Mas apesar de tudo, capitão Barbarossa não tinha do que reclamar de sua tripulação. Eram homens valentes, sem medo de uma boa briga, e isto bastava em muitos casos. Eles foram felizes por muitos anos com saques por todo o Mar das Estrelas Cadentes... até serem surpreendidos por um navio cuja tripulação já estava morta.
E então Barbarossa despertou de seu sonho e de suas lembranças. Seu corpo todo estremecia de dor como se mil insetos tivessem picado-o e arrancado um pedacinho dele. Ele pensou a principio que estava morto e sendo castigado no Inferno por todos os seus crimes, mas ao abrir um de seus olhos (o outro fora arrancado) o que se viu foi uma cela. Uma cela típica da Ilha de Ferro.
Aqueles detentos miseráveis havia o atacado a mordidas e unhadas! Eles haviam fechado o cerco contra o grandioso e magnífico capitão Barbarossa, e de forma degradante começaram a agir como cães famintos. Agora as lembranças mais recentes voltavam com força para sua mente, e ele se lembrou de tudo... menos de como veio parar novamente numa cela. Os prisioneiros estavam raivosos e com cara de que o matariam sem pensar. Mas lá estava Barbarossa, vivinho da silva, embora com ferimentos dolorosos.
Um pedaço de sua orelha foi arrancado à mordida. O seu mindinho da mão esquerda estava quebrado e em toda parte sua pele foi arranhada até ficar em carne viva. Suas roupas estavam rasgadas e ele perdera uma das botas, sem falar no seu chapéu de capitão. Nunca Barbarossa se sentiu mais humilhado em sua vida miserável de pirataria. Ele estava sem seu navio, sem sua tripulação, sem sua arma, e sem qualquer expectativa de sair dali. Ele voltou a fechar os olhos e logo caiu num sono de pesadelos horríveis envolvendo a Ilha de Ferro. Num desses sonhos, um guarda-esqueleto tentava o acordar, provavelmente para levá-lo a alguma câmara de tortura.
- Acorde, acorde - dizia o esqueleto. Após muita insistência, Barbarossa abriu lentamente os olhos e o que ele viu não foi o que esperava ver. Na verdade era uma moça que estava tentando o acordar, por sinal a mesma moça que Barbarossa tentou ajudar a escapar da prisão antes daquele episódio com os prisioneiros moribundos. Ela estava do lado de fora das grades e não havia guarda-esqueleto em lugar nenhum. Ele tinha acordado para a vida real. – Ah senhor, que bom que você acordou – disse a moça. – O senhor está bem? Me desculpe, eu não pude ajudar, tentei gritar para pararem mas eles não me davam ouvidos. Num determinado momento pensei que eles iriam comê-lo vivo, mas aí desistiram da ideia e o jogaram nesta cela.