Capítulo 6 - A Corrida pelo Cajado de Avandor

Lyed havia retirado as duas espadas de Jake com extrema facilidade, e a princípio o nativo não possuía mais arma alguma. Royce se aproximara com as cordas assim que o imediato ordenou, mas Raggeti interferiu antes que o trinqueiro amarrasse o pobre coitado desarmado.

- Não será preciso de cordas, Royce – disse o capitão. – Coloque e mantenha sua espada nas costas dele, e se ele tentar alguma gracinha, espeta nele a ponta da espada. Os outros fiquem de olho para ver se não há mais ninguém por perto. - Royce era um rapaz jovem e vigoroso, e prontamente atendeu a ordem do capitão, sacando sua espada de lâmina fina e colocando-se atrás de Jake. – Agora que você disse que é todo nosso, bom, comece falando TUDO que você sabe sobre essa ilha. Para cada mentira sua arrancaremos um dedo seu, para a felicidade do contramestre.

E para a infelicidade de Jake, não havia sinal de Dregg em lugar algum.

Após a reunião e a rápida conversa entre Edward Lancaster e Solano, os oficiais do navio foram dormir em suas respectivas cabines e os marujos acordados voltaram para os deques inferiores e descansaram pelo resto da noite. O dia amanheceu num céu limpo e ensolarado. Algeon foi um dos primeiros a acordar e subir até o deque principal para apreciar o belo dia que fazia. Barbarossa também acordou e saiu de sua cabine esperançoso em encontrar grandes riquezas naquela famigerada ilha. Aos poucos, toda a tripulação foi se reunindo no deque. Barbarossa estava acima de todos – no castelo de proa – e tinha concentrado para si todos os olhares. Apenas Hendrik estava ao seu lado, um pouco mais atrás. Era esperado agora algum discurso de incentivo do capitão, pois os seus marujos necessitavam disso para obterem êxito naquela jornada.

Tripulantes do Marlin Negro

- Contramestre! Uma chibatada nesse língua de cobra para ele parar de nos fazer perder tempo – ordena Raggeti. – E Albett, vá verificar se há alguém escondido por aqueles lados – diz apontando na direção indicada por Lyed. Não havia moitas e sim rochas ali.

Os marujos que iam se aglomerando no deque respeitaram a oração do elfo do mar ao seu deus, e depois ouviram o breve discurso do capitão. Eles não haviam se empolgado tanto com as palavras de Barbarossa, mas alguns não escondiam a ansiedade por sair do navio e pilhar tudo que a ilha pudesse ter de valor. Salih Hassam era um dos mais motivados, e um dos primeiros a descer a rampa de desembarque.  

Solano propositalmente ficara por último da fila de marujos e perguntou a quem vinha à frente sobre quem ficaria cuidando do navio enquanto o resto da tripulação explorava a ilha. E era exatamente Dirk o marujo que estava à sua frente, com os seus notáveis duzentos quilos de gordura fazendo a rampa estremecer a cada passo seu.

- Aqueles dois idiotas em que o capitão tanto confia, he he he. Rato e Olho-Vesgo acho que  são os nomes deles, os dois atrapalhados que cuidam da catapulta, he he he.

Com toda a tripulação reunida na praia, os oficiais em conjunto com o capitão decidiram em separá-los em dois grupos com o intuito de progredirem mais rapidamente com as suas explorações. O capitão, o imediato, o elfo do mar, o darfelano, o Solano, o Edward Lancaster, e dois dos criados de bordo iriam por um lado, enquanto o resto seguiria pelo outro.

O grupo comandado por Barbarossa seguiu a leste, avançando em direção à montanha de rochas negras e hieróglifos estranhos gravados em suas faces. Em vinte minutos de caminhada eles encontraram a primeira a caverna para explorar, e um pequeno ponto de luz vinha de dentro dela. Eles seguiram adiante para ver a origem da luz, e quando adentraram o interior da caverna viram que era um homem segurando uma tocha.

O homem estava de costas para o grupo de piratas e ele pareceu nem ter notado a chegada deles. Uma longa cabeleira branca e desgrenhada descia pelas suas costas desnudas e magras, e suas calças eram pedaços de pano rasgados e sujos. Ele estava descalço, mostrando pés calejados. O velho eremita estava tateando alguma coisa na parede da caverna.

- O que tanto procura nas paredes, homem? – o imediato Hendrik fez a pergunta.

O velho então virou a cabeça em direção ao grupo, revelando uma barba branca, longa, e descuidada. Ele levou o dedo indicador à altura de seus beiços rachados e fez um movimento com os lábios que significava “Shhh”. E então voltou-se a olhar e tatear a parede da caverna, como se a conversa tivesse se encerrado. O imediato apenas olhou para o seu capitão sem saber o que fazer.