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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre]

    thendara_selune
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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Empty Re: Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre]

    Mensagem por thendara_selune Qui Jul 20, 2023 12:05 am



    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos


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    O sabor do doce de leite foi o que mais me encantou. Quase me esqueci do motivo pelo qual estávamos ali. Olhei para ela e disse, "Nossa, você é muito hábil e esses pastéis estão deliciosos... Gostei muito do doce de leite, Blanche." Em meu mundo, eu sabia cozinhar, mas tenho que admitir que ela me surpreendeu muito. "Me ensine depois", acrescentei, deixando-a falar.

    "Adagas também... Então, você sabe muito bem como se virar. Que menina incrível você é." Era um elogio sincero. Eu costumava carregar um spray de pimenta na bolsa, mas não fazia ideia de como usar uma adaga ou até mesmo um arco infantil. "Então, faremos um programa só de meninas e será divertido..." Decidi que ela não iria para essa caçada, passando por cima de qualquer resistência que ela pudesse ter ou real interesse em ir. Não queria que nada de ruim acontecesse a ela. Ainda não tinha ideia de como me encaixar naquele mundo, então, por enquanto, coletar informações era a melhor estratégia para mim. Aquele corpo ainda era um mistério, e de certa maneira, era assustador estar nele sem saber a que tipo de vida ele foi submetido diariamente ou que imagem todos esperavam da rainha.


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    Quando eu ia falar novamente, Sabrina entrou e, de certa forma, suas palavras causaram desconforto em Blanche. Eu entendia a preocupação da amiga de Lucrezia e acreditava que ela era legítima, especialmente depois de tudo o que aconteceu. No entanto, não queria deixar a princesa daquele jeito. "Sabrina, ela não sabia daquela ordem por parte de vossa majestade, não sejamos duras com ela. Eu mesma me esqueci disso e não resisti... Comi mais de um até agora...", esbocei um sorriso cúmplice para Blanche. "De fato, a princesa tem várias qualidades." Ofereci um pastel a Sabrina, com um semblante travesso. As linhas de expressão podiam ser de Lucrezia, mas os sentimentos que elas desenhavam eram todos meus.


    "Hum... Jantemos juntas, que tal?" Peguei a carta e, ouvindo Blanche dizer que era melhor ela ir, reforcei o convite para um programa de meninas para o dia seguinte. "Vamos tomar café da manhã juntas no jardim e depois faremos outras coisas. Tudo bem para você?" Queria passar mais tempo com ela. "E muito obrigada pelos pastéis." Limpei minhas mãos em um guardanapo e, em seguida, fiz o mesmo no rostinho dela com delicadeza. Blanche me encantou tanto. Depois, acariciei sua bochecha. "Prontinho, nos vemos no jantar."


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    Após Blanche sair, abri a carta. Seu conteúdo me deixou sobressaltada. Então, a tia de Lucrezia havia tirado a própria vida? Aquela mulher linda estava depressiva? Minhas sobrancelhas se arquearam; era estranho, pois imaginava qual seria a reação da rainha. A morte é sempre um momento de dor. Lembrei dos olhos azuis intensos dela, seu rosto tão bonito, e essa cena me fez engolir em seco. "Que horrível..." Eu não a conhecia, mas, ao mesmo tempo, senti meu coração apertar. As palavras do rei de Verdi continuavam martelando em minha cabeça. Quando Sabrina puxou o tecido, levei a mão à boca. O espelho do sonho... Fiquei atônita, pois aquilo ali não me trazia qualquer sentimento positivo.


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    Suhee



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    Ed Araújo
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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Empty PALÁCIO REAL DE MIRAMARE

    Mensagem por Ed Araújo Sex Jul 28, 2023 1:58 pm









    Suhee (Lucrezia)

    • Classe: Nobre 5.

    • Atributo: P8, H5, R7; Dano 20, PV 40/40, PM 16/16.

    • Elemento: Luz.




    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 YpzXA7s

    Sabrina
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 ABOHdGL
    Bem, vou avisar às cozinheiras para suspenderem o lanche.

    A serva parte, deixando Suhee sozinha. Ela explora o quarto em busca de qualquer informação que possa ajuda-la, mas a antiga Lucrezia não mantinha diários. Mas havia livros que traziam um pouco sobre a antiga rainha: um bestiário, uma crônica de viagens escrita por uma ex-pirata que havia viajado até os Cinco Reinos (nações exóticas do leste do continente), uma obra sobre "música popular" (canções executadas pela plebe, distante dos salões aristocráticos) de Alba – incluía muita teoria, então Lucrezia bem podia ser musicista, o que trazia um problema se alguém pedisse à reencarnada para tocar alguma coisa. Encontrar um alaúde e uma arpa sugeriam que ela tocava, de fato – se tentasse dedilhar os instrumentos, descobriria que podia sim executar uma música agradável. Talvez a rainha não estivesse completamente morta, afinal. Uma curiosa surpresa foi um livro de orações... que escondia no interior de sua capa um pequeno caderninho de poemas eróticos!

    Mas havia obras mais complexas. Pelo menos dois tratados de ciência política, um de economia política. Um livro curto era "Carta à Sua Majestade", um manual de governança. Outro era o "Breve História de Veles", um resumo da História mundial conhecida. "O Casamento Divino ou A Dança Cósmica" era uma teogonia escrita por um religioso. "Da Guerra" era um tratado militar enorme e denso. "Dos Reinos dos Homens e dos Demônios" era sobre a geografia do continente de Volgia (onde ela estava) e "Nas Ilhas Sagradas" era sobre o reino insular de Dongo, no Oeste além-mar.

    Os livros que incluíam descrições de locais distantes estavam mais gastos.

    Depois de avaliar tudo, ela preparou-se para deixar o quarto. Teve uma sensação estranha ao abrir a porta – como se alguém a observasse! Mas ao olhar para trás, não havia nada.

    Dois guardas a acompanharam de uma distância razoável – ela havia sofrido um atentado e o Rei nunca a deixaria vagar sem proteção agora. Permaneciam longe o suficiente para conceder-lhe privacidade, perto o bastante para que sua presença não pudesse ser ignorada por ninguém.

    O palácio era grande e bonito. Os tons eram de um verde claro como o mar caribenho e dourado – as cores da família Grimaldi, pelo brasão que ficava em algumas paredes e trazia um escudo em dois campos e um leão branco erguido sobre as duas patas traseiras e uma coroa sobre a cabeça. "Nós Não Temos Inimigos" era o lema da família. Como era comum, isso provavelmente era mais uma declaração de intenções – e talvez até uma ameaça a supostos adversários – do que uma verdade fática.

    Em algum momento Sabrina a encontra.

    Sabrina
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 ABOHdGL
    Fico feliz que se sinta melhor. O dia está lindo, não é? Você gosta muito de ir ao labirinto daqui. É como lá em Verdi, né? Sempre nos divertimos no labirinto! A gente sempre brincava de se perder no mundo e nunca mais voltar... como éramos bobas. A liberdade é uma ilusão doce.

    A hora do jantar se aproximava. Ela poderia conversar um pouco mais com sua serva ou se preparar para o reencontro com a princesa.

    Spoiler:

    thendara_selune
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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Empty Re: Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre]

    Mensagem por thendara_selune Sáb Jul 29, 2023 4:36 pm



    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos


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    Após encontrar os livros, fiquei folheando-os com curiosidade. "Vejam só, ela não é apenas um rostinho bonito, afinal." O bestiário chamou minha atenção, então o deixei em uma cômoda para ler mais tarde, assim como as crônicas de viagens. Ao me deparar com o livro de música executada pela plebe, arqueei a sobrancelha imaginando por que havia essa separação entre música para nobres ou para plebeus. Para mim, a música é uma ponte que une os opostos e provoca os chatos.

    Caminhei até o alaúde e a harpa, fiquei até assustada ao perceber que consigo tocar. Então, havia traços da rainha vivos em mim de alguma maneira, talvez como se fossem uma memória muscular, motora e musical. Tive um ficante que cursava medicina, e ele falou disso certa vez. Fiquei maravilhada com o assunto! Quais outras habilidades aquele corpo tem além de tocar instrumentos musicais? Será que ela sabia se defender ou era boa em algum esporte típico para damas daquele mundo? Arqueirismo, quem sabe? Embora Lucrezia, a meu ver, não parecesse do tipo que mexe com arco e flecha ou uma praticante de escalada. Dei uma risadinha, era rir para não chorar.

    Quando achei que nada mais me surpreenderia, vejo o livro de orações e, ao abrir, fico chocada. Lendo as linhas, sinto meu rosto ficar quente, e uma sensação de vergonha me consome, embora eu continue a ler. "Ela escrevia esse tipo de coisa?!" Fico folheando até que acabo guardando no mesmo lugar. Imagino se mais alguém sabe sobre aquilo.

    Logo depois, retomo meu foco vendo os tratados. Teria que ler tudo que pudesse, e esse resumo me parece ótimo. "Vou começar por você e vejamos esse aqui, 'O Casamento Divino ou A Dança Cósmica', e tem esse 'Dos Reinos dos Homens e dos Demônios'..." Acabo me deixando cair na cadeira. "Droga! Nem nesse mundo consigo escapar de estudos disso ou daquilo... Por que isso está acontecendo comigo?!"

    Naquele momento, era apenas eu mesma reclamando porque tinha que aprender tudo aquilo, e quem sabe assim conseguir sobreviver ou encontrar respostas sobre por que fui parar ali. Fui organizando o que ia ler e depois me preparei para sair. Por reflexo, me viro assim que estava saindo do quarto. Um calafrio percorreu minha espinha; era aquela sensação estranha de ser observada. "Só me falta esse lugar ser assombrado... Grh!"


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    Então, apresso o passo e esbarro em um dos guardas. "Desculpa..." Aquilo sai espontaneamente. Então, percebo que deveria ter falado de outra forma. "Perdoe-me, não vi você aí." Tento ter um tom gentil e até meigo. Mas fico um tanto sem jeito.

    Vou caminhando observando como o lugar parece mesmo saído de um dos livros de fantasia que li ou aqueles webtoons que já escrevi. A cada passo, me sinto um tanto invadida, como se os dois guardas servissem também para sufocar e cortar qualquer chance que tivesse de escapar das vistas deles. Suspiro frustrada e xingo mentalmente o fato de ser uma prisioneira em uma história que nem sei qual é o enredo. Mesmo sem querer, acabo encantada com o lugar. Os tons eram claros, passando uma sensação de calma, e logo notei que tinham a ver com o brasão dos Grimaldi , era bem imponente, aquele leão fazia jus ao lema deles.

    Paro diante de uma sacada enorme, sua arquitetura tão  fabulosa quanto tudo mais que meus olhos podiam alcançar. Deslizo minhas mãos até acabar me apoiando nela. Sinto a brisa morna tocar meu rosto. Sempre gostei da sensação do vento acariciando a pele no verão ou na primavera; tinha algo de libertador nisso. Fecho os olhos, fingindo que tudo aquilo é um sonho. Penso no rei e não consigo simpatizar nem um pouco com ele. Seu semblante parece marmorizado; mesmo sendo tão bonito, me parece um homem com o qual não quero conversar. Então, escuto a voz de Sabrina, a melhor amiga de Lucrezia, e fico pensando se devo aprender a enganá-la ou se devo contar a verdade, será que ela me entenderá ou acreditará?


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    "Oh... Sabrina... Estou melhor." Ela fala do labirinto, e lembro daquele do sonho. "Era mesmo um lugar bonito", solto em um sussurro. Mas quem esteve lá e brincou com ela não fui eu. Me dá uma certa tristeza; apesar de tudo, ela me parece uma garota boa. "A vida adulta e seus bole..." Mordo o lábio inferior. "Quer dizer, problemas e obrigações..." Dou um sorriso para ela. "Você sente falta do passado?" Lembro da tia de Lucrezia. "Pobre Giovanna, não é? Morreu de amor... Você acredita que é possível morrer porque quem amamos se foi e nosso coração não superou?" Aquilo sai dos meus lábios, mas me pega de surpresa. Tudo bem, as pessoas se apaixonam, alguns amam, mas nunca tinha escutado que alguém adoeceu por amor. Pelo menos ninguém em meu meio tinha falado ou dito que conhecia alguém que passou por isso. Ainda assim, queria ouvir uma resposta de Sabrina.
    Depois que ela responde, caminho ao seu lado, ouvindo-a, e só depois volto ao quarto para me arrumar e jantar com Blanche.



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    Na sala de jantar


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    Mais uma vez, ao sair do quarto, os guardas estariam lá. Tinha tomado um banho e me arrumado sozinha. Fico satisfeita com o resultado e com a breve privacidade. Estou ansiosa em conhecer Blanche melhor, quem sabe tornar a vida dela mais divertida. Aquele lugar é lindo, majestoso e luxuoso. Ainda assim, me parece qualquer coisa menos um lar. Quando chego à sala de jantar, escondo minha surpresa, pois tudo parece saído de um filme de época. A menina fica ainda menor no meio de todo aquele cenário, sinto pena dela e culpa pelo tipo de pai que ela tem. Nenhuma criança deveria ser tratada assim pelo pai, aquilo mexe comigo. Me sento perto dela, não queria barreiras inúteis entre nós e torcia para nos darmos bem. "Olá, Blanche. "Coloco minha mão sobre a dela e dou um aperto suave." Estou faminta, e você?"



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    OFF
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    Suhee



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    Ed Araújo
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    Mensagem por Ed Araújo Dom Ago 13, 2023 3:20 pm









    Suhee (Lucrezia)

    • Classe: Nobre 5.

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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 YpzXA7s

    O Casamento Divino ou A Dança Cósmica era uma teogonia escrita por um religioso. Essencialmente, no início de tudo só havia Marzanna – uma divindade feminina, era o Vazio primordial, vista como a potencialidade de todas as coisas. Marzanna gerou a partir de si Veles, o próprio mundo. Diferente de muitos mitos da Terra, onde esta era vista como uma deidade feminina, Veles era uma entidade masculina. Veles e Marzanna geraram Zorya, a lua. Zorya sentia-se solitária, então Veles forjou a partir de espíritos de luz e fogo Daj, o sol. Eles iniciaram a Dança Cósmica e de sua união nasceram os humanos.

    Dez casais foram gerados e cada um deles gerou uma das raças humanas: ânglios (brancos de cabelos pretos ou loiros, olhos castanhos ou azuis), rus (brancos de cabelos vermelhos e olhos verdes ou azuis em sua maioria), jagas (pretos de olhos castanhos ou negros, alguns possuem olhos azuis) e mugais (olhos oblíquos, cabelos e olhos negros, bem lisos, pele entre branco e pardo).

    Veles abrigou os casais em si, dando-lhes um lar. Marzanna se enciumou e de seus pensamentos de ódio emergiu Berstuk, o Deus do Mal. Berstuk atacou os homens com toda sua fúria – sua forma física era uma grande pedra de fogo que caiu sobre Veles e abriu uma enorme cicatriz em Tunguska, a terra dos rus. Ele gerou os demônios e os monstros que passaram a assolar Veles: goblins, trolls, ogros. Humanos que se associaram a ele obtiveram poder por seu meio e se tornaram os Arcontes: Balor o Olho Maligno, Senhor dos Fomori, cujo olhar podia reduzir os homens a pó; Koschei o Imortal, que venceu a morte e criou os mortos-vivos; Baba Yaga a Mãe da Floresta, a primeira sacerdotisa de Veles que se corrompeu e se tornou a Rainha das Bruxas; Titânia a Dama do Crepúsculo, que vendeu sua alma pela beleza eterna e tornou seus súditos nos perversos elfos, tão belos quanto cruéis; entre outros.

    Os humanos não cultuavam os deuses, entretanto – à exceção de Berstuk, eram entidades distantes, alheias aos problemas mortais. Por isso o foco era o culto aos Espíritos Elementais, aspectos de Veles. Por meio deles era possível realizar grandes feitos.

    Dos Reinos dos Homens e dos Demônios era um livro de geografia política. Descrevia os reinos humanos ocidentais do continente de Volgia e também alguma coisa sobre Tunguska.

    Dos reinos humanos, descrevia Lúsia, o reino mais ocidental do continente. A Lúsia era originalmente uma colônia jaga que recebeu afluxos de ânglios e rus que, em um primeiro momento, foi violento, mas acabaram por se integrar. Sua realeza, a Casa Magda, entretanto, se orgulhava de ser "puramente jaga". A Lúsia tinha um sistema de governo baseado em uma "nobreza de toga": plebeus que eram promovidos após passarem por concurso público. A terra pertencia ao monarca, que delegava a administração a alguns desses burocratas-nobres, mas ele mantinha o controle sobre o exército, desse modo garantindo o poder sobre a nobreza. Era o único reino do continente que havia claramente superado o feudalismo. Sua capital era Magdala, um porto fundamental para o comércio entre o continente e o Reino de Dongo, um vasto arquipélago à sudoeste de Volgia. Sua marinha era reputada como a mais poderosa do mundo e a única capaz de realmente enfrentar – e amedrontar – os piratas ânglios e albis.

    E se a Lúsia incorporava a ideia de um Estado-Nação moderno, a sua vizinha Gália era um reino feudal estrito senso – havia três estamentos, nobreza, clero e plebe, e as chances de ascensão social eram praticamente inexistentes. A plebe trabalhava para manter as outras duas classes e a nobreza oprimia pela força qualquer rebelião. Sua capital, Lutèse, era a maior metrópole do mundo e tinha mais de um milhão de habitantes, sendo também a sede da Igreja da Luz. Suas origens étnicas eram basicamente ânglias e, politicamente, era o reino mais poderoso do mundo e seu exército era invejável. Tinha uma relação complicada com Lúsia à oeste e mais ainda com Alba.

    Alba estava a leste dos Reinos Centrais e tinha como fronteira oriental o Mar Interior. Como a Gália, os albis eram compostos basicamente por ânglios e uma minoria étnica que habitava uma região à margem sudoeste do Mar Interior, chamada Acaia Ocidental. Era uma confederação de cidades-estado de forte cultura mercantil – sua aristocracia era composta por príncipes mercantes e as regiões agrárias eram compostas principalmente por pequenos produtores rurais que possuíam suas próprias terras. A diferença entre plebe e nobreza era difusa e por isso os gálios os desprezavam. Seus exércitos eram uma combinação de forças particulares dos grandes mercadores e guildas com forças mercenárias. As cidades às vezes lutavam entre si, mas na maior parte do tempo as disputas se limitavam à diplomacia e comercia. Se a situação escalava muito um conselho composto pelas cidades mais poderosas podia impor a paz – pela força, se necessário.

    Os Reinos Centrais tinham lugar entre a Gália e Alba, formando uma faixa entre os dois países, cortando o continente de norte a sul. Era formado por pequenos reinos, principados, repúblicas mercantis e cidades-estado. Não havia um número permanente – conflitos e casamentos causavam a ascensão e queda destes países em poucas gerações e era difícil passar mais de algumas décadas sem que houvesse dois ou mais deles lutando uns contras os outros por questões fronteiriças mesquinhas. Alguns reinos se destacavam pela perenidade: Miramare era descrito como o mais rico e o segundo em tamanho, Verdi, terra natal de Lucrezia, não era tão próspero, mas era o maior e seu exército era respeitado e temido, sendo que seu rei oferecia suas forças como mercenários para os outros países.

    Miramare era um reino mercantil, fortemente dependente de seu grande porto que conectava o país com os demais – sua frota viajava para terras ainda mais distantes, podendo chegar até Dongo ou os Cinco Reinos além de Tunguska.

    Mas nem mesmo esses dois países juntos poderia desafiar as grandes potências ao redor. Isso era intencional: no passado a região dos Reinos Centrais foi ferozmente disputada por Gália e Alba e a Igreja na época interviu e criou os países como um "cinturão", uma miríade de "estados-tampão" para prevenir o conflito direto. Assim que muitas das guerras locais eram na verdade "guerras por procuração" entre as duas potências.

    Ainda acordada, Suhee teve uma lembrança súbita...

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    Eles estavam sentados em uma varanda do palácio real de Verdi: Lucrezia, sua mãe Mara e seu pai, Gian.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    Finalmente consegui convencer aquele cabeça dura do Cesar. Aliás, foi bem grande parte graças a nossos amigos em Miramare, principalmente Alberto, o Conde de Costarossa, que é amigo do rei e meu afilhado. Você se casará com ele na primavera do próximo ano, logo após completar dezessete anos.

    Lucrezia acenou em concordância. Estava curiosa, sabia que Cesar era um homem bonito.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    É importante que você providencie um herdeiro. Cesar tem uma filha, mas a lei de Miramare dá preferência aos homens na sucessão, então se você tiver um menino nós poderemos unir os países. Isso não apenas garantirá nosso acesso permanente ao mar, como também nos dará a força necessária para unificar os Reinos Centrais em uma Grande Verdi. Eu não poderei concretizar esse sonho em vida, mas meu neto poderá.

    Lucrezia Grimaldi
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 EE0Env0
    Ele se chamará Gian em sua homenagem, meu pai.

    Gian pareceu emocionado. Ele segurou a cabeça de Lucrezia entre as mãos e beijou-a na testa.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    É a melhor filha que eu poderia ter. Se acreditasse na doutrina da Igreja, agradeceria aos Espíritos por tê-la colocado na minha vida. Talvez eu até agradeça mesmo assim!

    Todos riram, inclusive Sabrina, que estava parada perto.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    Sabrina, você é como uma segunda filha para mim. Espero que cuide bem de Lucrezia e garanta que ela tenha um menino.

    Sabrina
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 ABOHdGL
    Você sempre pode contar comigo, meu senhor. E minha vó já me ensinou como fazer Lucrezia dar a luz um varão.

    Então Gian ficou sério.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    Não se apegue a seu marido, Lucrezia, ele é um meio para um fim. Depois que tiver um filho dele, é bastante provável que o removamos do jogo. De modo permanente. Deste modo, como mãe do herdeiro, você se tornará a regente. Eu a confirmarei como minha herdeira e assim a união dos tronos estará assegurada.

    Lucrezia Grimaldi
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 EE0Env0
    Com sua influência na corte de Miramare, não será difícil mudar o sobrenome de meu garoto para Donati. Então nossa família se perpetuará como a família real da Grande Verdi.

    Gian Donati
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Qq8beAx
    Durante os últimos duzentos anos os Reinos Centrais estiveram à mercê dos interesses de Alba e Gália, sendo usados como peões nos jogos de poder deles, enquanto os reinos do norte sofrem com as incursões dos saqueadores ânglios. Todos eles nos vêm como caipiras, estúpidos e fracos, nosso povo sofre com guerras que não atendem aos nossos interesses. Mas uma vez que unifiquemos este território, haverá paz e, com ela, prosperidade. O Exército de Verdi será a base para uma força militar superior e a potência mercantil de Miramare se expandirá para o norte, onde poremos medo aos selvagens ânglios. Somente como uma nação unificada podemos garantir nosso futuro.

    Gian era tido como um homem duro, até mesmo cruel, mas sua filha sabia que ardia nele um profundo amor por sua terra e uma preocupação legítima com seu povo. Ele nunca havia obrigado aos servos e camponeses o serviço militar em tempos de guerra, preferindo formar um exército profissional que tornava Verdi famosa como uma pequena potência militar. Sob seu comando, o país havia se ampliado quase ao dobro do seu tamanho original, absorvendo países vizinhos menores. Embora não fosse um reino tão rico, sua produção agropastorial era digna de nota e ele podia se dar ao luxo de alimentar toda sua população – não havia fome em Verdi.

    Por mais pragmático que atuasse, Lucrezia sabia que seu pai era no fundo um idealista.


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    .

    A lembrança terminou e Suhee se viu novamente lendo o livro. O texto continuava, descrevendo Minsk, o reino que fazia fronteira com a terra maldita de Tunguska. Os minskianos eram uma combinação de rus e ânglios (chamados assim russânglios), sendo que ao sul havia uma ramificação étnico-cultural chamados acaios.

    Minsk era uma monarquia centrada na figura de um monarca, homem ou mulher, que se casava (simbolicamente) com a terra, representada por um sumo-sacerdote ou sumo-sacerdotisa. Eram seguidores da Igreja da Luz, mas desde o Grande Cisma que a Igreja de Minsk era independente da ocidental, sediada em Lutèse. A religião era uma mistura da Fé Iluminada com o paganismo russânglio. A capital era Odessa.

    A Acaia era um região que compreendia o sul de Minsk, uma estreita faixa litorânea de Alba no Mar Interior e um vasto arquipélago ao sul da costa minskiana, sendo assim chamadas de Acaia Oriental (ou Magna Acaia), Acaia Ocidental e Acaia Insular ou Ilhas Acaias. Era outro povo, a despeito das raízes russânglias, embora a Acaia Oriental e as ilhas estivessem sob o domínio do trono em Odessa. A Acaia Ocidental era parte de Alba.

    Ânglia Oriental era o nome dado a uma longa faixa de terra que cobria boa parte do litoral norte do continente, fazendo fronteira com Gália, as Marcas (uma série de cidades-estado fortificadas ao norte dos Reinos Centrais, consideradas parte da região), Alba e Minsk. Os ânglios eram descritos como um povo pagão que vivia de pirataria e saques, constantemente forçando as fronteiras destes países para saquear e pilhar seu povo, levando consigo ao voltar para sua terra comida, ouro, prata, animais e pessoas. Governavam-se por meio de assembleias formadas por todos os homens e mulheres adultos aptos a pegar em armas. Estas assembleias elegiam um Jarl, um tipo de rei, que na guerra liderava os exércitos compostos por soldados-cidadãos e na paz atuava como juiz e mantenedor da lei (embora o autor do livro tivesse uma péssima impressão dos ânglios e tenha escrito que a "única lei que eles respeitam é a do machado"). Assembleia e Jarl eram fiscalizado por um conselho permanente de anciões, homens e mulheres com mais de sessenta anos. Era curiosamente... democrático.

    A Ânglia Ocidental era uma grande ilha a noroeste da Ânglia Oriental e ao norte da Gália, mais ou menos do tamanho da Austrália. Sua porção norte era tomada por um inverno eterno, o que tornava somente metade da ilha apta a receber agricultura. "Os ânglios ocidentais do norte conseguem ser ainda mais primitivos que seus parentes sulistas, vivendo de caça e pesca, com um estilo de vida seminômade. Trocam peles, marfim e outras partes de animais com os nativos do sul da ilha, enquanto dividem seu território com gigantes, dragões e outras bestas. Pelo menos é dito que mesmo Balor evita atacar aquela terra esquecida pelos Espíritos da Luz."

    Por fim, uma faixa costeira ao sul do Mar Interior, separando-o do Oceano Austral, era chamado de Pantanal – uma zona de pântanos e charcos, cortado por diversos rios e habitado por uma população ribeirinha de pescadores cujas origens não eram claras, embora suspeite-se de uma ligação com os acaios.

    Os "reinos dos demônios" era uma referência à Tunguska, mas o texto aqui era muito rápido e curto, pois o autor lamentava não haver muita informação sobre "aquela terra amaldiçoada". Eram citados o Reino do Crepúsculo, governado por Titânia e habitada por elfos e seus servos goblins; a Floresta das Trevas era o lar de Baba Yaga e suas bruxas, entre outros monstros. Koschei o Imortal governava o Vale das Cinzas, assolado por mortos-vivos. Balor o Imortal tinha seus domínios no Mar do Norte e atacava as costas das Ânglias. Havia a suspeita de que havia humanos vivendo em Tunguska, escravizados pelos cruéis demônios que a governavam.

    Suhee terminou o livro. Então arrumou-se e deixou o quarto.

    .
    .
    .

    Quando esbarra contra o guarda, este se curva e pede desculpas. Ele parece confuso com a gentileza da rainha, mas dá de ombros.

    Suhee (Lucrezia) escreveu:"Você sente falta do passado?"

    Sabrina
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 ABOHdGL
    Um pouco. Tudo era mais fácil, né? Vendo em perspectiva, não tínhamos preocupações, isso era coisa dos adultos. Mas é bobagem se perder em sonhos, devemos viver no mundo concreto. Como diria o poeta: "quem espera que a vida seja feita de ilusão pode até ficar maluco ou morrer na solidão".

    Temo que sua tia tenha passado por isso. Minha vó sempre disse que o amor é uma maldição, um veneno para a alma. Ela é um pouco amarga, teve muitos dissabores na vida, mas acho que... bem, não está inteiramente desprovida de razão.

    .
    .
    .

    Suhee (Lucrezia) escreveu:"Olá, Blanche. Estou faminta, e você?"

    Blanche parece bem mais à vontade agora e sorri empolgada quando a reencarnada pega em sua mão.

    Blanche Grimaldi
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Y00SWbc
    Sim, também estou. Tenho certeza de que o jantar estará delicioso!

    E está. Os pratos são dispostos à mesa, empilhados com um prato raso de base, um mediano e um pequeno e fundo no topo. Havia três garfos à esquerda, duas facas e uma colher à esquerda. À frente quatro taças de cristal – uma delas continha água, as outras estavam vazias. Um guardanapo bordado e cuidadosamente dobrado estava à esquerda dos garfos. Sentada em frente à Suhee, Blanche pegou o dela e abriu-o delicadamente, posicionando-o sobre as pernas.

    Um delicado arranjo floral de orquídeas verdes, crisântemos amarelos e hibiscos vermelhos decoravam o centro da mesa redonda – as cores Grimaldi, novamente, mas verde e vermelho eram as cores dos Donati, então a família materna de Lucrezia também estava representada, principalmente porque havia mais hibiscos do que do que crisântemos.

    Inicialmente foi servida uma espécie de panqueca com salmão por cima. Era a entrada.

    Blanche Grimaldi
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Y00SWbc
    Hm... blinis de salmão... é muito bom. Então, é... como foi seu dia, Majestade?

    Spoiler:

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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Empty Re: Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre]

    Mensagem por thendara_selune Qua Ago 16, 2023 6:38 pm



    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos


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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 2310



    Lendo a parte de mitologia, fiquei completamente envolvida. Aquele mundo estava cheio de uma história densa, principalmente no que diz respeito à mitologia. Tunguska? Será que tinha alguma relação com aquele evento na região da Sibéria ou não havia qualquer ligação com meu mundo? Tenho meus passatempos e sempre fui atraída por eventos inexplicáveis, até mesmo me inspiram para criar meus webtoons algumas vezes.
    À medida que a leitura prosseguia, meu interesse só aumentava. O conflito político e a estratégia de unir Verdi e Miramare despertaram minha curiosidade. Embora eu nunca tenha sido uma entusiasta de política, meus pais sempre insistiam para que eu entendesse disso e também de economia.

    Sendo filha única, acabei sendo um pouco mimada às vezes, e foi por isso que tive a sorte de cursar a faculdade que quis e, por um acaso do destino, consegui ganhar dinheiro suficiente para manter uma vida confortável. Aquele contrato para o dorama abriu portas e, se não fosse por toda aquela confusão, quem sabe ainda estaria viva. Suspirei, prestes a virar uma página, quando uma lembrança veio num flash: eu via o pai de Lucrezia, sua mãe Mara, sentados na varanda do palácio real de Verdi. Sabrina também estava por perto. Era estranho, as memórias dela fluindo como cenas de um filme. Quando elas pararam, levei meus dedos à têmpora e massageei devagar, ou melhor, a têmpora de Lucrezia.

    Os sentimentos do pai dela eram genuínos, assim como seu sonho de unificar e prosperar. Ao que parecia, ninguém passava fome em Verdi. E ela sabia de tudo e estava de acordo com os planos do pai. Quem sabe fosse uma idealista como ele? Isso me causou um embrulho no estômago. Na verdade, eu seria a marionete em prol dos objetivos dos Donati, ou seria eu que viraria a detentora do destino de Lucrezia? Que consequências isso teria para todos?

    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 80dd0d10


    Lembrei que o rei tem olhos de um vermelho intenso, nunca vi em toda a minha vida alguém com essa coloração. Havia tanto gelo ao redor dele que me custava a crer que qualquer mulher tivesse coragem de se aproximar o suficiente para ser tocada por ele. Cesar se casou com Paola muito jovem, imagino que tipo de relação tinham. Pelo que lembro, Sabrina disse que o rei tinha treze anos e a noiva, dezoito. Uma parte de mim sente empatia por ele, mas, ao pensar em Blanche, finjo não me comover com o passado de Cesar.
    Minha natureza sempre foi calorosa, fervilhante, e admito que sempre falo o que penso. Odiava mentir, mas, se quisesse sobreviver naquele mundo, teria que agir de maneira a preservar minha vida naquele corpo, até entender como cheguei ali e de todo modo continuaria acreditando em meus valores pessoais, o que geraria conflitos com os objetivos dos Donati.

    Continuei lendo, achei interessante o casamento simbólico em Minsk, e eles sendo seguidores da Igreja da Luz. Depois de mais algum tempo, cheguei à parte sobre o "reino dos demônios" e, mais adiante, minha pergunta sobre a existência dos seres mencionados na mitologia como reais. Eu gostaria de continuar lendo, mas tinha um compromisso. Sai do quarto pensando em tudo o que tinha lido.


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    Com os guardas:

    Ao sair do quarto, ainda bem que minha atitude passou despercebida. Será que Lucrezia era arrogante ou agia de maneira maliciosa com as pessoas que a serviam? Eu não tinha como saber.


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    Com Sabrina:

    Ouvindo aquilo, refleti sobre o quanto ela estava certa, incluindo a perspectiva de sua avó. Eu acreditava em paixão e em todos esses sentimentos intensos, mas sempre me foi difícil acreditar que o amor pudesse chegar ao ponto de causar doença ou até mesmo a morte. "Sua avó tem razão, e concordo com o poeta também", disse com um sorriso suave enquanto meu olhar percorria a paisagem à nossa frente.

    Lembrei-me de Cesar; ele era um homem distante, talvez até amargo. Não posso negar sua beleza; não sou cega. No entanto, para Lucrezia, ele era meramente um meio para atingir um fim. Talvez até ele desconfiasse das intenções dos Donati, o que poderia explicar por que não havia tocado em sua própria esposa.

    Observei esse corpo assim que me vi diante do grande espelho que Lucrezia havia recebido; ele reunia todas as qualidades que atrairiam muitos homens ou mulheres. Isso me faz crer que o rei não é tolo. Sabrina disse que Cesar tinha uma aversão a qualquer contato íntimo ou afetivo com qualquer pessoa, e pela maneira como ele trata Blanche, só posso supor que Lucrezia não conseguiria do rei nem um toque leve de mãos. No entanto, ali tudo parecia um enredo de uma novela de época, e eu não era a pessoa que precisava gerar um herdeiro. Na verdade, era Lucrezia quem tinha essa responsabilidade. Passei minha mão pelos cabelos e soltei um suspiro, imaginando se, de repente, ele mudasse de ideia e começasse a cobrar da esposa deveres matrimoniais, seguindo o estilo da Idade Média.

    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 2b929210



    Senti minhas bochechas corarem ao imaginar a cena em minha mente. Afinal, se ele passasse a nutrir algum sentimento ou desejo, isso significaria que ele esperava isso de Lucrezia e não de mim. Se algum dia ele tentasse me beijar, a cena se desenhou na minha mente pude ver isso claramente, o que causou uma confusão de sentimentos dentro de mim. Balancei a cabeça em sinal de reprovação a aquele pensamento e disse para Sabrina: "Vamos indo agora."


    No jantar:

    A menina era uma fofura. Sempre me imaginei tendo uma filha assim em algum momento da minha vida e depois um garotinho lindo. Seus olhos azuis eram tão expressivos e dóceis, ao contrário do carmesim impenetrável que o pai ostentava. Como seu pai não amava? Aquele carrancudo, frio e cabeça dura. O pensamento explodiu em meu interior. No entanto, preferi focar no jantar e manter a calma. Repeti os gestos de Blanche, com base no que eu sabia de etiqueta, mas com certeza não seria tão perfeita quanto a menina, a menos que aquele corpo ainda lembrasse como agir em situações assim.

    O bordado delicado chamou minha atenção por um segundo ou dois. O arranjo me encheu os olhos; adorava flores como qualquer mulher, mas logo percebi que elas representavam as cores dos Grimaldi e dos Donati. Tudo ali tinha significado; era como se fosse uma tarefa impossível esquecer as duas famílias.

    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 C45c8210


    A panqueca estava deliciosa. Blanche falou comigo sobre a comida, e entendi que eram blinis de salmão. "Sim, maravilhoso..." Bebi um pequeno gole de água. "Me diz uma coisa, Blanche, que tal amanhã nós duas elaborarmos algumas guloseimas juntas? Sabrina disse que você é ótima com pães e doces."

    Seria um bom jeito de fazermos amizade e ainda me manter distante da possibilidade de esbarrar com o rei ou ter que lidar com os objetivos dos Donati por agora.
    Só desejava que a menina recebesse uma boa dose de afeto durante o meu tempo naquele mundo. Quem sabe fosse algo cármico ter ido parar ali.

    OFF:


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    Suhee



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    Mensagem por Ed Araújo Ter Out 17, 2023 7:52 pm









    Suhee (Lucrezia)

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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 YpzXA7s

    Suhee/Lucrezia escreveu:Me diz uma coisa, Blanche, que tal amanhã nós duas elaborarmos algumas guloseimas juntas? Sabrina disse que você é ótima com pães e doces.

    Suhee consegue ver a aia erguer levemente uma sobrancelha, sem dizer nada, e em seguida voltar ao normal. Alheia a isso, Blanche sorri com alegria sincera.

    Blanche Grimaldi
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Y00SWbc
    Obrigada! Vossa Majestade também cozinha? Eu ficaria muito feliz!

    Neste momento a reencarnada vê uma figura parada próxima à porta, parcialmente oculta por trás de uma das folhas, no corredor – o próprio rei. Cesar Grimaldi encara-a com uma expressão carregada, mas ao perceber que foi visto recua e desaparece rapidamente.

    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 1PPPrnf

    Spoiler:

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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Empty Re: Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre]

    Mensagem por thendara_selune Dom Nov 26, 2023 11:39 pm



    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos


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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 Cbd7ef5d62516b28d3c9f42ac53057fd


    Eu percebo o olhar de Sabrina, mas prefiro agir como se não tivesse notado, respondendo a Blanche com um sorriso. "Sei algumas receitas bem simples, mas nada que se compare a você." Sabia preparar bolos simples, chás, panquecas, sanduíches, sopas fáceis e biscoitos. Nada muito elaborado, mas aprendi nos tempos de faculdade a me virar como podia.
    Uma sensação de ser observada me atinge, e quando percebo, é o rei ali. Cesar me deixa desconfortável, como se desejasse que a rainha não estivesse viva, e seus olhos parecem carregar uma nuvem pesada de sentimentos ruins. Eu tinha que ter cuidado com ele. Por outro lado, aquela menina é uma doçura, o oposto do pai, que certamente não saberia demonstrar qualquer sentimento puro, como a filha é capaz de expressar. Minha atenção volta para Blanche. "Vamos nos divertir juntas, me prometa que vai me ensinar a fazer aqueles pastéis."


    OFF:


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    Suhee



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    Mensagem por Ed Araújo Ontem à(s) 9:18 pm









    Suhee (Lucrezia)

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    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 YpzXA7s

    O lanche termina sem maiores surpresas. Após combinarem se encontrar no dia seguinte nas cozinhas do palácio, elas se separam.

    O sol se põe, a noite cai. Suhee toma um banho e veste-se para dormir. Por um instante ela volta a ter aquela sensação de ser observada, mas ela passa rapidamente. Alguém bate à porta e Sabrina atende.

    Sabrina
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 ABOHdGL
    Hm... Sua Majestade deseja tomar o desjejum com a senhora. Amanhã, pela manhã. Ora, isso... pode ser uma boa notícia? Sobre o que ele quer tratar?

    Não havia muito a pensar, exceto especular. Assim que Sabrina apaga as luzes e despede-se, indo dormir em um pequeno quarto contíguo, de onde poderia atender sua senhora a qualquer momento. Tão logo antes de se deitar, a reencarnada dá uma olhada casual para o espelho que havia herdado.

    E percebe que há um vulto ali.

    Não, não é um vulto. É um homem. Ruivo, alto, bonito. Bem vestido também, desta vez. Dentro do espelho. Ela o reconhece imediatamente.

    Jean-Luc Picard, Marquês de La Barre.

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    Com um sorriso leve, ele fala:

    Jean-Luc Picard
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    Boa noite, Lucrezia. Já faz algum tempo, não é?

    Um momento se passa, ele deixando sua presença ser absorvida pela mulher com uma expressão de divertimento nos olhos. Então continua, e agora suas pálpebras estreitam-se, embora ele mantenha o sorriso.

    Jean-Luc Picard
    Suhee Kim: Um Caminho de Espinhos [Rota da Nobre] - Página 2 HsnpNSN
    Embora não seja ela, não é? Quem. É. Você?

    Ele acentua a pergunta cuidadosamente.

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