Daemon Lannister - Thitanios

A Pacificadora fora forjada no melhor aço que já existiu, e ainda havia utilizado os segredos dos povos perdidos de Valíria. Era uma espada poderosa, a qual havia provado - mesmo sem a intenção - sangue de três reis. Era uma espada que deveria cravar o medo em qualquer adversário que Daemon Lannister enfrentasse. Ao menos, era de se esperar isso caso fosse um homem.

Entre o drama de correr ou ficar, se era possível derrotar aquela fera ou não, o gigante não se intimidou no final, onde acabou desferindo o golpe no centro da besta. A espada era enorme e o braço de Daemon era forte o bastante para impulsiona-la com força, uma combinação de um golpe perfeito. A espada de aço nobre correu o ar, indo parar dentro do negrume em que a criatura era constituída.

Uma parte da massa se desfez imediatamente, mas logo que Daemon recuou após o ataque, a criatura fez um barulho estranho, como se estivesse sugando algo do ar, e assim, em poucos segundos, aquele ser demoníaco estava inteiro novamente. Os olhos eram negros, mas Daemon podia ver muito bem que suas órbitas oculares estavam vidradas no Lannister. A criatura rosnou - ou gargalhou - preparando-se para atacar. Era uma criatura grande, e seu movimento era lento e por isso Daemon Lannister pôde ver que ela se preparava para lançar um ataque. Em alguns segundos, aquela criatura iria desferir um golpe com suas garras poderosas. O primeiro ataque de Daemon Lannister não havia surtido nenhum efeito e agora a besta se encontrava quase pronta para atacar.

Spoiler:

Ataques físicos pareciam não surtir efeito algum naquele demônio. Como Daemon poderia vencê-lo então ? Talvez a criatura se desfizesse com a morte de Melisandre, mas a mesma não estava ali e poderia estar escondida em qualquer lugar da caverna. O guerreiro então cortou o braço da criatura, esperando que o mesmo caísse, enquanto a criatura se regenerava ele tentou pegar qualquer tocha ou vela e encostou a chama no corpo da criatura, atento caso a mesma lhe atacasse e esperando que o fogo pudesse causar algum dano ao seu adversário sobrenatural.

O golpe de Daemon acertou um dos braços da criatura, impedindo que a mesma realizasse um golpe naquele momento. Dessa forma, teve o tempo necessário para pegar uma vela que se encontrava no chão dentro do corredor principal. A luz parecia representar o que acontecia com a esperança de Daemon, havia apenas uma débil chama prestes a apagar. A escuridão parecia ganhar cada vez mais forças, usurpando qualquer claridade que ousasse chegar perto da criatura. Ao correr com a vela em direção ao gigante nortuno, Daemon então tocou a ponta da chama no corpo daquele demônio.

O demônio urrou, e sua boca se retorceu por longos segundos. Um grito infernal tomou conta da caverna e Daemon pôde sentir que sua vitalidade estava sendo retirada. A escuridão era sufocante. E ao observar o que havia acontecido com a criatura ao toque da chama, Daemon pôde ver que ela não gritava e nem rosnava, e sim ria.

- A sua alma irá me pertencer. - Uma risada sinistra. - Você está em meus domínios. A sua alma será minha.

A voz era grave e Daemon sentiu como se alguém estivesse gritando em seus ouvidos. E nesse momento, enquanto Daemon assistia a boca da criatura se mover, ela atacou.

O ataque da criatura foi parcialmente bloqueado pelo escudo de Daemon Lannister. O gigante da Campina sentiu um baque enorme no escudo e seu braço ficou dormente, mas logo sentiu a força da criatura sobrepujar a sua defesa. Daemon Lannister, o cavaleiro que estive imbatível até então, viu-se lançado em meio a escuridão. O corpo de Daemon se chocou contra a parede sólida, fazendo com que uma dor se espalhasse por seus braços e pernas. Daemon estava agora sentado no chão, onde havia caído e sua espada ainda estava em suas mãos. A criatura o olhava sem piedade, preparando outro golpe.

Daemon também viu a vela jogada a seu lado, ainda com um fiapo de chama que resistia a escuridão.

Spoiler:

Apesar de não ter nenhum vento dentro do local, Daemon percebeu que a chama da vela estava inclinada para o seu lado, como se algo atraísse a débil chama da vela de cera.

Daemon se ergueu com um pouco de dificuldade, o ataque havia sido forte, mas o corpo imenso do homem lhe dava uma resistência maior do que a maioria. De todo modo, não poderia aguentar aquelas investidas para sempre, todos os seus golpes pareciam inúteis e ele acabaria morto naquele caverna. Foi então que percebeu a tímida chama. O aquele significava ? Poderia existir alguma passagem escondida, uma corrente ar que ele não conseguia perceber, a outra possibilidade seria que a chama estava apontando diretamente para ele, o que seria um loucura. Ele então pegou a vela e a segurou de lado, saindo do caminho o qual a mesma apontava, com o intuito de saber se a chama continuaria apontava para a parede ou passaria a segui-lo. Tudo isso durou poucos segundos, pois ele deveria agir antes que a criatura se aproximasse.

Foram poucos segundos necessários para Daemon observar aquele fenômeno. A criatura ainda rugia do outro lado da sala, o rosto implacável tecido com as sombras da noite era maligna. Ela começava a se preparar para um novo ataque, mas o tempo que ela levaria para desferir um novo golpe seria o suficiente para que o leão agisse. Então ele se focou no fogo enquanto movimentava seu corpo, a fim de verificar como a chama se comportava.

A chama era débil e parecia a ponto de se apagar, mas ela se moveu, seguindo o corpo de Daemon. Agora era tão claro quanto a luz do sol que a chama seguia o corpo do gigante. E melhor ainda, Daemon teve a sensação que ela se direcionava a uma parte específica dele e não do corpo todo.

Em algum lugar do corpo do Daemon estava a resposta, caso esta não fosse encontrada, a escuridão lhe abraçaria por toda eternidade.

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Daemon achava tudo aquilo muito estranho, mas depois dos últimos acontecimentos ele havia se tornado menos cético. Precisava fazer alguma coisa em relação aquela nova informação, provavelmente seria sua única chance de sair vivo daquele caixão de pedra. Desse modo, o homem começou a aproximar a chama de certas partes do seu corpo, começando, logicamente, pela espada e pela mão da espada e continuando pelo resto do corpo, prestando bastante atenção, mas um pouco apressado.

A chama débil e fraca foi movimentada com pressa, mas não foi preciso muito para que algo novo acontecesse. Mesmo que ainda tentasse entender o que poderia acontecer ou para onde a chama estava focada, Daemon Lannister viu a chama se inflamar de repente.

O fogo que parecia quase tão morto quanto o próprio gigante, inflou-se de tal maneira que ficou parecido com uma grande tocha. As mãos de Daemon foram parcamente queimadas, mas a surpresa fez com que o leão se mantivesse firme. O fogo que agora era grandioso, se acendera de tal maneira quando havia sido colocado perto da espada de aço valiriano de Daemon. A pacificadora brilhou em resposta, exibindo com orgulho uma coloração esverdeada com grandes veios negros em sua lâmina. Um chiado pôde ser ouvido, não da espada, mas sim da criatura que preparava um novo golpe contra o gigante.

A espada agora brilhante, mostrava todo o seu orgulho de lâmina valiosa. Apesar desse momento, ainda faltava algo. A chama ainda apontava para algum lugar. Primeiro, Daemon teve a sensação que ela apontava para suas mãos, mas logo a compreensão chegou. A chama apontava para a base da lâmina, bem perto da empunhadura. Quando a chama lambeu o aço, o fogo se espalhou por toda a lâmina.

Pacificadora, uma espada tão grande que somente Daemon poderia manejá-la com destreza. Agora, a espada estava em suas mãos, brilhando como as chamas de um incêndio, enquanto bem a frente de Daemon, a criatura das trevas rugia e se preparava para atacar.

O gigante se surpreendeu com aquilo que seus olhos presenciaram, mas logo essa sensação foi substituída por um sentimento de orgulho e de poder. Ele não sabia se aquele poder pertencia a ele ou a Pacificadora, só sabia que se sentia invencível naquele momento, como se os próprios deuses estivessem olhando por ele e aprovando sua coragem. Imaginou a surpresa da mulher de vermelho, seu medo e sua ira, isso só alimentou sua confiança e fez brotar um sorriso de satisfação que se harmonizou perfeitamente com seu olhar de fascínio, seu rosto era iluminado pelas chamas e ele ouvia os rugidos da criatura que se aproximava.
O medo havia passado, o Leão de Essos correu contra a sombra sinistra e desferiu um corte no meio da criatura, se as chamas da pacificadora não conseguissem ferir o monstro ... nada conseguiria.

O sorriso de Dameon Lannister se iluminou à medida que as chamas se espalhavam pela grande espada. O gigante de Essos sempre fora um homem forte, mas naquele momento havia uma força diferente o rodeando. As chamas dançavam no aço verde e reluzia nos veios negros da grande Pacificadora, a espada parecia cantar uma canção antiga e profunda.

A canção da espada fez com que a criatura rugisse, e quando Daemon avançou pelo terreno escuro em direção ao seu inimigo, este também avançou com ferocidade. A criatura tecida com sombras se moveu com grande velocidade, suas garras eram pesadelos incompreendidos, Quando os dois se encontraram, um chiado enorme foi ouvido e uma força invisível acertou Daemon Lannister.
Enquanto o gigante era jogado pelo ar, ele pôde ver a criatura rugindo e se contorcendo, lançando ao ar uma mistura de gritos terríveis. A criatura ainda parecia viva quando Daemon Lannister se chocou em uma das paredes, perdendo a consciência imediatamente.

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Daemon Lannister acordou devagar, a cabeça ainda latejando de dor. Todo seu corpo estava pesado, como se houvesse levado uma grande surra. A boca estava seca e uma crosta de sal e areia cobria a boca do gigante. Sua espada, Pacificadora, estava jogada ao seu lado e meio coberta pela areia da praia. O sol se erguia fraco e ondas batiam nas pernas de Daemon Lannister, provocando uma leve sensação de náusea.

Daemon ficou alguns segundos olhando para o céu, imóvel, em completo silêncio. Fazia muito tempo que não se sentia assim, na verdade, ele suspeitava que nunca havia se sentido daquele jeito, pelo menos não naquele intensidade. Parecia a maior ressaca já registrada na história da humanidade, o pior era que o homem não havia bebido uma gota de álcool, o que tirava qualquer mérito do feito. Tentou organizar as ideias, estava tudo confuso e a dor de cabeça não ajudava, será que ele realmente não havia bebido ? Parecia bem mais lógico do que suas últimas memórias, tudo poderia ter sido um pesadelo de um bêbado, mas tudo estava tão vivo na sua mente que ele decidiu dar um voto de confiança naquilo que nunca havia lhe decepcionado, ademais, algo dentro dele gritava que era verdade.

Se levantou e cuspiu a areia e a água salgada que enchia a sua boca. Parecia que um touro havia dançando no seu corpo enquanto um cavalo dava coices na sua cabeça. Daemon era um homem gigantesco e de vigor sobre humano, um pedregulho humano, se ele estava naquela condição um homem normal, provavelmente, teria se tornado só sangue, ossos quebrados e músculos triturados. Ele pegou sua espada, a mesma estava normal (para uma espada Valiariano, o que já é bem impressionante) e não sabia se aquilo poderia acontecer novamente, mas estava feliz de ter acontecido naquele momento, pois teria morrido se fosse diferente.

Renly estava morto, Stannis estava morto, Melisandre devia estar viva e isso o irritava. Tudo isso apareceu de repente na sua cabeça, mas tentou afastar todas essas lembranças, sua mente já estava exausta demais e ele não podia perder seu tempo e o resto de sua vitalidade com aquilo. Precisava se situar no mundo, saber que local era aquele e decidir o que fazer. Começou a olhar em volta procurando respostas.

Daemon Lannister estava em uma praia de aparência encantadora, mas naquele dia o mar parecia um pouco revolto demais. Havia alguns pescadores em alto mar, os quais utilizavam grandes redes de pesca. Era um local até então desconhecido, não havia sequer uma pessoa na faixa de areia se não Daemon. Havia algumas pedras afiadas, típica da Terra das Tempestades, provavelmente aquela praia estava situada perto de algum vilarejo em volta da Pedra do Dragão.

Daemon precisava chegar ao exercito da Campina, se é que ainda existia algo, uma boa parte dos homens já devia ter debandado. Sua melhor chance seria encontrar um povoado e conseguir informações e um cavalo, entretanto, não sabia para que lado poderia encontrar pessoas. Decidiu subir nas pedras para aumentar seu campo de visão e tentar encontrar alguém. Caso não conseguisse, ia seguindo os barcos por terra, gritando e acenando caso algum se aproximasse ou esperando algum sair do mar depois da pescaria. Claro que seu corpo destruído não ajudava em muita coisa, mas teria que agir de quisesse viver.

Nem mesmo as pedras pontiagudas serviram como base para o gigante avistar algum vilarejo. Tudo parecia deserto e calmo naquele praia. Até mesmo os pescadores pareciam alheios a presença do gigante, ou então, eles estavam com medo por causa do tamanho amedrontador de Daemon.

Um tempo se passou, mas logo Daemon viu uma figura a cavalo vindo em sua direção. Era um cavaleiro, vestido para a batalha com uma armadura brilhante e de boa qualidade. Ele carregava uma lança de freixo com a ponta de metal. Era sem dúvidas, uma visão gloriosa em meio aquela praia. Ele avançou para Daemon, mas não possuía a fúria de um ataque e sim a gentileza de alguém que o conhecia. O homem então retirou a placa facial que cobria seu rosto, revelando ser Julian Orme.

Daemon uma vez matara o lorde Orme a mando de Lorde Meadows e de Renly. O gigante poderia ter eliminado a casa de uma vez por todas, mas optara por deixar Julian - o filho de Lorde Orme - viver. Naquela ocasião, Daemon havia impressionado o garoto e o mesmo agora havia ganhado alguns músculos e começava a se portar como homem.

Julian Orme sorriu para Daemon e desmontou do cavalo, fazendo uma longa reverência em meio a areia da praia.

- Senhor Daemon! Você está vivo. - Disse Julian com os olhos molhados e prostado de joelhos no chão. Rapidamente ele retirou uma espada e jogou a lança no chão. Em meio ao choro, ele disse com a voz embargada. - A Campina está um caos, não há mais líder!  - Ele então deu um sorriso para Daemon, como se uma grande ideia passasse pela cabeça dele. - Minha espada é sua Daemon, como um dia eu havia prometido.

Foi uma surpresar encontrar o jovem Julian Orme naquele local, mas Daemon agradeceu ao deuses por aquilo, pois sabia que podia confiar no garoto e alguém em quem pudesse confiar era o que mais precisava naquele momento. O gigante deu um longo e sincero sorriso fraternal enquanto o jovem senhor falava: - Não precisa de nada disso, Lorde Orme, creio que eu seja somente um guerreiro sem senhor agora, jurar sua espada a mim seria um desperdício no momento, mas vamos tentar mudar isso. - Disse se aproximando e apertando a mão do rapaz - Mas é bom encontrar um amigo por aqui. Preciso me reunir urgentemente com o que restou do exercito de Vossa Graça, Stannis está morto, mas precisamos decidir o que fazer agora que nosso rei também está. - Ele dizia aquilo com certo pesar, mas ainda parecia confiante. Analisou o cavalo de Julian, se ele conseguisse sustentar os dois homens eles o usariam, se não os dois se deslocariam até o povoado mais próximo e conseguiriam um outro cavalo.

No caminho ele pediu ao Lorde que lhe dissesse o que havia acontecido na sua ausência. Se Brienne havia conseguido chegar no acampamento, como os lordes reagiram, o que as tropas das Terras da Tempestade haviam decidido, se Renly já havia sido sepultado, o que falavam de Daemon por lá, se eles sabiam que Stannis estava morto e o que Julian fazia ali. Também contou ao rapaz o que aconteceu naquele dia, mas decidiu omitir sobre a parte da criatura, disse apenas que havia se perdido na caverna enquanto procurava Melisandre e que acabou caindo, quando acordou estava naquele lugar.

Julian Orme fez questão de ir a pé guiando o cavalo para Daemon Lannister. No começo, ele ficou com uma expressão pesada, como se esperasse o melhor momento para atualizar Daemon sobre os acontecmentos da guerra. Dessa forma, quando chegaram a um povoado, Julian comprou outro cavalo.

O dia estava quente e apesar de estarem nas Terras Tempestuosas, não havia sinal nenhum de chuva. Aquele seria um dia azul e por isso seria um ótimo dia para cavalgar.

Julian Orme montou em cima do seu corcel, ficando emparelhado ao lado de Daemon Lannister, o qual agora montava o garanhão de guerra que fora dos Orme.

- Para onde vamos ir? – Julian olhou para Daemon, o rosto do jovem demonstrava que a hora da verdade havia chegado. – Me desculpe por não ter dito antes, mas para você tomar essa decisão deve levar em conta o que aconteceu desde então. – Ele fez uma pausa. – Você ficou sumido por uma semana inteira, inclusive você foi dado como morto. Disseram que um dos soldados de Stannis fora o responsável por sua morte. – A respiração do Orme se tornou mais pesada a medida que o assunto ficava mais sério. -  Disseram que Stannis Baratheon e Renly Baratheon foram assassinados por você e por Brienne de Tarth. Alguns homens o chamam de Daemon, o matador de reis.

Ele forçou um trote no corcel, esperando que Daemon o acompanhasse.

- Creio que isso não é verdade, mas muitos lordes da Campina acreditaram nisso, de modo que toda a guerra fora paralisada e os homens voltaram as suas casas. Não só o exército de Renly se desfez, mas também o de Stannis. Todos ficaram cautelosos devido à incerteza do acontecimento. Apenas eu e lorde Meadows acreditamos que você não havia matado Renly, de modo que ficamos isolados dos outros lordes, Agora todos eles nos veem com desconfiança. – Ele riu. – Isso não importa agora, uma vez que você está vivo. Talvez possamos provar que essa história é uma grande mentira. Eu estava cavalgando por aqui em busca de Brienne de Tarth, a qual se encontra com o status de fugitiva.

Julian Orme ficou em silêncio, cavalgando ao lado do gigante. Daemon podia ver que ele havia se tornado um homem forte e leal, de modo que suas palavras eram firmes e verdadeiras. Daemon tinha um aliado ali ao seu lado, e ao que parecia, lorde Meadows também era leal.

Seja como for, aquilo ainda era pouco, uma vez que todos achavam que Daemon era o Matador de Reis.

Daemon parecia confiante, mesmo com as dores no corpo ele sustentava o sorriso de quem havia visto a morte de perto e conseguiu sobreviver, pensou que ao chegar à Campina todos reconheceriam o seu trabalho e poderia sustentar sua posição. Todo o seu estado de espírito, no entanto, foi afetado pelas palavras de Julian.

Como poderiam acreditar naquela idiotice ? Aquilo o surpreendeu de início, mas logo o ódio tomou conta da sua mente. Aqueles malditos bastardos passavam os dias fofocando, era o que dava sentido as suas vidas ociosas. O assassinato do rei por dois de seus mais importantes juramentados parecia bastante promissor como um boato, uma versão instigante que explicava tudo e que os homens adorariam espalhar pelo conteúdo nefasto envolvido. A verdade tem poucas chances em casos como esses.

O sumiço de Daemon, obviamente, alimentou a história ainda mais. Se estivesse morto ele seria sempre lembrado como um dos maiores traidores de Westeros. Então ele se lembrou de Brienne, pois ela deveria voltar para o acampamento e, pelo que Julian havia dito, também estava sumida. Poderia estar morta e nunca poderia se defender daquelas acusações. Lembrou-se da infelicidade da mulher no dia que seu amado foi morto e em como aquelas acusações eram injustas.

O que fazer agora ? Para onde ir ? Ele poderia fugir, jurar fidelidade a Robb, se é que qualquer rei lhe aceitaria. Poderia pegar um navio e visitar seus parentes em Dorne ou voltar para Essos como um fracassado. Todavia, optou pela alternativa mais estupida, isso porquê não era um covarde.

- Stannis matou Renly e eu matei Stannis, isso é tudo. - Disse ressentido. Depois continuou, mas se recompôs e falou de maneira firme e auto confiante - A única maneira de resolver isso é me apresentar no Jardim de Cima e exigir um julgamento. Os deuses e minha espada irão testemunhar em meu favor. - Ele olhou para Julian e sorriu como se tudo estivesse bem, mas não estava, a realidade era muito mais complicado e não sabia se conseguiria se quer chegar vivo a morada dos Tyrell, muito menos como seria sua recepção.