por Soviet Qui Jul 11, 2013 11:30 pm
Só quando o mundo começou a se tornar negro é que Hildir se lembrou de olhar ao redor.
A cabeça já lhe doia muito, e as mãos a pés formigavam, mas o paladino teve certeza do que viu; parecia um homem atarracado e corcunda, mas não poderia ser um, pois ele tinha os braços esguios e longos a ponto de conseguir andar apoiado neles. Hildir viu apenas as silhuetas sob a fraca luz da rua, mas ele pensou ter visto mãos enormes e curvadas, desproporcionais, e pés longos em pernas curtas.
O paladino piscou e esfregou os olhos, e pensou ter visto mais um, e mais outro, e outros dois ao fundo... E lá, próximo da janela, a sombra de alguém que parecia ser realmente um homem, mas de quem Hildir via apenas o sorriso envolto em sombras. O halfling, bravamente, tentou levantar, num último e súbito esforço, mas mal tirou os joelhos do chão e suas pernas vacilaram, e Hildir caiu por cima do corpo inerte de Rakun, tentando novamente se reerguer, pelo amigo de longa data, pelos novos companheiros, pelas pessoas que os encontraram no caminho, assassinadas e mutiladas, mas as forças tinham-no abandonado, e o paladino sentia apenas dor, uma dor aguda e profunda.
Caído sobre Rakun, a escuridão abraçava Hildir, seduzindo-o a cair em suas graças. As pálpebras do halfling ficavam mais pesadas à media que as mãos desproporcionais se aproximavam e o sorriso ficava mais largo, brilhando na noite.