Capítulo 6 - O destino dos três heróis

A batalha contra Montalbán havia chegado ao fim. Uma fina chuva parecia lavar Primus de sua maldade e corrupção. Logo os gigantes que haviam encolhido foram destruídos e um exército de naves alienígenas pairavam na atmosfera do planeta. O kakuri comemorava com uma dança da vitória, Marin estava tranquilo, mas sem objetivos. Os três amigos voltaram para resgatar o comandante e o príncipe. Não demorou para que os aliados da família Arkadia tomassem conta do palácio novamente. Mais uma vez Gail foi separado de Rhaenee, ele e Rosso foram levados para médicos da realeza e de confiança.

O trio de heróis também passou por uma verificação médica depois de tudo que aconteceu. Dormiram em quartos de hóspedes do próprio palácio e logo a família e o resto do exército da família Arkadia, voltou a Primus e retomou seu lugar no trono. A Rhaenee foi dada a notícia de que seus pais estavam vivos e a salvo. Logo eles seriam convidados para ir ao palácio também. Já Bloo, infelizmente precisou partir com sua "família". Foi informado a vocês pelo general que Bloo estava perdido há anos, assim como Marin. O povo alienígena que foi o responsável por ter criado os artefatos, porém isso causou um grande caos que destruiu seu próprio planeta. Tiveram que buscar abrigo em outro planeta e Bloo foi colocado em um cápsula por seus pais, antes deles morrerem no planeta natal, pois não tiveram tempo de fugir. Só assim ele conseguiu ser salvo. Porém, por causa dos humanos, sua cápsula não alertou aos alienígenas sobre o paradeiro de Bloo, apenas quando ela foi aberta em Nihil pelo grupo, já que o termômetro da criogenia havia quebrado. Assim Marin e Bloo tinham muito em comum, os dois dormiram por anos e não tinham família viva.

Haveria uma grande cerimônia onde os heróis, responsáveis pela vitória de Primus, seriam homenageados e devidamente recompensados na frente de todo povo, o evento seria transmitido para os outros planetas ao vivo. Os nobres envolvidos no golpe foram devidamente presos. Já o conde havia morrido de hemorragia por conta dos ferimentos. A grande diferença seria que dessa vez um grupo de alienígenas participaria do evento e ainda selariam uma aliança com a família Arkadia.

Toda galáxia sabia do que havia acontecido, e os nomes daqueles que lutaram contra Montalbán já era de conhecimento de todos. Os três não viram nenhum conhecido além deles mesmos durante três dias. Nesse tempo foram tratados como nobres pelos empregados reais, seus quartos, mesmo de hóspede, são de puro luxo, camas enormes com cortinas azuis, serviço de quarto a qualquer hora do dia, era confortável realmente. Ao passearem, nas horas livres, pelas áreas permitidas do palácio, notaram a grande movimentação dos empregados em organizar aquele evento. Toda decoração era em tons azuis, porque fazia parte do brasão da família Arkadia.

Trilha:

Na manhã do terceiro dia, foram convidados como de costume para o desjejum em uma linda sala para refeições. Claro que não era tão grande quanto a reservada para a família real. Rhaenee ainda não tinha notícias de Gail, mas se perguntasse aos guardas, diriam que ele estava se recuperando bem. Ela não tinha permissão para vê-lo, infelizmente, os guardas a barrariam se tentasse, somente poderia vê-lo com um convite da própria família real. Chui nem conseguiu falar com a irmã ainda, mas prometeram que ele poderia depois do café da manhã. Quando chegam ao cômodo do café da manhã, vocês tem a felicidade de reencontrar um conhecido, o comandante Rosso. Ele estava sentado em uma das cadeiras esperando também pelo desjejum. Em seu rosto, um sorriso orgulhoso:

- Bom dia soldados, ou devo dizer, heróis? Vamos sentem-se, não esperem para comer. Essas regalias não vão durar muito tempo. Logo poderão sair do palácio e irem viver suas próprias vidas.

Rosso espera que se sentem e começa comer o farto café da manhã que estava sobre a mesa. O sabor nem se comparava a comida de Seleucia, eram maravilhosos!

- Eu soube que vai ser amanhã a cerimônia. Não será pomposa como de Montalbán, não terá teatro ou coisas do tipo. A família Arkadia sempre teve um gosto mais simples, embora é claro que é luxuoso também. Hoje os alfaiates irão tomar suas medidas para costurar roupas sob medida para cada um de vocês. Soube que depois terá até um baile particular, espero que saibam dançar. Como se sentem com tudo isso? Nunca mais irão passar despercebidos.

Depois de ouvir as respostas de vocês, ele completa:

- Já pensaram no que vão fazer e no que vão pedir a princesa? É amanhã que ela vai perguntar os seus pedidos, aproveitem que estarão muito generosos. Sei que vão ganhar um título da nobreza, e a família Arkadia com certeza se sentirá grata a vocês por toda uma vida, serão como aliados. - Rosso olha para Chui e pergunta - E você moleque? Já pensou melhor na minha proposta de se inscrever na academia? Eu ainda acho que tem muito potencial e que deveria ser aproveitado melhor. Poderia deixar essa vida incerta e ter um lugar com os militares, garanto que suas habilidades não ficariam para trás.

O comandante lança um olhar ao evo e pergunta:

- Marin, estou orgulhoso de você. Irei te levar ao meu amigo médico depois, ele vai resolver o seu problema com as crises. Consegui entrar me contato com ele esses dias e agora que sabemos que é um evo amadurecido antes do tempo, será mais fácil terminar o que ficou devendo. Logo não precisará se preocupar em perder o controle. Sabia que toda galáxia está pensando melhor sobre os evos depois de ter sido você a dar o último golpe em nosso inimigo? Eu sinto que muita coisa vai mudar, eu acredito que seu ato Marin, vai abrir os olhos de muitas pessoas e o evos talvez sejam mais respeitados.

De repente um guarda real entrou no aposento, ele trazia uma carta com um selo real e entregou nas mãos de Rhaenee enquanto disse:

- A Rainha quer vê-la agora senhorita, é uma convocação real. Eu a guiarei até o escritório quando tiver terminado o desjejum.

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OFF: Parabéns e obrigada por chegarem ao último capítulo!

Com o fim da batalha e depois de ajudar no resgate do comandante e do príncipe, que foram deixados aos cuidados de médicos da realeza logo em seguida, Marin aceitou de bom grado a verificação médica e quaisquer tratamentos. Durante todo o tempo restante daquele dia, o evo conseguiu deixar de estranhar tanto aquela sensação de vazio deixada pela ausência de um objetivo claro e começou a abraçar pouco a pouco aquela tranquilidade que sentia, o que lhe trouxe alegria. Passou a noite em um dos quartos de hóspedes do palácio assim como seus amigos. Durante os três dias seguintes, só pôde ver a guarda-costas e o caçador, embora quisesse ver como estavam Rosso e Gail, e ficou feliz por ver que as coisas estavam se resolvendo para todos. Ray poderia dormir tranquila por saber que sua família estava bem e Chui certamente conseguiria alguma boa recompensa com a qual poderia ajudar sua vila. Até o pequeno Bloo fora devolvido ao seu povo.

Mesmo que temporariamente trancado, durante aqueles três dias Marin não teve pressa para que o tempo passasse. Dedicou vários momentos a pensar sobre seu futuro e todo o resto, chegando a conclusão de que provavelmente sua vida não seguiria um caminho tão bem definido a partir de então. A ideia de ser conhecido por onde quer que fosse o assustava um pouco, pois gostava de não chamar atenção e sabia o quão vantajoso era poder ser subestimado. Como qualquer um que tivesse tão pouco tempo vivo, o evo temia o que pareciam ser grandes mudanças em sua vida. Porém, isso também o empolgava de certa forma.

No terceiro dia, quando seguia para a sala de refeições junto de seus amigos como nos dias anteriores, o evo ficou feliz por finalmente ver o comandante bem e os esperando em uma das cadeiras. Marin cumprimentou Rosso e sentou-se sem dizer nada, mas sua tranquilidade dava conta de deixar claro o quão feliz estava por estar junto do grupo naquela manhã. Como sempre, comeu vagarosamente e sem muito interesse no prato, por que mantinha a atenção no que os outros diziam.

- Não sei... acho que ser conhecido pode ser um problema. Ou só não gosto da ideia mesmo.

A pergunta seguinte foi mais interessante, isso porque Marin não sabia exatamente o que pediria ou se pediria alguma coisa como recompensa. Anteriormente, sua primeira ideia foi a de pedir pela espada/artefato, mas ao pensar duas vezes o evo decidiu que seria sempre um problema tê-la por perto. Não precisava mais guarda-la e parecia fazer mais sentido devolve-la à família Arkadia. No fim, Marin apenas olhou ao redor com a dúvida estampada em sua face e não respondeu sobre o pedido à realeza. A terceira pergunta, esta direcionada à Chui, também interessou ao evo, pois Marin teria que mudar seus planos caso seu amigo fosse deixar a vida de aventureiro.

- "Ajudante" é melhor.- Opinou ao recordar o nome que o próprio evo tinha dado para o "cargo" no passado. Na verdade, gostava de como soava e não importava muito se parecia um título infantil.- Sempre foi minha primeira escolha. Também quero conhecer Lócus... e todos os outros planetas... e os monstros.- Falou ao se lembrar das feras de Nihil, na sua opinião o planeta mais interessante que havia visto até então. Também lembrou-se de Nina, mas não mencionou. Imaginava que ela deveria estar bem agora.

De qualquer maneira, ainda incomodava-o um pouco saber que não veria mais Ray,Rosso e Gail com frequência. O evo, originalmente criado para ser algum tipo de guarda-costas, sempre fora muito leal e consequentemente bastante apegado. Era mais uma mudança com a qual teria que se acostumar. E Por fim, ouviu o comandante dirigir-lhe a palavra e, embora desde sempre não se importasse muito com os outros evos, ficou feliz em saber que havia feito mais do que esperava. Mais feliz ainda ficou quando ouviu sobre o médico e a solução para seu problema com os surtos com a memória.

- Eu agradeço.

Quando um guarda real repentinamente entrou no aposento trazendo uma convocação real para Ray, e Chui também a encorajou a ir, Marin até teve alguma ideia de sobre o que poderia se tratar o assunto com a Rainha.

- Boa sorte, Ray.

Rhaenee só conseguiu sossegar de verdade ao saber que sua mãe estava bem (o papi morreu bem antes =x e foi o motivo de ela ter ido estudar na academia do Gail). Mal imaginava a preocupação que ela deveria ter passado esses dias. Bem, na verdade imaginava sim.  

Ela deu um grande abraço em Bloo assim que o viu, se é que o teria visto, e ficou feliz também pelo reencontro daquela familia alienígena.

Era muito estranho como aquele grupo de desajustados de repente era venerado pelos mesmos nobres que os desprezava há pouco tempo, mas ao mesmo tempo sentia um orgulho de revanche por esse feito. Não se sentia completamente confortável naquele exagero de tratamentos e muito menos com a ideia de um baile.

- Até o último instante eles querem nos obrigar a viver como eles, hein? - comentou à toa e começou a ouvir os desesjos alheios para a princesa. Não tinha pensado o que gostaria, para falar a verdade. Tudo aconteceu tão rápido que ela não tinha certeza de como utilizar seu desejo ainda, então ouviu os demais. - Eu não acredito. Chui e Marin vão se aventurar juntos? Isso vai ser tão legal!!! Por favor, voltem para me visitar aqui em Primus. Não esqueçam de um bom presente de outros planetas e deem oi para os amigos que conhecemos.

Piscou algumas vezes e olhou apra os amigos a incentivando a seguir para conversar com a rainha. Estava um pouco sem jeito. Eles pareciam saber do que se tratava. Sorriu e se levantou, fazendo um cumprimento ao comandante e os colegas. Não poderia mais esperar. Iria agora mesmo.

No caminho, seu estômago pregava peças nela, sentindo a ansiedade crescer. O que ela queria a partir de agora? Não pretendia ser aventureira como os amigos, mas também não queria desperdiçar as experiências que tiveram. Também havia Gail... e ela definitivamente não precisava, ou queria, se afastar mais.

Quando viu a princesa, fez uma reverência respeitosa e aguardou suas palavras.

---> Cena Café manhã (Rhaenee, Chui, Marin)

Trilha:

Rosso riu das respostas dos seus soldados, estava de bom humor e isso era bem estranho vindo dele. Ele responde sobre os comentários:

- Haha, a fama é o preço que se paga por terem salvado o mundo. Rhaenee, eles só estão tratando bem os heróis de Primus, não fique tão aborrecida. Essas regalias não possuem más intenções. Marin e Chui em Locus hein? Isso não vai prestar, hahaha.

Mas com a resposta de Chui sobre a proposta de militar, Rosso suspira decepcionado, mas respeita a opção do caçador:

- Que pena, iríamos trabalhar juntos Chui.

O comandante observa Marin e Chui combinarem o futuro juntos, ainda se sente orgulhoso dos seus soldados. Depois que Rhaenee sai, seu semblante muda totalmente para um preocupado. Rosso parecia pressentir o que viria, e não era como o caçador que achava que seria algo bom.

- Não fiquem muito animados pela rainha ter chamado a Rhaenee. Ela precisa ser forte agora.

Rosso se levanta e diz aos dois rapazes:

- Bom, hoje me deram folga. Mas eu odeio folgas. Sou um homem que vive para o trabalho. Para onde estão indo agora? Vou com vocês. Querem ir para Locus depois não é? Tão querendo me dar férias, que absurdo! Nunca tirei férias na minha vida e agora querem me obrigar. De qualquer forma, se não tiver outro jeito, eu vou para Locus também. Embora agora vocês não sejam mais os meus soldados. Ahh, vão ficar mais rebeldes do que antes.

---> Cena Rhaenee - Escritório Rainha

Trilha:

Rhaenee foi levada pelos corredores elegantes do castelo Arkadia. Na sua mente pairava a pergunta: "O que será que a rainha queria com ela". O guia para em frente a uma porta enorme e fechada. Era o escritório da mãe de Gail, Ray a tinha visto poucas vezes, e falado com elas raras vezes também. Quando entrou viu a Rainha e a princesa sentada em uma das poltronas azuis do aposento. Tudo era muito bem decorado e de bom gosto, digno da família real.

A rainha, era uma mulher linda e apesar da idade, aparentava ser muito mais jovem, seus cabelos longos e lisos, eram loiros e claros. Seus olhos verdes pareciam demonstrar que ela era uma pessoa carinhosa e bondosa, embora sua postura fosse imponente. Era bem diferente do Rei, que aparentava ser muito mais rígido. Ainda assim, a Rainha parecia intocável de tão bela. Sua voz era suave e segura, não havia uma ponta de hesitamento. Ela se sentou e pediu que Ray sentasse ao seu lado na cadeira. Havia um pouco de preocupação em seu semblante quando começou a falar:

- Antes de tudo, quero parabenizá-la pelo seu grande feito, Rhaenee. É realmente uma garota muito forte, você e seus amigos salvaram a todos nós. A galáxia inteira sabe disso.

A princesa sorriu enquanto ouvia a mãe e completou:

- Eu acertei em confiar a eles essa missão. Muitos são contra os meus métodos, mas acredito que quando acreditamos nas pessoas, elas se tornam fortes e nos surpreendem.

- Sim, minha filha - Disse a Rainha - Mas Rhaenee deve saber que não a chamamos só para elogiá-la. Rhaenee... - Falou ela com uma voz mais séria e o semblante preocupado - Sabemos que é próxima do príncipe, meu filho. É verdade que minha função não permite que eu tenha muito tempo para conversar com ele... Mas eu fico sabendo dessas informações pela princesa.

A rainha olhava agora nos olhos de Rhaenee, como se pudesse enxergar a sua alma, e continua:

- Acontece Rhaenee, que enquanto Gail estava se recuperando, ele decidiu de repente que não quer se casar mais com a Amelie. Eu não sei de onde ele tirou isso. Perguntamos o motivo, e ele disse que ama outra, mas se recusa a dizer quem é para proteger essa garota. Gail até nos ameaçou, disse que se não concordássemos ele fugiria. O príncipe nunca nos falou disso antes da missão. Eu não quero que meu filho saía machucado disso. Ele fugiu para vir para Primus, perto de Montalbán! Nocauteou guardas do seu quarto... Como mãe isso é muito preocupante. Gail está o tempo todo querendo se arriscar, já não basta  o risco que ele corre todos os dias por ser quem é...  Eu não aguentaria vê-lo sofrer. Contratos de casamentos são seguros, sei que Amelie vai cumprir o acordo, ela não vai deixá-lo. Agora o príncipe está de castigo pelo pai dele e trancado no quarto. Eu nunca vi Gail se impor contra o próprio pai.. Eu não sei como meu garotinho pode ter mudado tanto, é como se eu não o conhecesse mais...

A rainha olha para a janela por um segundo e então continua:

- Gail deve estar pensando que o casamento é apenas para beneficiar a política, e deve pensar que como mãe eu o estou vendendo. Mas não é isso,  paixão é uma coisa frágil... Tudo que acontece com Gail é visto por toda galáxia, se o nome dele se tornar uma vergonha, ele vai sofrer. Gail nasceu como príncipe e isso não pode ser mudado. Seria tão bom que ele começasse a aceitar isso... Seria menos doloroso, ele precisa se assumir como o príncipe. O casamento não é só uma medida política, é uma forma de protegê-lo. Então por favor Rhaenee, como mãe, te peço que nos diga quem é essa garota que ele gosta? Sabemos que você sabe, está com ele o tempo todo. Ela realmente existe ou é só uma desculpa que o príncipe deu para ser rebelde mais uma vez? Não vamos fazer mal a ela, só queremos entender o que está acontecendo.

Ray estava tão feliz que tudo tinha acabado e com o incentivo dos colegas que não se deu conta que estava indo encontrar ninguém menos do que a rainha. Somente quando a viu de frente é que pareceu  compreender que a conversa seria muito mais séria. No entanto, ainda era uma guarda-costas real e sentou-se com postura reta, sem relaxar em nenhum momento, nem mesmo quando foi elogiada, assentindo e aceitando com educação e respeito.

- Cumprimos com nossa obrigação perante o planeta, Majestade. - Realmente sabia que não era para isso que estava ali e ao ouvir a menção de Gail já entendia que finalmente aquela conversa aconteceria... não fugiu de seu olhar. Não estava com medo, ainda que o coração apertasse. Tinha crescido muito naqueles dias de batalha, mas titubeou quando o nome de Amelie foi mencionado.


Teve vontade de rir, mas não o fez, apenas desviou o olhar por um instante, antes de voltar a encará-la, pois achava o príncipe muito bobo de agir daquela forma infantil por causa dela. Era um tonto mesmo. A rainha não conseguia ver que ele não tinha mudado? Que tinha apenas se mostrado quem era realmente? A família real era terrivelmente distante...

As palavras dela não deixavam de feri-la um pouco. Seria uma vergonha para ele? Era isso que estava insinuando? Era a heroina da porcaria do planeta! Aquela pequena raiva lhe dava mais coragem.
Depois de tudo aquela família ainda os separava daquela maneira, por nascimento. Rhaenee continuou em sua postura firme, mas cerrou os punhos pousados nos joelhos.

Um minuto se passou após a pergunta. A garota encarou a rainha com firmeza. Depois de tudo que enfrentaram, estava na hora de agir de acordo.

- Essa garota, majestade, não teve nascimento nobre. Não aprendeu a comer com 10 talheres diferentes ou sequer sabe usar um vestido de festa. Ela não permitiria que o príncipe se machucasse porque ela é forte, sabe atirar e até daria a própria vida por ele.  Essa garota sabe pilotar um gudam e não tem medo de condes cretinos que tentam envenená-lo. Ela não é a menina mais bonita do reino, nem a mais alta ou mais esperta. Essa garota não "mudou" o príncipe, mas enxergou por trás de todas essas máscaras que vocês da realeza insistem em costurar nos rostos. Essa garota não chama o príncipe de "Alteza", mas de "Gail", um garoto que não quer ter sua vida inteira controlada por causa de um fator que ele não planejou, que foi nascer na sua família. Essa garota entende que está sendo insolente e aceita como recompensa por salvar a galáxia o seu perdão... e o direito de se despedir, se assim desejar.... - fez uma reverência. - Mas protegida pelo meu feito, devo dizer que a senhora deveria perguntar ao seu filho se ele quer todo esse futuro que planejou para ele.

Marin também não entendeu muito bem a razão por trás da preocupação do comandante, mas não comentou nada. Só esperava que ele estivesse se preocupando demais e que Ray ficasse bem. Depois o evo levantou-se quase ao mesmo tempo que Rosso pois já havia terminado de comer. Ficou surpreso e realmente feliz quando ouviu o comandante dizer que se juntaria à ele e Chui na viagem para Lócus, embora não tenha dito nada. Assentiu com certa animação. Também não sabia para onde iriam depois da sala de refeições mas ainda tinha esperanças de sair daquele "confinamento".

- Eu gostaria de devolver a espada antes de deixar Primus. Não vejo razão alguma para continuar com ela.

---> Cena Café manhã (Chui, Marin)

Trilha:

Rosso ouve a pergunta de Chui sobre a convocação da Rainha e responde:

- Para a família real, tudo é muito complicado. Rhaenee pode acabar saindo machucada disso. É praticamente impossível que aqueles dois possam ficar juntos...

o comandante se levanta depois de ouvir os pedidos dos amigos e diz:

- Comprar biscoitos? Acho que é um pouco longe, mas vamos pegar um táxi. Devolver a espada? Interessante Marin, é uma boa escolha. A família Arkadia vai guardar essa espada com segurança. Agora vamos as compras.

Rosso os levou para pegar um transporte, mas logo os guardas ofereceram um transporte da realeza com segurança e tudo mais. Quando entraram na loja, perceberam que as pessoas ficaram olhando para vocês e comentando sobre o ocorrido. Até as crianças pareciam animadas, por isso os seguranças tiveram que ajudar a manter o povo calmo. Os eventos eram ainda muito recentes. Voltando para o palácio, Rosso vai com os três até a área militar do Palácio, onde podem entregar a espada de Marin. O general estava lá e os recebe bem:

- Soldados de Rosso! É bom vê-los de novo.

- Marin decidiu devolver a espada para Primus, como podemos proceder com isso? - Perguntou Rosso.

- Ah, é uma boa notícia. Mas precisa falar com o Rei primeiro. Não posso me comprometer com algo assim, porque não a devolve amanhã na cerimônia? Seria um belo ato.

Rosso olho para Marin esperando por uma resposta, mas de repente duas pessoas inesperadas apareceram, eram Lana e o tenente Falconeri.

- Ahnn! Olá! - Disse Lana fazendo uma reverência logo em seguida.

-Olha vejam se não são os heróis da galáxia! Só podiam ser mesmo os soldados de Rosso! Depois do que houve, Duos está tentando reparar os seus erros. Não tivemos escolha frente as ameaças.

---> Cena Rhaenee - Escritório Rainha

Trilha:

Depois da resposta de Rhaenee, a rainha e a princesa se entreolharam. O semblante da mãe de Gail estava sério, ao mesmo tempo parecia também surpresa, embora de alguma forma não estivesse tão surpresa com revelação da garota, mas sim de sua insolência. A Rainha até se levantou depois que Ray fez a reverência. Dessa vez o seu olhar estava muito mais rígido quando começou:

- Rhaenee, não tire conclusões precipitadas sobre a Rainha. Eu não julgo os outros pelas suas classes sociais, o problema é mais complexo do que isso, desculpe se eu a insultei. Você realmente tem coragem, eu nunca poderei pagar o que fez salvando a vida do meu filho. Mas será que tem coragem para tudo? Está defendendo Gail, mas realmente entende o que diz?

A Rainha deu mais um passo a frente de Rhaenee e continuou:

- - Gail está apaixonado por você. Se pergunte, Rhaenee, o que você vai fazer se o casamento for cancelado? Gail não pode fugir e deixar de ser um príncipe, ele é conhecido em toda galáxia. E provavelmente sem o casamento, Gail planejaria ficar com você. Mas na família real não é simples. Depois de defendê-lo tão ferozmente, seria capaz de dar ao príncipe o que ele tem lutado para conseguir? O príncipe foi contra sua própria família e o seu título por você, mas você assinaria um contrato de casamento por ele? Seria capaz de enfrentar todos aqueles nobres com a coragem que tem para lutar? Se vocês dois se assumirem, muitas pessoas vão se pronunciar, principalmente as famílias nobres. Vão dizer que é uma oportunista. Você poderia abandonar o palácio, mas o Gail não, ele nunca vai poder deixar de ser o que é.

Ela respirou para continuar e completou:

- Meu filho pode ter alguns defeitos, mas ele é um perfeito cavalheiro e um excelente partido, eu sei como é difícil para as garotas não se apaixonarem por ele. Rhaenee, você quer empurrar meu filho para os sonhos deles, mas estará lá quando ele estiver sofrendo as consequências? Faça essas perguntas a si mesma, mas se quiser sair, está liberada em consideração aos seus feitos. 

Foi uma feliz surpresa quando não só permitiram que os três saíssem como também lhes ofereceram um ótimo transporte para que fossem até alguma loja. Quando chegaram, Marin imediatamente percebeu os olhares com certo desanimo, perguntando-se se sempre seria assim a partir de agora, e não fez muito na loja além de observar seus amigos fazendo as compras desejadas. Ao fim das compras os três retornaram ao palácio e Rosso guiou até a área militar, onde poderiam resolver sobre a entrega da espada.

O general os recebeu assim que chegaram e o comandante informou sobre a decisão do evo. Marin o ouviu e concordou logo depois que a sugestão foi dada. Não custaria nada guarda-la por mais algum tempo.

- Certo. Entrego a espada na cerimônia.

De repente duas figuras conhecidas apareceram. A garota que haviam conhecido em Duos acompanhada do tenente Falconeri, e para Marin foi obviamente inevitável se lembrar da evo que havia deixado aos cuidados do amigo de Rosso. O evo não tinha muito interesse em saber do bem que havia feito para sua raça, mas Nina era quase uma amiga, seria bom saber se ela estava bem depois de tudo. Antes disso Marin os cumprimentou e ouviu.

- Tenente, gostaria de saber se Nina está bem.

---> Cena Café manhã (Chui, Marin)

Trilha:

O general ficou feliz em ouvir a decisão de Marin. Mas agora com a presença daquelas duas figuras familiares, as coisas pareceram ficar mais animadas. Rosso ficou feliz de ver o amigo e até brincou:

- Traidor! Eu ainda vou me vingar pelo que fez!

- Que tal uma disputa de quem bebe mais? - Desafiou Falconeri - Você vai entrar de férias, eu soube.

- Ahhnnn... Aqueles militares! Férias para que? - Reclamou Rosso, depois começou a falar consigo mesmo como de costume - É isso que eu mereço por salvar a galáxia, humf, sempre com você Rosso.

Lana ficou muito tímida quando Chui decidiu falar com ela, suas bochechas coraram. Principalmente ao ouvir o pedido dele, sem olhar nos olhos do caçador ela respondeu:

- Ca-café? Ahn... Acho que sim... Na minha folga...

Falconeri ouviu a pergunta de Marin e o respondeu:

- Nina vai bem, ela acompanhou seus feitos pelo noticiário. Também anda para todo lugar carregando aquela luminária. Mas o médico disse que ela ainda sofre um pouco de depressão. Gostaria de vê-la? Nina está em uma casa de reabilitação, que é cuidada por alguns amigos meus.

Podem decidir para onde vão depois disso.

---> Cena Ray

Trilha:

Depois de Rhaenee responder, a princesa e a Rainha a encaravam com um olhar preocupado. A guarda-costas saiu do escritório da Rainha após a permissão, chorava quando passsou pelo corredorres, nem mesmo prestou atenção onde ia. Se envolver com a realeza estava sendo muito complicado, será que Ray se arrependia de ter conhecido o príncipe? De repente, enquanto ela caminhava sem ver onde ia, ouviu uma voz lhe chamando, uma voz muito conhecida:

- Ray?

Era Gail, que saiu de trás de uma das colunas, parecia estar se escondendo, pois tinha um lenço cobrindo a boca. O garoto tirou o lenço da boca e ficou preocupado ao ver Rhaenee chorando, se aproximou e perguntou:

- O que houve? Por que está chorando? Eu consegui escapar, mas não podemos ficar aqui muito tempo, vem comigo.

O príncipe ofereceu sua mão para Rhaenee esperando que ela aceitasse ir com ele para um lugar mais reservado.

Sem reparar muito no que os outros diziam, Marin gostou do que ouviu do tenente. Então Nina estava viva e consideravelmente bem, finalmente segura depois de uma vida de infelicidades. Até surpreendeu-se por saber que ela ainda guardava a luminária que havia recebido de presente. Sobre visita-la na casa de reabilitação, mesmo sendo uma questão aparentemente simples, o evo pensou cuidadosamente antes de responder. Apesar de ter dito algumas vezes antes que gostaria de rever a evo e verificar se ela estava bem, Marin já não sabia qual era o melhor a se fazer. Vê-la ou deixar as coisas como estavam.

Depois de alguns instantes pensando, Marin resolveu apenas responder como queria.

- Sim. Gostaria de vê-la.

Não podia ter encontrado o príncipe em momento pior. Ela secou o rosto e respirou fundo.

- Não estou chorando.

Mesmo falando isso, olhou para baixo desanimada. Ela aceitou sua mão para irem até um lugar mais tranquilo, onde não esperou muito para começar a falar.

- Gail... antes de mais nada, eu preciso te dizer uma coisa. - fez uma longa pausa. - Eu conversei com a rainha. Ela está preocupada com o seu comportamento e... o seu futuro. Ela não entende como uma pessoa como eu poderia arcar com os olhares e as obrigações da corte... sim, eu contei a ela. - suspirou profundamente. - Eu pedi transferência para poder servir em outro planeta. Não quero que me responsabilizem por estragar a "vida" do príncipe... eu não sou uma princesa e nunca vou ser. Não quero usar vestidos bonitos e ser regente de nada, nem tenho a descendência para isso. O meu lugar é no campo de batalha, e sempre será assim. Ela diz que você nasceu um príncipe e nada pode ser feito sobre isso e... eu entendo. Eu gosto de você, Gail, não do príncipe de Primus. Mas precisamos nos tornar coisas diferentes para ficar juntos e... não acho isso justo. Eu continuarei com minha carreira militar e deixarei de ser sua guarda-costas. Você seguirá com suas obrigações de príncipe e... eventualmente vai assinar um contrato e agir como seu povo pede. Acho que... após a premiação... isso será um adeus - abaixou o rosto, cansada de ter que falar tudo aquilo.

Marin assentiu para o general e depois assistiu a dupla de Duos ir embora. Seria bom ver Nina de novo, no final das contas. Em seguida seguiu Chui e o comandante até um tipo de sala de comunicações, onde o caçador poderia usar o comunicador galático para então entrar em contato com sua irmã, que provavelmente já esperava ansiosa pela ligação do irmão. Assim que a imagem de Ashanti apareceu na grande tela, Chui começou a levar broncas. A irmã do caçador ainda se lembrou dos rostos de Marin e Rosso, e então o evo cumprimentou com um aceno de mão.

Quando outra pessoa surgiu na imagem, um pequeno rapaz de vila de Chui, Marin mais uma vez surpreendeu-se por saber que a história de "conhecidos por todos" não era só um exagero. O evo voltou a acenar como cumprimento e assentiu alguma vezes em confirmação ao que o caçador estava dizendo aos dois que estavam em Locus.

- Parece que apenas tivemos o azar de nascermos em condições diferentes. - deu um sorriso entristecido, com os olhos cheios de lágrimas. - Não posso ficar aqui e assistir a vida toda passando enquanto espero você cumprir sua promessa, Gail. Não me peça para ficar ao seu lado só olhando de novo. Por mais que eu queira muito ficar com você, sei que não é o certo. Isso seria doloroso demais. Eu vou seguir meu próprio caminho. Meu tempo pode ser longo, mas não pode ser, para sempre, a minha espera por você. Não quero mais fazer isso. Tem sido assim por tempo demais. - fez uma reverÊncia leve.  - Obrigada por tudo que tem feito por mim. Eu nunca vou esquecê-lo, Gail. Agora... se me dá licença, eu preciso acertar os detalhes da minha demissão. Por favor, não me siga - girou nos calcanhares e se retirou rapidamente.]

Queria se retirar daquele lugar o quanto antes. Pretendia ir para sua casa encontrando sua mãe e ficando com ela pelo resto do dia antes de voltar ao palácio para acertar as coisas com Rosso. Não queria mais ver ninguém naquele dia.