Capítulo 1: Uma Nova Perspectiva

Roosevelt só percebe os dois que haviam chegado ao centro de onde acontecia o ritual quando todos pararam de cantar, pois não parava de amaldiçoa-los, assim vendo que havia um elfo do mar com os outros, pré supõe que este seja o líder, logo se dirige ao elfo, falando em Aquan, uma língua que dominava, oras, um pirata deveria se prevenir, pois as mais incríveis criaturas do mar um dia poderia encontrá-los, e seria importante saber dialogar com tais.

- Elfo do mar!... Você é o líder dessa tribo??? Falava em Aquan, julgando que seria mais conveniente para o elfo do mar.

Algeon prestou uma reverência à Ootiliktik. - Obrigado, bom amigo. - E, enquanto caminhava, devolvia as reverências que recebia dos outros darfellans.

Ele seguiu pelos diversos túneis até o local onde o ritual ocorreria, e se aproximou junto de seu guia até o centro do salão. O sucesso, o humano ainda estava vivo. Ao ouvir as palavras de seu amigo, ele deu uma boa olhada no humano. Até que o mesmo lhe falou também, em aquan. Mas ele continuou olhando para o mesmo tentando encontrar qualquer sinal de que ele era Mammon, depois de alguns segundos, respondeu.

- Não sou líder de nada. Sou apenas um bom amigo e um aliado em tempos difíceis. - Falou também em aquan e então prestou uma reverência ao sacerdote que havia interrompido o ritual. - Sou Algeon Gaeon Targalon, servo do Príncipe Golfinho. És o humano de nome Mammon, o temível pirata que pinta o rosto de branco? Ou tem alguma notícia de seu paradeiro? - Nesse momento Algeon estava ereto e com o peito estufado, e seu tridente apoiado no chão mirava o teto daquela caverna. Falava como um emissário de sua divindade e demonstrava o orgulho por sê-lo.

O capitão escuta o elfo, por sorte, ou azar, o mesmo estava atrás dele, mas com certeza não havia o reconhecido por estar sem a pintura no rosto. Seria esse elfo mais um conspirador contra Roosevelt?... O tempo mostrou ao capitão que por pior que seja sua situação, sempre poderia piorar, não custava remediar antes de entregar sua identidade.

- Roosevelt, o pirata Mammon, Capitão do Marlin Negro... Conheço esse nome... E sei muita coisa sobre o pirata... Sua tripulação... Seu navio... E seu paradeiro atual... Responde o capitão em Aquan, depois de uma rápida pausa continua. - Te contarei o que sei quando eu não estiver condenado a morte, e faça com que devolvam minha espada que deixaram no fundo do poço em que me pegaram... Minha proposta é simples e única, se me livrares dessa tribo, eu te levarei até Mammon... Tens a minha palavra!

Roosevelt falava com convicção, não estava disposto a morrer daquela maneira, como um fracassado, se o elfo o livrasse da fogueira, teria o que queria.

Algeon sorriu quando ouviu as palavras do cativo, quase perdendo a compostura que um servo de uma divindade deve possuir. E logo respondeu: - Uma coisa de cada vez. Primeiro o seu pescoço, depois pensamos no resto. Espero que entenda que estou em uma missão sagrada, e que, após libertá-lo, precisará me guiar até Mammon, leve o tempo que levar. - Ele não esperou a resposta, apenas se voltou à Ootiliktik e ao sacerdote que realizava a cerimônia e disse: - Amigos, eu tive uma revelação do senhor do Fundo do Mar a poucos dias, de que eu deveria encontrar este homem nesta ilha. Ele faz parte de planos maiores do que nós, então, pelos nossos longos anos de amizade, peço que ele seja libertado e que seus pertences sejam devolvidos. - Algeon sabia que aquilo não ia exatamente agradar os darfellans, mas esperava que eles pudessem atender ao desejo de sua divindade e ao pedido do clérigo.

Roosevelt até sente seu coração massageado quando o elfo pede para as criaturas solta-lo, não escondendo uma sorriso tímido de canto de boca, com os olhos fechados e de cabeça baixa, apenas esperava ser solto desta vez, mergulhando em pensamentos.

" Assim é melhor... O que será que esse elfo quer comigo... E de que planos maiores é que eu faço parte... Acho que o elfo não sabe o que está fazendo... É... Por azar daqueles traidores que eu não morri hein... Que pena, pra eles! "

Os darfellans envolta estavam visivelmente frustrados com a interrupção do ritual, e muitos começavam a reclamar em voz alta para o seu sacerdote. O darfellan, menor que Ootiliktik, fez sinal para que eles se acalmassem, e em seguida disse para Algeon:

- Não posso contrariar a vontade do Senhor do Fundo do Mar, mas posso exigir uma compensação. - Ele olha para um ponto vazio do salão, pensando em algo. - Esse homem que você quer libertar é um daqueles navegadores do mar, portanto deve conhecer bem o Grande Mar. Assim como você, mensageiro dos deuses. Não seria muito abusivo eu pedir a vocês para que encontrassem o Habitante das Profundezas, o ser de nossa raça que nos restaurará em uma grande tribo, forte e unida na luta contra os demônios do mar.

Por demônios do mar, Algeon sabia que ele estava se referindo aos sahuagin. Ootiliktik se pronunciou:
- Eles não haverão de saber a aparência de nosso salvador.

- Não - concorda o sacerdote. - Mas você vai. A minha proposta é a seguinte: libertarei este homem conforme solicitado pelo mensageiro do mar. E os dois, com a ajuda de Ootiliktik, irão procurar o ser de nossas profecias, o Habitante das Profundezas, e trazê-lo para cá.

Algeon ouvia as palavras do sacerdote sério, e acenou, concordando, quando este terminou.

- É muito justo, meu amigo. Encontrarei o Habitante das Profundezas com a ajuda deste homem e de Ootiliktik o trarei de bom grado, e se o Senhor das Profundezas assim permitir, ainda me unirei a vocês na luta contra nosso inimigo em comum. - Ele dizia de maneira firme e respeitosa. - Temos um acordo e os deuses como testemunha. - Prestou outra referência ao sacerdote.

Ele olha para o pirata que acabou de salvar: - Vê, mortal? Você foi salvo aqui pois seu destino foi decidido pelos deuses. Aceite as graças de Istishia e do grande Sesshalas das Profundezas e encontrará sua proteção hoje e sempre. - Ele dizia de maneira amigável e sorrindo.

- Claro... Obrigado elfo... Cumprirei com o prometido. Roosevelt sorri amigavelmente para o elfo, assim como o próprio havia feito, claro que o pirata só estava fazendo um papel que não era o normal dele, apenas para sair logo dali, logo, ele espera que as criaturas retirassem ele do tronco e lhes devolvessem a sua espada... Enquanto isso, ele pensaria o quê fazer com esse elfo que o salvou.

O sacerdote dos darfellan puxou uma faca de osso que estava amarrada em algum lugar perto de sua cintura e cortou as grossas cordas que prendiam Roosevelt ao tronco. Os demais darfellan voltaram a gritar impropérios, mas o sacerdote tratou de silencia-los com um gesto ameaçador.

Então, Roosevelt, Algeon e Ootiliktik puderam partir da caverna. Eles tiveram que passar no meio dos darfellan, que surpreendentemente nada fizeram para impedir suas passagens. Eles caminharam para fora, e chegando lá Roosevelt os comunicou que teria que pegar sua espada de volta. Os três então subiram o morro até alcançar o poço escavado que os darfellans usaram como armadilha. O pirata escalou o poço de mãos nuas e pegou sua arma de volta. Ele podia ter perdido o posto de capitão, mas não perderia sua arma tão facilmente. O trio retornou então para a praia.

- Onde iremos agora? - questiona Ootiliktik. - E mais importante, como ele viajará pelo mar? - diz se referindo ao Roosevelt, o único que não conseguiria nadar grandes distâncias.

Algeon acompanhou o humano até ele buscar sua espada no fundo do poço e o ajudou a sair do buraco, e logo todos estava na praia e uma pergunta surgiu.

- É uma boa pergunta, Ootiliktik. Primeiro...eu não saberia reconhecer o Habitante das Profundezas nem por onde começar a busca. Mas temos esse problemas mais urgente.. - Dizia ele cruzando os braços, com o tridente na mão direita e coçando o queixo com a mão esquerda, pensativo. - Como você chegou à esta ilha? Deve ter alguma embarcação não? - Então virou o rosto para Ootiliktik. - Também deve haver outro tipo de embarcação aqui. Nós não precisamos, mas esta não foi a primeira vez que o povo do mundo seco chegou a esta ilha. Outros devem ter vindo (e o Ritual do Tributo deve ter sido corretamente realizado), então, onde estariam seus pertences?

Finalmente o capitão é retirado do tronco, e logo partem dali em direção ao poço que foi capturado. Depois de recuperar a sua espada, rumam para a praia e dali.... Teriam que pensar em um modo de sair dali, pois o capitão não conseguiria sair dali sem um barco.

Logo, surge uma ideia, certamente que aquela ilha tinha material suficiente pra fazer uma embarcação, porém, será que alguém ali sabia fazer um barco?... Era difícil pra Roosevelt admitir que não sabia, certamente que isso era uma coisa que quando tivesse oportunidade teria que prevenir.

- Esta ilha deve ter os materiais necessário para construir um barco... A pergunta é, alguém dessa tribo sabe fazer uma embarcação?, ou então, Por acaso não teriam alguma embarcação provinda do exterior da ilha por aqui?... Talvez confiscaram alguma a um tempo atrás... Se sim, pode ser uma solução... E digo mais... Eu conheço esse mar como poucos... Por quê não saímos numa excursão atrás do grandioso capitão Roosevelt?... Ele poderá guiar vocês até esse deus que vocês procuram... E... Melhor seria se tivéssemos uma tripulação conosco... Roosevelt falava olhando para o oceano... Por fim ele se vira para falar de frente com o elfo. - Será que é possível recrutar alguns desses nativos para formar uma tripulação?

Algeon ouvia as palavras do pirata com calma e ficou olhando para ele alguns segundos depois de suas perguntas. - Não acredito que eles possam criar uma embarcação, eles não tem necessidade de ter uma...tampouco acho que eles poderiam formar uma tripulação, eles não são as pessoas muito amigáveis, já achei surpreendente eles terem libertado você!

- Hmmmm!... Isso muda um pouco o plano... Responde o pirata ao elfo, logo após se vira a outra criatura. - Não tem outra embarcação confiscada pela tribo?... Um objeto, feito de madeira, com pedaços de pano amarrados a troncos, que chamamos de vela... Não tem algo assim por aqui...??? Pense... Eu sei que vocês não vão com a minha cara... Mas se esforce aqui para seu amigo...

Roosevelt espera a resposta de Ootiliktik diante de sua pergunta, já que nenhum deles sabia construir uma embarcação, a esperança era que a tribo havia confiscado alguma em algum momento recente, não podia esperar que este povo soubesse fazer uma embarcação, já que não utilizavam essa tecnologia.

- Como o mensageiro do mar disse, nós não precisamos dessas embarcações que vocês criam para se movimentar no mar - diz Ootiliktik. - Algumas delas já chegaram em nossa ilha, sim, mas nós as despachamos de volta por onde vieram ou então usamos a madeira para servir como lenha em nossas fogueiras. Talvez em algum lugar na costa da ilha tenha uma embarcação esquecida, mas precisaremos procurar. - Dez segundos se passam antes dele se virar exclusivamente para Roosevelt. - Quem é esse capitão que você falou, onde ele está e como poderia nos ajudar?

- Hmmmm... Interessante... Temos que procurar então... Responte inicialmente o capitão, antes de continuar. - Não conheces Roosevelt então... Os humanos conhecem várias lendas sobre ele... Há quem diga que ele é a encarnação do mal... Falam que em noite de lua cheia o pirata sacrifica uma virgem e come suas entranhas em um ritual pra sim mesmo... Há quem diga que ele é um espírito que entra em um receptáculo e usa o corpo da pessoa até que aquele corpo morra... Pinta o rosto com tinta branca, sua aparência é sinistra... Seu apelido é Mamon, o chamam de Demônio da Avareza... Está sempre correndo atrás de tesouros... Enfim, a muita coisa sobre ele que falam por ai, nem tudo é verdade, mas há verdades também... Roosevelt faz uma pequena pausa. - Fui marujo dele... Meus antepassados me amaldiçoaram a servi-lo, mas foi por pouco tempo... E só vi ele uma única vez, aquele maldito não saia da sua cabine... E quando saiu... Enfim... Não sei como ele pode nos ajudar, mas se haver uma recompensa em ouro... Ele topará... Independente da loucura que sugerirem... Ele sente o cheiro do ouro a quilômetros... O pirata termina de contar sua história a eles, e logo avisa que iria procurar por alguma embarcação depois de comer algo.

- Então... Comemos algo e procuramos o navio logo a seguir... Pode ser? Pergunta Roosevelt ao nativo da ilha.

O darfellan refuta a ideia do pirata de fazer uma pausar para comer.
- Pegamos comida no mar depois. Aqui tem poucos animais silvestres. - O trio já estava caminhando havia 10 minutos ao longo da costa da ilha, procurando por alguma embarcação perdida. - Esse homem que vocês vão procurar... Demônio da Avareza? Bom, talvez ele possa nos ajudar a encontrar o Habitante das Profundezas, ou pelo menos nos dar uma pista. Primeiro procuramos ele, depois iremos atrás do nosso salvador.

Vários minutos se passaram de caminhada, até que por fim eles avistaram um esquife na beira da praia na face noroeste. O barco a remo para duas pessoas não estava num grande estado, mas pelo menos não tinha nenhum buraco que comprometesse sua navegação. Os remos do esquife não estavam por perto, portanto eles teriam que improvisar com galhos de árvore.

- Esse transporte deve ser o suficiente para você. Agora onde podemos encontrar o Demônio da Avareza? - pergunta Ootiliktik.

O clérigo ouviu com atenção as palavras do Darfellan mas teve que discordar. - Meu bom amigo, ele não poderá preparar qualquer alimento no oceano. Costumes estranhos do mundo seco de queimar a comida...

Algeon ouviu atentamente, mas se manteve quieto. O que o príncipe das profundezas ia querer de alguém como esse Mammon? Ele ficou algum tempo pensando sobre isso e, felizmente, encontraram uma embarcação.

- É bem possível, Ootiliktik! Talvez seja por isso que o Sasshelas das Profundezas tenha me dado esta missão, para encontrar o salvador de seu povo. Não posso imaginar por que o Príncipe Golfinho me quer perto de uma pessoa assim.. - Se mostrava genuinamente confuso. - Como se chama, humano? E como chegou aqui?

Roosevelt concorda com o elfo enquanto falava da comida, parecia que pra eles tudo era diferente de um humano.

Quando perguntado sobre seu nome, como chegou ali, não demorou a responder. - Meu nome... Solano!... Eu sou um pirata também, o capitão me deixou aqui na ilha... Tinha descoberto que eu andava a desviar o ouro da tripulação em benefício próprio... Foi uma surpresa eles não terem me matado na hora...

Voltando para pergunta do nativo. - Comemos primeiro... Falaremos de planos de barriga cheia.

- Ladrão de moedas, é assim que você será chamado a partir de agora - diz o darfellan que não era muito dado a respeitar os nomes. E pelo seu tom, ficava claro que ele desaprovava a atitude de "Solano", mesmo as moedas não tendo utilidade entre o seu povo.

Apesar de tudo, Ootiliktik deixou que Solano fosse à caça de algum animal para se alimentar. Levou duas horas completas até ele achar comida, e mais uma hora até assar a caça. Depois o trio retornou para a praia onde o esquife continuava encalhado na areia. Com a ajuda dos braços fortes do darfellan, Solano empurrou a embarcação até o limite da praia. Ele havia quebrado galhos que usaria para remar. Ootiliktik e Algeon por sua vez iriam nadando. E foi desse modo que os três partiram da ilha, ainda sem um destino certo, mas com um objetivo claro. O que eles não contavam é que teriam problemas no meio do percurso.

~ Fim do Capítulo 1 ~