ao se aproximar do fantasma, se assusta e o nórdico novamente perde o controle da corrida.
    Afastando-se do fantasma até perde-lo de vista, Erik se lamenta, pois sabe que dificilmente teria outra oportunidade como essa. Amaldiçoando o cavalo medroso, ele quase não conseguia se manter sobre ele, até que o cavalo faz uma volta abrupta e Erik é arremessado ao chão, rolando e batendo a cabeça em algo sólido.
    Quando as estrelas abandonavam sua visão e esta voltava ao foco, Erik via seu cavalo parado há alguns metros de distância.

    - Maldito traidor – esbraveja Erik, indo em direção ao cavalo, que parecia estar agitado e com medo. – Sim, é bom ter medo mesmo, seu traidor sem-vergonha! – Então Erik percebia que não era dele que o cavalo tinha medo, e sim do que estava atrás dele. O objeto sólido que Erik tinha batido a cabeça, e que fez com que o animal se assustasse a ponto de fazer aquela curva arriscada e derrubar Erik.
    Um grande agrupamento de rochas, ou melhor, ruínas de um antigo templo. A única coisa que ainda se mantinha de pé era uma estátua de Akatosh.
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    O Mistério de Rorikstead Empty Re: O Mistério de Rorikstead

    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 10:03 pm

    Capítulo 3: A Visão de Akatosh:





    Surpreso, Erik se aproxima da estátua do Aedra e se ajoelha para ele. Realmente ele não sabia sobre um templo dedicado a Akatosh próximo a sua vila. Igualmente estranho era que ele estivesse em ruínas, exceto pela própria estátua de Akatosh.
    Ainda de joelhos, Erik ora para o poderoso Aedra e se lembra dos comandos do divino: “Sirva e obedeça ao seu imperador. Estude os pactos. Adore os Nove, cumpra seu dever e obedeça às ordens dos santos e sacerdotes”. Esse comando hoje em dia poderia parecer contraditório. Obedecer o imperador e adorar aos Nove... mas e quando o próprio imperador ordena que um dos Nove não seja mais adorado?! Essa contradição foi responsável pela recente Guerra Civil de Skyrim, ceifando diversas vidas e colocando irmão contra irmão.
    Antes de se retirar, Erik retira um punhado de peças de ouro de sua mochila e as deposita ao redor da estátua. Assim que o faz, sente uma energia sendo emitida do objeto inanimado, que por um segundo, parecia vivo.
    Imediatamente, era como se o tempo parasse ao seu redor, todo o mundo, exceto ele. Assustado, ele olha ao seu redor, e uma visão do passado surge: Lokir correndo desesperado em direção ao mesmo santuário que Erik agora estava. Lokir corria como se um tigre estivesse caçando-o, e seus olhos demonstravam desespero. Ao ver a estátua, ele se jogava no chão, implorando que Akatosh o salvasse.

    - Oh grande Akatosh, senhor do tempo, deus dos dragões, salvador de Cyrondiil, por favor, eu preciso de sua ajuda!
    O medo em sua voz era palpável, Erik nunca o havia visto assim.
    - Mi... minha vila... eu sempre estranhei as circunstâncias da morte prematura de minha mãe. Morta durante meu parto, assim como a de Erik, a mãe de Lund, e mais recentemente, a mãe das gêmeas. Sempre mortas durante o parto, mesmo com aquele maldito mago por perto.
    Ele parava um segundo para respirar.
    - O segredo... o segredo de Rorikstead e seu sucesso... arf... e eu descobri, a esposa de Lund é a próxima! Eu contei a ele, mas ele achou que eu estava lhe pregando uma peça e ficou furioso. Agora ele contou a Rorik e ao mago, e eles querem minha cabeça. Por favor Akatosh, me proteja d...

    Então um som é ouvido ao fundo, e Lokir levanta-se correndo, com mais desespero do que nunca, sem terminar de fazer seu pedido. E assim, a visão acaba e Erik volta a si.
    Apesar de muito estranho, era óbvio o que havia acontecido. Akatosh havia lhe mostrado uma visão do passado, provavelmente logo antes de Lokir roubar o cavalo e fugir. Ele mencionou ter descoberto um segredo, um segredo sobre o sucesso da vila... e as mães sempre mortas durante o parto, incluindo a mãe de Erik.
    Como nunca havia saído de Rorikstead, isso não parecia tão estranho ao Nórdico. Ele sempre acreditou que partos eram complicados por natureza, mas ao viajar por Skyrim com o Dragonborn ele percebeu que mortes no parto não eram tão frequentes, especialmente com o auxílio de curandeiros ou magos por perto. Isso realmente era algo estranho, seria Jouanne um farsante, ou... Lokir teria descoberto um segredo que não deveria?!
    O coração de Erik acelerava. Lokir também mencionou a esposa de Lund... que havia falecido sob circunstâncias misteriosas enquanto buscava água. Haveria alguma verdade nas palavras de Lokir, ou era apenas mais algum estratagema do ladrão?! Não, ele estava desesperado demais para estar mentindo, e ele saberia que um Aedra como Akatosh não seria enganado por ele. Lokir realmente acreditava que havia algo sinistro sobre as mortes das mulheres da vila.
    Erik levanta-se. O sol já estava nascendo e sua vontade era de montar em seu cavalo e correr para Rorikstead para tirar isso a limpo, mas e se tudo fosse verdade?! Sim, Akatosh devia ter uma boa razão para mostrar-lhe a visão. Se tudo isso for mesmo verdade, por mais surreal que possa parecer, ele precisaria de provas. E onde as conseguiria?!
    A esposa de Lund foi a última a falecer, talvez o viúvo possa esclarecer-lhe as circunstâncias. Embora talvez não fosse o momento certo. Lund não era mais visto no vilarejo desde o falecimento da esposa. Dizem que a tristeza da perda acabou com ele. Mas sua casa não era muito longe dali. Sim, Erik precisava saber, então monta em seu cavalo e segue para a casa do viúvo.

    - Obrigado, Akatosh! – Diz o guerreiro ao sair, fazendo um gesto de agradecimento ao Aedra.

    ...
    A cabana parecia vazia à distância, e próximo a ela, um monte de pedras indicavam o local da falecida esposa.

    Sob o túmulo improvisado, uma aliança e algumas oferendas já apodrecendo e parcialmente comidas (indicando que ele não as renovava há algum tempo). Muito estranho, Erik desce do cavalo e se aproxima da casa, quando três enormes Skeevers saem das sombras e o atacam.

    Criaturas asquerosas e sarnentas, o primeiro é praticamente decapitado antes mesmo de tocar Erik, o segundo é barrado por seu escudo, mas o terceiro consegue enterrar seus dentes sujos em sua perna (logo antes de ser transpassado pela lâmina do nórdico). O último Skeever, ainda atordoado por dar de cara com o escudo, faz a volta e tenta mais uma investida, apenas para ter o focinho partido pela espada.
    Assim que arranca a espada do cadáver, Erik vê a porta da casa entreaberta. Nada bom, e silenciosamente ele vai entrando.
    Mais Skeevers, e agora eles tinham a vantagem da pouca iluminação, mas não foram páreo para a lâmina de Erik, o matador.
    O interior da casa estava uma bagunça... e o corpo de Lund jazia sobre a cama, parcialmente devorado pelos Skeevers. Malditas criaturas, Erik não acreditava que elas tenham-no matado, mas o estado em que deixaram o corpo impedia uma análise mais profunda do que o teria matado.
    Na mesa ao lado da cama havia um pote de veneno (selado). Talvez ele pensasse em bebê-lo?! Talvez o luto ainda estivesse forte demais para ele aguentar. Mas o que importa é que ele não o havia bebido, então, essa não era a causa de sua morte.
    Seria tudo uma grande conspiração em Rorikstead? Erik não poderia descansar em paz até que descobrisse, mas como?! Se esse fosse mesmo o caso, os envolvidos jamais diriam e a única pessoa que poderia ajuda-lo estava morta. A menos que seu pai...
    Erik engole em seco. Das duas uma, ou seu pai não fazia a mínima ideia do que ocorria, ou estava envolvido...
    Não, isso não poderia ser verdade. Mas ele precisava saber. Ele saía de dentro da casa. O odor de putrefação o estava deixando louco, então ele via o túmulo de pedras da esposa de Lund. Ela havia falecido há pouco tempo, mas era a única que talvez ainda tivesse vestígios de sua morte.
    O que fazer?! Isso seria uma desonra para a memória dela, mas se isso servisse para um propósito maior... para salvar outras vidas...

    - Me perdoe! – Diz Erik, enquanto começava a derrubar as pedras e cavar o solo onde o corpo supostamente havia sido enterrado.

    Após alguns minutos de esforço, Erik finalmente a encontra. O cadáver estava relativamente intacto, exceto por seu rosto, como uma expressão congelada de pavor. Ainda assim, não haviam sinais de luta ou nenhum ferimento visível... até que ele vê algo estranho em seu peito. Ele se lamenta por fazer isso, mas precisa afastar as roupas da parte superior do corpo, revelando uma enorme costura sobre uma grande cicatriz na parte onde o coração do defunto deveria estar. Ela havia sido sacrificada ritualmente.
    Uma fúria se apodera de Erik, que ergue sua espada no ar, como que desafiando inimigos invisíveis. Teriam estes monstros feito o mesmo com sua mãe? E com todas as mulheres da vila? Qual a razão disso? Qual a conexão com o sucesso de Rorikstead? E mais, Erik havia visto com seus próprios olhos o fantasma sem cabeça que muito provavelmente era o próprio Ragnar, o Vermelho. Ou seja, a canção dizia a verdade, a vila de Rorikstead talvez fosse muito mais antiga do que dizia-se. Qual o motivo disso tudo? Rorik e Jouanne estariam por trás desta trama macabra? E seu pai sabia disso o tempo todo e permitiu que fizessem isso com sua esposa?
    O sangue nórdico de Erik fervia e clamava por justiça, então ele subia no cavalo e corria à toda a velocidade para Rorikstead.
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    O Mistério de Rorikstead Empty Re: O Mistério de Rorikstead

    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 10:08 pm

    Capítulo 4: A Raiz do Mal:


    Sofie acordara cedo naquele dia, mas não havia encontrado Erik. Tímida, ela não tinha coragem de perguntar por ele, mas gostaria de fazer uma surpresa para Mralki e cozinhar antes que este acordasse.
    Enquanto preparava a comida, um ruído a assusta e ela se vira para ver um velho senhor a observando.
    Ela já havia ouvido falar nele, era o mago da vila, Jouane Manette, mas isso não impediu que ela se assustasse.

    - Calma, minha criança, estava procurando por Mralki e quando ouvi o barulho aqui, pensei que fosse ele!

    - Ah, certo. Hum... como você entrou?

    - Oh, a porta estava aberta. Não se preocupe, aqui é uma vila pequena e conheço seu pai desde que ele nasceu, não é incomum entrarmos sem bater na casa um do outro!

    - Hum... tá...

    O clima havia ficado tenso. A menina tinha dificuldades de cozinhar com um estranho a olhando, até que ele quebra o gelo.

    - Quanto anos você tem, menina?!

    - Fiz onze nesta primavera, senhor!

    - Onze, ótimo. Sua flor já desabrochou?

    - Como...?! – Pergunta a menina, corando.

    - Hahaha, desculpe meu atrevimento, mas acredito que você já esteja na idade. Parece ser uma mocinha bem desenvolvida.

    Os cabelos na nuca da menina se arrepiam. De repente, essa conversa estava tomando um rumo muito estranho e ela estava desconfortável.

    - Bom, se você quer ver Mralki, vou ir acordá-lo!

    - Ah, não se incomode, pretendo esperar por ele aqui mesmo!
    - Hum, tudo bem – Mentiu a menina – Já voltou, vou procurar o tempero!

    - O tempero está ali, mocinha! – Apontava o velho.

    - Ah, é mesmo, que distraída eu sou!

    A desculpa para escapar havia falhado, então Sofie tentava disfarçar o melhor que pudesse e pegava o tempero, mas antes que sequer o tocasse, uma energia, acompanhada por um leve zumbido a atingia pelas costas e tudo ficava escuro...



    ...






    Sofie acordava tonta e desconfortável, quando percebia que estava deitada sobre uma superfície de pedra, com as mãos e pés presos em algemas ligadas a correntes. O desespero toma conta dela quando ela tenta gritar, mas sua boca estava tampada por um pano.

    - Ah, já acordou, doce menina?!

    Era a voz de Jouane, e ele aparecia no seu campo de visão, agora com roupas diferentes. Ao invés das tradicionais vestes de luxo, agora ele usava um manto negro que o fazia parecer ainda mais assustador.

    - Não é nada pessoal, criança! Mas você tem razão em temer.

    Jouane então sacava uma adaga ornamentada de aparência sinistra.

    - Infelizmente, você não poderá sair daqui viva, mas sinta-se orgulhosa, pois seu sacrifício garantirá o sustento da vila por pelo menos mais uma temporada!

    - Oh, como sou mal educado. Servirei você como sacrifício e nem mesmo direi o motivo?! Tudo bem, temos bastante tempo até a finalização do ritual.

    O mago então preparava ferramentas, colocava uma espécie de pedra roxa escura logo atrás da cabeça da menina e fazia gestos, acompanhados de um sussurro, e a menina sentia novamente uma energia sobre seu corpo.

    - Sabe, essa vila nem sempre se chamou assim. Inicialmente, quando Rorik a fundou, era conhecido como Rorik Steady. Claro, isso foi há milhares de anos, ainda na Primeira Era. Mas o pobre Rorik a havia construído sobre um terreno infértil e ela nunca prosperaria. Isso até ele me conhecer.

    O velho fecha os olhos como se estivesse se lembrando.

    - Ah meu belo e doce Rorik. Na época, eu era o que viria a ser conhecido mais tarde como um “Reachmen”. Sabe, um Bretão com muito sangue élfico nas veias e uma aptidão natural para a magia. Éramos um povo próspero até o maldito Olaf conquistar nossas terras. Durante o conflito eu conheci Rorik, e mesmo estando de lados opostos, nos apaixonamos. Sim, Skyrim sempre foi uma terra bastante liberal, mas naquela época, o amor entre dois homens ainda era mal visto. Eu lembro como se fosse ontem, ele estava mortalmente ferido, e eu o salvei. Desde então, o ajudei a reformar sua vila e juntos fizemos um pacto para que nosso amor durasse para sempre. Ao longo das eras, tivemos de mudar de nomes e inventar novas histórias para a vila, mas Rorik amava seu nome e a cada poucas gerações, ele o retomava.

    Jouane suspirava de forma prazerosa, ignorando as lágrimas de Sofie, como se mal a notasse.

    - Não sinta medo, ao invés disso, sinta-se honrada, pois seu sacrifício irá ajudar a perpetuar nosso amor por todas as eras. Ninguém tem o poder de separar dois homens que se amam. Nem os homens e suas leis, nem os Aedra ou os Daedra e nem mesmo o tempo e a morte. Ah, mas não é apenas para prolongar nossa vida que sacrificamos jovens donzelas. Não, nós também sacrificamos jovens férteis para que sua fertilidade seja transferida para estas terras. É um pacto tenebroso, eu sei, mas não se pode fazer uma omelete sem quebrar alguns ovos.

    Então, o mago negro começava seus cânticos e preces, e por mais que gritasse, chorasse e puxasse com força suas cordas, a menina sentia-se indefesa. Apenas um único pensamento vinha à sua mente nesse momento: que Erik chegasse para resgatá-la a tempo.
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    O Mistério de Rorikstead Empty Re: O Mistério de Rorikstead

    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 10:10 pm

    Capítulo 5: Os Pecados do Pai:


    Erik cavalgava apressadamente para Rorikstead, ele passava pelos guardas que praguejavam por ele quase atropelá-los, e descia do cavalo sem ao menos amarrá-lo, para em seguida entrar correndo e arfando na taverna de seu pai.
    Mralki estava como sempre atrás do balcão, polindo canecas. Erik corre até ele e o segura pelo colarinho.

    - Você sabia? Sabia o tempo todo? Sobre a mãe, e... todas as mulheres?!
    Os olhos de Mralki se arregalavam.

    - Acalme-se, Erik, do que você está falando?
    - Você sabia, posso ver nos seus olhos, sabia o que fizeram com a mãe, e talvez até mesmo tenha tomado parte nisso, não é?!

    Mralki suspira, olha para baixo e fecha os olhos por alguns segundos antes de responder:
    - Venha, vou lhe explicar tudo o que já deveria ter dito!

    Erik estava exaltado demais, mas ainda assim o segue para os aposentos dos fundos. Mralki o serve uma caneca de água e o pede para sentar, mas Erik prefere ficar de pé.

    - Quando voltei ferido da Grande Guerra, Jouane me curou e Rorik me ofereceu um local para morar. Nem tudo o que eles dizem é mentira, Rorik realmente lutou na Guerra contra o Domínio Aldmeri e inclusive salvou minha vida. Essa foi uma das muitas vidas que ele teve, e ele me confiou seu segredo. Quando viemos para cá, derrotados, eu não tinha um tostão no bolso e nem perspectivas. Rorik me ofereceu um cargo em sua próspera vila e me iniciou nos mistérios de Rorikstead. A cada temporada, uma jovem fértil precisa ser sacrificada para que a vila viva para sempre. Todas as famílias participavam de um sorteio, aquela que tivesse azar teria de sacrificar uma mulher fértil. Apenas os anciões da vila e os mais chegados de Rorik sabiam da verdade. A morte no parto era uma desculpa que comumente usávamos para encobrir a verdade, para minha vergonha...
    - Como você pôde? Minha mãe, sua esposa!
    - Não há um único dia de minha vida que eu não me arrependa. Eu inclusive pensei em fugir com ela e você, mas para onde iriamos? Eu sou um velho inválido, como poderia largar isso e sustentar vocês? Eu optei por salvar a próxima geração em detrimento da antiga.
    Lágrimas escorriam de seus olhos, ele falava a verdade, mas aquilo não era o suficiente para Erik, e pelo visto, nem mesmo para ele.
    - Você nem sabe por quanto tempo tive de guardar isso, cada vez que você me perguntava sobre sua mãe...
    - Droga, eu não sei se algum dia poderei perdoá-lo, onde está Sofie? Vou levar a garota embora daqui. Não espere me ver novamente!
    - Sofie...

    Seus olhos brilharam quando mencionou o nome da menina.

    - O que é que tem? ... Oh não... não me diga que... onde ela está?
    - Eles a levaram, filho...
    - Não... como você permitiu?

    Então Erik sacava sua espada e corria em direção à porta, até ser segurado por seu pai.

    - Não, filho, por favor! Você não tem chance, ele é um mago com milhares de anos, você nem faz ideia do que ele é capaz!
    - E o que você sugere, que eu fique aqui como você enquanto eles sacrificam uma criança inocente?

    A mão de Mralki aperta mais o ombro do filho.

    - Leve-me com você!
    - O que?
    - Eu não suportaria perder você também. Sei que não posso convencê-lo e nem o condeno por isso, mas se vamos morrer, que seja em um último ato para redimir meus pecados.
    -... Mas pai, você não tem condições!
    - Eu não me importo. Se for para morrer, que seja ao lado do meu filho!

    Erik olha nos olhos de seu pai. Cansados e aflitos, e pondera sua decisão.



    ...



    Erik e Mralki se esgueiram até o local onde os sacrifícios são realizados. O jovem sabe que a condição de seu pai poderia atrapalhá-lo, mas acredita que ele mereça esse momento de redenção, além do mais, furtividade nunca foi o seu forte.

    - Por aqui, mantenha uma flecha no arco. Você só terá uma chance, se o mago sobreviver à primeira flecha, estamos mortos! – Diz seu pai em voz baixa.

    Há alguns quilômetros da vila, entre um grande agrupamento de rochas eles caminham, até verem-no: o altar dos sacrifícios.

    Sob o altar, a menina amarrada chorando. A visão era terrível, mas por sorte ainda estava viva.

    Jouane e Rorik estavam presentes, ambos com vestes cerimoniais negras. Erik sabia que precisava matar primeiro o mago, então tencionava o arco o mais silenciosamente possível na direção da cabeça do velho. Isso não seria fácil. Suas mãos tremiam e ele suava, mas ele precisava.
    Finalmente Erik junta coragem o suficiente para fazê-lo... quando é atingido por um golpe forte na nuca, que o faz cambalear para frente e errar o disparo. Vendo estrelas ele se atrapalha e cai no chão, apenas para ver que seu próprio pai foi quem dera o golpe.

    - Jouane, eu trouxe esse aqui para você! O jovem acabou descobrindo por conta própria. Sinto muito, filho, eu não queria que tivesse sido assim!

    - DESGRAÇADO! – Grita Erik, levantando-se depressa, mas sendo rapidamente dominado por um feitiço de Jouane que o paralisa.

    - Você fez bem, Mralki. Lamento que isso tenha acontecido. Recomendo que olhe para o outro lado! – Diz o mago.

    - Não, ele é meu filho, é problema meu. Se alguém tem que mata-lo, que seja eu!

    - Que assim seja. – Diz o mago, lhe oferecendo uma adaga sacrificial.

    - Não se preocupe, filho. Farei com que seja rápido!
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    Mensagem por Dovahkiin Qua Jan 13, 2021 10:13 pm

    Capítulo 6: O Sacrifício:


    Mralki segurava com firmeza a adaga, olhando nos olhos do filho, então a empunha com as duas mãos e Erik tinha certeza de que morreria. Paralizado e sem chances de reagir, ele não podia fazer nada além de observar.

    - Me desculpe por tudo, filho!

    Então, Mralki girava nos calcanhares e enterrava a adaga no peito de Jouanne antes que ele pudesse reagir.

    - NÃAAAOOOO – Gritava Rorik, correndo em direção a Mralki, enquanto sacava um punhal.

    Neste momento, Erik sentia que o feitiço havia sido quebrado e se levanta rapidamente, sacando sua espada para ajudar seu pai. Mralki arranca a adaga do peito de Jouanne para golpeá-lo novamente, mas é esfaqueado nas costas por Rorik. Erik não chega a tempo de evitar o golpe em seu pai, mas consegue desferir um ataque com sua espada que atravessa o peito de Rorik, que apenas cospe sangue e olha uma última vez para Jouanne.
    O mago ainda estava vivo e se preparava para lançar um feitiço em Erik, que se atrapalhava para arrancar a espada do peito de Rorik e não seria capaz de desviar a tempo.
    Erik fecha os olhos quando seu pai pula em sua frente e tem seu corpo atravessado por três estacas de gelo. Furioso, Erik finalmente arranca a espada do peito de Rorik no exato momento em que Jouanne se preparava para um segundo feitiço, mas a lâmina de Erik foi mais rápida e decepa a mão do mago antes dele terminar o ataque.
    Agonizando, o mago cai de joelhos segurando o pulso que jorrava sangue como uma fonte. Erik aproveita o momento para golpear com toda a ira que podia juntar na altura do pescoço do velho, decapitando-o e encerrando seu mal de uma vez por todas.
    Os corpos de Rorik e Jouanne se transformavam em cinzas em questão de segundos, mas Mralki ainda tossia sangue quando Erik foi atende-lo.

    - Pai, segure-se em mim, vamos leva-lo rápido...

    - N... não, filho. Não há nenhum curandeiro próximo daqui, e mesmo que houvesse, ugh... duvido que chegássemos a tempo!

    - Mas pai, você não pode...

    - Filho... unf... encare isso como um pedido de desculpas... por eu ter participado disso tudo. Espero que você possa me perdoar... verei sua mãe novamente, e pedirei que ela também me perdoe, pois nem mesmo eu posso me perd...

    Então sua voz falha, e entre lágrimas, Erik abraça seu pai pela última vez. Então, ele ouve o choro sufocado de Sofie e corre para a menina presa ao altar maligno. Ele retira o pano de sua boca, mas as correntes eram fortes demais para partir com sua espada. Procurando entre as cinzas de Jouanne, Erik encontra uma chave e finalmente liberta a menina.

    - E... Erik, o que foi tudo isso? Por quê eles...?

    - Eles eram pessoas ruins, Sofie! Destruíram muitas vidas, inclusive a de meu pai e minha mãe, tudo para atender seus desejos egoístas e profanos! Felizmente, eles não podem mais fazer mal a ninguém.

    - O que fazemos agora? Por favor, vamos sair daqui logo!

    - ... Lamento que você tenha passado por tudo isso! Não se preocupe, vamos embora logo, mas antes, preciso fazer algumas coisas.

    Erik leva então o cadáver de seu pai e o deposita sobre seu cavalo, para leva-lo até o altar de Akatosh (Erik pensou que apesar de tudo, seu pai merecia um funeral em um local mais digno do que próximo a este altar profano). Sofie não se afasta dele nem por um segundo enquanto seguem.

    ...

    Assim que chegam ao altar de Akatosh, Erik e Sofie fazem um rápido funeral nórdico em homenagem a Mralki. Uma pira funerária improvisada ardia próxima ao altar e Erik depositava nela a flor azul da montanha que havia ganho de Sofie. Palavras não eram necessárias, nem Erik sabia o que dizer naquele momento.

    Após o funeral, Erik ajuda Sofie a subir em seu cavalo, subindo logo atrás.

    - Para onde iremos agora? Por favor, eu não quero voltar para Rorikstead, aquele lugar me dá medo agora!

    - ... Para longe. Ainda não tenho certeza, mas cuidarei de você! Não se preocupe, pois não vou deixa-la sozinha novamente!

    Sofie sorri e abraça Erik, que dá uma última olhada em direção a sua antiga vila, e segue na direção oposta, acompanhando o horizonte, incerto de seu futuro e o de Sofie, e das aventuras e perigos que teriam dali por diante.




    PS:. Esta história faz parte de um grupo de contos que fiz, baseados em personagens do game em questão.
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