Culpa (Musashi de Koi)

A melhora do tal Haoh foi até que rápida. Mas, o fato mais interessante foi o surgimento do possível verdadeiro líder da comitiva. Apenas assenti com a cabeça e aguardei até que ele tomasse o controle da comitiva e mais uma vez a organizasse.

Outro fato interessante foi a aproximação e a pergunta capciosa referente ao ocorrido.

- Não é tão simples, meu bom amigo. É uma ordem do imperador. E não creio que meu retorno vá ser bem visto. - Expresso preocupação em minhas palavras. E ainda sem entender respondo sua pergunta. - Falar o que? Se for ao fato de eu descobrir o que, ou melhor, quem está dentro da carruagem se dá a minha alta sensibilidade para com meu poderes sensitivo. - Sorrio sem jeito.

Sem mais, apenas encaro o novo líder e prossigo de forma amigável,

- Bom, meu amigo. Se não achas que posso ser útil, peço licença para seguir com minha viagem. - Se ele não dissesse mais nada, eu teria teria que pensar rápido. Mas não via como. Pelo menos não de forma discreta.

- Não preciso de poderes para fazê-los falarem. Perguntas podem ser respondidas de diversas maneiras de forma indiretas. - Sorrio maliciosamente. - Assim como a cada frase de vocês, eu acabo por conhecer melhor essa tal de Yuna. - Dou de ombros. - Não sou uma bruxa...

A atitude autoritária e prepotente do novo chefe causava-me certa irritação. Algo que sutilmente surgiu em meu semblante ao ser ameaçado.

- Me caçar?! - Sorri debochado. - Estar em maior numero lhe faz mais homem, meu bom amigo. Garanto-lhe que isso não será tempo o suficiente para evitar que eu solte nosso amigo daquela carruagem. - Encaro-o de maneira serena. - Aposto que em troca da liberdade, ele ficara feliz em lutar ao meu lado. O que achas, meu bom amigo?

Discretamente faço o símbolo de Yrden, mas conforme a situação prosseguisse com um simples movimento de pulso ele se tornaria um Aard pronto para arrancar um pedaço da carruagem que trazia nosso amigo acuado.

Ao ver a movimentação da comitiva, levei a mão a katana.

- Acho difícil um morto reportar algo a Seishi. - Prontamente respondi.

Saquei a katana ao vê-lo sacar a dele. Uma katana que não era qualquer katana. Talvez não fosse prudente de minha parte subestimar meu adversário. Uma katana de meteorita poderia significar um inimigo valoroso.

E enquanto o bufão retomava as suas previsões, eu apenas apontei para a parte saliente do teto da carruagem e com o símbolo de Aard fiz questão de arrebentar aquela parte. Esperava que houvesse dimerítio em volta de toda carruagem, mas não no teto da mesma.

Onde tentei acertar:

- Vim ajudar-lhe, amigo. - Bradei para a criatura dentro da carruagem. - Espero que esteja pronto para se opor aos seus raptores.

Preparei-me para contra-atacar o novo líder. Enquanto torcia para que o elfo conseguisse sair da carruagem para me dar alguma cobertura. Pois, não demoraria para os demais avançarem sobre  mim.

Apenas observei a comoção e curioso aguardei para ver o porque daquele temor para com um simples elfo. Pelo jeito, ele deveria ser um mago e tanto. Foi quando observei o elfo magrelo finalmente dar as caras.

- Olá meu companheiro orelhudo. - Bradei com um sorriso amistoso em minha face e acenei para o elfo.

Mas, ao ver o elfo cravar a lapide no chão e ganhar uma nova forma gigantesca, meu sorriso amistoso ganhou um tom de incerteza. Já não sabia se aquele elfo ainda possuía consciência para discernir entre aliados e inimigos.

Aguardei a conclusão do circulo de Haoh para saber qual seria seu efeito sobre o elfo. No mais, apenas dirigi a palavra ao líder sem tirar os olhos do elfo.

- Os dimerítios usados na carruagem poderiam ser usados como lanças? - Questionei de forma calma.

Assim que obtivesse uma resposta prosseguiria. Se fosse uma resposta positiva iria até a carruagem atrás de novas armas improvisadas. Caso contrario, dependeria da amistosidade do elfo para comigo.

Ri das palavras do novo líder. Se realmente fosse bom no combate, saberia que qualquer objeto pode vir a ser uma arma letal.

Observei as tentativas da comitiva e logo conclui que seriam dizimados antes que realmente conseguissem causar algum dano no troll de pedra. Haoh já havia se tornado um desses exemplos.

- Vamos, Janpāmaru. Vamos terminar aquele circulo e ganhar algum tempo para salvarmos eles. - Dei dois tapas no pescoço do Serow que relutava. - Eu sei, amigo. Também não queria. Mas, é nosso dever. - Ri da situação. - E se o elfo estiver fora do controle, ele também virá atrás de nós. - Inclinei-me na direção do ouvido do Serow. - E se a Seishi aparecer e não estivermos fazendo nada, estaremos enrascados.

Puxei as rédeas e Janpāmaru partiu em direção a bolsa com o pó branco.

Tentaria pendurar-me no Janpāmaru para pegar a bolsa em movimento e então completar o circulo. Caso algo desse errado, tentaria ainda sim completar o circulo. Mesmo que fosse correndo com minhas próprias pernas.

Consegui agarrar a bolsa para continuar a tarefa do finado Haoh. E o momento se mostrava favorável com o líder servindo de distração para o elfo troll de pedra. Não sabia o que continha naquela bolsa, mas era evidente a magia contida naquela poeira.

Contudo, puxei as rédeas de Janpāmaru ao ouvir a palavra "bombas". Ponderei se realmente deveria completar o circulo ou permitir que o elfo tivesse a chance de se defender e até mesmo fugir. A única coisa que sabia é que não ouviriam minhas palavras para não utilizarem esses artefatos. E tinha também aquela pequena torcida para que o elfo acabasse por pisotear acidentalmente o líder da comitiva.

Talvez minha hesitação fosse a resposta que procurava. Fechei a bolsa e segui até a carruagem que aprisionava o elfo. Só precisava de uma barra de dimerítio para tentar conter o elfo. Claro, isso se ele me atacasse. Caso contrario, não usaria de minha força contra ele. Talvez pudéssemos resolver tudo com uma boa conversa... ou não!!

As atitudes do troll de pedra ainda indicavam que o elfo estava sobre o controle. E os barulhos de galhos poderiam indicar que ele teria um fraco pelo fogo. Enquanto analisava a criatura, outro ponto chamou minha atenção.

- Bombas de dimerítio?! - Disse com estranheza. Mas logo esbocei um sorriso e completei. - Essa tal Yuna parece ser alguém interessante.

Olhei com atenção onde estavam as barras de dimerítio e a localização de cada uma das bombas. Mais uma vez algo chamava minha atenção. O líder tentava alcançar uma das bombas. Sem demoras, fechei o saco com o pó mágico, girei-o enquanto disparava na mesma direção e lancei o saco contra ele na intenção de atrasá-lo para que pudesse chegar primeiro na bomba.

Caso obtivesse sucesso e estivesse com a bomba em mãos, tentaria o primeiro contato com a criatura.

- PAREM TODOS!! - Bradaria tentando chamar a atenção de todos. - ESTÃO A SE MATAR COMO IDIOTAS!! - Voltaria para a criatura. - ELE NÃO É UM INIMIGO! ELE SÓ DESEJA O QUE TODOS VOCÊS DESEJAM! LIBERDADE PARA PODER VIVER EM PAZ!!

E aguardaria para ver se teria a atenção de todos.

Caso contrario, iniciaria meu embate pela bamba contra o líder. Algo que também poderia vir a ser favorável já que a criatura veria que estava do lado dela.

Assim que vi os homens sacarem suas armas e dirigirem-se a mim, apenas sorri assentindo com a cabeça e voltei minha atenção para o líder. Pelo desespero do líder em completar o circulo, ele deveria ter certeza que isso conteria o troll.

Sem mais segui até a bomba, saltei do Janpāmaru e abaixei-me pegando-a. Por fim segui até próximo do circulo em que a criatura estava aprisionada, uma prisão sem muros.

- HEY!! - Bradei. - AINDA RESTA ALGUMA CONSCIÊNCIA DO ELFO PARA COMPREENDER MINHAS PALAVRAS?? - Desembainhei a espada e apontei para criatura. - RESPONDA-ME!! O QUANTO DESEJA VIVER??

Mantenho a atenção ao meu redor enquanto aguardo uma resposta do elfo.

Ainda não tinha certeza se o elfo estava consciente. Para obter tal confirmação, abaixei a espada e pus-me de lado com um dos pés dentro do circulo mágico. Com a mão livre que ficava do lado de fora preparei o símbolo de Yrden como uma garantia de fuga em caso de ataque do troll.

- Então elfo. Não tens como me responder? - Encaro-o. - Poderia retornar a sua forma élfica para podermos conversar? - Concluía aguardando a manifestação da criatura.

Com os demais finalmente me deixando em paz, eu via essa oportunidade como único momento de paz se para tentar um dialogo com o troll. Mas ainda tentava me atentar ao meu redor.

Estava pronto para discretamente quebrar aquele circulo no chão quando fui empurrado para trás. No mesmo instante que vi Seishi diante de mim, senti um frio percorrer minha espinha. Enquanto ela realizava o sinal de Heliotropo, eu suspirava irritado já prevendo o tempo perdido com explicações e sermões.

O poder de Seishi era impressionante e não demorou para que ela desse um jeito em toda aquela situação. Aproximei-me som um sorriso nervoso em minha face.

- Você é mesmo incrível Seishi-sensei. -Digo antes de assoviar para Janpāmaru. Assim que o serow se aproxima subo nele. - Bem, agora que o problema está resolvido, tenho uma missão à realizar.

Torcia para que conseguisse sair de lá antes de qualquer infortúnio.