[Agosto, 2018] - Nova Inglaterra, New Hampshire

[quote="Bastet"]

New Hampshire

Agosto de 2018

@Rosenrot

- Hmm, nada. Tô curiosa sobre isso tudo aqui. Mais cedo eu encontrei a sua irmã, naquela hora que fui na clareira, ela disse que,bem, a história da região pode ser mais profunda do que os arquivos da cidade mostram... – Bocejou novamente, ajeitando o corpo no dele. – E eu gosto de saber sobre... curiosidades. Tipo sua casa mal-assombrada – riu, ouvindo a chuva que ainda caia lá fora e suspirando.

Muriel não demoraria a cochilar. Estavam todos suados e melecados de momentos antes, mas a jovem havia tido uma primeira vez... Animada. Parecia um pedaço de pedra dormindo... O sono pesado que lhe faltara durante toda a vida, devido aos poderes. Apesar disso, sonhos da sua conexão com Dorothia  entravam e saiam de sua mente.

No começo, ela apenas parecia um pouco agitada. Em seguida começou a falar coisas sem sentido... Até que se contorceu uma ou duas vezes, assustando o caçador, e se sentando na cama, com o cabelo em frente ao rosto. A conexão da TV caiu na hora, assim como as luzes se apagaram. Jake podia ver a jovem ali, refletida pela pouca luz dos postes, que entrava pelas janelas.

- Jake, meu amor – [/color]Ouviria Muriel falar, enquanto se movia de volta pra ele. Dessa vez fora ele que sentiu o arrepio quando ela tocou em seu peito, deitando ali novamente  – Você prometeu não voltar... Prometeu levar ele pra longe... Para que não sofresse como nós – murmurava, a voz era a mesma, mas tinha algo estranho. Quando a mulher olhou para ele, os olhos eram turvos,  muito mais antigos do que os que costumara ver na sua jovem amante. Acariciou o rosto de Jake. Por um momento, ele sabia quem ela era. Sabia do que falava. Ela sorriu –Shhh – fez com a boca, para ele não falar.

Apesar do medo, ele não se sentia ameaçado pela presença ali. O toque era sem vida, porem era de alguém que queria o seu bem  – Desafortunado é o homem que não conhece o seu passado... E que não se permite sentir tudo o que uma conexão como essa pode ter – murmuraria, dando um beijo no rosto de Jake. Em seguida, a luz voltaria e a televisão sintonizaria no último volume, assim como todos os outros aparelhos que emitissem som da casa.

Muriel ainda estava em seus braços, dormindo, como se não estivesse falando com ele há poucos momentos. Ela abriu os olhos, preguiçosa, quando ouviu aquela barulhada. Olhou para ele, confusa. Os olhos eram azuis e límpidos, como o céu de primavera.  – O que está acontecendo?

Lugar Nenhum, Muriel O'Hanrahan

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New Hampshire

Agosto de 2018

@Rosenrot

Muriel aceitou a condição da gata sobre ler dentro daquela casa, sem tirar o livro dali. Era melhor que nada. Logo se pegou pensando no que Eluna dissera sobre ele não estar “em paz”. Apesar de estar sempre metido com coisas sobrenaturais, ele parecia levar uma vida tranquila como humano... Não entendia o que havia sido feito com ele, mas estava disposta a descobrir. Talvez ganhar a confiança da familiar fosse um bom caminho. – Eluna... Obrigada – sorriu, sabendo que a gata poderia simplesmente ter escondido aquelas coisas dela.

Enquanto ia saindo, ouviu a ultima frase do animal.   – Algo?! – perguntou, mas Eluna voltara a ser o bichinho indiferente de sempre, fechando os olhos de dormindo na cama. Suspirou, estremecendo com as coisas que passou na própria cabeça. Quando desceu, deu uma olhada pela janela, observando a própria casa após o rio. A luz da varanda estava acesa como sempre... Mas havia algo diferente? Foi difícil perceber.

Caminhou até a cozinha, com a cabeça cheia de dúvidas. Ela o observou cozinhando ali, como se a vida fosse simples. Sorriu com a preocupação dele e deu uma risadinha com a ironia da última frase do caçador. Foi até o balcão, dando um impulso pra sentar nele, tomando cuidado para não derrubar as coisas que ele havia arrumado ali. Balançava as perninhas, enquanto ele terminava de servir o lanche – A gata me deu um susto quando tava saindo do quarto. Agora tá lá dormindo nas cobertas, sem peso na consciência – comentou, pegando o suco – Obrigada – bebeu um pouco – Hm, sem bebida dessa vez. Você tá perdendo seu instinto nacional – provocou, pousando o copo logo ao seu lado.   – Hm, posso fazer uma pergunta hipotética? – ia pegando uma torrada e observando ele. Muriel era bastante curiosa, ele já devia estar percebendo.

Quando o caçador afirmou, ela suspirou – Eu tava pensando no banho, depois de você me contar da dor fantasma na perna. Se hoje você tivesse a opção de fazer essa dor parar, com um procedimento que arrancaria de você as memórias do que aconteceu,  você faria? – mordiscou a torrada – Tipo um daqueles caras doidos que fazem experiências, que falamos mais cedo...

Lugar Nenhum, Muriel O'Hanrahan

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