Negócios Inacabados

Ao ver de quem se trata, Darius não consegue evitar de dizer para si mesmo, no quarto de hotel vazio:

- Ah, que beleza! Tudo que eu precisava agora é de uma bola de demolição andando a solta na Ace! E muito provavelmente a serviço do Shreck, ainda!

Um instante depois, ele se acalma o bastante para começar fazer alguma coisa a respeito. Primeiro escaneia Namor, procurando por algum aparato de comunicação nele - torcendo para que o super marítimo pelo menos tivesse o bom senso de ter um consigo.

Assim que conseguisse, pede que Sentinela vá para para um heliponto próximo, mas que use uma rota indireta, para que não fosse óbvia a direção para a qual ele seguiria a partir de onde estava saindo.

Com um sorriso no rosto, por ter conseguido contato, Darius responde, com uma voz obviamente falsa, tentando a abordagem que ele imaginava, seria a mais eficiente para lidar com o "Lobo do Mar":

> Pra começar? Significa que eu posso interromper a linha. Na boa, a segurança desses caras é uma piada. - ele continua, fazendo o segundo comentário com tédio patente em sua voz, mesmo através da versão sintetizada - Mas é melhor ir direto ao ponto:

Eu tenho uma proposta de trabalho para você, Namor. Uma excelente proposta, tanto imediatamente quanto a longo prazo. Ênfase no "imediatamente". Ou você pode continuar a deixar que um cientista medíocre, com problemas medíocres ponha uns caras medíocres pra ter dar ordens pelo celular, porque ele não tem nem a capacidade de lidar com um funcionário insatisfeito. E que até o final da próxima semana não vai ter nem dois centavos pra poder esfregar um no outro.

No instante seguinte, com sorte, antes de Namor começar a responder, ele redireciona a energia para o sistema de teleporte integrado em seu corpo e se transporta para o heliponto onde tinha pedido que Sentinela fosse.

> É bom lidar com uma pessoa prática pra variar... E você provavelmente já deve ter uma boa ideia do quê é urgente o bastante pra eu entrar em contato agora, ao invés de esperar terminar seu trabalho na Ace.

As ações do Shreck conflitam diretamente com meus interesses e eu vou tirar ele do tabuleiro antes que possa começar a me encher.

Sua parte nisso tudo, caso resolva aceitar, vai ser se fazer de indignado com o Shreck jogando lixo tóxico no "seu reino", ou alguma coisa assim, fica pra você escolher. Deixe os outros caras lá dentro resolverem o assunto. Receba duas vezes pelo mesmo trabalho. Mas se possível, não deixe o Sherck morrer. Ele ainda pode ser útil vivo, mas ser preso? Isso com certeza seria um excelente começo.

Em seguida, aproveitando que já estava dentro da Ace, mas ainda sem se revelar, escaneia rapidamente os arredores procurando por tecnologia - mas não se foca no chicote, no momento. Claramente se tratava de uma arma e tendo sido feita pelo Vanko, deveria ser alimentada por um Reator Ark miniaturizado. Ao invés disso, foca em "Shreck". Queria saber se o suposto cientista tinha alguma surpresa consigo.

"Tirar minha vida, hein?" Darius pensa, a respeito do que Namor tinha dito, antes de entrar. O "Lobo do Mar" poderia ser perigoso, mas também era um mercenário eficiente. Assim que possível iria avaliar melhor como lidar com esse fator.

Dentro da Ace, no entanto, a situação era ainda pior.

Apesar do quanto desprezava Shreck - fosse ou não um impostor - pelas informações que tinha recolhido até o momento (o que, ele admitia, era pouco) e também pela postura dele em relação a Damian e o fato de que estavam contaminando pessoas direta e indiretamente pelo trabalho que faziam ali, não queria ver o canalha morto. Em certo sentido, isso até mesmo seria facilitar as coisas para ele. Não, queria ele vivo para sentir cada golpe quando fosse exposto, arruinado e servisse de exemplo do que ele gostaria de fazer com imbecis desse calibre.

Por isso, assim que percebe a situação dele, Darius procura por qualquer sistema que servisse para controlar a jaula e o tanque. Se possível, tentaria fechar o tanque ou mover a jaula para uma área segura. Caso contrário, iria passar a manter um "piso" invisível a poucos centímetros do fundo da jaula, pronto para aparar sua queda.

Depois disso, de forma calma, fala para Vanko:

- Tecnologia intrigante. Mas... um chicote? Não é a arma mais eficiente do mundo. - Deixa que o cientista diga alguma coisa, assim como tenha tempo de ver sua postura, parado, relaxado, sem nenhuma agressividade ou combatividade, antes de continuar - Olá, Doutor Vanko. Poderíamos conversar por um instante?

- É... Não tanto quanto se supõe , já que você está usando o nome errado. As pessoas me chamam de Fl4k, na verdade. Como as munições antiaéreas, sabe? Por causa da estação espacial abandonada que eu explodi antes de se chocar contra a amazônia há uns anos, eu acredito. Flap... Bom, eu não lembro em nada uma superfície de controle de vôo.

Mas isso não é importante no momento. Assim como posições políticas, a busca por culpados pelo que aconteceu na Guerra Fria e nem a sua tecnologia. Eu vim aqui para tentar evitar uma luta, se possível. Ou, se não for possível, que você e seja lá quem for não lutem aqui. - faz um gesto amplo, indicando a fábrica e então conclui - Eu não sei com quais substâncias exatamente vocês trabalham aqui, mas duvido que vazamentos, derramamentos ou incêndios sejam desejáveis.

Depois, ao ouvir Shreck, se vira para ele e diz:

- Ah sim, você. Shreck - ou seja lá quem realmente você for. Eu tenho a sua confissão recente ao Dr. Vanko gravada, além dos dados sobre os crimes ambientais sendo cometidos aqui na Ace, sob sua direção. São o bastante para te prender, é claro, mas fique a vontade para mandar seus mercenários atacar a Ace. Vai ser só mais um crime pra adicionar na lista. E eu tenho certeza que Damian Wayne vai se interessar muito por isso. Especialmente depois de ouvir você falando sobre... Quais foram seus termos exatos mesmo?... Ah sim, "dispensar" o "filho idiota, ilegítimo" da Ace. - Novamente ele se volta para Vanko - Gostaria de dar voz de prisão civil ao Sr Shreck?

A chegada de Namor complica bastante a situação, era hora de tentar uma jogada um tanto arriscada. Para começar a montar o cenário, Darius diz:

-  Tem umas coisas que eu não entendo aqui... Primeiro, por que as pessoas insistem em me chamar de cabeça de lata? Estruturas metálicas nem são tão eficientes assim, mas principalmente, eu nunca usaria um material tão frágil e tão pesado. Segundo, por que eu iria te pagar qualquer coisa, Namor? Isso não faz o menor sentido. - em seguida, se volta para Vanko e continua - Por favor, se lembre do meu pedido, Dr. Vanko. Leve esta luta para o l...

Nesse ponto, é "interrompido" pelos auto falantes do local, com a mesma voz sintetizada que havia falado com Namor antes:

> É até bonitinho vocês acharem que são os protagonistas dessa história, mas... vocês não são. E  parece que você não entendeu que a minha oferta era a única oferta, Namor. Ok. Esse não era o jeito que eu queria resolver isso mas fazer o que?

Fl4k então se volta para Namor e pergunta:

- Algum amigo seu no auto falante? - e logo depois, exclama "O que?! Que m&rda é essa?!" surpreso, enquanto é "forçado" a apontar um dos braços para Shreck, com a rail gun se formando a partir de componentes minúsculos escondidos na camada interna da armadura, estando pronta para começar a carregar em meros instantes.

—Sei lá, eu ouvi que você é o "cabeça de lata"... Deve não ter coração igual o personagem do Mágico de Oz. Eu só vim, porque não saquei o que você tá fazendo aqui e vim avisar o Senhor Shreck que estão me oferecendo para não salva-lo...

Namor gesticula para os autofalantes , caindo no engodo que Fl4p e quem esta no autofalante são pessoas diferentes.

—Ei , ei! Calma lá! Eu não disse que não aceitei , eu só não sei o que metalizado tava fazendo entrando aqui... Só me transfere o dinheiro que deixo eles se virarem, quer minha conta?

Vanko comenta.

—Estamos em um empasse, trabalhando em condições insalubres em uma empresa que sugou nosso sangue, além de todo conhecimento científico da antiga URSS ter sido dado de presente pela CIA para os empresários dessa cidade... É isso que é o patriotismo para vocês? Matar seu próprio povo em prol do lucro... E quando tudo dão errado, mandam esse sujeito...Esse monstro.

Se a situação não estivesse tão complicada, Darius talvez até conseguisse sorrir dentro da armadura. Mas tinha que manter a encenação, então, depois de proferir alguns xingamentos, vira seu braço para longe de Sheck "no último momento" e dispara sua railgun contra uma das janelas abertas para o mar. Logo em seguida, diz para Shreck:

- Seja lá quem for que você irritou, além do Dr. Vanko, está realmente tentando te matar! E tentou fazer isso usando minhas armas! Alguma ideia de quem seja? - A irritação, apesar de ser por outra razão, era genuína: Shreck poderia ter facilitado as coisas ao invés de chamar Namor.

Para arrematar a situação do mercenário, o "estranho" com sua voz sintetizada no alto falante volta a se manifestar quase imediatamente após Darius terminar de falar:

> Pelo menos alguém aqui tem uma segurança semi-decente. Você poderia aprender com o Cabeça de Lata, "Shreck". - o nome é pronunciado com sarcasmo patente, antes de continuar - E você, Lobo do Mar, me diga qual a sua conta e suma d...

Darius então termina a conversa presencialmente dizendo:

- Chato quando cortam sua comunicação né, babaca! Não se preocupa, eu vou desentocar você, não importa quantos proxy você use.

Ao detectar o lançamento da granada, o sistema autônomo de defesa da armadura assume o controle. Sentinela rapidamente se lança ao ar e para, levitando onde os sistemas calcularam que estaria fora da área de efeito da granada.

Assim que para no ar, Darius responde, mal controlando a própria raiva.

- Já te disse que não poderia me importar menos com suas negociações, Namor. - faz uma breve pausa, na qual tenta invadir e assumir o controle da câmera e possíveis microfones do drone que Namor havia lançado, sem interferir na função de vôo, num primeiro momento e então continua - Eu fui bastante claro sobre não querer danos aqui. Vou te dar uma chance. Uma. Saia agora, lute se quiser, mas lá fora. Não teste minha paciência.

Ele termina, ainda no ar, só então calmo o bastante para tentar descobrir se tinha realmente se livrado dos danos da granada e o que a explosão tinha feito com a fábrica.

Poucas vezes em sua vida Darius precisou conter tanto sua raiva. Aquele idiota realmente não se importava com o que iria acontecer?

De qualquer forma, eles estavam fora da Ace agora. Em um ambiente no qual Namor tinha completa vantagem, mas fora da Ace. E era hora de tomar as rédeas da situação. Primeiro Darius segura o pulso de Namor que prendia o pescoço da armadura com as duas mãos, como se estivesse tentando (inutilmente) faze-lo soltar. Ao mesmo tempo, calcula sua próxima ação e então, se tudo desse certo, microssegundos depois, estariam os dois caindo em direção ao solo, 500 metros acima das salinas do deserto do Vale da Morte, algumas centenas de quilômetros ao leste do litoral da Califórnia.

Dúvida sobre o sistema: