Capítulo 1: Reboot

A música voltava a mudar, assim como o ritmo do ambiente. Tudo começava a ficar mais dançante e agitado. Mais gente saindo das mesas para o centro dançar ou “dançar”. Aquilo deixou Mastermind visivelmente incomodado. Talvez ele seja um pouco agorafóbico, sofra de ansiedade social ou… tenha percebido algo mais?


− Não vou fingir as probabilidades de lucro em demasia me tentam contra meu bom senso então aceito. Agora fale mais e claro espero que esta conversa não esteja sendo gravada.

– He… – sorrisinho amarelo, ainda desconfortável – Não por mim, doc. De qualquer forma, não há muito mais o que dizer. A única coisa que vocês vão precisar agora é inventar uma boa desculpa para enfiar o Jean no plano, porque a filha da puta com certeza vai querer saber por que ele não estava com vocês desde o começo e como vocês estão confiando em alguém que acabaram de conhecer.

Quando Lucy fala, ele meneia a cabeça rapidamente, concordando com ela, agitado.

Ele pega quatro celulares que tinha na sua mochila ao pé do balcão. Vagabundos, simples e descartáveis. Ele dá um para cada.

– Vamos nos comunicar por aqui. É mais seguro. Sou o único nome na lista de contatos, então não usem essa porra para mais nada, beleza?


Nesse instante ele se vira para um ponto além da multidão. Mesmo naquela zona cheia de gente saltitante, ele parece ver algo de que não gosta.

– Ah, verdammt! Ich kann nicht mehr!

Ele pega a mochila e corre como se não houvesse amanhã pelos fundos, ignorando os gritos dos seguranças.

A iluminação estroboscópica em tons de azul estava baixa. O ar estava abafado, sufocante – um misto de fumaça de cigarro, suor e bebida doce e enjoativa. Todas aquelas pessoas dançando, pulando e rindo… Ainda assim, nessas condições nada favoráveis, Lucy conseguiu ver o que havia apavorado Mastermind; uma figura em um sobretudo de couro cinza. Estava do outro lado da pista. Não era possível ver se era homem ou mulher, mas Lucy viu que a figura guardou algo rapidamente no bolso do sobretudo. Uma arma? Não… Seria burrice atirar em alguém no meio de uma multidão, com a casa lotada daquele jeito – ainda mais com a recente merda envolvendo Michiko nessa mesma situação. De qualquer forma, a figura tinha algo em mãos e se virou rapidamente, sumindo com pressa entre os corpos que pulavam.

Mastermind parecia ter muitos inimigos, mas poucos sabiam o rosto dele. Aquele alguém, fosse quem fosse, o fez correr dali. Era um perigo óbvio e direto. A questão agora era: o grupo deveria voltar para o hotel? Deveria descobrir mais sobre aquela misteriosa figura?

Tudo estava acontecendo como nos filmes e jogos antigos que Jean jogava em seu tempo livre. Filmes da década de 2000 e 2020: mercenário no bar dá celular e fala que vai se comunicar por lá. Check

Conhecer um grupo que de cara parece barra pesada e bolados e poucos amigos. Check.

Boate suja e cheia de gente. Check.

O coração palpitava rápido quando Jean pegou o celular e examinava o dispositivo. Colocou em um dos bolsos de seu casaco e fez que sim com a cabeça. Eram muitas distrações naquele local: música alta, gente gritando, gente se roçando e gente descolando tudo que poderia ser vendido legalmente e ilegalmente. Era informação nova e muito interessante para Jean prestar atenção em apenas uma figura.

Tanto que reparou na saída quase à francesa de mastermind, mas nãos e deu conta de porque ele tinha saído com tamanha pressa. Estavam conversando numa boa, poxa!

Ainda com as coisas meio confusas, Lucy puxou papo e Jean, ainda se acostumando com tudo aquilo, acabou por seguir as moças.


"mas que droga que eu tô fazendo?" - pensava enquanto caminhava para fora do bar. Pensava nas preocupações e em como voltaria para casa depois. Se é que voltaria. Cara, tinha acontecido muita coisa doida em pouco tempo.

No caminho para o hotel - Jean seguiu as meninas, sem muita capacidade de escolha, já que tudo era novidade. Melhor seguir a trama, não é? - Jean fala com sua voz abafada e quase robotizada:

- É sempre assim em Night City, é?

Olhou Hô Ly e depois Lucy:

- Então vamos trabalhar juntos mesmo!

Por debaixo de seu capacete, Jean sorri.

- Tá, maneiro. Mas qual foi o trabalho que a gente já fez junto? Caso perguntem. Corpes são fodas, chumba. Eles vão investigar.

Jean parecia querer agradar.

- Eu posso forjar algo online. Um rastro para provar nosso trabalho.

(Eu posso? Hahahaha!)

As ruas mantinham sua atmosfera padrão: caóticas, sujas, poluídas, barulhentas e hostis, de alguma forma ou de outra, mas o retorno ao hotel foi normal – não houve briga, tiroteio ou morte.

Mesmo para Hô Ly e Lucy, a visão do hotel ainda impressionava. Para Jean, a visão tanto externa quanto interna era ainda mais impactante.

Impressão de Jean escreveu:O lugar era gigantesco, impressionante. Quando ele/ela passou com Lucy e Hô Ly pelo hall de entrada, duas fileiras de funcionários com paletós brancos os reverenciaram em sincronia dos dois lados. Rostos sérios, sem emoção nenhuma, como se não fossem humanos. A recepcionista era uma japonesa elegante e muito bonita, de cabelo longo e preto preso em um rabo-de-cavalo, com um paletó preto sobre uma camisa de linho imaculadamente branca, com um pouco de cromo subcutâneo no rosto, perceptíveis como circuitos.

As garotas conduziram Jean para a suíte B, no último andar. O elevador tinha cheiro de pinho e o ar condicionado chegava a causar êxtase. O chão era mármore espelhado, contrastando com portas de metal esverdeado. Jean nunca tinham pisado em um lugar tão luxuoso assim.

Não havia ninguém na porta da suíte desta vez. A porta dupla vermelha, antes ladeada por dois Yaks com cara de poucos amigos, estava fechada e sem vigia – ao menos humana.


Uma música suave e totalmente diferente da trilha sonora da boate podia ser ouvida ainda do lado de fora. Alguém estava no quarto.


Quando Lucy e Hô Ly entraram com Jean, elas encontraram Xafic sentado no sofá, fumando um cigarro, caladão, como se algo ruim tivesse acontecido. Do lado oposto Michiko Arasaka estava sentada segurando uma taça de cristal até a metade com um vinho tinto.

– Oh, boa noite! – ela diz aos recém-chegados, com uma voz amistosa mas ainda com um rosto inexpressivo. – Consegui arrumar um tempinho para ver como estavam indo. Acompanhar o progresso, por assim dizer. Gostariam de beber comigo?

(gente, me desculpem pela demora e pelo post sucinto. Estou super atarefada no trabalho e na vida pessoal! Vou mandar para não ficar com a história parada =))


Jean andava pelas ruas de Night City e não deixava de impressionar-se com suas características. Sabia que, para a maioria, era apenas uma cidade suja e cheia de gente que não hesitaria em matar. Porém, Jean via com certo encanto as ruelas sujas, as luzes psicantes e as pessoas estranhas que esbarravam impacientes no grupo. O sentimento de pertencer a uma cidade era algo quase novo. E era um misto: ao mesmo tempo que sentia agora fazer parte de um organismo vivo como Night City, tinha também a sensação que cada um ali era solitário. Cada um por si. Pensou se as meninas tinham esta sensação também. Iria comentar, mas segurou a língua. Elas não iriam querer filosofar, iriam?


Konpeki Plaza. Jean ouvira falar no nome do hotel, mas eram comentários soltos e algumas piadas que diziam algo como "só os fodões de Night City ficavam lá". E agora, Jean estava lá!
Parou na frente do prédio, onde conseguia ter uma boa visão da fachada, e parou para observar. Sua mandíbula caiu por dentor do capacete enquanto observava as nuances de cores dos vidros.
E é claro, dentro não foi diferente. Lutou para manter a postura séria e não demonstrar qualquer tipo de espanto, mas era um luxo que jamais vira antes!

- Caraca... - as meninas podiam ouvir, baixinho, seu comentário. Jean logo conteve-se e imitava a postura de Lucy e de Ho Lyn.

Mas porra, até o elevador era luxuoso! Mais luxoso que seu quarto!

- Cara, nem sabia que podia existir coisas assim! Será que é mármore mesmo? - comentou com as companheiras, ainda em volume baixo. E como o ar condicionado era incrível! Tão incrível que Jean quase chorou. Não era costume ter esse tipo de tratamento.


E que quarto foda! Jean já abria um sorriso quando... ÊTA, PORRA! Era Michiko Arasaka em pessoa! E um sujeito caladão com cara de enterro do lado dela! Quem era ele?

Jean congelou por um microssegundo, mas voltou a andar e a ter os mesmos trejeitos de suas amigas. Quando Lucy comentou que era indispensável, Jean assentiu com a cabeça. Não ousou falar qualquer palavra com a Corpe. Sabia como eles eram e como qualquer coisa errada podia sair pela culatra. Deixou as meninas falarem.

Michiko tomava calmamente a bebida, aguardando o trio juntar-se a ela e a Xafic. Ela mesma encheu uma taça para cada um da mesma garrafa que estava tomando. Quando todos haviam tomado assento no centro do quarto, formando uma espécie de círculo irregular, alguém bate três vezes na porta suavemente.

– Sim? – Michiko responde.

A porta se abre apenas alguns centímetros. Não se pode ver quem está atrás da porta, mas todos ouvem sua voz.

– Desculpe-me a intromissão, Michiko-san, mas devo avisar que ele retornou.

– Eu sei, meu querido. Recebi a mensagem dele. Obrigada mesmo assim. Pode esperar aí, por favor. Vou terminar essa pequena reunião e já retornamos.

– Como desejar, Michiko-san.

A porta voltou a fechar. Michiko olhou brevemente para cada um deles, ainda indecifrável.

– Temos que conversar sobre o andamento do plano de vocês. Afinal, isso determinará as ações envolvendo a logística, fornecida por nós – ela voltou a bebericar. – Como sabem, temos certa urgência em obter os itens já discutidos.

Ela colocou a taça sobre a mesinha de cristal e começou a andar em círculos calmamente ao redor deles, com as mãos para trás.

– Ainda assim, devemos ser cautelosos e fazer tudo corretamente. O primeiro passo é sempre informação. Quanto mais informação, mais fácil se torna a execução de qualquer plano.

Nesse momento ela para atrás de Jean e coloca a mão gentilmente sobre o ombro dele/dela. Apesar de não haver violência no ato, ele não deixa de ser desconfortável de outra perspectiva.

– Então este é Jean. Netrunner, certo? Estranho. Xafic em momento algum me falou sobre você.

Xafic encarava o chão, fazendo um esforço impressionante para não olhar na cara de ninguém.

– Por que não me fala mais sobre você, Jean? Gosto de ter um histórico dos meus parceiros. Me ajuda a confiar mais neles. Aliás, por que não tira o capacete e nos mostra o rosto? De qualquer forma não vai conseguir beber com ele, meu caro.

Ela se afastou, dando espaço para Jean, indo até a janela e olhando o agent – mais uma vez. Antes que alguém pudesse falar alguma coisa, ela se virou com uma expressão claramente irritada.

– Aquele que se denomina Mastermind foi até você, não foi meu jovem netrunner?

Ela em momento algum perdia a compostura. Suas palavras eram controladas e formais, mas algo na sua voz denunciava um ódio cru.

(meus amigos, não fiquem com raiva de mim se o caldo engrossar )

Tudo era muita novidade para Jean. O local, o tipo de gente que estava agora. O tipo de papo. O tipo de tensão. Já passou por situações adversas em seu local de trabalho, mas era uma tensão diferente. Era algo que podia controlar. Ali. Ah, ali estava tudo escalonando muito depressa.

Quase tremia quando moveu-se e sentou-se junto com o grupo. Michiko movia-se como um felino: passos calmos e silenciosos. Passos quase arrastados.
Porém, Jean já tinha visto muito vídeo de gatinho nessa internet. E gatinhos tinham garras que machucavam. E eles sabiam muito bem a hora de usar.

"Quem será que chegou?" Jean ouvia a conversa entre Michiko e o guarda. Será que era o homem que estava atrás deles na boate? Engoliu em seco. Seus nervos estavam a flor da pele e não sabia muito bem se estava conseguindo disfarçar.

Jean sequer se moveu quando ouviu o nome dele. Teve que fazer um esforço tremendo para poder assentir com a cabeça quando Michiko afirmou que era um netrunner e disse seu nome.

- Sim, Michiko-san. - disse com certo respeito. - Jean desu.

tentava ganhar alguns pontos com a Saka Girl falando o pouco japonês que lembrava.

Jean respirou para controlar seu nervosismo.

-Ele não me conhecia e eu não o conhecia. Não trabalhei com ele. - olhou Xafic e depois voltou-se para Michiko.


Ficou sem falar por uns segundos, esperando Michiko desenvolver o raciocínio.

"Responder apenas o que é perguntado." Política de vistos e de corpes.

- Sou netrunner e fiz alguns trabalhos com a Lucy. Ela me disse que precisava de um bom netrunner e cá estou.

Educadamente pegou o copo e levantou parte de seu capacete, apenas para que seu queixo fosse visto.

- Agradeço a cortesia. Desculpe-me pelo capacete, mas minha cara é feia demais e além disso, minha saúde não permite. - Jean aponta uma cicatriz que cobria parte de seu queixo.

- Espero não haver problema, Michiko-san. - cumprimentou-a de forma educada e respeitosa.

Então, veio a conversa de mastermind. Jean controlou-se.

- Sim, ele veio falar comigo. Disse por alto sobre um trabalho, mas Lucy chegou e ele cortou o assunto. E depois, saiu correndo.

Disse de maneira crua, como se fosse apenas uma tentativa de negócio, sem qualquer importância. Bebeu um gole da bebida e colocou o copo em uma mesinha, fechando o capacete.

- Espero que tudo tenha ficado claro, Michiko-san.

(Bem, vamos ver o que vai dar. Com o passado de Jean, acho que saberia falar com uma corpe hehehe =))

Michiko voltou a sentar-se. Ela permanecia em silêncio enquanto ouvia Jean falando. Ela não estava mais bebendo. Na verdade, parecia que nem mesmo respirava. Suas pernas estavam cruzadas e seus olhos estavam abertos, focando nada em particular. Era como se estivesse meditando. Era uma espécie da análise profunda, tentando ler nas entrelinhas cada palavra de Jean. O/a netrunner tinha a impressão de estar interagindo com uma máquina; um computador realizando um scan – procurando uma vulnerabilidade em que pudesse explorar e invadir.

– Compreendo – ela disse por fim, descruzando as pernas, comportando-se normalmente mais uma vez, como se o corpo se reanimasse por conta própria. – Desculpe se fui insensível em relação ao seu ferimento. Não sabia que sua saúde estava frágil. Eu perguntaria se isso não seria um empecilho para o serviço, mas já que afirmou ter trabalhado com Lucy no passado, darei um voto de confiança aqui.

Ela voltou a bebericar normalmente. O clima na sala parecia aliviar, voltando ao normal aos poucos.

– Gostaria de acrescentar que temos ótimos médicos e cirurgiões aqui. Se deseja restaurar esse problema, basta dizer.

Ela começou a andar calmamente pelo quarto mais uma vez, admirando algo lá fora, através da janela.

− Quero que saibam que pago um adicional de duzentos e cinquenta mil se me trouxerem ele – e quando ela disse “ele”, certamente estava se referindo ao Mastermind. – Quinhentos mil se for vivo. Mas enfim, já tomei muito do tempo de vocês. O plano está definido? Já possuem um ponto de partida? Qualquer suporte logístico ficará por minha conta. Só peço que iniciem a busca assim que possível. A urgência por esses dados é maior do que parece, e não digo isso apenas por mim.

Nesse momento o agent de Michiko toca. Ela tem uma conversa breve em japonês com alguém e desliga.

– Para ser honesta, minha ansiedade acabou ganhando a luta interna desta vez. Não me orgulho disso, mas acho que vão gostar do que vão ver. Me acompanham até a cobertura? Há um helicóptero que vai nos levar até um estande que pedi para ser improvisado em um local que é propriedade da companhia. Fiz o possível para dar opção a todos, mas se algo faltar, sempre podemos dar um jeito, é claro.

Jean continuava falando enquanto Michiko sentava-se e analisava cada linha ou reação que Jean pudesse fazer.

Falar com aquele tipo de gente era fácil, mas ao mesmo tempo, difícil. Eles sabiam pescar vulnerabilidades. Sabiam até o que procurar e como conseguir. A sorte era que Jean sabia o que eles buscavam e como esconder.

Por fim, Jean apenas completou com um “Agradeço, Michiko-san”. Não falou nem mais e nem menos. Permaneceu fiel às regras do visto e de falar com corpes.

Enquanto Lucy e Ho Ly falavam, Jean sentiu as batidas do coração desacelerarem e finalmente tomou fôlego para levantar-se. Pôs-se a postos para iniciar o trabalho. Um pouco sem jeito, ergueu a coluna e tentou copiar a pose da mercenária e da médica, que pareciam saber exatamente o que estava fazendo. Porém, dessa vez decidiu calar a boca e apenas acompanhar. A única menção de comunicação foi um aceno com a cabeça diante do plano de Lucy, enquanto ela ditava alguns planos de ação.

“Tá, parece justo.” Jean pensava. Até porque, elas haviam conversado com Michiko.

Esforçando-se para não ficar olhando de um lado para o outro, pensando em como aquele lugar era incrível, Jean deixou Michiko guiar e foi com as outras atrás da Garota Arasaka.

(Count, desculpa a noobice, mas se eu quiser hackear as câmeras, como é? Preciso conectar em algum terminal? Tô com o Cyberpunk 2077 na cabeça, que é só você olhar pras câmeras, mas algo me diz que aqui é diferente hehehehehe
Caso nãos eja arriscado, quero ver de antemão o que vamos encontrar)

“Jean–Netrunning”:

A aeronave Arasaka levantou da pista como um enorme e mórbido inseto negro de metal. Apesar da blindagem e da aparência militar, era um da classe executiva; por dentro era confortável, espaçoso e bem carregado de comes e bebes. A iluminação tinha um tom púrpuro leve, que causava um efeito calmante. Os bancos era uma única peça de couro que formava um semicírculo que era cortado apenas na parte da porta, para que todos pudessem passar sem problemas. O conforto lá dentro era obscenamente perfeito. Do freezer no centro, que parecia mais uma mini geladeira deitada, Michiko se limitou a tirar uma garrafa de água gelada.

– Fiquem à vontade para comer e beber alguma coisa, se estiverem com vontade.

“Geladeira”:

Michiko ficou em silêncio o resto da viagem, que durou vinte minutos no máximo. Quando todos desembarcaram, encontravam-se em uma cobertura parecida com a do hotel, mas por alguma razão aquele edifício parecia mais deserto – algo mais… escuso.

Ela conduziu o grupo pela porta de vidro logo abaixo da pequena escadaria curta, explicando que havia reservado um andar para o estande. Quando eles entraram, notaram que haviam alguns guardas da Arasaka ali, mas nenhum parecia muito preocupado com eles. O que chamava mesmo a atenção eram os brinquedos… Armas, veículos, warez, explosivos, blindagem, equipamentos… Tinha literalmente de tudo, da melhor qualidade.

– Escolham o que desejar e falem comigo, para que eu tome nota que vai ser emprestado a vocês para as missões futuras. Quando terminarem, voltaremos ao hotel onde poderão partir para o primeiro local.

“Vitrine da Esquerda Sul: Armas, Acessórios e Munições”:

“Vitrine da Direita Sul: Explosivos”:

“Vitrine da Esquerda Centro: Armaduras e Blindagem”:

“Vitrine da Direita Centro: Softwares e Cyberdecks”:

“Vitrine da Esquerda Norte: Equipamentos Gerais, Medicamentos e Suprimentos”:

“Vitrine da Direita Norte: Veículos”:

Jean entrou na aeronave com certa desconfiança. Não era muito de seu agrado aquele tipo de passeio: um passeio em uma aeronave corpe. Não sabia dizer porque, mas algo dava um arrepio em sua espinha.

Talvez fosse a situação toda, porque sequer mexeu-se. Jean foi até o banco e sentou-se ao lado de suas agora colegas de profissão. Permaneceu sem dizer uma palavra enquanto observava Michiko falar. Sentia ainda que era objeto de estudo e não queria atrair qualquer tipo de atenção. E não atrair atenção era um item necessário à sua sobrevivência. E isso era desde sempre.

Pensou em hackear aquela nave para descobrir seu itinerário, mas não ousou fazê-lo. Algo em sua cabeça gritava para apenas seguir com o plano e parecer que sabia o que estava fazendo. Debaixo de seu capacete, os olhos curiosos foram para Lucy e Ho Lyn. Queria saber se elas estavam acostumadas a trabalhar daquele jeito.

Não que não trabalhasse sob pressão e sob perigo eminente, mas estar ali era diferente. Era ousado demais e era real demais. Tinha a impressão que machucar a carne era pior do que ter o cérebro fritado. Mas vai saber. Não queria descobrir.

Suas ações não mudaram quando desceu da nave. Andou ao lado de Lucy, com as costas um pouco curvadas, como um adolescente que não queria chamar atenção. Passou pelos guardas e só foi até a vitrine de equipamentos depois que Ho Lyn adiantou-se.

-.....

Deu uma olhada no deck como se aquilo fosse muito comum, mas sabia que aquele deck era especial. Pegou um deles e mais alguns hacks. Também pegou munição e uma pistola leve, assim como uma armadura.

Off: