[Livro II] Terra

- Isso está cada vez mais estranho - disse Mei, ao ver que a Fênix e nem a criada sabiam do que se tratava a peça ensanguentada na lareira - será que esse Akodo sabe de algo?

off: apenas roupas íntimas/de dormir.
on:

Como se conjurado pelas palavras de Mei, o relincho de um cavalo pode ser ouvido e uma criada anunciando a sua senhora da chegada de Akodo Shinji. Logo ele adentra ao recinto e cumprimenta novamente a todos se dirigindo primeiro a Toda Yuma:

- Lamento, senhora, ainda não encontramos nenhuma notícia do seu irmão... Bayushi Eiko solicitou que buscássemos ajuda com os Escorpiões. Claro que inicialmente eu iria recusar, nunca se sabe o que eles podem estar tramando, mas dadas as condições...  De qualquer forma, recomendei que ela consultasse Suzuya-sama e então vim correndo para cá. - ele se vira para as duas - E então, encontraram algo que possa ser útil?

O desespero na sua voz era quase palpável, embora ele tentasse não demonstrar. Cabia agora a ela contar o que sabiam (princípio do bushido) e fazer suas próprias indagações. Ainda havia o quarto de Toda Honzo para investigar e possivelmente onde mais achassem necessário. Também havia o fato de Sogetsu parecer ter sumido naquela hora.

Ouvindo um cavalo relinchar, Mei fica atenta e apenas vê Akodo entrar, ele parecia preocupado, mas isso não abalou a Garça, que apenas ouviu as indagações do rapaz. Sabendo que seria a porta-voz naquele momento, Mei começa a falar:

- Ainda há um cômodo para olharmos, mas sabendo que seu nome está no diário dela, sugiro que você diga o que está acontecendo. Qual sua ligação com a moça? Ou por que ela queimaria suas roupas íntimas? Isso é, se foi ela mesma que as queimou.

Não havia qualquer vestígio de emoção na voz e na postura de Mei, estava fria como uma rocha.

- Diga algo que possa nos ajudar.

O Leão fica um pouco abalado com as palavras da Garça, mas responde prontamente:

- Somos... Amigos de infância. Confidentes em tudo, ou quase tudo. Estive com ela quando ganhou seu primeiro cavalo, quando caiu e quebrou um dente ainda criança, quando recebeu elogios como melhor aluna da escola de artes... Dentre outros momentos de maior e menor importância. Por isso notei que o kimono do seu gempukku havia sumido... Será que ela partiu deliberadamente? Simplesmente não acredito que ela possa ter feito isso. - As mãos do rapaz se fecharam enquanto ele abaixava a cabeça, como se estivesse lidando com pensamentos ruins demais para se enfrentar.

- Mas, queimar roupas, você diz? - Ele olha para os outros que confirmam. - Não vejo porque ela faria isso.

Mei via que dificilmente arrancaria mais coisas úteis de alguém apaixonado como ele estava pela garota. Qualquer segredo sórdido provavelmente ela já teria descoberto...

Eis então que Sogetsu volta dos jardins e anuncia:

- O espírito dessa casa falou comigo. Não temos tempo a perder e agora sei quem pode nos dar respostas. - Ele vira-se para Toda Yuma - Senhora, aquelas histórias sobre aranhas e pesadelos do seu tio talvez não sejam meras superstições. O kami nos guia para lá e essa ameaça é ainda maior do que inicialmente eu imaginava.

- Ela nunca lhe contou sobre pesadelos estranhos, algo que lhe afligia ou sobre alguma nova amizade? - perguntou quando Akodo Shinji apareceu. Não custava perguntar novamente esse tipo de coisa, agora que estava confirmado aquele laço. Mas era inútil, ele simplesmente não liberava mais nenhum tipo de informação.

- Não acredito que ela tenha queimado as roupas sozinha... - comentou por alto, para a mulher da Garça. Referia-se À ideia de possessão quer tiveram anteriormente.

Antes que terminasse sue pensamento, Sogetsu voltava com novas informações.

- Sogetsu-san, o que descobriu? Olhou o cômodo restante? - não gostaria de deixar o local sem que tivessem todas as pistas possíveis - Se já sabe para onde devemos ir, então vamos partir.

Era claro nas feições de Mei que ela não tinha ficado satisfeita com a explicação do rapaz, mas não tinha muito o que ela podia fazer.

- Sua resposta não me convenceu, mas não vou perder tempo com isso - falou séria - vamos nos concentrar na investigação. Há mais um cômodo para averiguarmos.

Então Sougetsu aparece e dá uma boa dica, apesar de estranha a maneira pela qual ficou sabendo.

- Alguém para nos dar respostas? - um fio de esperança - concordo com ela, devemos ir até essa pessoa.

- Exato, temos a certeza de um caminho porque os kamis estão a nosso favor. Um deles tomou a forma de Yukio, mas disse que não podia mais se deter aqui, o que prova o perigo que a garota pode estar correndo. Não acho que devemos nos deter muito por aqui. Vocês descobriram algo mais?

Shinji saiu do seu torpor num súbito ao ouvir as palavras de Sogetsu:

- É de Toda Nichiren de quem falam? Eu e Minako-hime sempre escutávamos as suas histórias até ele se retirar para o mosteiro de Okakura. Posso levá-los lá imediatamente se é isso que querem.  

Toda Yuma confirmou e enquanto saíam do quarto, Hiruko acabou presenciando uma conversa meio inusitada entre o Akodo e a criada, Ikue:

- Tem certeza que ela não estava.. Naqueles dias?  

Ambos coram enquanto Ikue fala sem jeito que a ama e ela estavam convencidas disso..

off: agora vcs decidem para onde ir: se forem investigar o outro quarto façam um teste para isso. Vcs tbm podem procurar outra coisa pela casa. Ou então irem para o mosteiro seguindo a pista de Sogetsu.

A Garça e o Leão tem uma velha rivalidade tbm, shamps. Então é como se vc tivesse entre inimigos de certa forma, o que é sempre bem perigoso (existe sempre os extremistas)..

Mei ouve com atenção as palavras de Sogetsu e Shinji e tira suas conclusões.

- Sei que não temos tempo a perder e devemos seguir para Okakura, mas não devemos deixar passar nem uma pista. Vamos ver logo o outro aposento e partir.

Sem delongas ela vai saindo do quarto, aguando a responsável para guia-los até o outro quarto.

Hiruko fingiu que não tinha ouvido aquele comentário estranho de Akodo. Minako e ele tinham bastante proximidade para ele falar das intimidades da garota daquela forma.

- Está bem, tem razão. Enquanto isso eu darei uma última conferida pelo local.

A samurai saiu para fazer um "check up" geral nos ambientes, em busca de algo que lhe chamasse a atenção.

A busca no quarto de Toda Honzo é rápida porém meticulosa. Era um quarto um pouco maior que o da filha, igualmente espartano, mas com móveis de boa qualidade.

Uma porta shoji levava para um cômodo menor onde um suporte devia mostrar a armadura ancestral da família e armas, no entanto não havia nada ali (foram informados que Honzo se armou com elas e partiu misteriosamente quando foi atrás da sua filha).

Uma outra porta levava a um escritório e foi lá que acharam as únicas coisas que poderiam interessar ali: entre os pergaminhos sobre a mesa que haviam sido deixados intocados, havia muitos documentos descrevendo a genealogia da família Toda, como se tivesse sido uma preocupação muito recente um estudo como aquele. Podia-se notar facilmente uma linha direta que pára em Honzo e sua filha. Em caso de sucessão, a herança iria totalmente para o parente mais próximo, que não é outro senão Yuma.

Uma opção era olhar mais atentamente os papéis em busca de algo mais, mas Sogetsu apressava a investigação. Ele parecia realmente muito impaciente agora, coisa pouco comum entre samurais. Talvez ele tivesse seus motivos.

Mei olhava a papelada com atenção e não estranhou ver que dois herdeiros estavam desaparecidos e que Yuma seria a pessoa beneficiada.

- Interessante! Na ausência de Honzo san e sua filha, quem se beneficia é Yuma san.

Ela resolve analisar aqueles documentos. É sempre bom descartar todas as possibilidades.

- Pode ter algo mais aqui. Vamos olhar. Isso não pode ser tão óbvio!

Mei não estava lá para causar um crise diplomática, por isso gostaria de desfazer qualquer tipo de mal entendido. Ainda tinha a pista de Sogetsu.

Mei fez bem em olhar os papéis com mais cuidado pois encontrou um rascunho de carta provavelmente escrita por Honzo. Este anuncia sua intenção de visitar o destinatário em um certo templo o mais rapidamente possível para "discutir um assunto de extrema importância" (a carta conclui com esta frase).

Ela mostrou a carta para Hiruko e disse:

- Já temos nosso destino!