[ON] A Agonia de St. Margaret

Durante a viagem eu me calo, não falo muito e apenas falo quando falam comigo, tento não ser mal educado, mas a cada nau que avançamos eu fico mais e mais ansioso. Elizabeth se mostra interessada nas nossas motivações, e quando a veja perguntante a nos o porque de irmos a ilha eu digo a ela com discrição: Elizabeth, nos estamos sob disfarce, não permita que o capitão ou a tripulação saiba o que estamos indo fazer.
Pouco depois sinto como se tivesse sido duro com ela, mas isso é para o nosso bem.

E uma das noite eu começo a perguntar ao capitão o que ele sabia sobre o ultimo grupo que ele havia trazido para a ilha ? Tento obter dele qualquer informação que possa de todos que estavam presentes quando Dasy veio meses atrás.

Elizabeth tinha resolvido que seria bom aproveitar a viagem para conhecer as motivações do resto do grupo e tinha conseguido trocar algumas informações sobre quem procuravam quando Jason a alertou que talvez fosse melhor se manter discreta sobre suas intenções na ilha. Depois disso, acaba optando por passar o resto da viagem na companhia de Laureen e quando finalmente se cansava dos comentários irônicos da irmã, voltava a atenção para os dois recortes de jornal que trazia consigo, apesar de não conseguir tirar muita informação útil do texto.

Em uma das noites, escuta Jason questionando o capitão sobre o último grupo que ele havia trazido à ilha. Como já tinha sido alertada para não chamar atenção, prefere continuar em seu canto, fingindo estar entretida com sua leitura, mas ouvindo atenciosamente à conversa dos dois.

***

Era fim de tarde quando avistaram a ilha ao longe. Começando a se sentir ansiosa novamente, parou ao lado da irmã, observando o penhasco surgir diante deles com um edifício antigo no topo.

-Simpático, não? - tentou sorrir para a irmã, imitando seu tom sarcástico para disfarçar o nervosismo, sem muito sucesso. A praia fria e deserta, o prédio velho e malcuidado, somado àquela névoa estranha era o completo oposto do que poderia ser descrito como simpático.

Dia 1

Salvatore se dispôs a explicar o que fosse do interesse das irmãs Saunders, tudo com extrema discrição em relação aos tripulantes da embarcação. No mesmo dia mais tarde, depois do jantar, sugeriu uma reunião para colocar todos os retratos juntos, lado a lado.

Para os que compareceram à reunião, Salvatore disse:
- Em breve, essas fotos deverão estar muito bem escondidas! Esquecidas até! - falava em tom baixo, olhando cada um por cima da fina haste dos óculos - Elas podem acabar com o disfarce, sem o qual.... - Salvatore não sabia exatamente como terminar a frase. Pensava que eles poderiam ser expulsos da ilha, processados por falsidade ideológica, talvez até sentenciados a pagar algum tipo de fiança pesada, mas ali, olhando as fotos dos desaparecidos, as possibilidades iam além. - ... Só Deus sabe!  

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Dia 2 e 3

Do segundo dia em diante Salvatore procurou ficar calado, estava com o ânimo arrasado: a matemática do tempo era inversamente proporcional à fé. Tinha recontado os dias desde que recebera o telegrama com a foto de Déborah, estipulava o tempo que levaria para o telegrama chegar à sua residência, e só podia imaginar o tempo decorrido entre o desaparecimento e a devida notificação do mesmo às autoridades. Tinha todos números e a soma anotados numa folha:

"marco zero: EVENTO (off: termo utilizado por Salvatore para substituir a palavra "desaparecimento")
+ 1 dia para constatação;
+ 4 dias de viagem de barco (trajeto: St Margareth - Inglaterra);
+ 1 dia para DIVULGAÇÃO (OFF: "alertar autoridades, confecção E postagem dos 4 telegramas");
+ 14 dias de viagem da correspondência para Stívan, Jason e Savatore via navio;
+ 1 dia para a distribuição da Correspondência;
+ 1 dia para entrega;
+ 2 dias DE PREPARO para a viagem;
+ 14 dias de viagem (destino: Inglaterra);
+ 4 dias de viagem (trajeto: Inglaterra - St. Margareth).

Total: 42 dias "
(off: correções serão bem-vindas aqui)


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Dia 4

Chegada à St. Margareth.

Salvatore baixou os óculos de leitura para contemplar, perplexo e assombrado, o edifício no topo da ilha.

- Mas o que... - esboçou uma pergunta, mas a visão da ficava cada vez mais assustadora, a névoa cintilante dificultava ainda mais o raciocínio.

Um calafrio percorreu o corpo do escritor enquanto o capitão falava sobre sua experiência, sobre as estranhezas e dos motivos para ele continuar ali.

- Na verdade, capitão... - recuperava-se lentamente do espanto, mas mantinha o olhar entre a névoa e o prédio melancólico - ... eu desconhecia esta paisagem! Posso dizer agora que é bem inadequada para um internato! - continuou sem conseguir esconder sua revolta.

- Capitão, o senhor sabe quantas alunas temos previstas para este ano? saberia informar se alguém do corpo docente já se encontra no colégio? Sou recém contratado, sabe? Coordenador pedagógico! - O escritor, acostumado a ser otimista e sincero, não era acostumado a mentir daquele jeito, ainda mais ao vivo, o que fez sua última frase parecer um tanto quanto inquisidora no início, abrandando no meio e quase relutante no final.