Naquela hora, imaginei o que um akáshico que luta por justiça, como Akon, iria dizer diante daquelas palavras! E pensei em questionar King rispidamente sobre o motivo de ele achar que não seria uma boa ideia eu me juntar com Alice se, caso houvesse verdade nas palavras do Escorpião, ela pudesse me levar para o Reino que eu almejava conhecer. Mas Akon ficou em silêncio, o Escorpião começou a andar, e então eu achei que não seria boa estratégia gastar tempo e dividir o grupo com discussões acaloradas num momento daqueles.
Seguimos em silêncio até chegar aonde deveria ser o tal esconderijo. Um casarão que foi bonito um dia, com 7 janelas no segundo andar e trapeiras que indicavam a presença de uma mansarda espaçosa. Mas decadente, mal cuidado e irradiando uma aura de angústia tão terrível que fez eu perguntar a mim mesmo quanto tempo suportaríamos ficar lá dentro!
O Escorpião pareceu relaxar um pouco o jeito cínico ao falar daquela casa onde ele morou na infância. Isso fazia ele parecer mais humano, o que talvez não fosse bom para quem, como nós, precisava dar ao menos um voto de confiança a um Desaurido. Akon não pareceu ter embarcado nessa emoção, e aproveitou para passar uma lição de sabedoria em nosso possível aliado. Já eu me lembrei de que o Escorpião havia tentado me usar para chegar até Nathicana, o que me fez responder com muita sinceridade e nenhuma empatia:
- Essa tinta descascada, plantas mortas e a aura deste lugar estão me deixando deprimido. Para ficar escondido aí dentro, vou precisar de muita meditação… E cigarros! Sim, preciso de cigarros!
Suspirei com tristeza e olhei de novo para o casarão...