Íris e Naereth - Ato I

Iris conforme o vagão ia saculejando e se movendo, ia se sentindo mais leve. As imagens do que acontecera lá castelo ainda vinham na sua cabeça, porem a possibilidade de que alguem de lá viesse encontra-la cada vez ficava menor. Era por isso que ficava mais tranquila. Quando Inald gritou que estavam chegando Iris olhou pra frente cobrindo os olhos com as mãos pra evitar o sol.
- Você Naereth já veio aqui alguma vez? - vira ela perguntando pra sua companheira de vagão.

Nareth já havia viajado muito e já estava acostumada em trabalhar nos vagões para conseguir uns trocados ou apenas para viajar.
Ela tinha muitas duvidas sobre a jovem que a acompanhara, mas não tinha certeza de como perguntar, certamente o faria, fosse de uma forma discreta ou não:

- Já passei pelas Terras, mas não me lembro de ter vindo aqui em Vau Ashaben, se passei foi de passagem, apenas atravessando... E você? Não parece que viaja muito... procura algo específico vindo aqui?

Naereth era curiosa e direta, muitas vezes impertinente, mas nunca deixou de perguntar o que tinha vontade.
Ela não sorria ao dizer, dizia normalmente com um tom um tanto frio na voz, mas era normal dela.

- Eu... co..começei a viajar a pouco tempo. Estou a procura de umlugar tranquilo pra me assentar - Respondeu Iris a Naereth.

- Não sei como alguém consegue se prender à algo tão escravizador quanto uma cidade... Mas se gosta disso não vou interferir impondo uma forma de vida...

Ela observa as mãos da jovem, não eram delicadas como seu rosto e muito menos aparentavam serem suaves e macias como seus cabelos, ela se apronta novamente e questiona, pegando nas mãos da jovem para senti-las melhor:

- Era costureira ou artesã na sua outra prisão, digo...cidade? Tem as mãos um tanto indelicadas para sua aparencia... Afinal, de onde disse que veio mesmo?

Iris olha pra proprias mãos e olha pra Naereth quando as segura. Pensa duas vezes em falar, não era bom sair falando sobre o que acontecera em Comyr com pessoas desconhecidas.
- Eu fui dama de companhia um tempo atrás, mas fui liberada do meu serviço pela minha senhora.

Naereth sorri maliciosamente perante o que a jovem diz, e retruca quase de imediato.

- Para ter mãos como estas, não era dama apenas para acompanhar...

Ela solta as mãos da jovem e fica em um silêncio repentino e sem expressão. Apenas aguardando a parada do trem.

Iris fecha a cara e responde já irritada:

- O que você está sugerindo? Minhas mãos não tem nada a ver com meu serviço. Você quer saber mesmo o que tem a ver minha mãos indelicada?

Ela revira sua mochila e puxa a espada e coloca sobre seu colo.

- Tem a ver com isso - afirma ela

Naereth fica satisfeita com a atitude da mulher à sua frente, mostrava que ela não era fresca como aparentava ser.

- Muito bom, suspeitei que suas mãos fossem ásperas por alguma arma, fosse espada ou bordão, mas quando disse que era dama de companhia não pude deixar de comentar... Enfim! Posso ver sua espada? Com a origem dela?

Naereth havia passado por muitos lugares e visto várias espadas, era curiosa mas não tinha conhecimento sobre elas, embora adorasse ver qualquer arma e saber como foi detalhada.

Iris sem falar nada passa a espada pra Naereth. Acreditava que já tinha falado demais sobre si mesma.

Naereth pega a espada e a balança no ar, sentindo o peso e brincando com ela, mas não desajeitada, com um pouco de maestria, não muita, mas o suficiente para não machucar ninguém ali.

- Muito boa a espada, não é para qualquer um... Possui lindos detalhes. Parabéns à quem a forjou!

Ao terminar a frase, devolve a espada a jovem.

Iris pegou a espada devolvida por Naereth e guardou novamente. Iris volta a ficar calada novamente, já tinha falado demais. De forma alguma podia dizer o motivo porque tinha fugido de Comyr, nunca se sabe quem poderia ouvir.

Depois de mais algumas horas de viagem embaixo de um sol de 32-35 graus, em sentido leste, Iris e Naereth notaram a euforia dos viajantes daquele comboio, algo não estava muito certo, afinal o sol de meio dia já não era nada agradável e o anseio pela chegada aumentava a cada minuto.

-Chegamos! Chegamos! Tymora mais uma vez nos abençoou com uma boa viagem - Podiam ouvir um grito de um dos integrantes falando em meio a diversas vozes.

Logo depois uma grande movimentação nos vagões do comboio iniciou-se. Apesar de ser uma viagem considerada não tão extensa e bem tranquila, parecia que os integrantes não viam a hora da chegada, afinal a exaustão era evidente, todas viagens por aquelas regiões eram exaustivas.

De longe já podiam ver largos campos de plantações e diversas fazendas ao redor do pacato Vau que se escondia por entre as árvores que davam boas vindas aos viajantes na entrada da pequena vila.

Pequenos casebres já podiam ser vistos na entrada da cidade rodeados por algumas árvores.

Iris viu a excitação do grupo de viajentes. O que estava acontecendo? Quando gritaram que tinha chegado o coração dela aliviou. Posicionou o seu corpo para frente e viu na distancia que a cidade aproximava. Fez uma de aliviou e sorriu e falou Naereth:

- Chegamos Finalmente.

Naereth estranhou a emoção do pessoal, com certeza não era uma viagem cansativa a este ponto de comemoração, já havia viajado muito e sabia disso... Ficou encucada e um tanto preocupada "Preciso descobrir o motivo dessa comemoração, uma taverna local poderá me ajudar"

- Sim, chegamos. A viagem foi curta e tranquila, não vejo graça em comemorar assim por uma viagem tão curta, mas vamos lá...

Ela olha ao seu redor e questiona Iris:

- Já está tudo pronto para desembarcar? Não tem mais nada para fazer, certo?

Naereth já deixara tudo pronto com antecedência, bastava o transporte parar e ela poderia descer e desvendar os mistérios daquela terra nova...

- Sim já to pronta - Diz ela descendo do vagão com a mochila e caminhando rumo da cidade.

Naereth pega suas coisas e segue meio distante de Íris, não queria intimidade com ela, mas concerteza ela parecia um tanto perdida, como se fizesse aquilo tudo pela primeira fez.

Enquanto ela esperava uns instantes o próximo comboio passar para ir até o Cervo Branco, observava a jovem de cabelos sedosos e mãos ásperas. Ela a intrigava, com certeza.

Quando Inald disse sobre a boa cerveja, Naereth se aproximou da jovem e lhe perguntou:

- Vai para o Cervo Branco? Dizem que a comida e os homens lá são muito bons...

- Não estou interessada em homens agora, quero só alugar um quarto e dormir - Responde ela.

Parecia que o Cervo branco é era o destino dela por enquanto. Depois procuraria algum trabalho pra se fixar ali na cidade.

Naereth não se aguentou e deu uma risada expontânea, discreta, nada muito alto.

- Gaste suas moedas com quartos para dormir... Prefiro gastar meu tempo com um homem, economizando moedas, passar a noite acordada "obtendo informações". Homens são necessários para quem vive na estrada como eu...

Ao terminar de dizer isto ela sobre no comboio atrás de Íris.