[JOGO] Christian Ross

Assim que Hughes termina de falar, o major brigadeiro o questiona, algo sobre o desastre, ele não parece muito satisfeito com a falta de informação.  Um pouco atrás, a doutora Wiane segura seu cartão de segurança na altura do peito, com as duas mãos, ela tem um olhar perdido, alheio à conversa.

Você anda pelo corredor e logo encontra o quarto cuja porta tem o mesmo número que o cartão, o quarto é simples, como já seria de se imaginar, uma cama pequena na parede oposta à porta, uma escrivaninha com uma tela emite algumas imagens translúcidas (como uma proteção de tela), à direita tem um banheiro pequeno e algumas prateleiras na parede, mais abaixo duas gavetas.

Apesar de algumas direções nas paredes, tudo na estação é muito parecido, você anda meio sem rumo em busca da sala de jogos, e depois de algumas voltas à esmo você encontra a porta certa, lá dentro vê menos coisas do que imaginava ter, uma mesa de sinuca está sendo utilizada por dois homens, há também algumas mesas redondas com quatro e outras com seis cadeiras, espalhadas pelo ambiente, algumas pessoas jogam cartas, outras dominó, um armário guarda alguns tipos de jogos que não estão em uso, e ao lado outros tacos de sinuca também estão escorados.

As pessoas não parecem muito animadas, e você se lembra dos corpos flutuando pelo espaço, eles provavelmente conheciam muitos dos que morreram no acidente, alguns levantam a cabeça ao te ver entrar, mas ninguém fala nada, um dos homens jogando sinuca acena de leve com a cabeça.

Você é naturalmente animado, e mesmo que isso por vezes o faça parecer até infantil, ainda é de bom proveito em muitas situações, após ser aceito na mesa, o jogo continua com os tripulantes da estação, que só querem aliviar seus pensamentos do ocorrido, e nada melhor que um jogo pra isso, entre uma e outra brincadeira ambos começam a ganhar uma “leveza” no semblante, e depois de alguns minutos chegam outras duas pessoas e pedem licença para jogar também, vez ou outra alguém comenta sobre a Alpha, e você fica sabendo que os dois homens jogando quando você entrou também eram daquela estação, e dos dois que entraram depois, a mulher também era de lá, eles se salvaram pois estavam em missão externa quando tudo aconteceu, nenhum deles sabe dizer o que houve, e concordam que tudo foi muito “estranho”, mas eles não falam muito a respeito.

Alguns minutos se passam e as outras mesas se esvaziam, ficando só uma mesa ocupada, onde alguém joga paciência, a conversa rola mais descontraída ao redor da mesa de bilhar, eventualmente alguém sai e volta com algumas garrafas de cerveja, a sua presença realmente levantou os ânimos por ali.

OFF:

A garota deu uma risada e depois franziu a testa, ela notou que você era melhor no jogo do que eles pensaram a princípio, o páreo seria duro, mas ela não era o tipo de garota que fugia de um desafio, ela pensou por um segundo, levando a mão à têmpora.

- Certo! Eu aceito seu desafio, mas já que você aumentou a aposta, se perder vai me ajudar com uma coisa “senhor engenheiro”.

Ela fica confiante de repente, firma as mãos e estala os dedos, se preparando, ela segura o taco impaciente enquanto você faz sua jogada, ela queria que você jogasse primeiro pra ver se havia entendido bem as regras, e talvez ter um insight enquanto isso.

Atenta à jogada ela o viu errar a primeira vez, entendeu que tinha um truque e você estava tentando fazê-lo de maneira perfeita, ela se viu em desvantagem, pois você já devia ter feito isso antes diversas vezes, então ela se apoiou na beira da mesa, de um jeito meio despojado, tentando te distrair, o que funciona logo na primeira tacada, mas quando você percebe o que ela está tentando fazer, se foca só na jogada e ela sai exatamente como planejado.

A garota franze a testa outra vez *hunf* ela passa por você sem te olhar e prepara sua jogada, tentando fazer exatamente como você fez. Ela fecha um dos olhos enquanto olha por sobre o taco *plac* uma tacada e um acerto, a bola rola lentamente até a caçapa, enquanto a garota sequer olha, já está se movimentando ao redor da mesa pra segunda jogada, ela espera a bola parar *plac* ela se levanta da mesa e olha pra você.

- Acho que eu ganhei, certo?

Ela leva as duas mãos à frente do corpo indicando três dedos em uma e dois na outra, e contabilizando o número de tacadas já que ambos completaram o desafio, mas ela com menos tentativas. A essa hora salsicha tinha saído pra procurar suas balas sortidas, e agora que não estava mais tão atento ao jogo, você notou que só vocês dois estão na sala.

Lia era mais esperta do que aparentava, ela tinha se segurado no primeiro jogo e usou uma “regra não escrita” pra ganhar vantagem no segundo, você viu o que ela fez, mas era tarde demais para argumentar, a garota já fazia a pergunta com um brilho nos olhos que você não conseguiria dizer não mesmo que quisesse.

- Oh, sim, podemos ir de uma vez!

Ela estava bem animada, parecia até uma criança que ganhou um brinquedo novo, ela te pega pela mão e vai até o elevador, passa o cartão e aperta um botão, o elevador desce vários andares, e as portas se abrem no deck de engenharia e mecânica e ela pede que você a siga, te levando por alguns corredores cheios de cabos elétricos pelo chão, até uma abertura (parece uma sala separada, mas não tem porta), onde você vê em que ela precisa da sua ajuda.

Spoiler:

- E então? O que você acha? Sabe, não sou engenheira, sei algumas coisas mas foi o que aprendi vendo os outros, estou montando isso há um ano, mas ele não consegue se equilibrar e tem várias partes que não se movem como deveriam, devo ter feito alguma coisa errada, pode me ajudar?

Ela ainda possui a mesma animação, com certeza esse projeto é importante para a garota, você nota o orgulho com o que ela fala dele, mesmo com os vários defeitos aparentes (você percebe alguns logo que bate o olho).