![]()
| Uma Jornada Endurecida ![]() Havia sido uma vida sofrida a de Ephraim, de modo que foi com alívio que ele recebeu a escuridão e o esquecimento. Então viu um ponto de luz. A luz foi aumentando enquanto ele era atraído em sua direção. Viu um relampejo no canto da visão, olhou e percebeu um raio elétrico que se movia de forma curiosa, deslizando de um lado para outro. Então foi direto até ele, que sentiu seus cabelos eriçarem, sua pele formigar, enquanto era arrastado por uma força irresistível até a luz que agora era um sol. Deixou a luz e viu que caía. Abaixo, neve, montanhas, uma fortaleza. Uma batalha. Viu o solo se aproximar vertiginosamente. ![]() A dor era horrível. A lâmina penetrava a barriga, abria-a, o sangue escorria. A mulher à frente dele era do seu tamanho, forte, seus olhos azuis inflamavam-se em fúria por trás do elmo. Ela gritava algo em língua estrangeira, que ele não entendia muito bem. "Cão maldito" ou algo assim. Uma flecha surgiu no olho direito de sua algoz e ela caiu, deixando a espada cravada na barriga de Ephraim. Ele caiu para trás e morria pela segunda vez enquanto uma voz feminina gritava "VLAD!" Abriu os olhos, subitamente desperto e consciente. Estava dentro de uma grande tenda. Era frio, apesar de um fogareiro no centro manter o local levemente aquecido. Um soldado – bastante jovem – arregalou os olhos e simplesmente saiu correndo, gritando.
Longo a tenda se encheu de pessoas, homens e mulheres, todos de armadura, armados. Guerreiros. O rapaz voltou com uma mulher. Ela vestia armadura como os outros, mas também um tabardo branco – embora sujo de sangue – com o símbolo de um círculo com cruzes nas verticais e horizontais desenhadas em preto. ![]()
A mulher aproximou-se e conteve uma surpresa, sorrindo.
Todos ergueram brados e "graças à Luz", "pela glória do Rei!" e "um viva à Mãe Mundo!", entre outros. A mulher ajoelhou-se ao lado da cama e tomou a mão de Ephraim, que era calosa. Ela não era baixa – devia ter mais de um e oitenta, com certeza – mas ele parecia ser ainda maior, talvez beirando os dois metros de altura. Podia ver uma armadura danificada em um canto – e um tabardo semelhante à da mulher, embora aquele fosse cor de vinho e o símbolo fosse dourado – e uma grande espada apoiada em um suporte. Quando a mulher ergueu a pele de urso que o cobria para ver seu torso – onde não havia nenhum sinal de ferimento – notou que estava nu.
Os outros responderam, em brados uníssonos. A mulher referida como "Irmã Karenina" havia voltado a cobri-lo e segurava o punho de Ephraim ("Capitão Vlad"?) contra a testa, derramando lágrimas sinceras. Era difícil ouvir o que dizia com aquela algazarra, mas parecia orar em sussurros.
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Ephraim Dyer: Uma Jornada Endurecida [Rota do Soldado]
- Ed Araújo
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"Que pena...", lembrava-se de ter pensado pouco antes de seus sentidos começarem a parar. Durante seus últimos minutos, pensava na comemoração do próximo natal que haveria apenas alguns dias adiante, com os corredores do hospital decorados e várias pessoas espalhados pelos quartos, todos familiares e amigos dos internados. Adorava aquela época, pois a atmosfera de todo o lugar mudava e se tornava festivo, alegre e, pelo menos pelo olhar, todos pareciam mais esperançosos. Ou apenas esqueciam seus problemas, pelo menos no caso de seus pais. Infelizmente naquele ano – o último de sua vida – não conseguiria participar. "Que pena". Mas estava conformado.
Quando viu o ponto de luz, não deu atenção... até perceber que a luz continuava a crescer. O raio elétrico que apareceu se movendo de uma lado para o outro atiçou sua curiosidade ao extremo, pois começava a imaginar se não estaria prestes a descobrir o que há depois da morte. E quando o raio se aproximou e algo começou a puxa-lo na direção da origem daquela luz, Ephraim se sentiu empolgado apesar do crescente receio do que estava por vir. Então, quando percebeu que estava caindo, a empolgação deu lugar ao medo... realmente, estava caindo.
Não prestou muita atenção à neve, embora odiasse o branco dela – este o lembrava dos quartos de hospital. Também não se importou com a fortaleza, ainda que com certeza aquele fosse um lugar que adoraria visitar se pudesse. Toda sua atenção foi roubada pela dor horrível que sentia, diferente de qualquer outra que já havia experimentado por causa da doença ou dos procedimentos cirúrgicos. Era um novo tipo de dor que o tomou de surpresa e o fez se sentir vivo de novo, mas não de um jeito bom.
"O que está acontecendo?", pensou em gritar para alguém enquanto levava as mãos trêmulas até a lâmina que abria sua barriga, mas então notou a presença de outra pessoa ali: uma mulher alta, forte e com furiosos olhos azuis. Ela gritou com Ephraim, que engoliu de imediato quaisquer palavras que havia pensado em gritar. Sua intuição lhe dizia que aquela mulher o mataria, e não tinha a mais remota ideia do porquê. Foi quando uma flecha, vinda de algum lugar, atingiu o olho da estranha furiosa. Ephraim ficou em choque com a cena, mas não teve tempo de refletir pois ele mesmo agora caia devido ao ferimento na barriga.
Estava morrendo... mas de novo? "Eu não entendo", foi o que pensou ao fechar os olhos antes que fosse obrigado a ver outra coisa que não fazia sentido. Ouviu então o nome 'Vlad', que também não fazia sentido algum. Jamais havia se sentido tão perdido e confuso, sem sequer ter tempo para assimilar uma série de acontecimentos que não lhe pareciam reais. E então adormeceu.
Quando voltou a abrir os olhos, seu primeiro instinto foi o de ficar alerta. Ainda estava assustado com seja lá o que havia sido tudo aquilo. Sentiu o frio do lugar e percebeu que estava em uma tenda, e também que não estava sozinho. Um homem de cabelos loiros estava ali e o encarou com aparente surpresa, para logo em seguida sair correndo dali gritando. - Espere!! - a voz de finalmente saiu, mas não adiantou.
Logo outra pessoa apareceu dentro da tenda, seguida por mais uma e depois outra, e quanto mais pessoas apareciam mais alerta ficava Ephraim. Em pouco tempo, o primeiro homem retornou quando a tenda já estava cheia de outros estranhos. Junto dele estava uma mulher alta, trajando branco e com um aspecto gentil. Talvez uma enfermeira, presumiu Ephraim sem dizer nenhuma palavra.
Aparentemente ela se chamava Karerina e o outro foi chamado de Sergei, sendo que ambos pareciam ter grande autoridade entre aquelas pessoas, especialmente a mulher. Ela então começou a se aproximar de Ephraim e por alguns instantes pareceu que alguma coisa voltaria a fazer sentido, até que ela sorriu e falou algumas palavras para alguém chamado Vlad. - Quem? - perguntou bem baixo, quase sussurrando, mas todos pareciam responder às palavras dela bradando com vigor. Ephraim olhou ao redor como se estivesse cercado de loucos.
Sentiu sua mão ser tocada e então voltou-se para a mulher, Karerina, que agora estava ajoelhada bem perto e segurava sua mão. Se fosse qualquer outra pessoa daquela tenda, Ephraim teria recuado de imediato, mas Karerina lhe passava a mesma impressão que as enfermeiras do hospital e por isso não se sentia ameaçado por ela. Na verdade, foi outra coisa que o chocou: sua própria mão. Começava a perceber então o quão diferente estava e se sentia, uma sensação completamente nova que o fez ficar alheio a tudo que acontecia ao seu redor por alguns instantes. Só voltou a prestar atenção ao que acontecia quando Karerina levantou um pouco seu cobertor, revelando seu torso intacto – sem ferida de espada ou marcas de cirurgia. E também se deu conta de que estava sem roupas. - O que está fazendo?! - Repreendeu a mulher com a voz bem baixa, para que ninguém mais fosse alertado para o fato de que estava nu(como se já não soubessem), e se cobriu com as mãos como podia até Karerina retornar o cobertor ao lugar.
Os brados voltaram a assusta-lo, e devido a tudo que estava acontecendo e ao fato de continuarem dizendo o nome 'Vlad' como se fosse seu, Ephraim começou a se irritar com aquelas pessoas. Mais uma vez, nada daquilo fazia qualquer sentido. Quem era Vlad? Alguém parecido? Se sim, parecido com quem? Já que o próprio Ephraim não se reconhecia em 'seu' próprio corpo. Seu desconforto crescia exponencialmente enquanto ouvia aqueles brados e encarava aqueles estranhos. A frustração que sentia começava a faze-lo ranger os dentes de raiva e seu olhar era pouco a pouco tomado por uma visível desconfiança.
Estava prestes a confrontar aquelas pessoas, aqueles loucos, quando sentiu sua mão ser colocada contra a testa da 'irmã' Karerina. Ela parecia chorar aliviada, grata, e de uma forma genuína. Ephraim, que havia visto muitas pessoas derramarem lágrimas por ele durante toda sua vida, saberia dizer se aquelas fossem falsas. Ouvia-a sussurrar e, embora não entendesse o que dizia, sabia que ela estava orando. Sabia reconhecer aquele ato, pois seus pais o haviam feito muito. Repentinamente, sentiu saudades deles.
- Não chore, por favor. - Disse em um tom audível, com a paciência que lhe era costumeira em situações normais. A raiva havia passado, restando apenas a tristeza em sua voz. - Sinto muito, mas não sou a pessoa por quem vocês estão felizes.
Olhou ao redor, mas dessa vez com outro olhar. Aquela comemoração toda por parte daquelas pessoas não era uma mentira e também não o irritava mais. Sentiu pena deles.
- Seja lá quem fosse o tal 'Vlad', ele não está aqui. Não conheço nenhum de vocês. - Palavras duras, mas Ephraim sabia por experiência própria que era melhor assim. Ainda assim, foram palavras ditas com compaixão.
Quando viu o ponto de luz, não deu atenção... até perceber que a luz continuava a crescer. O raio elétrico que apareceu se movendo de uma lado para o outro atiçou sua curiosidade ao extremo, pois começava a imaginar se não estaria prestes a descobrir o que há depois da morte. E quando o raio se aproximou e algo começou a puxa-lo na direção da origem daquela luz, Ephraim se sentiu empolgado apesar do crescente receio do que estava por vir. Então, quando percebeu que estava caindo, a empolgação deu lugar ao medo... realmente, estava caindo.
Não prestou muita atenção à neve, embora odiasse o branco dela – este o lembrava dos quartos de hospital. Também não se importou com a fortaleza, ainda que com certeza aquele fosse um lugar que adoraria visitar se pudesse. Toda sua atenção foi roubada pela dor horrível que sentia, diferente de qualquer outra que já havia experimentado por causa da doença ou dos procedimentos cirúrgicos. Era um novo tipo de dor que o tomou de surpresa e o fez se sentir vivo de novo, mas não de um jeito bom.
"O que está acontecendo?", pensou em gritar para alguém enquanto levava as mãos trêmulas até a lâmina que abria sua barriga, mas então notou a presença de outra pessoa ali: uma mulher alta, forte e com furiosos olhos azuis. Ela gritou com Ephraim, que engoliu de imediato quaisquer palavras que havia pensado em gritar. Sua intuição lhe dizia que aquela mulher o mataria, e não tinha a mais remota ideia do porquê. Foi quando uma flecha, vinda de algum lugar, atingiu o olho da estranha furiosa. Ephraim ficou em choque com a cena, mas não teve tempo de refletir pois ele mesmo agora caia devido ao ferimento na barriga.
Estava morrendo... mas de novo? "Eu não entendo", foi o que pensou ao fechar os olhos antes que fosse obrigado a ver outra coisa que não fazia sentido. Ouviu então o nome 'Vlad', que também não fazia sentido algum. Jamais havia se sentido tão perdido e confuso, sem sequer ter tempo para assimilar uma série de acontecimentos que não lhe pareciam reais. E então adormeceu.
Quando voltou a abrir os olhos, seu primeiro instinto foi o de ficar alerta. Ainda estava assustado com seja lá o que havia sido tudo aquilo. Sentiu o frio do lugar e percebeu que estava em uma tenda, e também que não estava sozinho. Um homem de cabelos loiros estava ali e o encarou com aparente surpresa, para logo em seguida sair correndo dali gritando. - Espere!! - a voz de finalmente saiu, mas não adiantou.
Logo outra pessoa apareceu dentro da tenda, seguida por mais uma e depois outra, e quanto mais pessoas apareciam mais alerta ficava Ephraim. Em pouco tempo, o primeiro homem retornou quando a tenda já estava cheia de outros estranhos. Junto dele estava uma mulher alta, trajando branco e com um aspecto gentil. Talvez uma enfermeira, presumiu Ephraim sem dizer nenhuma palavra.
Aparentemente ela se chamava Karerina e o outro foi chamado de Sergei, sendo que ambos pareciam ter grande autoridade entre aquelas pessoas, especialmente a mulher. Ela então começou a se aproximar de Ephraim e por alguns instantes pareceu que alguma coisa voltaria a fazer sentido, até que ela sorriu e falou algumas palavras para alguém chamado Vlad. - Quem? - perguntou bem baixo, quase sussurrando, mas todos pareciam responder às palavras dela bradando com vigor. Ephraim olhou ao redor como se estivesse cercado de loucos.
Sentiu sua mão ser tocada e então voltou-se para a mulher, Karerina, que agora estava ajoelhada bem perto e segurava sua mão. Se fosse qualquer outra pessoa daquela tenda, Ephraim teria recuado de imediato, mas Karerina lhe passava a mesma impressão que as enfermeiras do hospital e por isso não se sentia ameaçado por ela. Na verdade, foi outra coisa que o chocou: sua própria mão. Começava a perceber então o quão diferente estava e se sentia, uma sensação completamente nova que o fez ficar alheio a tudo que acontecia ao seu redor por alguns instantes. Só voltou a prestar atenção ao que acontecia quando Karerina levantou um pouco seu cobertor, revelando seu torso intacto – sem ferida de espada ou marcas de cirurgia. E também se deu conta de que estava sem roupas. - O que está fazendo?! - Repreendeu a mulher com a voz bem baixa, para que ninguém mais fosse alertado para o fato de que estava nu(como se já não soubessem), e se cobriu com as mãos como podia até Karerina retornar o cobertor ao lugar.
Os brados voltaram a assusta-lo, e devido a tudo que estava acontecendo e ao fato de continuarem dizendo o nome 'Vlad' como se fosse seu, Ephraim começou a se irritar com aquelas pessoas. Mais uma vez, nada daquilo fazia qualquer sentido. Quem era Vlad? Alguém parecido? Se sim, parecido com quem? Já que o próprio Ephraim não se reconhecia em 'seu' próprio corpo. Seu desconforto crescia exponencialmente enquanto ouvia aqueles brados e encarava aqueles estranhos. A frustração que sentia começava a faze-lo ranger os dentes de raiva e seu olhar era pouco a pouco tomado por uma visível desconfiança.
Estava prestes a confrontar aquelas pessoas, aqueles loucos, quando sentiu sua mão ser colocada contra a testa da 'irmã' Karerina. Ela parecia chorar aliviada, grata, e de uma forma genuína. Ephraim, que havia visto muitas pessoas derramarem lágrimas por ele durante toda sua vida, saberia dizer se aquelas fossem falsas. Ouvia-a sussurrar e, embora não entendesse o que dizia, sabia que ela estava orando. Sabia reconhecer aquele ato, pois seus pais o haviam feito muito. Repentinamente, sentiu saudades deles.
- Não chore, por favor. - Disse em um tom audível, com a paciência que lhe era costumeira em situações normais. A raiva havia passado, restando apenas a tristeza em sua voz. - Sinto muito, mas não sou a pessoa por quem vocês estão felizes.
Olhou ao redor, mas dessa vez com outro olhar. Aquela comemoração toda por parte daquelas pessoas não era uma mentira e também não o irritava mais. Sentiu pena deles.
- Seja lá quem fosse o tal 'Vlad', ele não está aqui. Não conheço nenhum de vocês. - Palavras duras, mas Ephraim sabia por experiência própria que era melhor assim. Ainda assim, foram palavras ditas com compaixão.
- Spoiler:
- Lá vamos nós!
- Ed Araújo
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- Mensagem nº3
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| Uma Jornada Endurecida ![]() Os soldados se entreolharam sem entender direito.
Ela olha ao redor.
Os soldados curvam-se e deixam o lugar respeitosamente. Logo só há três pessoas ali: Ephraim, Sergei e Karenina, mas é possível perceber dois guardas postados do lado de fora, protegendo a entrada.
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- Pallando
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Talvez aquilo tudo não passasse de um sonho final estranho ou um delírio de uma mente presa em um corpo incapaz de acordar. Já havia lido algumas histórias de fantasia do tipo, então foi para onde sua mente imaginativa o levou enquanto ouvia a história que a irmã Karenina contava. Mas logo descartou qualquer ideia do tipo, pois tudo ao seu redor e o que sentia eram muito, muito reais.
Ficou aliviado quando a irmã pediu para que todas aquelas pessoas se retirassem, pois não estava acostumado a falar com muitas pessoas. Assim que todos haviam deixado a tenda, com exceção da irmã e do tenente Sergei, Ephraim afastou-se um pouco na cama e tentou se sentar direito para conversar melhor.
- Não quero desaponta-los, estou grato pela ajuda e hospitalidade, mas... não sou essa pessoa. - Por um momento sentiu receio em continuar falando, afinal... será que aquelas pessoas continuariam a ser tão cordiais se ele não fosse o Capitão Vlad? Apesar do receio, continuou. - Meu nome é Ephraim, e não sou daqui... vocês tem certeza que não estão me confundindo com outra pessoa? Porque na verdade, não sei exatamente o que seria essa Ordem da Cruz ou onde fica essa fortaleza em que estamos também..
Enquanto ainda terminava de falar, Ephraim tentaria se levantar da cama com a coberta enrolada ao redor do corpo todo, apoiada nos ombros. Sua intenção era a de achar qualquer roupa para vestir, ou ao menos uma calça... não parecia ser o caso, porque tanto a irmã quanto o tenente pareciam pessoas gentis, mas se algum deles ficasse mais agressivo seria melhor Ephraim estar vestido para correr.
Ficou aliviado quando a irmã pediu para que todas aquelas pessoas se retirassem, pois não estava acostumado a falar com muitas pessoas. Assim que todos haviam deixado a tenda, com exceção da irmã e do tenente Sergei, Ephraim afastou-se um pouco na cama e tentou se sentar direito para conversar melhor.
- Não quero desaponta-los, estou grato pela ajuda e hospitalidade, mas... não sou essa pessoa. - Por um momento sentiu receio em continuar falando, afinal... será que aquelas pessoas continuariam a ser tão cordiais se ele não fosse o Capitão Vlad? Apesar do receio, continuou. - Meu nome é Ephraim, e não sou daqui... vocês tem certeza que não estão me confundindo com outra pessoa? Porque na verdade, não sei exatamente o que seria essa Ordem da Cruz ou onde fica essa fortaleza em que estamos também..
Enquanto ainda terminava de falar, Ephraim tentaria se levantar da cama com a coberta enrolada ao redor do corpo todo, apoiada nos ombros. Sua intenção era a de achar qualquer roupa para vestir, ou ao menos uma calça... não parecia ser o caso, porque tanto a irmã quanto o tenente pareciam pessoas gentis, mas se algum deles ficasse mais agressivo seria melhor Ephraim estar vestido para correr.
- Ed Araújo
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| Uma Jornada Endurecida ![]() Não há tempo para se vestir, pois a mulher arregala os olhos, chocada com a perigosa sinceridade de Ephraim. O tenente fica surpreso por um instante, então saca a espada e puxa a mulher para trás dele.
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- Pallando
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"Merda", foi a palavra que espontaneamente brotou e ecoou em sua mente quando percebeu para onde a situação estava se desenrolando. Aparentemente o homem chamado Sergei era do tipo impulsivo, pois não hesitou nem por um segundo em sacar sua espada e passar a ver Ephraim, ou Vlad, como um inimigo. Chegou até a chama-lo de 'demônio'.
Ephraim nunca havia entrado em uma briga em sua antiga vida, nada nem perto disso. No entanto, conhecia bem as pessoas e por isso intuitivamente sabia que não seria uma boa ideia continuar desarmado. Conhecia a dor (essa muito bem) e por isso o medo que sentiu não o paralisou. Sem hesitar, Ephraim correu para a espada que estava mais próxima, tentando enrolar o cobertor ao redor do corpo o máximo que podia, e a apontou na direção do tenente. Sua postura era defensiva e tensa, como a de um animal mostrando as presas e dando um alerta: 'não se aproxime!'.
- Se acalme, senhor... - A voz saiu tensa, talvez até amedrontada, mas o tom era agressivo. Ephraim se sentia perdido, pois não sabia lidar com aquele nível de adrenalina que estava sentindo, mas ainda assim sua mente funcionava. - Se eu estivesse tentando enganar vocês, não teria me revelado assim... por favor, reconsidere e vamos conversar!
Ephraim nunca havia entrado em uma briga em sua antiga vida, nada nem perto disso. No entanto, conhecia bem as pessoas e por isso intuitivamente sabia que não seria uma boa ideia continuar desarmado. Conhecia a dor (essa muito bem) e por isso o medo que sentiu não o paralisou. Sem hesitar, Ephraim correu para a espada que estava mais próxima, tentando enrolar o cobertor ao redor do corpo o máximo que podia, e a apontou na direção do tenente. Sua postura era defensiva e tensa, como a de um animal mostrando as presas e dando um alerta: 'não se aproxime!'.
- Se acalme, senhor... - A voz saiu tensa, talvez até amedrontada, mas o tom era agressivo. Ephraim se sentia perdido, pois não sabia lidar com aquele nível de adrenalina que estava sentindo, mas ainda assim sua mente funcionava. - Se eu estivesse tentando enganar vocês, não teria me revelado assim... por favor, reconsidere e vamos conversar!
- Ed Araújo
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- Mensagem nº7
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| Uma Jornada Endurecida ![]() Tendo passado toda sua curta vida no quarto de um hospital, Ephraim não pode deixar de se surpreender ao alcançar a espada com grande agilidade. O tenente reage chamando reforços.
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- Pallando
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"Merda", a palavra mais uma vez veio-lhe a mente de forma espontânea no momento que ouviu o tenente começar a chamar os guardas. "Esse cara enlouqueceu?!!" pensou aflito consigo mesmo por alguns instantes enquanto sua respiração começava a ficar mais acelerada. Estava começando a perder a calma e sentia-se cada vez mais abraçado pelo desespero, sem saber como lidar com aquela situação. Durante sua breve confusão, chegou a cogitar apostar em seu físico que estava muitíssimo melhor do que nunca para tentar correr (sentia até vontade, na verdade) e fugir dali.
Porém, quando ouviu o alerta da irmã Karenina e começou a imaginar a entrada dos guardas na tenda, sua razão voltou a falar. Mesmo que tivesse sido o tenente a sacar sua espada e ameaça-lo, para onde lutar o levaria naquela situação? Estaria cercado por aqueles estranhos, afinal. Estaria lutando pela primeira vez na vida e sequer sabia onde estava. 'Se você fugir da morte por tempo o suficiente, talvez ela se canse e o deixe em paz', era uma frase que alguém no hospital havia lhe dito uma vez em outro contexto bem diferente, mas foi nela que pensou naquele momento.
Ephraim abaixou a espada que segurava e colocou a mão na cabeça por um instante. A ideia era simular uma tontura, mas também veio a calhar para lidar com a confusão.
Respirou fundo por alguns segundos e depois levantou a cabeça, tentando encarnar tudo o que mais admirava em todos os heroicos cavaleiros dos livros que já havia lido. Tentando ser como o que imaginava que o Capitão Vlad era. Então apontou o dedo na direção do tenente e ordenou. - Largue já essa espada, tenente!! - Gritou confiante (ou enlouquecido?).
Já não tinha certeza do que estava fazendo, tudo a partir dali era terreno desconhecido para Ephraim. Naquele momento, estava apenas seguindo sua intuição de tentar evitar o combate. Talvez o blefe pudesse salva-lo por enquanto.
- E-eu... minha cabeça dói.. - Baixou o olhar com uma expressão cansada, e emocionalmente estava mesmo. Soltou a espada de vez. - Mas mesmo nessa situação... não vou me permitir ser morto por meus companheiros, não agora que acabei de voltar dos mortos... não ouse me trair, Sergei!!
Porém, quando ouviu o alerta da irmã Karenina e começou a imaginar a entrada dos guardas na tenda, sua razão voltou a falar. Mesmo que tivesse sido o tenente a sacar sua espada e ameaça-lo, para onde lutar o levaria naquela situação? Estaria cercado por aqueles estranhos, afinal. Estaria lutando pela primeira vez na vida e sequer sabia onde estava. 'Se você fugir da morte por tempo o suficiente, talvez ela se canse e o deixe em paz', era uma frase que alguém no hospital havia lhe dito uma vez em outro contexto bem diferente, mas foi nela que pensou naquele momento.
Ephraim abaixou a espada que segurava e colocou a mão na cabeça por um instante. A ideia era simular uma tontura, mas também veio a calhar para lidar com a confusão.
Respirou fundo por alguns segundos e depois levantou a cabeça, tentando encarnar tudo o que mais admirava em todos os heroicos cavaleiros dos livros que já havia lido. Tentando ser como o que imaginava que o Capitão Vlad era. Então apontou o dedo na direção do tenente e ordenou. - Largue já essa espada, tenente!! - Gritou confiante (ou enlouquecido?).
Já não tinha certeza do que estava fazendo, tudo a partir dali era terreno desconhecido para Ephraim. Naquele momento, estava apenas seguindo sua intuição de tentar evitar o combate. Talvez o blefe pudesse salva-lo por enquanto.
- E-eu... minha cabeça dói.. - Baixou o olhar com uma expressão cansada, e emocionalmente estava mesmo. Soltou a espada de vez. - Mas mesmo nessa situação... não vou me permitir ser morto por meus companheiros, não agora que acabei de voltar dos mortos... não ouse me trair, Sergei!!
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| Uma Jornada Endurecida ![]() Os dois guardas – um homem e uma mulher – à entrada da tenda não demoram a apresentar-se. Ephraim muda sua estratégia e tenta alterar o rumo que havia inicialmente iniciado – algo que se prova bem difícil, pois o tenente não dá sinais de abaixar a espada. A Irmã intervém.
Há contragosto, um tanto ressabiado, o tenente assente e embainha a arma, saindo da tenda com os guardas – mas somente depois que o reencarnado retorna para a cama. Quando estão sozinhos, a Irmã puxa uma cadeira e senta-se diante dele, observando-o com atenção por alguns instantes, uma expressão indecifrável no rosto. Ela não demonstrava medo, mas havia se posicionado cuidadosamente entre a espada e as vestes dele. Podia não ser tão indefesa quanto parecia à primeira vista.
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- Pallando
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- S-sim senhora... - Ephraim respondeu automaticamente a instrução da irmã. Demorou um pouco para que seu corpo respondesse e ele baixasse a espada, pois estava muito tenso até então, mas o alivio que sentiu ao ver o tenente dar indícios de obedece-la também o fez baixar a guarda. Deixou a espada de canto e se dirigiu de volta para a cama, encarando de canto o tenente e os dois guardas durante todo o processo para ter certeza de que estavam mesmo indo embora.
Depois que já estava sentado na cama e os outros já haviam deixado a tenda, a irmã Karenina se aproximou com uma cadeira e se sentou próxima a ele. A expressão que ela tinha no rosto durante os primeiros instantes preocupou Ephraim, pois não dava pista nenhuma do que viria a seguir. Quando ela enfim falou, chamando-o por 'Ephraim', o rapaz congelou por alguns segundos. Não que tivesse muita esperança em sua atuação desesperada de antes, mas também não esperava aquela reação da irmã.
Deveria tentar se esquivar, fingir confusão e ganhar tempo? Não, dada a situação ela não parecia disposta a aceitar sair dali sem respostas. E com certeza tentar engana-la seria inútil e talvez até impossível para Ephraim, que não estava habituado a isso. Várias ideias passaram pela mente de Ephraim num curto espaço de tempo, mas no fim decidiu fazer o que lhe parecia mais natural: dizer toda a verdade, como já havia começado a fazer antes.
- Sim.. também não entendo a situação atual... Sinto muito por fazer isso com vocês, pareciam realmente felizes antes. - Refletia enquanto falava devagar, e sentiu-se desconfortável lembrando da comemoração de poucos minutos atrás e a revelação na sequência. Imaginou como tudo aquilo teria sido para Karenina e Sergei, e ao faze-lo acabou perdoando o tenente Sergei pelo acontecimento de antes.
Agora que finalmente tinha algum tempo para pensar direito em tudo que havia acontecido desde sua 'morte', Ephraim começava a se sentir anestesiado.
- Como eu já disse antes, meu nome é Ephraim.. eu vivia em um lugar bem diferente daqui. Na verdade, nunca vi nada como esse lugar... aquela fortaleza lá fora é o tipo de coisa que eu sonhava poder ver antes. - Pausou um pouco porque ainda tinha um pouco de medo de dizer a próxima parte, mas ainda assim seguiu. "Já morri mesmo", pensou. - Sempre fui muito doente. Pessoas como você, que curam, cuidavam de mim... por isso posso dizer com certeza que não reconheço esse corpo. Levantar aquela espada ali seria impossível para mim. E eu... eu acho que morri. Tenho quase certeza que eu morri onde estava antes. Depois eu vi esse lugar, e minha primeira lembrança com esse corpo é o de estar com a barriga perfurada no meio de uma batalha... então eu desmaiei, e aqui estou. Lamento não poder dizer nada sobre o Capitão Vlad, eu realmente não o conheço e não sei onde ele está.
Depois que já estava sentado na cama e os outros já haviam deixado a tenda, a irmã Karenina se aproximou com uma cadeira e se sentou próxima a ele. A expressão que ela tinha no rosto durante os primeiros instantes preocupou Ephraim, pois não dava pista nenhuma do que viria a seguir. Quando ela enfim falou, chamando-o por 'Ephraim', o rapaz congelou por alguns segundos. Não que tivesse muita esperança em sua atuação desesperada de antes, mas também não esperava aquela reação da irmã.
Deveria tentar se esquivar, fingir confusão e ganhar tempo? Não, dada a situação ela não parecia disposta a aceitar sair dali sem respostas. E com certeza tentar engana-la seria inútil e talvez até impossível para Ephraim, que não estava habituado a isso. Várias ideias passaram pela mente de Ephraim num curto espaço de tempo, mas no fim decidiu fazer o que lhe parecia mais natural: dizer toda a verdade, como já havia começado a fazer antes.
- Sim.. também não entendo a situação atual... Sinto muito por fazer isso com vocês, pareciam realmente felizes antes. - Refletia enquanto falava devagar, e sentiu-se desconfortável lembrando da comemoração de poucos minutos atrás e a revelação na sequência. Imaginou como tudo aquilo teria sido para Karenina e Sergei, e ao faze-lo acabou perdoando o tenente Sergei pelo acontecimento de antes.
Agora que finalmente tinha algum tempo para pensar direito em tudo que havia acontecido desde sua 'morte', Ephraim começava a se sentir anestesiado.
- Como eu já disse antes, meu nome é Ephraim.. eu vivia em um lugar bem diferente daqui. Na verdade, nunca vi nada como esse lugar... aquela fortaleza lá fora é o tipo de coisa que eu sonhava poder ver antes. - Pausou um pouco porque ainda tinha um pouco de medo de dizer a próxima parte, mas ainda assim seguiu. "Já morri mesmo", pensou. - Sempre fui muito doente. Pessoas como você, que curam, cuidavam de mim... por isso posso dizer com certeza que não reconheço esse corpo. Levantar aquela espada ali seria impossível para mim. E eu... eu acho que morri. Tenho quase certeza que eu morri onde estava antes. Depois eu vi esse lugar, e minha primeira lembrança com esse corpo é o de estar com a barriga perfurada no meio de uma batalha... então eu desmaiei, e aqui estou. Lamento não poder dizer nada sobre o Capitão Vlad, eu realmente não o conheço e não sei onde ele está.
- Ed Araújo
Mestre Jedi - Mensagens : 1122
Reputação : 77
- Mensagem nº11
FORTALEZA DE VYBORG
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| Uma Jornada Endurecida ![]() A mulher não muda sua expressão durante a explicação do reencarnado. Quando ele termina, há um silêncio pesado. Por fim, após alguns momentos, ela fala com voz suave.
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