Francis James Welsh

- Porra Joe, te deram um celular sem conta: só tem 24h para pagar. Heheh... - os filhos da puta não querem ser pegos. Ao menos isso. Eles sabem o lugar do Franco, então é onde viriam buscar ele depois desse período, ou ao menos é o que pensava. Poderiam bater uma porta ou outra de alguém que ele havia bebido uma cerveja junto ou uma prostituta favorita... Mas isso era antes de ser Uratha e Francis não se importava tanto tanto com isso.

Mas agora, e se não for só os putos humanos? Desde que aprendeu a respeito dos espíritos, imagina que qualquer canto vai ter um deles. Só o fato de terem tribos em Dover faz desse lugar um epicentro para essas coisas. Armas de fogo vão arrancar pedaços, sim, mas basta a forma de guerra para garantir que esses merdas não vão ser mais do que uma pilha de tripas no chão. Mas os espíritos... ah esses vão fazer você desejar não ter nascido.

A gente precisa... Precisa ir... Eles vão te matar cara. Cê matou o cara. Eu não queria... Não queria.

- Shhh caralho. To pensando... - Francis ficava pensando naquela foto do telefone e quebra o dispositivo em pedaços. Talvez não a melhor ideia, mas ficou puto. "Eu também não queria", penso quando Joe falou. Quando Joe começou a se segurar no Franco, ele o empurrou - Eram quantos? Me diz algo de útil Joe.

Franco pegou ele pelos ombros e pôs em pé - Te largo num hospital depois. Quem eram os merdas que tu se enfiou aquele dia?

Joe escreveu:Eles me pregaram. Feito Jesus cara. Me tira dessa porra Franco! ME tira da porra da privada! [...] Mas não era pra matar o cara Franco. Porque tu matou o cara Franco?!

Franco deu um tapão na orelha do rapaz e vira o rosto dele para direção da banheira - Inferno Joe! Não vira o rosto ou te mato. - tomou a forma de dalu e arrebentou o arame com suas garras. Voltou assim que partiu - O puto era irmão de alguém e tu vai me dar a árvore genealógico desse cara se precisar. Não quero ninguém no meu saco. - pegou Joe pela mandíbula e o fez encarar Francis - Eu perdi o controle quando o puto me enfiou uma faca. Ele e os amigos dele. Não quer que eu perca o controle com um chorão, hein Joe?!

Largou o rapaz. Nojo, raiva, primeiro, pois não queria isso caindo no colo dele. Animação, oportunidade, pois "os caras iam me matar, posso fazer o que quiser com eles", pensou. Ainda assim, a fera gostava de ver o estado do Joe e fica alternando entre pena e ódio por aquela figura patética. Mas o cara não tinha culpa, os merdas que fizeram isso tinha - Fica em pé. Se lava antes de eu te tirar daqui. Não vai cagado. Porra.

- Ah porra Joe... - quando Joe cai no chão e vai se arrastando, Franco não conseguiu deixar. Para uma presa, sim, uma cena agradável qual ele pisaria em cima da coluna, puxaria a cabeça com a canhota e degolasse o indivíduo com as garras da direita. Para Joe, que definiu não matar a três segundos atrás (mas reconsiderando a cada minuto), não tão bom de ver. Quase jogou o rapaz dentro da banheira com chuveiro e deixou-o ali.

Voltou para a sala, pegou uma cerveja e separou uma camiseta velha e uma calça rasgada nas pernas antigas. Eram bem parecidas com que vestiu quando teve sua Primeira Mudança. Irônico... ciclo de vingança: um machuca o outro que volta a machucar o outro e volta mais. Bela bosta. Todo mundo diz "Até ficarem cegos e banguelas" e Franco diz "Mas um fica cego primeiro". Outros clichês passam na cabeça dele quando se trata disso, mas ele não ia deixar esse tipo de beira aberta. Franco tinha dado uma surra no maluco, talvez deixado cego para resto da vida, mas ainda assim, dois caras por um? Não é uma conta que o deixa feliz.

Franco se vestiu e esperou ele sair. Tinha que ter um plano de ação para chegar nesses caras. Ia matar eles? Questionável. Não precisava tanto. Deixar eles bem fodidos para o resto da vida? Com certeza, mas se voltassem? Talvez um dos garotos da alcateia tenham uma ideia melhor de como lidar.... Não... Franco contra o mundo! É, isso sim. A história do círculo de vingança sendo encerrado com uma vitória épica de um lobo contra uma matilha de vermes violentos! Franco contaria como resgatou seu amigo preso na parede por um crime que não cometeu e destruiu uma gangue de merdeiros de Dover. Levantou de onde estava sentado e chegava ensaiar as palavras dentro da mente de como seria esse momento.

Joe saiu, mais seco que deveria - É Joezinho... Vamos enfrentar isso. Você está se sentindo bem Joezinho? Não tá ardendo o peito? - Franco foi se aproximando, mas claramente deixando uma distância segura para um bote ou pular para trás - "Eles são o tipo que roubam geral, metem porrada, tiram tua grana do banco"... O que mais eles fazem... Joezinho?

Franco coça a barba pensativo olhando para aquele estado do Joe. Para ele, algo o possuiu, sem dúvida alguma. Joe aponta para lá e cá e Franco aponta de volta para umas roupas separadas. Nigerianos? Pode ser. Eu não saberia. Não suponho que eles disseram o que acontece no final das vinte-e-quatro horas, né? - Franco puxa a cerveja de perto de Joe, abre e bebe na frente dele, o tempo inteiro encarando ele - Nah-ah. Minha... Um dia? Não sei, faz quanto tempo que tá no meu banheiro? Me fazer sofrer... hilário. Eles deveriam então ter mijado nas minhas cervejas.. Por um momento, Franco arregala os olhos e revisa a latinha que acabou de beber.

Antes de se vestir, ele se aproxima do Joe enfiando os dedos no corte, ficando cutucando bastante e indo mais fundo - Tá achando estranho Joe? Tá se sentindo diferente? Esses nigerianos não cantaram uma musiquinha ou chamaram algum nome enquanto te torturavam não? Você não está com medo não? - Franco desvincilha ele e tenta seguir o odor. Se levasse de volta a Joe, ótimo.

- Pior que foder meu rabo? Caralho... Não vão nem me dar beijinho. Heheheheh. - quando ele fala que tá apertado no saco, o Uratha encara ele bravo, entendendo outra coisa da implicação - 'Cê retira que tu disse.

Quando Franco solta a garganta do Joe, ele volta o olhar para o chão, se questionando. Talvez esteja indo longe demais com medo de estar possuído ou com algum problema e realmente o mano só tá em choque. Coçou a barba de novo - Quer saber Joe, não é uma má ideia. Mas temos que comprar mais cervejas, não quer vir comigo? No caminho 'cê vai me falando de onde eles gostam de distribuir a merda deles.

Franco passa a mão no ombro dele de um jeito carinhoso. Mudaria a postura, acalmar o rapaz.

- A gente visita eles antes. Sabe que fiz com o cara que 'cê me mandou dar um olá? Eu quebrei os dentes dele. Fiz o mesmo com os outros. Acha que eles tem chance conosco comigo, tiozão Franco, na trilha? De jeito algum. Tio Franco cuida deles.

Não mano. Se tivesse sido isso eles tinham vindo atrás de você primeiro. Ou tinham quebrado meus dentes. Quero ver Franco. Quero ver aqueles desgraçados se borrando de medo

Se não era os dentes, então era o parquinho, ao menos era essa associação que Franco fez. Joe não fazia ideia do que tinha acontecido e a ordem dos eventos se encaixavam: Franco bateu no cara, os amigos do cara vieram tirar satisfação (diga-se, olhos) do Francis, Francis matou a galera na sua primeira mudança, Legião levou ele para um intensivo de Escoteiro Lobinho e os caras tinham que tirar o lobão da toca usando Joe. Faz sentido.

O que não faz sentido é essa explosão de raiva subindo. Já tinha um pouco quando o Joe ficava choramingando no ouvido dele quando pegou ele. Incomodava mais ainda com o fato que não queria ter que lidar mais com essa merda. "Eu sou Uratha, porra", é o que se dizia. Tem mais que se preocupar com os Puros, espíritos, e caralho infernal que fosse. Sanguessugas humanas se houvessem ainda, não traficantes de beco de esquina agora. O ruim é que isso aumentava sua paranoia. Como um condenado, tinha que dormir de um olho aberto e sempre no beliche de baixo. Podia acordar com alguém botando a mão na sua boca e desenhando sua garganta com um pedaço de laje. Agora todo problema que caia no colo dele, ele se perguntava se não era um espírito querendo pregar uma peça. Ele tem uma mira em cima dele como Destituído e era do nível sobrenatural.

Quando Joe repetia a história, Franco já tava com as mãos na orelha e instintivamente bateu no carro que tava passando. Encheção de saco do caralho de bando de merdão de pinto pequeno. Deixa o carro andar conforme as rodas inferno. O protótipo de Hector se aproxima ameaçando com a arma enquanto o mundo ao seu redor está um pouco mais barulhento. Gente encarando com celular na mão. Normal. Gritando. Normal. "Quer morrer?!", olha, hoje não. Inferno que-

Tem uma sombra andando entre as pessoas e isso não é normal. Franco sai um pouco de seu transe assustado e ignora o rapaz para acompanhar o movimento da sombra. Joe está sorrindo, deve estar em choque, apavorado... Ou curtindo? Não importa. A sombra apareceu e ela dá mais perguntas do que as respostas que pode tirar das pessoas ao seu redor.

Sem olhar, sem responder ao magricelo, sem se importar com Joe, se botou a correr atrás da sombra, como um gato que viu pontinho vermelho na parede e ia tentar pegar.

Franco não deu bola para o que tinha na frente (a não ser se foi um cachorro, criança podia entender o que era uma esbarrada do joelho na cara) e enfiou as mãos nas tetas do do Meat Loaf - Já ta suplicando mermão? Quê 'cê acha que ta fazendo hein? Tu já quer que eu arranque tu por dentro dessas tetas não é?!

Deu pouca bola à gritaria do Joe, mas quando ouviu a mulher gritando, começou a se importar. Virou o rosto para ver que o "amigo" estava fazendo e já repreender - Joe caralho! Te dou um novo celular seu idiota, mas se tu me encher o saco de novo, te enfio embaixo do meio fio!

Os contos ainda eram meio estranhos na cabeça do Franco. Ele sabe sua missão, entende isso, mas também entende quando deve fazer vista grossa para aqueles que não fazem mal. Mas, não é o caso. Tem algo errado aqui com ele, com Joe, com todo mundo estressado ao redor. Franco estava estressado pois parecia o tipo de situação qual ele apenas teria afundado o nariz do rapaz da arma com o cabo  - - Deixa eu falar de uma forma que entenda então, massinha: Sai da carne ou te tiro na ponta da faca!!

O cara da pistola tinha terminado seu dia com chute no Franco e assombrando a garota, mas Franco tinha uma ideia agora. Pegou o gordão pegou o gordão pelos ombros e o arrastou até o carro, jogando-o contra a porta do motorista.

Suspirou forte e lentamente depois de sua ação ter consequências. Queria rir do gordinho caindo e prensando a porta, mas era mais importante o espírito em mãos. Soltar o laço, ainda que leve contra o indivíduo, era como tirar um peso das costas.

- Tão insano quanto a Lua. O que quer de mim com suas baboseiras impossíveis de entender? Fala com palavras e não barulhos humanos.

Franco já atendeu o próprio pedido com o espírito ainda em mãos enquanto o gordo não estava. Talvez nem estivesse dentro dele, só em cima. Falou na Primeira Língua: Seu banquete está estragando minha noite... Ah caralho..

Um espírito era importante. Uma bala na cara era muito mais. Teve que largar a mão do que estava fazendo e terminar essa parada. Não tinha dado atenção ao bigodinho antes, mas agora precisaria. Com o gordão prendendo a porta - um resultado muito melhor que tinha esperado - Francis salta por cima do capo, escorregando bem a bunda, e enfia o braço no carona para puxar o braço do rapaz para fora e usar a porta como alavanca em seu braço.

"Puta que pariu filho da puta merdão barulhento do caralho do inferno de-", se tinha algo ao Franco pensar da situação é que esse espírito tá responsável, mas o pior é o quanto ele fica insistindo que não está entendendo. No próximo momento, ele vai fazer entender. O ruim é que ele ta caindo exatamente na situação que alimenta o merda, mas Franco não sabia se conter. A todos os fins: primeiro limpar os idiotas, depois lidar com o espírito.

Joe tenta fazer uma idiotisse do lado e um disparo é feito. Alguém foi acertado, mas Franco não quis fazer questão de ver. Na real, ele já imaginava quem foi alvejado, e isso o deixou mais furioso - Eu vou arrancar seu braço seu filho da puta!!

Franco agarra no braço do indivíduo e com a outra mão, puxá-lo pela nuca para fora do carro.