[!ON!] Arredores do Vilarejo

Ramster corria pelo banhado enquanto amaldiçoava aquela garota idiota, ele era o responsável por guardar o depósito do seu bando goblin, mas ao contrário do que seu apelido indicava ele acabou sendo enganado por aquela fêmea idiota, e agora estava ele perseguindo ela. A alguns momentos atrás estava quase desistindo de achar a sua antiga prisioneira, de alguma forma tinha sido despistado entre os galhos retorcidos do pântano que morava, mas felizmente gritos o alertaram de onde seu alvo estava… Ele conhecia muito bem aqueles gritos para se enganar.

O problema é o que ele encontrou ao achar a origem dos gritos, a garota estava sendo agarrada por um homem, seus antigos farrapos, o que restava do que um dia foi suas roupas, a muito já tinham sido arrancados, provavelmente aquele homem fazia parte da patrulha de um vilarejo próximo pelas roupas que usava, ainda que não empunhava nenhuma arma, provavelmente largou a sua para segurar a garota. Ramster tinha a vantagem já que não foi notado, iria então atacar ou não?

Sem demora Ramster encontrou caído um machado muito perto do homem e da garota que esperneava e fazia barulhos duvidosos nesse momento. O machado estava bastante enferrujado e não parecia necessariamente muito robusto, mas o Goblin teria um pouco de dificuldade em manusear ele, não era para o seu tamanho.

Para ser sincero, possivelmente, ao ouvir as ofensas dirigidas a si o homem poderia mesmo cometer suicídio bem ali. Ser chamado de escória por um Goblin, verdadeiramente inacreditável, um feito para se orgulhar de contar aos netos.

Sem dificuldades Ramster se aproxima do machado, o homem estava de costas para ele, e os gritos, ainda que abafados, da moça serviam bem para esconder qualquer barulho que seus passos gerassem nas poças e galhos do chão. A questão agora era, onde ele ia esconder o machado que ele tinha dificuldades até para levantar?

Não ignoro o ritual de acasalamento e por conta de ver que não aguento o peso da arma eu gradativamente empurro o machado para o chão sem fazer barulho, para que em uma própria água do pântano e com alguma folhas sobre ele bem ali mesmo possam manter a arma escondida.

Aguardo mais um pouco para o momento em que o animal esteja mais empolgado em seu ato de violência estranha com sua parceira para cortar-lhe a garganta, em um momento que não tem como imaginar que seria atacado

O Goblin exoticamente chamado de Sabido arrastava o machado pelo chão, esperando pela sua chance especial para matar a escória humana. Entre as puxadas do Goblin era inevitável que o Goblin fizesse barulho ao passar por pedras ou galhos, mesmo com todo o esforço da pequena criatura azul para o contrário, e era inevitável que esse barulho chamasse a atenção do humano, que mesmo no seu momento de prazer era cauteloso o suficiente para se manter atento.

O homem apenas parou seus movimentos, como se estivesse se perguntando se deveria olhar, ou talvez estivesse esperando por outro barulho. Será que ele iria olhar? Deveria atacar? Essas eram as dúvidas na mente de Ramster naquele milésimo de segundo, mas que parecia se arrastar pelo infinito.

Sem pensar uma segunda vez, o que, na verdade, para esse Goblin não é comum, Ramster atira em direção ao guarda, a adaga perfura fundo no ombro do homem, mas por enquanto esse golpe não servirá para mais do que trazer toda a fúria do humano para fora. -CRIATURA IMUNDA!!! Grita ele em plenos pulmões enquanto investe em criação ao Goblin e seu machado.

Mas tudo ainda estava nos cálculos do brilhante Goblin, tudo menos o fato de que ele acabou de atirar sua única adaga e não tinha uma segunda para lançar...

Ramster anuncia que a garota deveria fugir, o que é curioso já que ele estava perseguindo ela a não muito tempo. Obviamente um olhar de confusão dançou no seu rosto, mas a ordem parecia fazer sentido, então não demorou para a garota sair correndo em desespero, talvez até enlouquecida, é se disse-se que foi salva por um Goblin, com certeza seria dada como louca.

Mas enquanto a garota corria para longe, o homem avançava ensandecido em direção ao Goblin, mas tudo estava nos planos da criaturinha azul, tudo menos (e sinto que algo assim já aconteceu antes) ser jogado para longe por um empurrão vindo do homem sem ter qualquer ação, e isso foi exatamente o que aconteceu.

A única coisa que conseguiu ver foi o homem tirar a adaga das suas costas em um rugido forte de dor e pegar seu machado. Isso acabou como um xeque para o Goblin, qual peça ele moveria agora.

-Então criaturinha. Hora de morrer hehe. Anunciava o seu oponente sorrindo maliciosamente.

Sem perder um segundo o sábio Goblin (ignore a controvérsia) denominado de Sabido coloca seu plano em prática: ele corre em desespero pelo pântano aos gritos suplicando por socorro. Mas era difícil saber se tinha alguém ouvindo ele, já que a penumbra da noite começava a se espalhar, tornando o pântano cada vez mais tenebroso.

No alto, entre os retorcidos galhos uma criaturinha vermelha observava toda a confusão. Krapiki era um dos Goblins encarregados de caçar, era reconhecido como o melhor caçador de sua tribo, ou era o que diziam para ele. Mas agora o que ele via era um companheiro Goblin sendo sendo caçado por um homem com um machado e uma adaga, talvez as duas armas fossem para compensar a falta de suas calças? Uma grande questão...

A penumbra já dominava quando Ramster corria desesperado pântano a dentro. Podia sentir o ódio do homem se aproximar, o vento dos golpes direcionados a ele se tornar cada vez mais próximo, um deslize e ele teria um machado fundo em seu pescoço.

Mas o destino sorriu para o Goblin mais uma vez, ou a primeira vez, um barulho seco de impacto e água sendo espalhada foi ouvido, seguido dos gemidos do guarda, aparentemente o homem tropeçou em um galho mascarado pela noite e estava no chão resmungando.

O que o sábio Goblin (imagino que você já se acostumou com a controvérsia) faria agora? Ao longe uivos de diversos lobos soavam em uma melodia selvagem...

Krapiki, o goblin da besta se achava O atirador, ao ver a cena se desenrolar seguiu o goblin que corria, eram muitos para se lembrar, então nem se preocupava em saber quem era, mas queria matar alguém e aquele humano era o que ele precisava, mas quando viu o homem cair gargalhou e disse:
- Runamo atioda!

Após isso mirou nas costas do guarda e atirou...

Eu preciso pensar em uma saída, preciso pensar em uma... Ele caiu...caiu... Uma flecha! Uma flechada!
- Atiram! Aaahhh... morte em uivos!

Escalo uma árvore tentando me esconder antes que os animais cheguem...

O assobiar da flecha se sobressai sobre os uivos dos lobos, seguido do agudo grito de dor do homem caído no chão, o seu grito agudo ecoa até ser suprimido pelos uivos ao longe. Ele então se levanta, meio cambaleante, amaldiçoando cem nomes enquanto procurava pela fonte da flecha, se frustrando cada vez mais por não ver nada naquela penumbra.

E enquanto toda essa cena se desenrolava Ramster sobe em uma árvore, sumindo da linha de visão do homem e quietamente esperando os lobos aparecerem, estranhamente eles parecem demorar para chegar.

Agora o jeito era ir para cidade, aproveitando as árvores para andar de uma para outra pelo topo na direção que a garota fugiu, torcendo para que mais uma flecha seja jogada contra o animal, a besta pegou minha adaga, mas não tem a inteligência de nossa espécie de ver no escuro. São burros... tento ir seguindo pelo topo, na mesma direção dela, para depois descer perto de onde encontrei esse animal em seu ritual de acasalamento...

Alegria de ter acertado, mas Krapiki já sabia, afinal, ele é o melhor, ou acreditava ser o melhor atirador por ali, enfim ele precisava terminar o serviço, portanto ele carregando sua besta mirou mais uma vez e rezou pra algum deus goblin, se existir algum deus que queira se rebaixar à tanto, e de olhos bem abertos para o homem mirou em sua cabeça atirando.

E incrivelmente acertou de novo, que alegria para Krapiki que agitando os braços em comemoração pensava ser o melhor atirador do grande Império de Goblin... se é que isso exista que não seja na cabeça desse idiota...