Por fim, Stívan havia acompanhado Salvatore durante a longa subida a pé até o Internato enquanto Jason ficou no Ford para a proteção das irmãs Saunders. Durante o caminho, o ex-militar havia perguntado se podia chamar o professor Althorp de Bartô, e ele apenas dá de ombros, dando a entender que para ele tanta fazia ser chamado assim ou não. A respeito da ameaça em relação ao novo coordenador pedagógico botá-lo no olho da rua, Bart apenas soltou uma rara risadinha de canto de boca, pois ele já havia expressado o seu desejo de sair da escola. Em seguida, Jason resolve puxar assunto sobre os antigos professores da escola. Com um novo suspiro, Bartholomew responde:
| - Ah, sim, eles sumiram. Eu não fui muito com a cara deles, pois eles andavam quase sempre juntos. Uma vez a Mary, a cozinheira, me disse que ouviu uma conversa deles chamando a si mesmos de os Caçadores da Verdade, mas quem se importa? |
Bart deu de ombros e seguiu conduzindo o velho Ford até o Internato.
- Pista Adicional:
Ao usar a Habilidade Interrogação no professor Bartholomew Althorp, Jason descobriu a seguinte informação:
"As pessoas que os Investigadores estão seguindo gastavam muito tempo juntos. Eles chamavam a si mesmo de Os Caçadores da Verdade."
Essa pista foi liberada com o gasto de 1 Ponto de Reserva da Habilidade Interrogação, já que é uma pista adicional.
CAPÍTULO 2: O INTERNATO
Dia 22 de Agosto de 1934
Ala dos Funcionários, InternatoEnquanto cada um seguia para conhecer os seus novos cômodos, Stívan tratou de perguntar qual era o melhor horário para usar o banheiro comum, e recebeu a seguinte resposta do zelador:
| - Depois do Chá da Tarde a maioria já vai para os seus dormitórios repousarem, então o corredor aqui fica mais vazio. |
Em seguida a porta de um dos quartos é aberta e as duas irmãs saem de lá para se dirigirem, juntas, ao banheiro. Stívan não deixou de notar o olhar de cobiça que George Marr lançou às costas das meninas, mas ficou aliviado ao ver que o zelador aparentemente não carregava nenhum tipo de arma consigo mesmo. Marr saiu fumando com o seu cachimbo depois disso. Jason, por sua vez, foi até o Salão Comum conhecer as outras funcionárias do Internato.
Rebecca Mackey era uma moça frágil e bonita, e estava usando uma típica roupa de enfermeira. Ela retribuiu com gentileza o cumprimento de Jason, enquanto Agnes Blair, a bibliotecária de olhar triste, quase entrou em estado de choque ao ter a sua mão beijada daquela forma. Ela perdeu a fala por alguns instantes enquanto encarava os olhos azuis do ex-militar.
| - Desculpe o meu desconforto, é que eu... eu não me lembro da última vez que fui beijada assim. Eu estou trabalhando aqui há três anos, mas parece que faz muito mais tempo. Assim como minha amiga Rebecca, eu também nunca deixei a ilha durante todo esse tempo. A noite é mesmo bonita, não é mesmo Rebbeca? |
| - Sim, eu adoro este lugar a noite. Sempre ao anoitecer, antes da luz se desbotar totalmente, eu caminho pelos jardins e observo o oceano. Algumas vezes eu me aproximo da beira do penhasco para poder ver melhor as ondas batendo contra o rochedo. É tão bonito! |
Enquanto as palavras de Agnes saíam com uma dose de tristeza inexplicável, as frases ditas por Rebecca eram sonhadoras. Ela ficou olhando pela janela do Salão Comum enquanto divagava sobre as sensações de observar a paisagem marítima durante a noite. A bibliotecária concorda em apresentar todo o lugar à Jason, mas diz que só poderá fazê-lo amanhã. Sendo assim, Jason se retira para terminar de se arrumar para o Chá da Tarde.
Elizabeth e Laureen, após o banho tomado de água fria, também foram se apresentar às duas moças, assim como Salvatore, este um pouco mais distante e adotando uma postura analista. Elizabeth puxa a conversa com Rebecca, uma vez que as duas iriam trabalhar juntas.
| - Oh, é um prazer enfim conhecê-la. Eu fiquei muito feliz quando a diretora atendeu os meus pedidos para contratar alguém para me ajudar. Sabe, eu não estou mais dando conta sozinha. As crianças são uns amores, claro que de vez em quando elas aprontam, como toda criança, mas a verdade é que são bem disciplinadas pela diretora Anthea. O problema é que temos algumas mocinhas internadas no Sanatório desde o fim do ano letivo anterior e eu preciso de ajuda para cuidar delas. E, ah, não se preocupe, elas tem apenas algumas pequenas escoriações e resfriados, mas está tudo bem, são só peraltices de crianças. O Sanatório fica em anexo ao Internato, eu posso mostrar a você depois da janta. |
Acostumada com o papo de médicos e enfermeiras, Elizabeth percebeu que Rebecca Mackey estava relativizando a situação das garotas, que poderia ser muito pior do que o que foi apontado pela enfermeira.
- Pista Central:
Ao perguntar sobre as crianças utilizando a Habilidade Avaliar Honestidade, a enfermeira Elizabeth descobriu a seguinte pista, importante para avançar na história da aventura:
"Aqui tem muitas crianças doentes, que são levadas ao Sanatório."
Essa pista foi liberada sem a necessidade de gastar Pontos de Reserva, já que é uma Pista Central.
Salvatore, por outro lado, não podia afirmar com toda certeza de que Rebecca mentira, mas era certo supor que ela estava escondendo pedaços de informações. Sobre a bibliotecária Agnes Blair, a moça apenas se limitou a cumprimentá-los com um olhar cansado. Não havia muito mais tempo para conversas ou análises, pois a hora do Chá da Tarde tinha chego.
Dia 22 de Agosto de 1934
Salão do Jantar, InternatoNa Salão de Jantar, os novos funcionários observaram que o Internato de St. Margareth seguia o modelo de instituições acadêmicas tradicionais, como Oxford e Cambridge. Havia uma mesa na cabeceira do salão, de forma horizontal sobre uma pequena plataforma, conhecida como a Mesa Alta.
Às 18h20, os professores e principais funcionários sentaram-se na Mesa Alta. Nela, além de Jason e Stívan, os novos professores do Internato, sentaram-se também o coordenador pedagógico Salvatore, a enfermeira Elizabeth e a secretária Laureen. Juntaram-se a eles o professor Althorp, a enfermeira Mackey e a bibliotecária Blair, além de outros rostos desconhecidos que faziam parte do corpo docente. Enquanto isso, as alunas iam entrando sem chamar a atenção, tomando seus lugares nas outras mesas do Salão de Jantar, perpendiculares a Mesa Alta, que possuíam bancos como assento.
O velho salão vitoriano estava tomado de um estranho silêncio, que abraçava e oprimia todos os presentes.
As alunas olhavam melancolicamente para os pratos vazios postos na mesa. Os antigos funcionários mantinham suas expressões habituais: Althorp com seu rosto velho e cansado denotando que nada lhe importava, Mackey com seu contido sorriso fixado num ponto distante e Blair com sua expressão de desalentada tristeza.
Exatamente às 18h30, uma senhora de cerca de 50 anos adentrou o Salão: a diretora Anthea Davis. Alunos e funcionários se levantaram com sua chegada e, após ela dizer com uma voz imperativa e autoritária "boa noite, alunas e funcionários", todos sentaram novamente. Seguindo para a Mesa Alta, a diretora cumprimentou com gestos pequenos e contidos cada um dos novos funcionários ali presentes, dando as boa vindas e perguntando se a viagem fora tranquila. Foi perceptível que a diretora notou o péssimo estado em que se encontrava Salvatore, mas o tratou cordialmente, como já havia tratado a todos.
Assim que a diretora Anthea sentou no centro da Mesa Alta, o zelador Marr entrou com o que seria servido naquela noite. Já a Mesa Alta foi servida pessoalmente pela cozinheira, uma senhorita chamada Mary Clegg, que cumprimentou a todos com uma fala cantante e um sorriso ao final de cada frase.
A comida desta noite fora bacalhau cozido em leite. Todos notaram que o alimento era comestível, mas sem gosto, o que era estranho para quem compreendia um mínimo de gastronomia, já que bacalhau possui um gosto forte e peculiar. Eram os receios de Laureen se confirmando: a comida do Internato era ruim. Para acompanhar essa insossa refeição, fora servido na Mesa Alta um bom vinho tinto italiano, que trouxe a Salvatore recordações familiares.
Após todos terem terminado a refeição, a diretora Anthea voltou a se levantar de seu assento e o salão mergulho em um novo silêncio. As alunas, todas entre 8 a 13 anos de idade, pareciam não mover um fio de cabelo enquanto esperavam o pronunciamento da diretora.
| - Mais um ano letivo está começando. As aulas para todas vocês começam amanhã. As mesmas normas dos outros anos estão valendo para esse. Cumpram os horários e se esforcem para irem bem. Os acontecimentos do passado ficaram no passado e não quero que pensem nisso. Como podem ver, nós temos alguns rostos novos sentados na Mesa Alta. Nesse momento eu gostaria então que cada um de vocês, novos funcionários, se levantassem da cadeira e se apresentassem, dizendo seus nomes, as funções que ocuparão e um pouco sobre como chegaram até aqui. Um por vez, a começar da direita para a esquerda. |
A diretora voltou a se sentar, sempre com as costas retilíneas. Sua voz era alta e imperiosa, e suas frases eram pontuadas por gestos pequenos e contidos. Anthea parecia um carvalho podre: forte e saudável por fora, mas apodrecida por dentro.