Sankar & Lorra- Melroc/ Makavalli Killuminati

- Sim milady, Oberyn é um irmão de espada, mas é meu senhor acima de tudo. - O Nassam esclarecia a dúvida de Lorra - Meus antepassados já lutavam pela Princesa Nymeria antes mesmo de atravessarem o Mar Estreito e serviram aos Martell no inicio da formação de Dorne à cerca de 1000 anos atrás. - Sankar falava com orgulho e tentava passar a sua ouvinte, a ideia de que sua lealdade estava forjada muito tempo antes de seu próprio nascimento.

Ele continuou:

- A informação que ele tinha sobre seu berço real veio de sua própria filha, Obara Sand. Eu vim porque Oberyn acreditava que Obara havia sido descoberta e estava sendo espionada. - Sankar olhava para Porto Real através da janela dos aposentas da Lady Targaryen e fitava as torres da Fortaleza Vermelha enquanto elas ficavam cada vez mais longe - Quando cheguei, tratei logo de encontrar Obara discretamente e descobrir mais sobre seu legado. Ela me disse seu paradeiro e que soube de seu sangue Targaryen através de Tasoor, um velho mercador e traficante de influência, o mesmo homem que patrocina nossa saída do covil dos leões.

O velho guerreiro voltou-se para Lorra e olhou para sua barriga – Sua gravidez eu só descobri quando conheci Sansa Stark, não acho que Oberyn sabia disso. – Ele coçava a barba, pensativo e imaginava que provavelmente, o boato de uma Targaryen grávida presa em Porto Real, poderia ter chego aos ouvidos de seu senhor. – Alias, me desculpe pela indelicadeza, mas duvido que seu rebento seja obra dos Sete! Portanto eu  gostaria de saber quem é o pai da criança que carrega em seu ventre?

O dornês saiu de perto da janela e procurou um lugar para se sentar – A forma como descobri suas condições ou como cheguei até a senhora, não são importantes – Não havia cadeiras no quarto, então escolheu se encostar em uma das paredes e com um pouco de dificuldade, sentou-se no chão – Ugh ... O que importa é o que faremos de agora em diante. – Sankar Nassam olha com seriedade para Lorra – Milady, me considero um homem pragmático e só confio no que posso provar como verdadeiro. Apesar de ter arriscado minha vida para salvar a tua, ainda estou apoiado em um boato. A senhora tem como provar tua linhagem?

Sankar pensava que se eles pudessem provar que Lorra era filha de um Dragão, Poderiam ter muitos aliados por todas Westeros. Principalmente em Pedra do Dragão, lar ancestral da Casa Targaryen, por onde passarão no caminho para Dorne e que, com a morte de Stannis Baratheon, encontrava-se sem um senhor.

OFF:

Lorra não quis contar sobre o pai de sua criança. Sankar achava que aquela informação seria muito importante, pois a criança um dia poderá ser rei ou rainha dos Sete Reinos. De certa forma, a não revelação do nome do pai já sugeria sua importância.

- Me desculpe Milady, eu não quis ser inconveniente. Apenas queria saber se havia a possibilidade de reconhecimento da criança ou se ele permanecerá como um bastardo.

Sankar ouviu a explicação da pequena dragão sobre sua descendência e como ela ficou sabendo de sua própria linhagem. Pensava em como poderiam comprovar o sangue Targaryen de Lorra. Já que os mortos não falam, teriam que encontrar algum registro de nascimento da época.

- Então você nunca soube quem eram seus pais e talvez, nem mesmo Lorde Stark ou Lorde Arryn sabiam. Se há algum registro de seu nascimento entre os Targaryen, ele deve estar em Porto Real ou em Pedra do Dragão.

Sankar coçava sua barba áspera enquanto pensava. Mesmo que haja tais registros, não era uma tarefa para ele. Essa busca necessitava de um pesquisador de livros e tomos velhos, tedioso demais pensou. Deixou escapar uma careta antes de prosseguir - Não sou um rato de biblioteca para buscar um registro de quase 20 anos atrás. - Faz uma pergunta retórica - De quem você poderia ser filha?

Sankar Nassam começa a pensar nos Targaryen vivos na época da Guerra do Usurpador, olhava para o nada e ainda sentado no chão. De repente, fixa seus olhos espantados na mulher gravida alí a sua frente e começa a rir. No inicio a risada é baixa e contida, mas logo se torna uma gargalhada.

- Hahahaha... Não é possível! ... hahahaha ... Quantos anos a senhora tem? 18? 19 anos? ... Como eu pude não perceber isso antes! ...  – O Dornês se levanta rapidamente, se ajoelha próximo de Lorra e fala baixo em seu sotaque sulista - Eu sei quem a senhora é! - O semblante do velho guerreiro das areias era de alegria e surpresa, como se tivesse descoberto os segredos do mundo – Teu nome verdadeiro é Rhaenys Targaryen, filha de Rhaegar Targaryen e Elia Martell. Tu és Rainha dos Sete Reinos e Princesa de Dorne!

Para Sankar, Lorra era sua senhora e ele lhe devia lealdade. Achava que sua teoria era perfeita, era muita coincidência para não ser verdadeira - Minha senhora, não precisamos buscar o registro de teu nascimento em nenhuma casa de registros empoeirada, teu registro é o de nascimento de Rhaenys. Percebe que a senhora tem a idade muito próxima da idade que Rhaenys teria se fosse viva? Os Lacaios dos Lannisters felizmente assassinaram a criança errada.

OFF:

O velho guerreiro ouve a contra-teoria de sua Lady que falava sobre a possibilidade dela ser filha do Rei Loco e não sua neta. Para Sankar, aquilo era irrelevante, ser neta ou filha do Rei Loco ainda a colocava como herdeira Targaryen, Qual a diferença?

- Sim minha senhora, poderia ser qualquer criança, mas quais delas deveriam ter a sua idade se estivesse viva? - O Dornês não espera a resposta de sua pergunta obviamente retorica - Por enquanto somente Rhaenys Targaryen! - Ele apoiaria sua teoria até que provassem o contrário.

Ele ri do bom humor de Lorra e completa:
- Sim Milady e está na hora de ressuscitá-la. Seja qual for sua verdadeira identidade, sua revelação será avassaladora por todo os Sete Reinos. - Sankar acreditava que a presença de um Targaryen vivo faria os sete rolarem mais uma vez os dados do destino, podendo mudar a balança do poder em Westeros.

Com o pedido da jovem Targaryen, Sankar faz uma reverência - Me desculpe Milady, deixarei-a descansar. - Ele se dirige a porta e quando ele a chama devolta insistindo em seu verdadeiro nome, Sankar faz um acendo com a cabeça - Como desejar Milady - e sai fechando a porta.

Sankar se dirige a seu quarto, pensava em tudo que havia acontecido até ali e quais seriam seus próximos passos. Será que o Príncipe Oberyn o liberaria para voltar para casa, já que havia cumprido sua missão?  Começou a pensar no Salão dos Portões do Inferno e a lembrança de sua esposa e filhos venho a mente. Seu pai estava velho e doente, será que ainda vivia? Será que os negócios da casa estavam indo bem? havia recebido uma proposta vantajosa de seus senhores e os Corcéis da Areia dos Portões do Inferno são os melhores de Dorne, não havia como não enriquecer com tal acordo. Mesmo assim, como poderia voltar para os Portões do Inferno sabendo que Dorne logo iria mexer suas peças no tabuleiro? Seus senhores provavelmente precisariam mais uma vez do Nassam. Lady Targaryen provavelmente precisariam mais uma vez de Sankar. Pensando nisso, lembrou-se da caixa de metal que havia recuperado de mercenários nas Ruínas do castelo de verão dos Dragões.

Apressou-se em trancar a porta de seu aposento. colocou a caixa de metal em cima da cama e começou a tentar abrir aquele recipiente para revelar o que havia em seu interior.

O grande deserto de Dorne estava irreconhecível naquela noite. Uma chuva torrencial desabava em cima da areia que outrora era seca, transformando-a em uma espécie de camada pegajosa e traiçoeira. Cada gota de chuva que tocava aquele sono estéril provocava um dano irreparável no terreno. Os homens que lutavam em meio a chuva não percebiam, mas Lorra Targaryen entendia claramente o que aquilo significava. Morte. O deserto feroz de Dorne sucumbia em meio a chuva torrencial. Em breve, todas as partículas de areia seriam carregadas para bem longe dali, e a lembrança e a força de Dorne seria tragada do mesmo jeito;

Todos esses pensamentos percorriam a cabeça da Targaryen de forma orgânica, como se fosse algo impossível de não se identificar. Seja como for, Lorra se encontrava em meio a uma batalha.

O clangor de espadas ecoava por todo o deserto, e a cada homem que perdia a vida provocava um aumento na tempestade. Mesmo assim, os homens continuavam a lutar ferozmente, e bradavam gritos de guerra antes de se jogarem contra seus inimigos. Lorra não podia identificar os estardantes erguidos, pois todos encontravam-se molhados e irreconhecíveis. Ninguém que participava parecia se interessar pelo que Lorra fazia, e tão pouco demonstravam alguma reação ao se aproximarem dela. Somente após longos minutos de batalha, Lorra ouviu algo que chamou sua atenção. Em algum lugar daquele deserto, um bebê chorava desesperado.

Era difícil para Lorra se locomover e encontrar de onde o barulho provinha, pois sua barriga de gestante a atrapalhava. Depois de muita procura, a Targaryen avistou um trono forjado com espadas dos mortos daquela batalha. Homens lutavam perto daquele objeto, mas ninguém mais a não ser Lorra, prestava atenção nele. Quando Lorra se aproximou do trono, algo dentro de si rompeu-se, e a ex-bastarda entrou em trabalho de parto. Longos minutos de pura dor e agonia seguiram-se, mas no final, mesmo cansada e sem forças, Lorra segurava o filho em suas mãos. Era um menino, e o olhar da criança para Lorra era terno e amoroso.

Foi então que o cenário começou a mudar drasticamente.

Primeiro, as gotas de chuva ao redor de Lorra transformaram-se em sangue, pintalgando todo o cenário de um vermelho cruel e mórbido. Logo após esse fato, duas figuras surgiram em frente a Lorra. Uma dessas pessoas era o dornês Sankar Nassam dos Portões do Inferno, e ele lutava como um grande senhor, tendo um olhar impiedoso e cruel. Sankar massacrava seu advsersário, uma figura oculta pelas sombras. Porém, outras figuras ocultas adentraram ao cenário, cercando Sankar e o ferindo profundamente. Quando Sankar parecia prestes a ser abatido pelos adversários, várias figuras apareceram em meio aos céus.

Dragões.

Formas grandiosas distorcidas pela chuva voavam nos céus do deserto, e todos os homens que lutavam pararam abruptamente. Os dragões, um número indefinido que Lorra não conseguiu contar, voavam bem a cima da batalha. Todos os homens que batalhavam se ajoelharam e ficaram em silêncio, e seus olhares se fixaram em Lorra Targaryen sentada no trono. Os dragões porém, ainda voavam, e de súbito, o maior de todos eles, desceu em direção ao trono de espadas em que Lorra se encontrava.

Lorra podia ver a grande figura negra descendo em sua direção, podia sentir o calor a medida que o dragão se aproximava dela. O bebê chorava inquieto no colo de Lorra. A medida que o dragão se aproximava de Lorra em um voo frenético, sua velocidade aumentava. Em pouco tempo, antes que Lorra pudesse pensar em correr dali e se proteger, o dragão lançava um jato de chamas na direção da ex-bastarda. Lorra não sentia o fogo queimar sua pele, não havia dor, mas enquanto estava envolta em chamas, a dornesa sentiu os dentes do dragão fechar-se sobre seu corpo, retirando sua vida em um instante.

Morte, era tudo o que se podia encontrar naquela estranha noite em Dorne.


Lorra Stone, ou Targaryen, como for mais conveniente, acordou molhada em seu próprio suor. Sua criança ainda dentro da barriga, chutava a mãe inquieta, dando sinais que logo chegaria o dia de seu nascimento. O corpo todo de Lorra doía, e ela podia lembrar-se completamente daquele sonho. Foi então que uma batida soou na porta do seu quarto, e uma voz se fez ouvir.

- Estamos pronto para o desembarque. - A voz era de Sam, o ajudante de Lorra e d Sankar, o qual ajudava nos afazeres que eram necessários para o conforto dos passageiros.

Lorra não precisou de muito para entender que finalmente haviam chegado no local prometido, e que agora a viagem de barco havia chegado ao fim. Afinal, foram vários dias de viagem.

Spoiler:

O primeiro toque de Sankar Nassam dos Portões do Inferno naquela caixa velha e desgastada provocou uma sensação diferente do que era esperado. Quando o dornês havia encontrado a caixa nos destroços do Palácio de Verão dos Targaryen, ainda quando partia em sua missão em Porto real, a superfície daquele objeto misterioso havia se mostrado frio e sólido. Agora, no entanto, a caixa já não possuía aquela frieza característica, e parecia levemente morna. Outra característica que despontava somente agora era o desenho que estava recoberto pela fuligem. Se outrora era um desenho indeterminado, Sankar agora podia compreender um pouco mais do que estava representado ali.

Desenhado com uma tinta que havia resistido ao tempo, havia a imagem de um rei no meio da caixa. O rei era Aerys II Targaryen, também conhecido como O Rei Louco, o qual foi o último membro da Casa Targaryen a se sentar no Trono de Ferro. O início de seu reinado havia sido promissor, resultando em paz e prosperidade aos Sete reinos, mas o rei logo começou a ficar cada vez mais insano, principalmente após o Desafio de Valdocaso, onde ficou cativo de um nobre rebelde por vários meses. Sua crueldade e paranoia apenas cresceram depois disso.

Outra imagem aparecia perto dos ombros do rei, um homem, mas esse Sankar Nassam não podia reconhecer quem era. A única certeza era que havia alguém lá, atrás de Aerys.

Seja como for, a fechadura da caixa não se abriu, nem mostrou que iria se abrir, não importava o que Sankar tentasse. Foram horas gastas, e por fim, a caixa permaneceu com o mesmo status, fechada.

Alguns dias se passaram após esse evento, e a viagem seguiu-se tranquila, ao menos até aquele novo dia.

Sankar encontrava-se encostado na amurada da embarcação, seus olhos percorrendo as águas infinitas que o cercavam. Era uma visão diferente do que estava acostumado, mas o dornês podia sentir que logo estaria em casa. Até mesmo o sol já havia se tornado incessante e potente, o que gerava uma queimação a qual Sankar já estava acostumado. Após sua missão em Porto Real, o qual quase encontrara a morte, finalmente ele voltaria para Dorne e para sua própria casa. Enquanto refletia sobre a sua situação, ele notou com o canto dos olhos que os tripulantes começavam a agir de forma estranha.

Vários homens haviam se aglomerado no lado norte do barco, e até mesmo Waymar, o homem de confiança de Tasoor, também encontrava-se em meio a essa multidão. Waymar, sendo o capitão daquele barco, gritou aos tripulantes.

- Eu quero força total! Peguem os malditos remos e usem todas as suas forças! - Waymar gritava, e quando teve a possibilidade de olhar para Sankar, ele mostrou-se preocupado. - Remem porra!

Só depois de algum tempo - pois Sankar não estava acostumado a olhar para o mar aberto -, foi que o dornês percebeu o que estava acontecendo. Bem longe, apontando como algo minúsculo em meio ao mar, havia um ponto preto que assemelhava-se a um barco. Waymar então aproximou-se de Sankar, puxando-o para um dos cantos, onde ninguém mais poderia ouvir a conversa que se desenrolaria.

- Eles já estão nos seguindo a cerca de dois dias. Não senti necessidade de te informar, pois acreditei que poderíamos despistá-los. No entanto, creio que eles são mais rápidos do que eu esperava. Se o tempo continuar assim, sem vento, eles nos alcançarão em um dia. - Waymar olhava para Sankar, como se houvesse ficado envergonhado por sua negligência. - Nós somos poucos para lutar, então acho que a melhor opção seria vocês descerem a terra. Nós ainda não estamos em Lançolar, mas já nos encontramos perto do território dornês. Em poucos minutos, posso deixar vocês nas terras perto de Tor, e de lá conseguiriam cavalos velozes que os levariam até Lançolar. - Waymar deu dê ombros, como se não houvesse nada do que ele poderia fazer. - Desculpe-me por ter falhado, mas não poderíamos prever que eles nos venceriam numa corrida em mar aberto. Porém, se você tiver alguma ideia melhor do que essa, aceitarei de bom grado.

Waymar, o capitão do navio, fez uma prece direcionada ao Estranho, esperou Sankar responder, e assim que o fizesse, falaria aos seus homens que se dirigissem em direção a terra, isso no caso de Sankar concordar em seguir com aquele Plano. Caso a resposta seja negativa, Waymar ficará para conversar com Sankar.

Sankar podia ver bem longe, ao sul, uma faixa de terra seca, certamente aquele local era Dorne, especificamente o Tor.

Spoiler:

Sankar se debruçava na amurada do navio, olhava a espuma formada pelo bater do casco nas o ondas do mar. Estava meio enjoado e pensava como odiava viajar de navio, lembrava os tempos de mercenário em Essos, quando lutava por Lys e tinha que atravessar o Estreito de Lys de navio toda vez que precisava chegar ou sair das Terras Disputadas, isso quando a luta não era no mar mesmo, aí tinha a certeza que colocaria tudo o que comia pra fora.

Percebeu a movimentação dos marinheiros e a apreensão de seu Capitão. Apertou os olhos quando o ponto negro no horizonte se mostrou ser um navio, estava muito longe para ver bandeiras, mas pela correria da tripulação, não pareciam ser boas notícias. Sankar mal percebeu a chegada do capitão quando este o puxou de lado. Ouviu tudo o que o Capitão falou e voltou a olhar para o ponto negro que se aproximava.

- Cavalo eu já tenho, preciso apenas selá-lo e coloca-lo em terra firme – Falava de seu Corcel da Areia que o acompanhou durante toda sua empreitada ao norte e ainda permanecia com o dornês - Me arranje comida e água para uma viajem à cavalo até Lançasolar – Voltou-se para o capitão e continuou com convicção - Não ficarei no Tor, sou um homem do deserto Mestre Waymar, eu o conheço e não tenho medo dele. Nada me fará desviar de meu destino.

A ideia do capitão era a melhor opção, tinha uma mulher grávida e atravessar o deserto seria uma loucura. Sankar imaginava se o navio que os perseguia, buscava encontrar Lorra. Se esse fosse o caso, a captura do capitão poderia dar informações desencontradas aos perseguidores, mesmo se Waymar for torturado.

– Mande acordar a Milady – Complementou se referindo a Lorra Sand antes de se dirigir a área de carga do navio e selar seu cavalo e pegar suas coisas, pegaria somente o necessário, deveriam viajar leves. Pegou apenas sua lança, seu escudo e a caixa Targaryen. Pensava que a viajem até o Tor com certeza irá demorar um pouco mais, pois tentaria desorientar qualquer batedor que tentasse persegui-los pelo deserto.

Quando chegou a seus aposentos viu sua armadura de lado e por mais que tivesse um valor sentimental por ela, tinha que deixa-la para trás. Apesar disso, sua armadura lhe deu uma ideia. Antes de chegarem próximos a costa, Sankar deu sua armadura e seu elmo para o capitão.

- Tome capitão, vista-a – Já abrindo as presilhas da vestimenta para o capitão – Os Desertos de Dorne são implacáveis para os que usam armaduras pesadas, não precisarei dela, aceite como um presente meu. Além do mais, se os saqueadores virem um lorde em sua armadura completa no convés do navio, pensarão duas vezes antes de terem coragem de ataca-los.

Sankar imaginava que se forem perseguidores Lannisters, conheceriam sua armadura do embate com Sor Arys Oakheart e veriam Sankar Nassam do Salão dos Portões do Inferno andando pelo convés. Isso faria perseguidores seguirem o navio e não quem eles deixaram na costa.

O capitão Waymar Bearson ergueu as sobrancelhas após o gesto do dornês. O velho homem cuja barba já estava esbranquiçada, ainda exibia um corpo atlético para aquela idade, sinal que quando jovem, fora um homem cujo físico sempre esteve no auge. Após alguns segundos a fala do Nassam, o capitão disse:

- Eu não visto uma armadura faz longos anos, desde jovem na verdade. - Os olhos de Waymar brilharam por um segundo, e seu rosto expressou saudosismo. - Quando eu era jovem. Sim, aqueles eram tempos agradáveis. No entanto, Sir Dornês, creio que meu tempo já se passou. Eu poderia oferecer a um dos meus homens, mas acredito que eles iam preferir pular na água correndo o risco de se afogarem por causa do peso da armadura só para ter a possibilidade de venderem-na quando chegarem a terra. – Waymar riu, mas logo seu semblante mostrou-se resoluto. – Tudo que eu quero é apenas uma coisa Dornês, meu filho é refém e nosso amigo... – Ele fez uma pausa, deixando claro que se tratava de Tasoor. – prometeu me ajudar assim que eu trouxesse você até Dorne. E bom, minha parte do acordo está quase feita.

Waymar havia dito sobre o filho com emoção, sua voz embargada pela dor de ter um filho refém. Ele então olhou para Sankar, e seus olhos brilharam com intensidade. Ao que parecia, Waymar era uma daquelas pessoas fáceis de decifrar.

- Diga-me, Sir Dornês, acha mesmo que é uma boa idéia que eu vista a armadura? Acha que assim, será mais fácil que eu chegue em segurança em casa, para um dia ver meu filho?

Waymar vacilou por um segundo, mas logo tocou no braço de Sankar a fim de buscar apoio. Arrependeu-se logo em seguida a esse ato, e recuou, esperando que Sankar lhe guiasse a respeito dessa decisão. Os olhos de Waymar fitavam Sankar com expectativa, olhos de um pai desesperado.

O Dornês ficou um tempo em silêncio. Olhou para os saqueadores ao longe e para Waymar outra vez.

- Se já usaste uma, então sabes para que serve uma armadura! Para possibilitar maior defesa Mestre Waymar! - Sankar não estava feliz com a recusa do capitão, e não esconde sua frustração - Quer viver Capitão? Então se defenda de verdade. Se eu pudesse convocar os mares para engolir nossos perseguidores, eu o faria - apontava para o navio perseguidor - Mas não posso. Tudo o que posso fazer é usar o que tenho a mão e neste momento tenho uma armadura. - Olhou com fúria para o capitão e falou pausadamente - Se quer ver seu filho de volta, ... então ... vista  ... a merda ... da armadura.

Sankar tenta se acalmar e da mais um pretexto para que Waymar coloque a armadura - Alem do mais, é um presente meu para você e não se recusa um presente de um lorde. - O Lorde Nassam dava um ultimato ao capitão - Se depois você quiser dar, vender ou queimar,  não me interessa, será seu mesmo! Poderá fazer o que quiser com ela, mas no momento é o que eu posso fazer para você continuar vivo.

TESTE:

Waymar Bearson ficou em silêncio enquanto ouvia Sankar dizer a respeito do que precisava ser realizado. O rosto do capitão revelava que ele pensava no filho refém, ainda de forma receosa.Por fim, ele assentiu vagarosamente.

- Você está certo Sir Dornês. - Ele sorriu para Sankar. - Obrigado pela compreensão, saiba que eu sempre terei você em alto estimo de agora em diante.

Waymar sorriu e pediu ajuda de Sankar para colocar a armadura. Enquanto isso, o barco cada vez mais se encontrava perto das margens do Tor.

Spoiler:

O menino Sam permaneceu na porta a espera de dispensa até ouvir o comentário aliviado da Targaryen, que conhecia por Lady Stone. Baixou a cabeça em respeito e retirou-se devagar fechando a porta do quarto cuidadosamente.

Com a saída do menino Lorra levanta-se para vivenciar, se tivesse sorte, seus últimos minutos no navio reformado e longe da terra. Rapidamente pôs-se a arrumar seus pertences e deixou a cabine assim que tinha tudo preparado, seguiu pelo caminho até a escada que a levaria até o fim daquela exaustiva viagem, deparando-se com pelo menos dois marujos com expressões preocupadas no caminho, e por fim saiu do convés.

Não conseguiu encontrar Sankar Nassam ou o Capitão Waymar com uma olhada rápida ao redor, foi mais uma vez abordada por Sam antes disso. O garoto havia chamado-lhe a atenção com leve toque no ombro e pediu-lhe que o acompanhasse, pois tudo já estava pronto para que ela e o "Sir Dornês" descessem.


Perto do mastro principal, Waymar Bearson movimentava-se como se testasse o presente que agora vestia com um olhar que estranhava a si mesmo, talvez sentindo nostálgico ao tentar lembrar quando fora a última vez que usara uma armadura. De qualquer maneira, isso não interessava para Sankar Nassam, que via seu plano caminhando para tornar-se um sucesso. Quando deu-se conta de onde estavam, pôde ver a terra firme mais próxima do que imaginava estar e seu cavalo, já selado anteriormente, só aguardava por seu mestre para correr como quisesse.

O Dornês também notou o olhar desconfiado de alguns homens, que obviamente já sabiam em que tipo de situação encontravam-se e provavelmente não lhes agradava ver os passageiros, principalmente um deles aparentando ser um forte guerreiro, abandonarem o navio como se ele já estivesse perdido, afinal de contas se o navio estava perdido eles também estavam. Porém, ficassem descontentes ou não, já não havia nada que pudessem fazer além de olhar para Sankar com aquela desconfiança, talvez até medo.

Foi recebida por tais olhares desconfiados que Lorra Targaryen encontrou-se com Sankar e Waymar, caminhando ao lado do menino Sam com o solo de Dorne cada vez mais próximo de seus pés. Tripulantes distanciaram-se e o Capitão aproximou-se naturalmente pomposo, fazendo qualquer um que não o conhecesse pensar que era um grande senhor das terras de Westeros, encarou Lorra de maneira diferente, mais amigável, o olhar de um pai suplicante, mas nada disse a respeito do trato ou de seu filho. Rezava em seu intimo para que o que fizera fosse o suficiente para a Targaryen, o Nassam e principalmente Tasoor considerarem a tarefa como cumprida.

- Não há muito tempo para que eu me explique da maneira que gostaria, então digo apenas que descerão do navio aqui, próximos das terras de Tor.- Baixou levemente a cabeça e por um instante Lorra pensou que ouviria um pedido a seguir, mas a firmeza logo voltou a manifestar-se no Capitão.- Adeus, Lady Stone. Rezo para que você e sua criança cheguem em segurança em Lançassolar.- Baixou mais uma vez a cabeça, dessa vez em reverencia, e logo em seguida repetiu o movimento na direção de Sankar.- Adeus, Sir.

Com isso, o Capitão Bearson distanciou-se junto do menino Sam e alguns tripulantes, enquanto outros permaneceram para auxiliar Sankar e Lorra com tudo aquilo que precisassem.

Se mais nada tivessem a resolver ali, o cavalo seria carregado e a dupla finalmente desceria nas areias de Dorne, terra de seus mais preciosos aliados, e seguiriam em frente deixando os inimigos para trás lidando com o navio de Waymar. Se seguiriam o conselho do velho Capitão e aguardariam em Tor, ou se sequer iriam para Tor, era necessidade de ambos escolher.

Se o truque com a armadura de Sankar funcionasse e nenhum inimigo fosse enviado por terra naquele momento, poderiam ganhar pelo menos alguns dias de vantagem sobre aqueles que os perseguiam.

Quando Lorra se aproximou, Sankar apenas a cumprimenta sem formalidade, não queria indicar qualquer sinal de realeza em sua companheira. Passou todo o caminho até a praia em silêncio, apenas informou à sua senhora porque não estava em Lançasolar.

- Nosso navio está sendo perseguido e pela indicação de Waymar, seriamos alcançados antes de chegarmos a nosso destino. Seguiremos o resto do caminho a cavalo.

Ao pisar na areia, o Nassam se sentiu aliviado por sair do navio. Abaixou-se e pegou um punhado de areia seca, observava a areia escorrer por entre seus dedos antes de limpá-la definitivamente, um sorriso de satisfação corria por seu rosto, estava finalmente em casa. Antes do Capitão Bearson se afastar completamente, “Sir Dornês” fala:

- De minha parte, sua demanda está cumprida Capitão, nosso amigo saberá que estamos a salvos em Dorne. – Apesar de Sankar não se importar com o acordo que Waymar fizera com Tasoor, reconhecia que lealdade, mesmo que forçada, deveria ser recompensada e o Capitão cumpriu sua parte no acordo.

Esperou os outros marinheiros irem embora e quando estavam a sós na praia, revelou o que havia feito:

- Falei a Waymar que iria para Lançasolar atravessando os desertos, mas na sua atual condição, isso seria uma loucura – falava da gravidez de Lorra – Estamos próximos do Tor, a sede da Casa Jordayne, é uma casa leal aos Martell. De-lá poderemos mandar um corvo para Lançasolar. O que a senhora acha?

Sankar iria a pé pelo deserto e deixaria seu cavalo para que a pequena dragão pudesse montá-lo. Iriam devagar pelo deserto e lembrou-se de fazer uma ultima conferência em seus mantimentos antes de partir em direção ao Tor. Queria a certeza que teriam água o suficiente para a passagem pelo deserto. Apesar de ser uma viagem curta e seguiriam pela costa, o deserto era cruel, mesmo com o ar mais úmido do mar os acompanhando.

O Dornês não dava importância ao que poderia ocorrer com Capitão Waymar e sua tripulação. Na sua visão, deixar o velho Bearson e sua tripulação vivos eram um problema para os dois. Ele deveria matá-los, pois eram os únicos que poderiam colocar os Lannisters no encalço dos dorneses, mas não havia tempo para uma matança, já estavam sendo seguidos de muito perto e um navio não navega sozinho. Viu a preocupação de sua senhora e não entendia a empatia que Lorra tinha por simples marinheiros.

- Se forem espertos e tiverem um pouco de sorte! Sim, terão alguma chance. - Uma mentira para tentar tranquilizar a Targaryen - Mas a senhora já pensou que o navio pirata pode ter sido enviado por Cersei e seu filhote usurpador para matá-la? - Esperou um segundo antes de continuar - A Milady deveria torcer para que Waymar e sua tripulação morresse antes de ser interrogado, senão ainda teremos os Legalistas em nosso encalço.

O herdeiro dos Portões do Inferno se preocupava apenas com o que poderia atrapalha com sua missão, para ele, Waymar já estava morto e os Lannister logo saberiam onde eles estavam, torcia apenas que sua mentira funcionasse e os rastreadores dos leões acreditariam que ele e Lorra estavam a caminho de Lançasolar através do deserto.

- Em todo caso, fizemos tudo o que era possível para ajudá-los. Agora se a Milady quiser fazer mais, peça a Mãe misericórdia e ao Estranho, para olhar para o outro lado.

Após conferir por mais uma vez seus mantimentos para a breve viagem rumo ao lar dos Jordayne, certamente aliados que os receberiam, Sankar aprontou-se e cedeu seu lugar sobre o cavalo para Lorra, gestante que enfrentaria o deserto logo depois de ter safado-se do convés de um navio perseguido por seus inimigos.

A Targaryen havia mostrado interesse no destino do Capitão Bearson e seus homens, preocupação esta que não era compartilhada por seu amigo dos Portões do Inferno. Infelizmente a dura realidade era que se os dois quisessem chegar em Lançassolar em segurança, deveriam torcer para nunca mais verem o velho Bearson vivo, pois significaria que os caçadores morderam a isca.

De qualquer maneira, os dois viajaram pela costa como podiam, evitando seguir nos caminhos pelos quais o deserto os conduziria. Eram lentos em sua caminhada pois precisavam ser, já que cada vez mais o clima tortuoso parecia pesar para Lorra, que começou a sentir incomodo antes do esperado, ficando a dúvida se o mal estar era causado somente pelo lugar onde estavam ou por algo mais. A brisa vinda do mar certamente servia como um alivio quando vinha e tornava a situação mais fácil de se lidar, porém não chegou nem ao menos perto de tornar a viagem "agradável".


Como prometido e já esperado por Sankar e Lorra, o navio os havia deixado realmente próximos do Tor. Antes que o sol ameaçasse deixar seu lugar no céu, o castelo de Trebor Jordayne apareceu a vista como um ponto seguro surgindo próximo a costa do Mar de Dorne. E com a ausência de qualquer inimigo perseguindo-os até ali, era fácil deduzir que a armadilha de Sankar havia sido efetiva, ao menos a principio, o que somente servia para alegrar ainda mais os cansados viajantes.

Quando o foco na imagem do castelo não muito distante diminuiu, ambos puderam enxergar dois velozes cavalos escuros atravessando o pequeno pedaço de deserto que os separava, vindo em sua direção como se corressem em terreno plano sem quaisquer dificuldades que a areia poderia causar. Obviamente tratava-se de lacaios de ronda para simples reconhecimento daqueles que vinham de encontro aos Jordayne, e como era de costume provavelmente seriam hostis no inicio da abordagem.

O Dornês dos Portões do Inferno sentira cansaço por algumas vezes, natural da viagem até ali feita pelos mares e pelo deserto, mas sentia-se revigorado com o simples contemplar de Tor. Lorra partilhava do novo animo, mas o enjoo que sentia a apressava para abrigar-se logo.

OFF:

Sankar estava tão acostumado a ser o rebelde, o mercenário, o espião ou o invasor que havia esquecido que hoje ele era o protetor de uma rainha e havia legitimado as crias do usurpador. Observava sua senhora enquanto era repreendido e apesar de não demonstrar qualquer reação, sorria por dentro. Estava vendo um dragão mostrar seus dentes e logo ela iria cuspir seu fogo, mau via a hora disso acontecer.

- Sim minha senhora, como desejar. - Disse-lhe antes de retomar seu caminho pelo deserto.


O Sol de Dorne era feroz, Sankar sabia disso e oferecia agua a sua senhora grávida o tempo todo. O velho Dornês estava acostumado, mas o deserto não era agradável nem mesmo para ele. Sabia que se mantivesse o mar a sua direita, chegaria ao Tor. No fim do dia, quando o sol já estava se escondendo, deixando o ar mais agradável, o Tor pôde ser visto no horizonte.

Viu os dois cavalos se aproximando, com certeza eram Corceis da Areia. - Veja minha senhora, Corcéis da Areia. - Sankar estava feliz, amava os corcéis de sua terra natal - Veja como correm, são ágeis, esguios e belos. Não são aquelas criaturas desengaçadas que o norte cria como cavalos. - sua casa criava os corcéis da Areia a gerações e conheciam todos os seus segredos - Sabe Lady Lorra, minha casa cria essas obras-primas da natureza desde os tempos de Nymeria - Acariciava o pescoço de seu corcel enquanto falava - Não são criaturas para o trabalho pesado, foram feitas para correr, a velocidade está em seu sangue. - Ele continuava a falar sem perceber se Lorra estava ouvindo - A força da cavalaria dornesa está em sua velocidade, não em sua força. Atacamos onde não somos esperados, somos rápidos. Se o Inimigo nos espera, damos a volta e atacamos pelo outro flanco. Se somos confrontados por outra cavalaria, recuamos e damos a volta para atacar a infantaria desprotegia que ficou para trás. - ele fazia gestos com as mãos enquanto demonstrava como a cavalaria dornesa podia ser eficiente.

Começou a contar como fazia para uma cavalaria estrangeira se perder nos desertos de Dorne, um a um, morriam de sede ou eram alvejados pelas lanças dornesas. Esperou que os batedores chegassem próximos para oferecer as mãos nuas em sinal de boa vontade e na primeira oportunidade se apresentaria como herdeiro Nassam e exigiria o dever de pão e sal de Lorde Jordayne.

Não demorou muito para que os dois velozes animais chegassem ao encontro da dupla. A patrulha de reconhecimento, dois cavaleiros trajando proteção leve com os rostos parcialmente cobertos por tecidos que em tempos distantes já foram belas coberturas de cor amarela, mas agora mantinham somente sua utilidade na proteção contra o clima e as areias. Como esperado, os dois chegaram ainda em alta velocidade e rodearam Sankar e Lorra com os cavalos, mesmo após o sinal de boa vontade de Sankar. Lanças para cima e olhos analíticos nos dois viajantes.

- Identifique-se.- Exigiu o maior deles, impaciente e de guarda alta, sem esquecer-se por um segundo sequer da possibilidade de ter que lutar contra o homem com quem falava.- Seja rápido.

Obviamente que o tom exigente e a alta moral do soldado foram desapareceram instantaneamente assim que Sankar apresentou-se. Baixou a cabeça e tentou corrigir-se de maneira desajeitada, enquanto o outro cavaleiro aproximou-se e revelou as barbas grisalhas por trás do tecido velho.

- É um privilegio ser aquele a recebe-lo, Sir Sankar. Por favor, você e sua acompanhante, sigam-nos.- Reverenciou por fim, apressando o abrigo para os dois ao perceber o mal estar da gestante.

Sem mais delongas, os dois foram guiados pelos cavaleiros dorneses pelo pequeno trecho de deserto que os separava do Tor. O ritmo de corrida imposto pelos incansáveis corcéis da areia em nada ajudaram Lorra, que sentia o mal estar oscilar entre desconfortável e insuportável, tendo somente a certeza de que sua agonia estava perto do fim como consolo e razão para segurar-se.

Quando chegaram, alguns poucos segundos foram o tempo que tiveram de esperar por uma recepção minimamente digna de quem eram, pois os dois cavaleiros "guias" trataram de alardear e apressar todos os soldados e serviçais presentes como se estivessem em meio a uma guerra.
Duas mulheres, uma jovem e outro velha, rapidamente dispuseram-se a auxiliar Lorra com o que fosse necessário, enquanto outros tomavam a iniciativa de levar o cavalo e carregar os pertences dos dois recém-chegados.

Com tudo providenciado ou perto disso, uma mulher aproximou-se descendo a escadaria da torre vigia próxima ao portão principal, onde Sankar e Lorra se encontravam. Era esguia de uma maneira delicada, cabelos curtos e negros como seus olhos, pele cor oliva e vestes como a dos cavaleiros que os guiaram, mas tão boas quanto as que recebem os cavaleiros de mais renome.

- Sir Sankar Nassam.- Reverenciou com seriedade.- Lorde Jordayne o aguarda, se estiver disposto o suficiente para vê-lo agora.- Voltou-se para Lorra, que estava cercada pelas duas serviçais, e pareceu hesitar com o que tinha a dizer ao perceber que a viajante estava grávida.- Lorde Jordayne gostaria de conhece-la...saber quem és. Quando estiver disposta, claro...

Aguardaria a resposta para retirar-se e guia-lo(s) se preciso. Por todo o caminho até ali enfrentado, por Lorra carregar uma criança e pelo nome da Casa Nassam, dispensar o convite provavelmente não seria visto como uma grosseria.

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