[Suporte aos Jogadores] A natureza das Fadas

A Crisálida

   
Parte carne e parte sonho, as aparência dos Changelings reflete a sua natureza dual. Changelings veem um ao outro em suas verdadeiras formas (comumente chamadas de fae mien). Todavia, a banalidade encobre essa forma, ocultando-a do mundo sob uma aparência quase humana, chamada de aspecto mortal.  Apesar disso, os Changelings não mudam entre as duas formas, como os  Metamorfos. A aparência de um Changeling depende de quem a observa e a sua proximidade com o Sonhar.

Changelings são tanto nascidos quanto feitos. Nascidos em corpos de bebês humanos, a maioria dos Changelings passam a primeira parte de suas vidas como crianças normais, algumas vezes alcançando sua adolescência ou até mesmo a maturidade antes que a sua alma feérica, pertencente ao Sonhar, se manifeste. Independente de quando — ou como — o espírito Changeling emergir, essa transformação começa com um explosivo, e muitas vezes traumático, despertar interior conhecido como a Crisálida.  

Dicas que a crisálida está se aproximando:

Muitos Changelings crescem como mal ajustados à sociedade humana. Mesmo como crianças, alguma essência feérica se agarra a eles, os fazendo ser rotulados como “excepcionais,” “dotados” ou — muito apropriadamente — “fadados”. Esse sentimento de não pertencimento vem da alma Kithain nascente, ainda quieta, mas agora ativa (perto da crisálida), dentro da carne mortal do Changeling, esperando pela hora e circunstâncias certas para se fazer conhecida. Nesse processo:

• O novo Changeling é assaltado por uma onda de visões, cheiros, gostos e experiências táteis que contradizem a realidade fria e áspera de sua vida até aquele ponto. Muitas vezes essa experiência pode fazê-lo acreditar que está enlouquecendo.
  
• A Crisálida anuncia sua proximidade fazendo mudanças súbitas na realidade mundana do Changeling. Elas podem tomar a forma de flashes de impossíveis — aos olhos mortais —,  como visões, alucinações de criaturas místicas em lugares improváveis (um unicórnio no escritório do chefe, por exemplo), períodos de separação de personalidade ou a sensação de que outra pessoa tomou residência em sua mente. Poucos changelings percebem o que lhes está acontecendo; alguns, na verdade, procuram ajuda psiquiátrica ou médica.
  

A dança Onírica:

Quando a hora chega, normalmente no momento mais inoportuno na vida de um changeling, os avisos acabam e a Dança Onírica começa. Esse é o ponto alto da Crisálida, quando o mundo de um novo Changeling se refaz. O vulcão entra em erupção, a terra treme e os rios se separam e fogos de artifício cósmicos anunciam que o Changeling está sendo libertado da tirania da forma e razão.

Glamour rodeia o Changeling que desperta, envolvendo-o na substância do Sonhar, para que nada que ele veja, sinta, escute, cheire ou prove traga qualquer lembrança aos sentidos triviais que uma vez o conectaram com o mundo fora de seu corpo. Na verdade, durante a Dança Onírica o novo Changeling tem dificuldade em perceber aonde seu corpo físico termina e onde o mundo de experiência começa.

O Changeling mergulha em um confronto direto com o Sonhar pela primeira vez. Cercado de Glamour, ele vê seu verdadeiro eu brilhante na realidade quimérica. A Bruma que enevoou sua mente até agora se afasta, revelando como o mundo é visto através dos olhos dos Changelings — um mundo formado por Glamour e cheio de magia.

Seus pensamentos despertos e seus sonhos mais profundos (ou pesadelos) se tornam os companheiros de sua Dança Onírica — e atraindo a atenção de todo Changeling na vizinhança. Normalmente essas criações quiméricas invadem a realidade ao redor, superando a Banalidade e dando lugar a rumores de dragões no centro de grandes cidades.

Nem todos os changelings podem enfrentar a intensidade da Dança Onírica. Alguns sucumbem à loucura, conforme as paredes de suas fachadas humanas desmoronam a sua volta. Outros se refugiam na Banalidade, negando forçosamente a realidade de suas experiências e se negando a aceitar outra além da “normal.” Uns poucos se voltam contra o Sonhar e tudo conectado a ele, juntando-se aos Dauntain, os destruidores do Sonhar.

Um Changeling fica muito vulnerável nesse despertar para sua nova vida.  Incapaz de entender a onda de transformações sensoriais que estão explodindo a sua volta, espalhando Glamour como um farol. Isso permite que todo tipo de criatura possa o localizar facilmente e tornando-o uma presa fácil para alguns dos moradores sobrenaturais do Mundo das Trevas, assim como  para aqueles que caçam Changelings.

A tutela

   

Uma vez que um changeling tenha passado pela Dança Onírica e esteja consciente que ele é uma das fadas exiladas, ele agora tem que encontrar um lugar entre os seus. Normalmente, outros Kithain trazem o novato à Propriedade Livre mais próxima. Ali, o novo changeling começa sua educação como um filho do Sonhar.

Ele aprende a razão para a experiência esmagadora que ele acabou de passar e descobre sua verdadeira natureza, como também seu Kith. Ao mesmo tempo, ele adquire um mentor, que o “adota” e age como seu guardião e tutor durante o primeiro ano depois de sua Crisálida.

Por causa da família mundana do novo Changeling (se ainda houver uma) não entender as profundas revelações induzidas pela Crisálida, o mentor e seus companheiros se tornam uma segunda família para o novato. Para proteger os laços entre guardião e protegido, ambas as partes fazem o Juramento da Adoção. Essa normalmente é a primeira experiência que um Changeling tem sobre o poder de um juramento. O mentor é um Kithain mais experiente, normalmente um Rezingão, mas algumas vezes um Estouvado. A escolha do indivíduo que serve para essa posição recai sobre o regente da Propriedade Livre que acolheu o Changeling. Se o novato é um membro da nobreza, o lorde local normalmente escolhe um mentor.

Quando uma mixórdia — um grupo de Kithain plebeus — descobre um novo Changeling, raramente entregam esse prêmio nas mãos dos nobres, preferindo adota-lo eles mesmos.

Um guardião Seelie pode ter um protegido Unseelie , ou um nobre tradicionalista pode criar um Changeling com tendências anarquistas fortes. Apesar das diferenças, todavia, a menos que o mentor abuse do laço entre ele e seu protegido, um Changeling normalmente retêm sentimentos de respeito e afeição por seu primeiro protetor na vida.

A consignação

   

O período no qual novos Kithain se acostumam a seus papéis na sociedade Changeling normalmente dura um ano e um dia, e é dividido em duas partes distintas: o tempo de proteção e tempo de observação.

Durante o tempo de proteção, guardiões ou mentores mantém uma observação próxima de novatos Infantes ou Estouvados, tomando a responsabilidade por qualquer transgressão dos costumes ou tradições Kithain feita por seus protegidos. Gradualmente, as restrições aos novatos são relaxadas, e eles começam a interagir mais diretamente com seu novo ambiente e outros Changelings. Esse relaxamento de supervisão marca o começo do tempo de observação. Agora o novato aprende por experiência própria, cometendo seus próprios erros e tomando as consequências de suas ações.

Changelings que passam pela Crisálida mais tarde na vida, depois de terem alcançado a maturidade na forma mortal, recebem um tratamento um pouco diferente. Ao invés de sofrer por um período de adaptação, esses novos “Rezingões” passam a ser convidados de uma propriedade livre ou mixórdia. Eles também recebem instrução sobre sua herança feérica e seu lugar na sociedade Kithain, mas seus anfitriões fazem concessões pela sabedoria e experiência que sua existência humana garantiu.

Para alguns Rezingões “novatos”, a transação entre sua vida anterior e sua nova existência vem como um alívio, uma explicação por todas as sensações estranhas de desconforto e deslocamento que sentiam na sociedade humana. Para outros, a queda de tudo que eles sabiam os coloca em um estado insano, sendo somente  o tratamento mais judicioso capaz de  ajuda-los a se aclimatar.

Quando um Changeling sobrevive com sucesso tanto, a proteção quanto a observação, ele passa por um ritual chamado de Consignação, que o inicia como um membro completo da sociedade Kithain. Durante essa cerimônia, visionários versados em Artes especiais são capazes de partir a Bruma e descobrir o Nome Verdadeiro do novo Kithain.

Esse nome secreto define a relação de cada Changeling com o Sonhar e representa sua essência. Todos os Changelings que passaram por esse ritual sabem que seu Nome Verdadeiro deve ser bem guardado e não deve ser dito a ninguém fora de sua casa ou mixórdia. O conhecimento do Nome Verdadeiro de outro ser dá o poder sobre essa criatura, sendo assim, assim alguns Changelings se recusam a contar seu Nome Verdadeiro a qualquer um.

Os Sidhe passam por uma variação da consignação, uma cerimônia secreta com a presença de apenas membros da casa nobre que supervisionou o novato. Em adição a cerimônia de Consignação, o recém desperto Sidhe passa pelo Fior-Righ, uma prova que testa seus poderes físicos, mentais e sociais. O resultado do Fior-Righ determina a posição e a qual casa nobre ele pertence.

A Banalidade

   

A descrença ameaça a existência dos Changelings. A cortina da dúvida e racionalidade que os humanos criaram séculos atrás, para explicar seus medos, não apenas separa o mundo mortal do Sonhar, ela também corrói a centelha de criatividade que restaura a esperança e a imaginação. Changelings chamam essa negação universal do espírito criativo de Banalidade, pois ela procura reduzir o maravilhoso ao mundano, o milagroso ao ordinário, e o inexplicável ao impossível. É a morte do espírito.

Banalidade afirma que as coisas são como são através de um longo e tedioso processo de causa e efeito. Ela induz um pai cansado a destruir a crença de uma criança em Papai Noel e no Coelhinho da Páscoa. Ela força um estudante talentoso a abandonar seus sonhos de se tornar um grande escritor ou músico em favor de se juntar a força de trabalho, pois seus mentores aconselham  ele a tomar decisões “realísticas” sobre seu futuro.

A Banalidade domina o Mundo das Trevas, jogando sua sombra gelada sobre paisagens urbanas e regiões rurais arruinadas. O contato com essa força malévola ameaça extinguir a chama da magia feérica. Os Kithain temem a Banalidade mais do que temem qualquer outra coisa, mesmo a morte, porque no dia que o último pedaço de Glamour cair, o Sonhar desaparecerá para sempre.

  A Ruína
Banalidade pode ser tão supressiva para um Changeling que o separa completamente de sua natureza feérica, retirando qualquer memória de seu verdadeiro eu e seu laço com o Sonhar. Quando isso acontece, um Changeling esquece lentamente que ele já foi algo além de humano. Seu fae mien se torna tão desbotado que outros Changelings tem dificuldade em o perceber como um dos Kithain. Essa catástrofe é chamada de Ruína, pois ela desmancha a matéria do Sonhar que cerca um Changeling, até que nada sobra além de carne mortal e uma alma vazia.

Contato prolongado com a Banalidade tem seus efeitos na psique de um Changeling, apesar da proteção limitada dada por sua aparência mortal, assim, a maioria dos Changeling procuram qualquer oportunidade válida para escapar da prisão da realidade mundana.

O Glamour

   

Em contraste brilhante com a Banalidade, o Glamour energiza o mundo a sua volta, derramando luz em tudo que toca, transformando o objeto mais ordinário em uma coisa de beleza inimaginável ou terror indescritível. Se matéria forma os tijolos do prédio do mundo mortal, então o Glamour compreende a matéria básica da realidade das fadas.

O Glamour dá poder ao Sonhar, da vida às criações quiméricas e investe substância física com energia mágica. Ele da a habilidade de Changelings criarem castelos a partir de prédios condenados, tecer grandes ilusões que são “reais” àqueles que tocam o Sonhar, e encantar mortais para fazerem suas vontades ou ver o mundo como um changeling vê. Changelings dependem do Glamour para sustentar seu fae mien e para usarem magia feérica. Sem uma fonte constante desse elemento precioso, Changelings logo esquecem sua conexão com o Sonhar e desaparecem em suas aparências mortais e vidas mundanas.

No Mundo das Trevas, Glamour é uma comodidade rara. A Banalidade tem diminuído imensamente o suprimento de Glamour, e Changelings gastam muito de seu tempo procurando por novas fontes e preservando as que ainda existem. A maioria dos Changelings acreditam que, se eles puderem aumentar a quantidade de Glamour no mundo, eles podem reduzir o efeito da Banalidade e eventualmente retornar o mundo ao seu estado mágico original.
Como a maioria das fontes de energia ou poder, Glamour é imperceptível aos sentidos normais. Sem crença, os mortais não podem ver Glamour ou qualquer coisa criada dele. Apesar disso, ele é tão real quanto átomos, vento ou pensamento. Changelings, por saberem que Glamour existe, podem sentir sua presença.

O envelhecimento dos Kith

   
A aparência que um Changeling começa é a idade mortal em que ele passou pela Crisálida e despertou para sua natureza feérica. Assim, um Infante normalmente tem 12 anos ou menos, um Estouvado entre 13 e 20 anos, e um Rezingão é mais velho que isso. Há algumas exceções para esses grupos de idade entre os Changelings, mas a maioria dos Kithain tem aparências próximas aquelas de sua idade mortal. Um Changeling avança em aparência como ele avança em anos mortais. Eventualmente Rezingões caem de enfermidade pela idade e morrem, apesar muitos Changelings serem Arruinados pela Banalidade muito antes de suas aparências mortais morrerem de morte natural.

Sua natureza feérica pode apenas ser destruída por Banalidade pura, como ferro frio. O que um Changeling mais teme é ter sua natureza feérica destruída e perdida para sempre, sendo negada até mesmo a chance de encontrar seu caminho de volta para Arcádia algum dia.

A perda permanente de qualquer Changeling é uma tragédia para todos os Kithain e um sinal do poder maior da Banalidade no mundo, conforme o Inverno se aproxima. Os Sidhe temem o toque frio da morte mais que qualquer outro Changeling, porque seu destino não é tão certo quanto os dos outros Kithain. Quando eles morrem, não há sinal de serem renascidos no mundo mortal como os outros Kithain são. O que acontece com os espíritos feérico dos nobres, quando eles morrem, é completamente desconhecido, e esse mistério negro os amedronta completamente.

   Prevenindo o Envelhecimento


O único modo de prevenir o envelhecimento de um Changeling é ele passando tempo em uma Propriedade Livre. Claro, gastar muito tempo em um domínio é arriscado para um changeling, pois ele pode entrar em Desvario ( o oposto da Ruína, quando um Changeling se enche tanto de Glamour que perde a sua razão mortal). Assim, a maioria dos Kithain balanceiam seu tempo dentro de domínios com tempo no mundo externo. Generalizando, um Changeling com acesso regular a uma Propriedade Livre é bem mais longevos que mortais.

Há rumores de tesouros que podem parar ou até mesmo prevenir o envelhecimento em Changelings, como a mística Fonte da Juventude, mas, até onde se sabe, nenhum desses itens jamais foi encontrado fora de Arcádia.