Delvar - Shmul

A parte do dia preferida de Delvar era a manhã. De joelhos em frente a forja do ferreiro que tinha fornecido abrigo para aquela noite, ele se sentia em comunhão com sua deusa, Fenrir. Segundo sua filosofia, todas as coisas mudam, passam de um estado a outro, e com Delvar não era para ser diferente. Longe de sua casa, tudo era estranho, mas cabia a ele se transformar para se adaptar a nova realidade.

“E então, Delvar! Já terminou? Precisamos fazer algo para retribuir a boa vontade do ferreiro.”

Delvar abre os olhos e se volta na direção da voz conhecida de Elisie. Talvez por influencia da luz forte matinal, o jovem Powderkeg por um momento vislumbrou uma pequena Elisie, tal qual fora encontrada na porta de sua casa pelos seus irmãos Telmar e Thimon. A pequena tinha uma expressão emburrada, a mesma que tem agora, só que em seu corpo eram visíveis as marcas de maus-tratos e sofrimento. Os Powderkeg decidiram tomar conta daquela menina misteriosa, que agora já se tinha formado mulher.



Elisie, que sempre se mostrava durona, havia decidido seguir o caminho do guerreiro. E foi Thimon que forjou sua espada e escudo, e Telmar quem a ensinou os princípios das lutas armadas.

“Por que esta olhando assim para mim, Delvar? Terminou ou não. Já estamos em Gália, mas quais são exatamente os seus planos? E nem venha com aquela historia de seguir sozinho, estou aqui para cuidar de você! ” – disse Elisie, cruzando os braços.

“- Estava me lembrando, saudoso, dos tempos idos, quando ainda era pequena. “ – deu um sorriso gosto.


(imagem do anão. Delvar possui cabelo e barba raiva)

Após terminar suas orações, deu inicio a elaboradas tranças em sua enorme barba e cabelo.

“- Eu jamais lhe deixarei sozinha, “Magricela”, senão por sua vontade. Anões são assim, ou já se esqueceu!?”

Ele se levanta, pega uma das vassouras e entrega a Elisie. “- Eis meu plano: Varreremos o chão, e então irei verificar como vai o processo de fermentação da cerveja que preparei ontem. Feito isso, acredito que teremos pagado nossas estadias e iremos até a Guilda de Aventureiros como você queria. Agora já pode desfazer essa cara de quem pisou em bosta de Troll.”

Elisie pega a vassoura com um olhar gélido.
- Esquecer é uma coisa que eu não me permito, “barril” – diz, e olha ao seu redor. Aquela ferraria estava um caos de sujeira – Caramba! Tava escuro de noite, nem vi a zona que estava tudo aqui! Pois bem, va la fazer sua atividade, quem sabe mês que vem termino de arrumar esta josta.

Delvar deixa a forja, ainda ouvindo os mais horríveis xingamentos karzekianos as suas costas. Definitivamente Elisie não tinha nascido em berço de ouro.

O anão se dirige ate o tonel onde tinha misturado os ingredientes, e verifica que estava tudo em ordem. Neste momento chega o dono da ferraria, Adriaan, um senhor musculoso e simpático.
- Espero que tenham dormido bem. É sempre uma honra receber um clérigo de Fenrir em minha ferraria. Poderia ajudar vocês em alguma coisa?

Ambos então ouvem um palavrão vindo da forja, tão feio que faz as barbas de Delvar se eriçarem. Adriaan coça a cabeça, desconcertado.
- Desculpem, tenho andado tão atarefado que receio que tenha deixado a forja um pouco bagunçada...

- Esta tudo sobre controle, exceto a boca daquela garota mal agradecida. Mas acredito que limpar a forja vai ajuda-la a acalmar seu coração e espirito. - Então Delvar fala em tom mais alto - Ela precisa aprender a ser mais humilde e educada!

- Creio não precisarmos de nada, Mestre Adriaan. Iremos almoçar almoçar em uma taberna.

- Preparei a cerveja como havia lhe dito que faria, porém, ela só irá ficar pronta em 5 dias. Espero que aprove!

Vendo que sua cerveja esta indo bem ele pega outra vassoura e vai ajudar a garota.

Depois de um sermão e um breve pedido de desculpas, Elisie e Delvar se põem a arrumar a ferraria. Em conjunto ambos trabalham rápido, e logo deixam a forja em condições de trabalho.

Elisie se apoia numa bigorna e da um suspiro de alivio.
- Pronto, pagamos o que devíamos, agora podemos sair – diz, enquanto olha para o anão arrumar as ferramentas de ferreiro cuidadosamente. A jovem franze a testa, lembrando-se de certa pessoa – Sinto falta de Thimon... e Telmar.

A guerreira se levanta e apanha sua espada. Faz um movimento sibilante, a arma corta o ar.
- E thump... A cabeça de Badur rolando no chão... – diz, e olha a lamina – o sangue escorrendo pelo fio da minha espada... Não imagina a morte de seu irmão, Delvar? O prazer que nos daria?

- Imaginei muitas vezes. – Deu um sorriso sádico -  Mas Thimon e Telmar tentaram isso, e no entanto Badur estava preparado. Talvez a vingança esteja em nosso destino, talvez não. Talvez Badur não deva ser morto... Devemos seguir em frente e aguardar em Fenrir os desdobramentos do destino, e se a oportunidade surgir, bem...

Delvar pegar seus pertences e aguarda Elisie na porta de saida da Forja.

- Obrigado, Adriaan! Estamos indo. Que Fenrir lhe proteja e lhe inspire com belos trabalhos.

O ferreiro Adrian, feliz por ter recebido tão prestativos hospedes, os presenteia com um par de adagas de sua própria fabricação.

NRPG: Adicionar 2 adagas ao inventorio

Delvar e Elisie saem para a rua, em um local relativamente pacifico de União. De manhã ainda não haviam muitos transeuntes, embora em breve uma grande multidão devesse surgir de suas casas para se dirigir aos seus respectivos locais de trabalho.
Elisie brinca com a adaga, fazendo a girar pela mão.
- Até que valeu a pena, Delvar. Voce tem um dom com as palavras... – diz, e habilmente guarda a adaga em seu cinto – Agora temos que procurar emprego. A Guilda de Aventureiros é o melhor lugar para conseguirmos um rapidamente.

Porem antes de prosseguirem um grito de socorro de mulher se faz ouvir. Ele vinha de uma viela, escura e vazia por estar encoberta pelas edificações. Elisie lança um olhar inquisitivo para Delvar.

Magias memorizadas:

Novel 0:
Detectar Magia
Orientação
Orientação

Nível 1:
Causar Medo
Auxílio Divino
Mãos flamejantes

Delvar saca seu machado e escudo - Vamos, Elisie, alguém precisa de ajuda. Fique atrás de mim - O anão toma a dianteira e antes de adentrar a viela ele diz - Fenrir, guia minhas ações! (Conjurou a magia Orientação)

Delvar vai com o machado em punhos e se lança pela viela, sendo seguido logo atrás por Elisie. Após breve oração ele percebe que Fenrir o esta apoiando, e sem medo avança em direção dos pedidos de socorro. A viela se abre ate um local reservado, onde estão dois homens que tentam puxar a bolsa de uma anã, que resiste bravamente.



- O dona, é melhor largar a mão, ou a coisa vai ficar preta pro seu lado – diz um deles, sacando uma adaga.

O outro então percebe a chegada de Delvar e Elisie, e larga a bolsa da mulher. A anã protege seus pertences e recua em direção da parede.

O ladrão com a adaga a aponta para Delvar.
- Escuta aqui, baixinho! Isto aqui não é pro teu bico aqui não, e se eu fosse vocês dava meia-volta daqui e seguia tranquilinho. Não vou avisar outra vez! – diz, ameaçador.

Após ouvir as ameaças, Delvar olha para seu machado, o qual deu o nome de “Delcenora”, e olha de volta para a adaga do bandido, e então gargalha – Você só pode estar de brincadeira. Sua única opção é soltar essa faca de manteiga, se ajoelhar e implorar perdão para mim e para as duas senhoritas, ou eu vou transmutar essa sua cara feia em uma maça disforme. Talvez, com a graça de Fenrir você fique mais belo, porque mais feio do que você já é... - (Intimidar)

A tentativa de Delvar de evitar um derramamento de sangue não surte resultado, e serve somente para enfurecer o bandido ainda mais.

O chefe enfrenta o anão, e após uma troca de golpes, consegue ferir o braço de Delvar com um golpe de raspão.
- Esta faca de manteiga corta, hehe!

Elisie por sua vez enfrenta o outro meliante.
- Concentre-se no seu inimigo, Delvar, que eu cuido deste outro aqui!

O anão enfurecido ataca novamente. - Você chama isso de corte? Experimente isso! (Ataca novamente)

A resposta de Delvar para a bravata do outro é uma machadada no peito, que faz com que o nandido caia morto instantaneamente. A cena é tão brutal que o seu comparsa resolve fugir, mas Elisie não mostra misericórdia e o trespassa com sua espada pelas costas. A guerreira limpa tranquilamente sua lamina nas roupas do morto.

A anã vem na direção de Delvar e o abraça.
- Muito obrigada, senhor! Voce salvou minha vida! Como posso fazer para agradecer? Chamo-me Beghila Duskhood!

Elisie aponta casualmente sua espada para a anã.
- Eu também salvei sua vida, só pra constar. Além do que, ficar andando em uma viela escura é pedir pra ser roubada!

- Não se preocupe, Beghila, não precisa nos retribuir. Retribua a Fenrir com uma oração. – As bochechas de Delvar tomam uma cor rubra. Fica um pouco encabulado apesar de gostar do abraço.

- Foi um belo golpe, Elisie. – o Anão observa os corpos no chão – seriam esses malfeitores de alguma organização criminosa? Teriam roubado outras vítimas? – examina e vasculha os corpos, e então faz uma rápida prece para eles – Que Mitz receba as centelhas de suas vidas de volta. Com tanta vilania neste mundo, ainda temos que enfrentar raças aliadas...

Elisie da uma piscadela marota para Delvar.
- Voce também não foi mal, barrilzinho... – diz, e aponta para os cadáveres no chão – se bem que acho que quem vai receber as almas deles vai ser Shadowlady.

O anão vasculha os corpos dos bandidos e encontra 5 peças de ouro, 2 de prata e 23 cobres. Além das moedas, um camafeu com uma pintura de uma bela mulher e um convite para uma festa em nome de Sir Steko. Ambos os bandidos tinham uma tatuagem no ombro esquerdo de uma serpente.

Elisie apoia a mão sobre o ombro de Delvar.
- Parece que ganhamos o dia, Delvar. Ajudar mocinhas indefesas ate que não é tão ruim assim...

Beghila, sempre ao lado do anão, segura no braço dele como num apelo.
- Por favor, deixe-me retribuir pela sua ajuda! Meu pai é dono de uma estalagem, com certeza irá recompensa-los! É perto daqui, vamos!

Mesmo estando em um beco sujo e com cadáveres, Delvar sentia um delicioso aroma vindo de Beghila que o deixou extasiado e aberto ao convite.
- Se você insiste na recompensa, senhorita Beghila... aceitaremos, não é mesmo, “Magricela”?

Delvar indaga a anã sobre os pertences dos bandidos:
- Sei que não conseguiram lhe puxar a bolsa, mas essas moedas são suas? Você reconhece a moça desenhada nesta medalha, o nome Sir Steko e a tatuagem de serpente? Sei que esta nervosa com os acontecimentos, mas preciso que me responda.

Elisie olha desconfiada para Delvar.
- Hmm, voce esta estranho, Delvar... – diz, e da um suspiro – mas se voce quer mesmo ir com esta moça ate a estalagem, então vamos.

Beghila saltita de felicidade, levando o anão pela mão, os dois sendo seguidos por Elisie mais atrás. No caminho eles conversam sobre o butim encontrado com os bandidos.

- Nenhuma destas coisas são minhas, pode ficar. É um pagamento mais do que justo, voce ate se feriu ao enfrentar aqueles marginais – diz a anã, apontando para o ferimento no braço – Não se preocupe, iremos cuidar disto logo que chegarmos.

Beghila olha para o camafeu, e balança a cabeça negativamente. “Não a reconheço, mas deve pertencer a alguém da alta sociedade. Estas pinturas saem caro para fazer. Quanto a Sir Steko, ele é um meio-orc condecorado nas guerras contra Nova Karzek. Como reconhecimento ganhou um titulo de nobreza, mas ele é bem acessível. Certa vez ele foi la na estalagem para beber e contar historias. Quanto a tatuagem... só podem ser da Guilda da Serpente, a guilda de ladrões local... Que Fenrir nos proteja se descobrirem que matamos dois homens deles!”

Elisie da uma cutucada dolorida em Beghila.
- Só vão descobrir se voce contar, sua tagarela. Alem do que, voce sabe demais, ta muito estranho isto aqui!

A anã cutuca Elisie de volta.
- O magricela, eu trabalho como atendente na estalagem, por isto estou muito bem informada. Alias, estranha aqui é voce, andando com um anão tão lindo como Delvar. Por que não procura um humano da sua laia pra você?

Repentinamente Delvar se encontra na delicada situação, em que sua protegida Elisie e a anã que acabaram de salvar estão se estapeando e puxando o cabelo uma da outra.

- Vocês estão se comportando como goblinóides! Exijo que parem! – disse em um tom forte e quase ameaçador.

Delvar se volta para Elisie com um olhar severo:
- Ofendeu a moça chamando-a de tagarela. Peça desculpas! E sem mais! – disse ríspido.

Depois, se volta para Beghila:
- Esta humana também lhe salvou, oras. Ela foi criada por mim e por meus irmãos, e ela é tão ou mais anã do que muito anão que eu conheço. Ela é extremamente leal, honrada e... e teimosa. - disse com orgulho.

Delvar da uma bronca nas garotas e aparta a briga. Elisie, com a cara arranhada, pede desculpas a contragosto, quase inaudível. Beghila, que parecia acostumada com este tipo de barraco, ajeita o cabelo no lugar.
- Se voce diz que a humana é honrada, acredito. Mas pelo visto deve ter faltado uma companhia feminina na criação, pois me parece mais um moleque...

Elisie já ia pular em cima novamente em Beghila, não fosse a intervenção oportuna de Delvar. Beghila continua seu caminho em direção da estalagem, enquanto o clérigo passa novo sermão na guerreira.

Após andarem por algumas ruas, eles chegam na estalagem “A raposa esperta”, que logo na entrada encontram a dita cuja, empalhada. Beghila bate na cabeça do animal. “Esperta, morreu de velhice,” comenta.

Logo ao chegar a anã recebe uma bronca de seu pai, Kiror Duskhood, que logo percebe que tem visitas.



Ele dá um abraço amigável em Delvar e um cumprimento formal a Elisie. Beghila os apresenta, e conta sobre a ajuda que recebera. O anão coça a barba, pensativo.
- Hmm, Powderkeg... Ah sim, conheço. Seu pai foi um bom homem, muito honrado. Costumavamos tomar cerveja das boas após o trabalho nas forjas, bons tempos. De qualquer maneira, muito obrigado por salvarem minha filha, sempre falo para ela tomar cuidado pelas ruas. Por favor, sentem-se numa mesa e peçam o que quiserem, fica por minha conta!

- Fico feliz em saber que o senhor era amigo de meu falecido pai. – Delvar bate respeitosamente no peito de Kiror - Infelizmente o futuro é negro para os anões de Stoneholme. Já há alguns anos um câncer se instalou lá e esta se alastrando e contaminando nossos corações, nossas mentes, e nossas crenças. Badur ludibria a todos e avança com seus planos sórdidos e escusos, carregando por baixo da bigorna de Fenrir um crânio rachado. – range os dentes de raiva e esbugalha um dos olhos quando menciona indiretamente Bloodyrane.

Delvar se aproxima de uma das mesas mais próximas e se acomoda em uma cadeira.
- Não queremos incomodar. Pretendemos ir até a Guilda dos Aventureiros ainda hoje. Aceitarei uma caneca de Hidromel e carne de porco.

Oportunamente Delvar ira analisar o “convite” e o Camafeu e indagar Kiror sobre esses.