A Matilha Platinada

Era uma clareira na mata próxima à cidade, num ponto intermediário entre o cenário urbano de Vancouver e as profundas florestas da Colúmbia Britânica.

Três lobos latiam e mordiam o ar ferozmente, como se brigassem com um terrível inimigo.


Mas os olhos garous percebiam que tratava-se de uma batalha espiritual, e os lobos não eram lupinos comuns, mas lobisomens. 

Lobisomens jovens, cheios de Fúria.

Foi nesse ponto que, vindos um de cada lado, Sumé e Juno encontraram os três lupinos.

Os três olharam para os dois lados, sentindo-se acuados em ambas as direções, e seus corpos começaram a mudar lentamente, alterando-se para a forma humana.

Sumé chegou na forma lupina e manteve-se cauteloso, enquanto Juno falou na forma hominídea com os garous recém-mudados.

Três Garous:

Eles responderam na língua garou:

- Vocês estavam com os pássaros? Eles não deixam a gente em paz!

Demorou um pouco para Sumé e Juno entenderem toda a situação, mas com habilidade social/animal, diálogo e intuição, tanto o ragabash quanto a galliard desvendaram toda a situação: eram três garous lupinos recém-mudados. A alcateia de lobos da qual faziam parte fugiu para longe quando eles mudaram de forma pela primeira vez, e sua Primeira Mudança foi provocada por espíritos de pássaros que pareciam estar envoltos em chamas prateadas.

Eles não sabiam que eram lobisomens e não falavam inglês nem nenhuma língua humana, mas usavam roupas dedicadas, embora não lembrassem de nenhuma ocasião na qual o ritual de dedicação do talismã pudesse ter sido feito. Também não tinham nomes humanos ou garous. 

Sumé e Juno perceberam que teriam que orientar aqueles novos garous, mas com a bagunça das seitas na cidade era difícil saber a quem recorrer. Eles teriam de decidir se confiariam em alguém para ajudá-los ou se iriam se virar por si mesmos na instrução daqueles filhotes.

Com o curso de ação decidido, Juno e Sumé passaram à difícil tarefa de chegar ao Bar None, no West End de Vancouver, sem saber ao certo onde estavam.

Sumé não tinha grande conhecimento sobre a geografia das ruas da cidade, mas felizmente Juno tinha recebido uma bela aula turística de Valentine.

Mas os filhotes, lupinos recém-mudados, estavam atordoados só de ver as luzes da cidade ainda nos arredores da área urbana. Os sons também estavam sobrecarregando os sentidos dos filhotes, ao ponto de ficarem paralisados com um medo desconfiado.

Com esse impasse, restou a Juno ir ao bar sozinha, deixando os três filhotes na companhia de Sumé, ainda fora dos limites da cidade.

A tarefa de Sumé não foi difícil: os filhotes não falavam muito, nem sequer na língua garou. Em contrapartida, eles farejavam tudo ao redor, inclusive o próprio Sumé, de modo nada discreto...

Juno levou algumas horas para chegar ao Bar None, e já era quase alvorada quando ela chegou na rua correta. Mas Valentine já vinha ao encontro dela, com uma expressão aflita e angustiada.

- Juno!!! Onde você se meteu, garota?!? Tive que usar até a Pedra Caçadora para te rastrear!

Sumé conseguia se comunicar bem com os três filhotes nas línguas garou e lupina, e teve um sucesso razoável em fazê-los entender e pronunciar o nome dele. Mas logo descobriu que eles não tinham nomes humanos ou garous, e suas identificações na língua lupina se baseavam mais em cheiro e parentesco do que em individualizações.

Ao encontrar quem procurava, Juno explicou tudo a Valentine e sua mentora não pareceu tão surpresa ou preocupada, já sendo acostumada aos acontecimentos mais estranhos do mundo sobrenatural.

Juno escreveu: - Eles precisam de ajuda, alguém que os ensine e possa esclarecer dúvidas sobre nosso mundo.

- Bem, é pra isso que nós somos Filhos de Gaia, né? ME mostre onde eles estão!

Na companhia confiante de Valentine, Juno fez seu caminho de volta ao local dos filhotes com muito mais facilidade, aproveitando o conhecimento que Toque da Cura adquirira sobre a geografia da região. Já havia amanhecido quando eles finalmente se encontraram.

Juno escreveu:Ela levou Valentine até onde os outros estavam. Olhou os filhotes, ainda se achava uma filhote também e depois para Sumé. - Valentine esse é o irmão com quem  esbarrei na clareira.- Esperava que o outro Garou se apresentasse, mas pensando melhor disse. - Podemos levá-los para casa?!

Valentine saudou Sumé com uma humildade altiva, a maneira simples e honesta que muitos Filhos de Gaia cultivavam.

- Prazer em conhecê-lo, Sumé. Você é um uktena? Também estava com Testemunha-das-Estrelas no caern do Pássarp de Fogo? Bem, se quiser nos dar uma ajudinha nesse caso, seria ótimo!

Depois ela virou-se para Juno e respondeu à pergunta dela:

- Não chamaria o Centro de Operações de West Vancouver de casa, mas é um lugar tranquilo e sossegado, afastado da cidade mais adensada e mais próximo das florestas e montanhas, o que deve deixar nossos filhotes lupinos mais à vontade. Me deixe falar com eles!

Valentine falou com eles na língua garou sem mudar de forma, e seu jeito sereno pareceu acalmar ainda mais os filhotes, que pareciam se adaptar rapidamente às novidades que chegavam às suas vidas.

Passaram-se vários minutos até que ela se desse por satisfeita e os filhotes passaram a rodeá-la quando ela se virou para Juno e Sumé; se ela estivesse de saia, provavelmente eles estariam agarrados à ela. Seguindo a orientação da theurge, eles se mantinham na forma hominídea para se acostumarem com ela.

- Vamos percorrer atalhos para chegar ao centro de operações. No caminho vou explicar algumas coisas para eles, então vocês dois deverão ficar atentos aos nossos arredores e a qualquer perigo que se aproxime de nós.

Valentine teve que atravessar a Película várias vezes até que todos os filhotes conseguissem cruzar a barreira entre os mundos. Seguindo o comando dela, Sumé e Juno se mantiveram alertas, mas com o dia claro, os espíritos estavam em sua maioria dormentes e portanto não representaram problema.

A viagem foi feita sem pressa, com Valentine e os filhotes parando várias vezes para que ela mostrasse e explicasse coisas do mundo espiritual que já eram familiares para Sumé e Juno.

Quando finalmente chegaram ao centro de operações, Valentine guiou-os de volta ao mundo material.



- Eu vou falar com Edgar sobre os filhotes. Juno, mostre o local para Sumé e os filhotes enquanto conversamos.

A própria Juno não tinha chegado a conhecer todo o quartel-general de seus aliados Filhos de Gaia, então executar a missão que Valentine lhe dera seria uma exploração para ela própria.

(Espaço para fazerem o que quiserem)

Quando finalmente eles se encontraram com Edgar e Valentine, o phillodox estava sorridente, mas Juno percebia que ele estava preocupado.



- Sejam bem-vindos, filhos de Gaia! Vamos começar a educar os filhotes na cultura humana e garou. Sumé e Juno, vocês estão convidados a ajudar se quiserem. A primeira coisa a fazer é dar nomes humanos para cada um deles. Querem fazer sugestões?

OFF: Para ajudarem na instrução dos filhotes, façam teste de Inteligência +qualquer habilidade que desejem ensinar.

- Breno, Tiê e Paloma. São nomes inspirados em pássaros.

A theurge Valentine assentiu, sem tecer qualquer comentário.

Spoiler:

Nos dias seguintes, cada um dos garous mais experientes se revezaram para ensinar tudo que os três lupinos podiam aprender. Os três estavam ansiosos para compreender o mundo dos humanos e demonstravam inteligência e perspicácia, apesar de sua falta de conhecimento.

Edgar passava longas horas dando aulas aos jovens, ensinando a Litania e a história dos garous, o que por si só já compreendia uma gama enorme de informações.

Valentine apresentava os três ao mundo espiritual e suas muitas criaturas. Ela estava preparando um ritual que revelaria as naturezas dos filhotes, seus augúrios e talvez algo mais.

Sumé teve a ideia de ensinar arqueirismo aos filhotes. Teve bastante trabalho para encontrar um lugar onde pudesse fazer isso com segurança, mas quando finalmente tinha tudo preparado, a aula foi nada menos que frustrante. Os três garous ainda não tinham destreza manual suficiente para uma prática que exigia precisão e treino para ser dominada. Felizmente ninguém foi alvejado, embora o Revogador-de-certezas tenhas escapado por pouco algumas vezes.

Juno, por sua vez, procurou ensinar algo que dominava e que não era estranho aos três filhotes, os uivos garous e seus significados. Ela teve bastante sucesso nisso, e os três ficaram empolgados em treinar cada uivo até terem memorizado cada um deles.

Ao fim de dois dias, Breno, Tiê e Paloma ainda apresentavam uma postura poucco natural na forma hominídea, mas tinham feito grandes progressos e até estavam se adaptando bem ao uso de roupas, que foram devidamente dedicadas.

A personalidade de cada um também ficava cada vez mais aparente: Breno era o que tomava a iniciativa mais frequentemente e mostrava mais sinais de impaciência quando se irritava com algo; Tiê era a mais calada e compenetrada, mas demonstrava ser a mais sagaz e esperta; Paloma era a mais deslumbrada com os modos humanos e estava adorando todo o processo de aprendizado, apesar de não ter a mente mais brilhante do trio.

Era então madrugada do segundo dia desde que o treino dos filhotes se iniciara e eles tinham caído no sono após mais um dia exaustivo de aulas e exercícios. Aproveitando os três adormecidos, Edgar chamou Valentine, Juno e Sumé para uma conversar ao redor da mesa da cozinha, enquanto tomavam um chá preto revigorantemente quente.

- Amanhã à noite, haverá duas assembleias, cada uma convocada por uma seita diferente, e a presença em cada uma será o equivalente a escolher lados na disputa de poder instalada em Vancouver. Eu já confirmei a minha presença no Grande Caern, e Valentine irá ao Caern do Urso Pardo, e junto com os outros Filhos de Gaia vamos tentar restaurar a união entre os garous. Os filhotes não irão, pois não estão preparados ainda, e quero mantê-los fora dessa politicagem tribal por enquanto. Quanto a vocês, Juno e Sumé, eu vejo duas alternativas...

Ele bebeu a xícara com calma, e o olhar de Valentine mostrava que ela já sabia o que ele iria dizer. Finalmente, o phillodox falou:

- Vocês poderiam permanecer neutros e não comparecer a nenhuma assembleia, e se algguém perguntasse, os filhotes seriam a justificativa perfeita, afinal estariam concentrados numa tarefa nobre. Outra alternativa seria vocês escolherem um lado e somarem esforços com os Filhos de Gaia para impedir que a situação fique explosiva.

Valentine olhou para Juno e Sumé e falou seriamente:

- A escolha é de vocês. Seja o que for qque escolherem, tem que começar a se preparar agora.


OFF: Se escolherem ir a qualquer uma das assembleias, devem começar seus preparativos para ir ao local onde ela será realizada. Se não forem, podem dar mais aulas para os filhotes e fazer mais testes.