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    Arredores - Dartmoor Hills

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    Mensagem por Ankou Ter Jul 20, 2021 7:25 pm





    Dartmoor Hills

    Arredores - Dartmoor Hills KnFthlY

    Dartmoor Hills cobre quase toda a parte oeste superior do território municipal de Brimstone, e pertence quase que completamente aos Horvath e alguns outros pequenos proprietários fazendeiros e rancheiros da região, sendo completamente rural, com diversos pequenos riachos que descem das partes mais altas do vale formandos pequenos igarapés que desembocam no Rio Amargosa.

    O lugar todo apesar de simples movimenta uma indústria de bilhões, seja pelo negócio de gado de corte, leiteiro ou por Dorothy, atualmente a maior mina de ferro do estado.

    É território incontestado dos Andarilhos-do-Vale há gerações.
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    Mensagem por Bastet Sáb Jul 31, 2021 11:56 pm







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
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    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
    Mas filma direito, se der merda pelo
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    Vindo de: Dry Well - 49th Brimstone Police Department


    -Você não acha bom? – as bochechas ficando vermelhas, mas o rubor desaparecendo tão rápido quanto surgira. – Sangue de Lobo – ela repete, como que pra memorizar e completa com um “gostoso” na mente. “Desde quando eu sou papa anjo de cowboys?”, pensou, abismada consigo mesma e com o desprendimento de Agnes para com a sua propriedade extremamente cara.

    ---

    Enquanto corriam, Beatrice observava o mundo, tão igual e tão diferente. Novas cores, novos cheiros, novas vontades. Tudo ao extremo, tudo pra já. Bem diferente do que sentira naquele beco... Lá, era apenas fome, raiva e violência. Um sentimento compartilhado com algo selvagem que tinha controle e, por gentileza ou capricho, tinha partilhado com ela momentos da carnificina.  Já ali, com Agnes, as emoções eram positivas... principalmente a adrenalina. Era como usar uma droga estimulante qualquer, só que estando limpíssima. Queria correr, pular, transar, bater, morder... Tanta coisa que chegou a grunhir de susto, ainda em sua forma de lobo, ao ouvir a advogada falando. Quando ela tinha voltado à sua forma original?

    A loba tricolor olha pra mulher, como se pensasse um pouco antes de responder. Então voltou à sua forma feminina, adorando sentir o friozinho da noite em sua pele... E detestando aquela roupa larga, feia e com cheiro de prisão.

    - Acho que isso vamos descobrir quando aquela parte surgir. Essa eu gostei demais. Essa.... Essas coisas, a gente sempre sente? Por que, porra...Isso parece viciante – ia andando ao lado dela, observando o local e fixando o olhar no senhor que as observava. Beatrice abre um sorriso alinhadinho e bonito em cumprimento ao homem e logo assente pra Agnes – Ele? – pergunta e logo vem à mente – Você me empresta algumas roupas? Ele parece chique demais pra conversar... Assim.

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    Mensagem por Ankou Ter Ago 03, 2021 9:00 pm





    Beatrice Thompson


    - Nada além do regular. - Agnes responde sobre Clive, mas não tem julgamento nenhum nela, na verdade ela nem parecia se importar.

    --

    Ela sorri vendo a reação de Beatrice e aquela corrida - Bebê, isso foi você e eu correndo alguns quilômetros fazendas adentro, você nem imagina quando a coisa ficar séria, mas aposto que você queria, o cowboy pra montar você agora. - Ela ri, e lá no fundo tem um tom de provocação, mas conforme a graça se esvai o semblante dela vai ficando mais sério - Ninguém se importa lindinha, seu nariz já percebe coisas que não percebia antes e só vai melhorar, num geral é como se fosse uma ética universal os Urathas não se meterem nesse tipo de coisa. - o olhar dela por um instante toma uma expressão selvagem que nem combina com o corpo delicado dela - É nosso direito caçar, correr e foder com quem a gente bem entender, errado é quem te julga por essas coisas, mas isso também é nosso dever, e isso e nunca atrasar sua alcateia. - a expressão se vai assim como veio, num piscar de olhos. - Mas cuidado com a mãe dele, ela é complicada. - ela pressiona os lábios e faz uma cara como se tivesse sentido algum cheiro fedido.

    - O próprio Vigia-Morte. - não tem brincadeirinha daquela vez, só um respeito profundo, respeito o bastante pra pronunciar o nome dele na primeira língua - Você sabe que ele escutou sua pergunta certo? E todo o resto que você falou... - ela diz arqueando as sobrancelhas - É provável que ele esteja escutando seu coração bater. - o que ela diz parece muito engraçado e impossível, mas ela nem parece estar brincando, ainda assim a cabeça de Beatrice se nega a acreditar que era possível escutar o coração de alguém com aquela distância toda, ou pelo menos deveria ser, certo?

    - Você vai ficar ótima nos meus modelitos de quando eu tinha a sua idade, vai parecer uma jovem diretamente saída dos anos noventa - ela ri, até com certa nostalgia. - É eu acho que eu não vou ter nada além disso que vá caber em você, mas acho que ele dificilmente ligaria até se você estivesse nua e.... - a atenção dela é tomada pelo carro que vem a toda direto pela estrada, dá pra ver o mesmo carro amarelo de antes cortando a escuridão.

    O cenho de Agnes se fecha e ela começa a caminhar em direção ao carro a passos rápidos e em silêncio.





    Makya Chase


    Vindo: Dry Well

    Pela primeira vez ela sorri, sorriso branco e alinhado, os caninos pouco mais protuberantes que a média, mas perfeitamente alinhados e afiados, ou pelo menos tão afiados quanto um canino humano podia chegar. - Não, elas só são difíceis de lidar, muito mais do que deveriam na real. - ela parece desapontada com alguma coisa ou com elas, mas não fala mais nada.

    Ela meneia a cabeça em positivo quando ele comenta de sua transformação - A gente sempre termina sozinho… - não tem dor vindo dela quando ela fala aquilo, na verdade não tem nada, como se tivesse acostumada demais com aquele tipo de coisa.

    Quando a porta se fecha ela acelera, ela dirige como uma doida, beirando o limite de velocidade, ela quase atropela um mendigo que passa perto demais do carro, quando ela pega a estrada a coisa é pior ainda, mas pelo menos as chances de acidentes diminuem por que tem menos coisa pra bater e menos gente pra atropelar, mas Makya escuta os pneus cantarem quando ela faz um drift numa curva fechada demais, ela parece se divertir mais que qualquer outra coisa, finalmente quando ela pega o retão ela parece se acalmar.

    - Da minha prima, a gente só vai deixar ele na casa e meter o pé - o carro era exatamente o que Makya esperava que fosse, numa análise mais próxima, banco macio de couro, vidros e lataria blindada, mas o motor potente demais pra perder alguma performance pelo peso extra, e o cheiro impregnado no carro atesta que ele de verdade não é de Irina.

    - Relaxa amiguinho, eu sei bem como é te olharem como se você fosse o cocô do cavalo do bandido - Desprezo completo na voz, até um ponta de fúria, mas ela nem olha pro Irraka quando fala isso, focada na estrada.

    O caminho se resume a uma entrada pra fora da estrada, também asfaltada, Makya sente assim que ela vira o carro que ele tá em terreno alheio, mas sente algo mais, como se uma brisa que vem de lugar nenhum passasse por ele, a coisa vil, uma ganância encruada, dá um calafrio na mesma hora. - Cala a boca. - ela diz, mas o Irraka tem certeza que não é pra ele. - Vai se fuder! - ela parece ainda mais irritada e mete o pé no acelerador dessa vez mais fundo que antes.

    O fim da viagem leva a uma casa de fazenda antiga e bem cuidada, Makya observa um senhor numa das dezenas de sacadas apenas entrando na casa, ao longe duas mulheres que parecem absolutamente estonteantes parecem sair do escuro do pasto pra parte iluminada e asfaltada dos arredores da casa, uma delas parece vir com pressa em direção deles.
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    Mensagem por Bastet Qua Ago 04, 2021 3:11 pm







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
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    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
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    Bea dá uma risada envergonhada e mais afirmativa do que queria, quando Agnes fala do Cowboy. Sua nova amiga lá de baixo tinha se interessado muito no menino e não podia negar. – Sim, mas não só ele – dá uma piscadinha sapeca, sem se insinuar de forma propriamente dita. Não podia negar que o lado masculino de Agnes era bem gato.

    Tinha certas curiosidades sobre a mudança de forma que ela ainda não sentia que podia perguntar... Mas qual era o sentimento de fazer “aquelas coisas” fora do corpo no qual você nasceu? a Cahalith certamente queria experimentar. E, aparentemente, não tinha julgamentos quanto a isso.

    Anotou mentalmente aquela nova lição que a advogada dava a ela, sobre direitos e deveres, realmente animada com aquela nova vida. Apesar do lado selvagem, parecia bem mais libertador que boa parte da vida dela anteriormente. Como ser uma fera podia ser mais brando que viver com sua própria família? Aquela era uma boa questão. – Quem é a mãe dele? Ela vive aqui com vocês? – um arrepio desce pelo corpo e, dessa vez, não era culpa do vento. Bem, nunca tinha tido de lidar com mães de ficantes, geralmente ela não era apresentada. Anyways...

    - Nossa, sério? – ela olha novamente em direção à sacada. Estava abismada com aquela boa audição boa que pessoas como eles poderiam ter... Mas, pior, envergonhada de ele ouvir o papo anterior. – Tenho certeza que ele vai ser um gentleman em fingir que só ouviu meu coração bater, né? –perguntou pra Agnes, mas os olhos estavam focados em Vigia-Morte.

    Sua atenção logo voltou pra meia lua, que falava sobre modelitos dos anos 90 – Vintage tá na moda! – exclamou, mostrando que realmente preferia vintage que cadeia style. Franziu o cenho quando ela falou que ele não ligaria de ela estar nua... E ficou ainda mais confusa ao ver o carrão de Agnes se aproximar a toda velocidade, com duas pessoas estranhas dentro. Foi andando na direção que a advogada foi, ficando uns passos atrás, olhando pra dentro do carro e tentando entender o motivo da mulher ter ficado séria tão subitamente.

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    Mensagem por Wordspinner Qua Ago 04, 2021 7:58 pm

    Ele estava achando todos eles difíceis de lidar. Devia ser algo de lobisomens. Uratha se enfiava nos pensamentos dele. A palavra certa sussurada por ele mesmo. Ele confirma. Melhor não ter de lidar com a Bruaca ou mesmo com a maluca. Seja lá quem fossem.

    A gente sempre termina sozinho. Porra. Não era só ele. Mas essa merda era descontrolada. Louca. Errada? Baixas aceitáveis? Porra e se fosse a irmã dele? Tinha que ter um jeito melhor. Mas como? Se fosse trivial eles teriam feito. Se tivesse uma fórmula garatida eles saberiam. Devia ser um desafio novo cada vez que acontecia. Toda vez um massacre pronto pra estourar andando por aí. Ele estava sozinho. "Pensando bem, eu tava mais sozinho no começo que no fim. Pelo menos não tinha mais ninguém querendo me apagar." Ele queria ter escondido o amargo na voz, mas ele não era bom isso e com certeza tinha soado como um limão velho.



    Então ela arranca com o carro e ele cola no banco. O coração escalando o pescoço segundo a segundo. As mãos vão do painel para o colo. Ele queria se agarrar. Mas séria inútil. Pior que inútil. Só faria ele parecer um moleque assustado.

    Ele aperta o botão do vidro. Ele queria sentir o vento naquela velocidade. Ia ser terrível. Um tapa sem forma no rosto. Só que ele não ia ser tão rápido assim de novo. Ele podia olhar para frente, mas que diferença ia fazer? Makya respira fundo o ar da noite. A liberdade da velocidade intoxicante. Ele queria que ela fosse mais rápido. Mais rápido. Então ela diminui quando ele estava prestes a uivar para noite. Ele ri no lugar disso. "Desculpa amigão, bacana é pouco, você é foda." Ele diz para o carro fazendo carinho no painel.

    Coco do cavalo do bandido... "Índio demais para ser branco. Branco demais para os latinos. Mas pros washoe o problema era minha mãe mestiça e a vó falando que as histórias deles eram absurdo. Elas eram da selva, floresta tropical tem lendas todas diferentes." Ele diz percebendo que tava falando demais. "Horvat, ninguém vai te olhar assim... Só os seus parentes. Mas eles não olham assim todo mundo?" Lá estava ele sendo sincero demais. Só que ele não tinha opção. Era isso ou ficar de bico fechado. Talvez devesse, seu pai diria que ele perdeu uma ótima chance de calar a boca. Só que ele tava se sentindo livre demais próprio bem.

    Quando ele sente a coisa, ele ainda não tinha uma boa palavra para aquilo. Coisa era bom o bastante. A sensação de perigo faz ele sentir o corpo pedindo para mudar, um pedido fraco e distante. Ele estava prestes a dar voz ao desconforte e parecer ainda mais verde ao perguntar que porra era aquela. Só que aí ela mete o pé e dessa vez ele grita. Não como um garotinho assustado. Mas o tipo de grito animado e selvagem que faria un colono inglês passar o resto da noite acordado olhando o escuro. Ele gostava da velocidade. Mas cala a boca a assim que consegue.

    Depois disso ele se esforça mais para ficar de boca fechada. Era melhor observar. Ele estava claramente na casa de alguém. Na casa de uma pessoa que tinha aquele carro incrível. Ele afunda no banco de novo e coloca uma mão na porta. Pronto pra sair. "Pena que a viagem acabou." Ele realmente queria correr mais. Era uma pena de verdade. Olhando para fora as mulheres vindo para os dois. Ele ia esperar Irina sair ou fazer um sinal para ele descer. Já estava vestindo sua melhor cara de silêncio educado.
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    Mensagem por Ankou Sex Ago 06, 2021 2:07 pm





    Beatrice & Makya


    Agnes respira com um semblante desanimado - A uratha mais cabeça dura e problemática de se lidar da face da terra, Inquebrável. - ela diz o nome da mulher na primeira língua, o que fazia a coisa ganhar até gosto, um gosto amargo que Beatrice não queria provar. A segunda pergunta faz Agnes revirar os olhos. - Se por algum milagre um dia isso vier a acontecer eu te juro que eu nem vou estar aqui mais. - todo o ser de Agnes colocava ênfase naquelas palavras, até mesmo os punhos serrados, ainda que baixos e quase imperceptíveis.

    Ela não se pronuncia mais sobre o tio, mas deixa um sorriso de canto e sem mostrar os dentes escapar.


    Irina sorri com aqueles caninos enervantes - Uma bela hora pra ter uma segunda chance certo? - ela dá uma risada baixa e xiada, mas não pergunta mais nada, ainda que ela parecesse ter aquele jeito truculento ainda sobrava alguma discrição na uratha.

    --

    Ela não fala nada, nem parece se incomodar com Makya se divertindo com a velocidade ou abrindo a janela deixando o vento frio da noite do deserto entrar, mas o tom dela muda quando ele conta o próprio drama - Lésbica demais pra ter crianças. Eles nem falam, eles só olham. - a voz dela agora é fria, distante, cheia de ressentimento, ela nem desvia o olho da estrada, mas todo o ar em volta dela muda pra algo mais denso e desconfortável.



    Agnes parece enfezada indo em direção ao carro, mas ela pára no meio do caminho quando vê que é tarde demais, ela só dá meia volta e a expressão dela pra Beatrice é de desespero.

    Da porta principal da casa um homem sai, ele é alto, com uma constituição física absolutamente normal, cabelos na altura do ombro, a barba cheia, mas não muito, naturalmente com um formato bem desenhado.

    Irina nem o olha de começo, ela sai do carro e deixa a chave na ignição, Makya sente o peso do olhar do homem, o desgosto dele parecia fazer todas as acusações e descasos da família e do povo indígena dele parecerem pequenos, por um segundo o sujeito o olha e isso é o bastante pra saber que ele está perigosamente incomodado com a presença dele ali ou o fato de Irina tê-lo levado até lá, ela por sua vez parece permanecer firme na decisão de ignorar o que pode, ela se aproxima de um outro carro parado próximo ao que parece um celeiro na lateral da casa, ela enfia a chave na porta do veículo, mas não gira.

    Da porta principal da casa aparece um homem esguio e o velho novamente, dá pra ver a indignação no rosto do mais novo como se ele quisesse avançar pra uma briga, e o velho o segurando pelo ombro, a única coisa que parece fazê-lo parar.

    Makya sabia, eles não falam com a boca, eles não, mas Irina quando se vira sim - Tô cansada dessa merda, tô cansada de me olharem assim, por que eu não quero um pau entre as minhas pernas? Por que essa casa é um show de horrores, uma porra de bomba atômica pronta pra fuder com o segredo?! Eu faço tudo que vocês me pedem, TUDO! E vocês nunca tiveram a decência de dizer um obrigado. - raiva e frustração é tudo que ela era agora, ele por sua vez muda de postura o olhar ainda mais incisivo - Te agradecer por fazer seu trabalho? Você não é mais criança Irina. - a voz soa seca e cansada e logo a sensação de ganância inquietante e morte paira no ar, a mesma que Makya tinha sentido próximo de chegar a casa.

    As palavras do homem fazem Irina explodir, a jaqueta dela é arremessada pro lado, as próteses de silicone embaladas voando bolso afora, o Dalu dela é cinzento e gigantesco, algo medonho de se olhar, as marcas distribuídas pelo corpo brilhando no tom prateado da lua, a glória em um tamanho garrafal se comparada às demais, mas ela não dá mais um passo.

    O sujeito olha pra trás por um instante pro velho e pro outro homem, o velho não move um músculo, mas o outro homem meneia em positivo como se quisesse que aquilo terminasse logo.

    - Eu te disse Irina, que mais uma dessas seria a última. - ele diz controlado, tirando a própria gravata esgarçada e a camisa, nas costas dele uma marca de pureza escarificada, aquilo é o bastante pra fazer Makya e Beatrice darem um passo pra trás.

    A coisa é violenta e rápida, ele vira um lobo gigantesco no ar tentando alcançar os pescoço dela, mas não esperava ela segurar a cabeça dele e torcer, dá pra ouvir cada vértebra se partindo, Beatrice pode ver a cor de Agnes sumir por um segundo, mas no segundo seguinte um gauru gigantesco atropela Irina usando o corpo dela de escudo pra abrir um rombo, dentro do celeiro, é tudo escuro, mas se ouve o sangue jorrando, carne sendo dilacerada, madeira se despedaçando junto de ossos, coisas metálicas se amassando, rosnados de fúria e dor, uma pata cinzenta voa pra fora do buraco e rola até perto dos pés de Makya, tomando a forma humana reconhecível de um braço de Irina.

    Leva pouco tempo pra tudo ficar em silêncio por alguns instantes até começarem ouvir passos arrastados, saindo pelo mesmo buraco feito pelo corpo gigantesco de Irina, ou pelo menos o que sobrou dela, uma perna nitidamente quebrada, parte do crânio amassado com um olho querendo saltar pra fora da cavidade, uma costela tinha rasgado a camisa cinza agora boa parte escurecida pelo sangue, um braço faltava e ela apertava o cotoco com a mão que sobrava, ela dá poucos passos pra fora do celeiro e cai de joelhos, ela grita em desespero e dor, os olhos cheios de lágrimas, dá pra sentir arrependimento em cada fibra dela, ainda que a marca da glória brilhe ainda mais intensa.

    Os demais Horvath esperam o outro sair de lá de dentro em melhores condições que Irina, esperam, mas ele simplesmente não sai, o velho solta uma gargalhada rouca que parece ecoar dentro da alma de cada uratha presente, a tensão deixa impossível de saber se é algo pueril ou simplesmente cruel vindo do velho uratha.

    - Pai! - Agnes, desesperada, parte correndo em direção ao celeiro.
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    Mensagem por Wordspinner Sex Ago 06, 2021 6:40 pm

    Segunda chance. Ele queria uma segunda chance. Quem não iria querer. Desfazer as merdas todas. Ou tentar. Pelo menos tentar. Ele não diz nada. Mas os pensamentos começam a voltar e tentar refazer o que passou. Tinha outro desfecho? Ele poderia estar sentado com Mike no bar essa noite?

    --

    Quão ruins olhares são? Makya achava palavras piores, vinham de gente com mais coragem, não é? "Crianças? O que crianças importam se você tem irmãos e irmãs? Ser tio não pode ser tão ruim." Ele mais resmunga que fala. Não queria que ela respondesse. Só não tinha as palavras certas para ajudar.

    --

    O olhar era o que ele recebeu a vida todo. Mas pior e depois pior ainda. Por sorte ele não tinha um buraco para se esconder. Era uma segunda natureza para ele agora. Se esconder. Nenhum instinto de se defender. Só fugir.

    O que diabos ele tinha feito ali?

    Porque diabos os Horvat eram piores assim na forma de urathas que antes? Ele só não sente nojo porqur está ocupado com medo. Então as marcas de Irina brilham em flagrante desafio e algo dentro dele se anima. O lobo queria ver aquilo. Fazer parte. Lutar. Vencer. Só que a luta não era dele. O corpo muda quando finalmente começa. Não é sem querer. As vertebras se partem e a forma de dalu começa a ser vestida. Uma decisão.

    Ele queria ver e sentir tudo que pudesse. O cheiro. As cores. Os sons. Tudo. Os olhos arregalados. O coração martelando o peito. Os dentes cerrados. As mãos abriam e fechavam querendo o peso confortável de uma glock.

    Então eles se metem no celeiro como se ele fosse feito de palha. Ele quase decide ir junto. Mas rápido demais uma mão, uma pata, cai na sua frente. O bracelete chama sua atenção. Ele tinha um plano pra reagir a amputação no seu time antigo, mas não desse jeito. Não mesmo. Ele pega o pedaço decepado sem pensar e começa a andar. Um. Dois passos e ela sai gritando. O horror passa por ele como uma onda fria que a afoga o fascínio assustador da coisa toda.

    Ele corre. Corre para Irina tirando o cinto sem pensar. Um uratha tinha sangue dentro dele, sangre mais que sua regeneração e você morre mesmo sendo o que é. Os pés apressados quando ele para ao lado da uratha caída. Ele olha para ela sério porque não sabia outra forma de fazer aquilo. O desespero da outra era um sinal ruim. "Certeza que ele tá morto?" Não tinha outro motivo para ela estar adsim. Perder não doia tanto quando você era o rejeitafo. Ele já tinha visto o efeito da morte mais de uma vez. Acidentes eram os piores. Não que desse para dizer até onde era um acidente.

    Makya tentava manter as emoções fora do rosto. Fora das ações. Elas mandavam ele meter o pé dali e isso seria uma baita burrada.

    Ele olha a mulher entrando no celeiro. É para lá que ele tinha que ir. Tinha que ter certeza. Ele deixa o cinto cair ao lado da mulher. Ela ia precisar. Ele corre para dentro. Se tivesse algo a ser feito ele tentaria. Se não, Irina ia precisar de mais que um cinto para sair dessa.
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    Mensagem por Bastet Sex Ago 06, 2021 8:03 pm







    Coração de Tinta


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    Bea fez uma careta quando ouviu o nome. Era incrível como a primeira língua tinha esse poder. Dava vontade de cantar e contar histórias só naquele idioma, pra sentir o peso e o sabor do vocabulário escolhido. – Primeiro cara que acho bonito nessa cidade e logo o filho dessa Inquebrável . Posso ter mudado de forma, mas o dedo podre nunca muda – ela deu uma risadinha, mas tinha uma expressão preocupada, de quem analisava se valia a pena ou não.

    ---

    Quando as coisas começaram a esquentar, a Cahalith nem conseguiu pensar direito. Em determinado momento, tava tudo calmo, um papo tranquilo... Foi a tal prima chegar que tudo virou do avesso.  Ela nem precisou sair do carro pra confusão começar, mas, quando saiu, as coisas pioraram. Três urathas saíram da casa, incluindo o Vigia-Morte. Apesar de não entender bem o que tava rolando, Beatrice entendeu o sentimento expressado por Irina. Era a ovelha negra da própria família e as escolhas dela nunca foram apreciadas ou aceitas.

    Suspirou, sentindo vontade de perguntar para Agnes o porquê de tudo aquilo estar acontecendo, mas antes que pudesse abrir a boca, viu duas próteses de tamanho bem conhecido voando. – Aqueles são meus pei... – perguntou, quase pra si mesma, mas realizou que a resposta era sim, calando a boca.

    A discussão vira briga... Destruição... Membros arrancados e cheiro de sangue. Beatrice encara o braço no chão, perto de Makya, franzindo o cenho quando ele se abaixa pra pegar. O que ele ia fazer com aquilo? Em seguida a dona do braço saiu toda fodida do celeiro, caindo no chão. O outro homem estava lá dentro e Bea realiza que era o pai de Agnes quando a mulher grita e sai correndo pra lá.

    Levou uns segundos pra agir. Tempo demais. Sangue demais.
    Será que sempre terminava em Sangue?

    Como o outro lobo estava indo em direção à outra Cahalith, Beatrice foi primeiro em direção ao celeiro, parando na porta, tentando ver o que acontecia ali.

    - Agnes? – olhou em volta, percebendo que ninguém da casa vinha ajudar, estalando o lábio. Se assusta vendo Makya perto, entrando antes mesmo que ela pudesse impedir. Aí olha pro lado, vendo que o uratha tinha largado a amiga no chão, sem nem prender o cinto.

    - Puta que pariu – xingou, espiando novamente pra dentro do celeiro e dessa vez  saindo da porta. Tinha duas pessoas precisando de ajuda, não adiantava ela entrar, Agnes e Makya já estavam lá dentro.

    Foi até a loba, pegando o cinto jogado no chão, se abaixando. Encarava o sangue, como se fosse realmente a primeira vez que via tanto... Jorrando de um machucado tão feio.  as mãos tremiam enquanto passava o cinto em volta do cotoco – Espero que você não seja canhota – falou, com um humor terrivelmente apropriado pra situação, apertando bem e afivelando o cinto. Mudou para Dalu, com receio de não conseguir dar o suporte de força que a mulher precisava – Vem, deixa eu te ajudar. Pra casa ou pro carro? – apoiou o braço bom dela no ombro e começou a erguer a mulher.

    -Agnes, tá tudo bem aí dentro? – Falou, sabendo que ela e o outro lobo que foi ajudar ouviriam. Talvez os dois feridos precisassem ser levados para o hospital (nem raciocinou que não eram mais humanos, no momento).

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    Mensagem por Ankou Seg Ago 09, 2021 5:47 pm





    Beatrice & Makya


    Irina não reage como deveria a nenhum dos dois urathas que se aproximam dela, ela quer falar, responder alguma coisa, mas a língua enrola e nada inteligível sai dela, o olho saltado pra fora da face, a cabeça amassada, nenhuma pessoa normal sequer estaria consciente naquele estado, tudo que resta nela é uma respiração pesada e o olho bom e inteiro pedindo ajuda a qualquer um que chegasse perto dela.

    Ambos os urathas podem ver a parte de dentro o escuro nem é grande impedimento, o lugar revirado de cabeça pra baixo, baldes e ferramentas do campo amassadas como se os corpos gigantes simplesmente tivesse rolado por cima, a viga central que sustentava o segundo andar lascada como se tivesse recebido uma pancada muito forte, das seis baias de equinos/bovinos apenas duas estão inteiras.

    Agnes não responde ela parece focada demais mexendo em um corpo mole no fundo da escuridão, Irina por outro lado olha desesperada em direção a casa, naquele meio tempo a Cahalith pode observar pessoas olhando das janelas, homens e mulheres e até algumas crianças que são muito a contragosto tiradas da janela outras se assustam e entram por conta própria.

    Irina grita e geme de dor quando o cinto é posto de volta no cotoco e apertado pra simular um torniquete, o corpo dela treme, e quase reluta como se não quisesse ser tocado ou tirado do lugar, finalmente nos braços de Beatrice ela encontra algum conforto ficando menos retesada. Andando em direção da casa ela escuta o velho falar - … Zana. - o mais novo meneia em positivo e se afasta tirando um celular do bolso, mas não antes de Beatrice conseguir ver indignação na expressão dele e satisfação no rosto do velho.

    O senhor abre a porta o máximo que pode e deixa Beatrice passar, ele segue na frente em silêncio, até se depararem com um quarto que era exatamente uma enfermaria, com a única diferença que as camas eram antigas demais, em perfeito estado, mas antigas.

    Makya por outro lado vê melhor ainda o estrago que o celeiro tinha sofrido, ele não era especialista nenhum em construção, mas tinha certeza que a viga central tava pronta pra desabar.

    Em algum momento ele tem certeza que o homem está morto, Agnes tentando puxar o corpo mole pra cima de uma manta de cavalo, uma poça de sangue exatamente onde o corpo estava, era impressionante que no ângulo que o Irraka olhava o sujeito parecia praticamente ileso, isso até ele se aproximar e olhar as costas dele, uma mordida ou garrada pouco abaixo da nuca que nem a regeneração do gauru conseguiu dar conta, uma ferida precisa e certeira, no resto do corpo nada além de escoriações que ele sabia que em poucas horas estaria tudo bem.

    - Me ajuda aqui garoto. - a mulher lhe pede assim que ele chega mais perto, só um empurrãozinho e o homem está em cima da manta que pode ser usada como uma maca improvisada.

    O olhar dele é silencioso, mas a face tem a decepção estampada, os olhos se fecham quando eles suspendem o corpo dele. Ela faz de tudo pra cabeça dele remexer menos o possível, ela sangra como deveria, mas visivelmente nem sente a dor, dava pra imaginar que o corpo dele a essa altura estaria todo insensível ou no mínimo dormente demais.

    Agnes sabe o caminho, mal deu pra conversar qualquer coisa com o velho, Makya vem trazendo o sujeito ferido junto dela, eles o colocam sobre a maca antiga com a manta e tudo. - Zana está vindo querida. - a voz rouca do velho é tranquilizadora, como se Zana fosse resolver os problemas, Agnes só meneia em positivo ostensivamente como se o nervosismo não tivesse todo ido embora ainda.

    Os dois incapacitados um do lado do outro, era até engraçado, no mínimo irônico, o velho se aproxima do homem e toma da mão dele um anel grosso de ouro com um H enorme feito de alguma pedra negra e polida, nem Agnes ou o homem reagem, o anel vai pro bolso do ancião o quanto antes.

    - Venham comigo. - o tom polido, de quem queria deixar o ambiente pra trás e dar alguma privacidade pros feridos e Agnes. Ele segue na frente com óculos e uma bengala que ambos urathas sabiam que ele não precisava usar.

    A casa é antiga e bem cuidada por dentro, móveis escuros de madeira maciça, sofás de algo próximo do início do século XX assim como cristaleiras, o velho de movendo na frente fecha algumas portas enquanto passa e abre outras, em alguns quartos o nariz afiado de Makya sabe que tem pessoas dentro, em outros Beatrice escuta passos, o velho para e tira um pedaço de caco de vidro do bolso, abre e joga pra dentro de um cômodo, como quem alimenta uma fera perigosa, mas o semblante dele nem se modifica, no caminho ele ainda ajeita um quadro torto que volta a ficar torto assim que o último uratha cruza ele, finalmente eles parecem atravessar a casa inteira ou tinham dado mais de uma volta pra chegar onde estavam.

    A área externa no fundo tem cheiro de álcool, uma cozinha externa enorme, panelas de lado próximas do fogão a lenha, um alambique mais distante, sobre a pia tem pratos e talheres, limpos e secos, sobre a mesa duas garrafas de vidro antigas. - Rakija - ele diz - o branco é mais forte, de uva, o outro é de ameixa. - ele não explica bem o que é, mas é alguma espécie de aguardente, dá pra sentir pelo cheiro. - Fiquem à vontade pra se servirem. - ele diz apontando pras panelas próximas ao fogão e a bebida sobre uma mesinha simpática.

    Finalmente ele se senta estendendo o convite com uma das mãos aos dois urathas, o lugar pega alguma brisa do deserto e é friozinho, mas as brasas do fogão próximo tornam a coisa toda mais confortável.

    - Já que agora podemos conversar como cavalheiros e dama, eu sou Vigia-Morte, Ithaeur dos Hirfathra Hissu - formal, muito formal, na primeira língua e tudo e ela parece dali em diante se recusar a falar de outra maneira - Me perdoem pela recepção nada usual, mas o que está destinado nem poderia ser desfeito. - ele diz parecendo contente novamente, e parece esperar os dois se apresentarem.
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    Mensagem por Bastet Ter Ago 10, 2021 12:05 am







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
    Sombras Descarnadas   |  Cahalith


    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
    Mas filma direito, se der merda pelo
    menos dá views”



    _______________________________________________________________________


    Apesar de Irina relutar, Beatrice continuou com o movimento de apertar o cinto no braço dela. A mão cheia de sangue a deixava assustada... E ver mais atentamente o estado da mulher também. – Tudo bem, vou te levar pra lá. Não tenta falar agora – falou, segurando de leve o rosto da mulher, olhando nos olhos dela, vendo que tinham tamanhos diferentes de pupilas. De acordo com Grey's Anatomy, aquilo, e o fato dela estar se enrolando toda pra falar, devia significar algo como dano no cérebro ou estar chapadona.  Devido à cabeça afundada, quase certeza que o primeiro.

    Desistiu do plano de apenas a apoiar até a casa, passou o braço dela pelo ombro, pegando no tronco da mulher com cuidado pra não forçar as costelas pra fora.  O outro braço passou sob seus joelhos, a erguendo e apoiando a cabeça em seu corpo – Tenta não dormir, tá? – ia falando com ela no caminho, só pra evitar que ela perdesse a consciência. Entrou na casa, seguindo o caminho indicado por Vigia-Morte, se surpreendendo de eles terem uma enfermaria, de fato.

    Colocou Irina sobre uma das macas antigas, ajeitando o travesseiro pra cabeça dela não ficar em uma posição estranha. Antes de falar algo, já estavam chegando com o outro uratha. Não demorou para os dois novatos serem convidados a se retirar do quarto.

    Bea foi até Agnes, apertando o ombro dela para confortá-la. Não disse nada, não tinha o que dizer.

    ---

    A cada comportamento esquisito do uratha mais velho, Beatrice olhava discretamente para o homem ao seu lado. Parecia uma espécie de TOC o abrir e fechar de portas e o ajeitar do quadro. O caco de vidro a intrigou, chegou até a tentar bisbilhotar o que tinha dentro do quarto antes dele fechar a porta. Os passos também a fazem ficar atenta... Mas, em algum momento, chegam em uma cozinha.

    Ela aguarda ele os convidar, indo primeiro até uma pia lavar as mãos e, em seguida, direto para a bebida mais forte.  Não tinha estômago para comer depois de ajudar Irina e estar toda coberta de sangue. Serviu no copinho menor, cheirando e virando de uma vez... Gostando de sentir a queimação do destilado desconhecido na garganta. Só queria um cigarro, após a bebida.

    Esperou o outro uratha se servir, antes de se apresentar. – Eu sou Beatrice... Beatrice Thompson. Cahalith... – ela estende a mão, após se apresentar, sentindo que faltava algo. Após ouvir a apresentação de Makya, ficou ainda mais confusa, vendo que eles tinham mais coisas a dizer sobre si mesmos do que ela – Desculpe a pergunta indiscreta, mas o que são os Hirfathra Hissu? – perguntou, se sentando em uma cadeira.

    Sorriu simpática quando ele se desculpou – Toda família tem suas discussões... Calorosas. – disse apenas, sem querer ser invasiva sobre aquilo – Eles vão ficar bem?


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    Mensagem por Wordspinner Qua Ago 11, 2021 2:28 pm

    Ver Irina daquela forma fazia ele ficar todo confuso, a mente dele dizia que tinha acabado para ela. Os instintos imploravam para tirar ela da miséria

    Já dentro do celeiro era outra coisa. O rastro de destruição espalhado por todo canto. Makya esquiva o quanto pode do sangue sem nem pensar, ele sabia que precisava evitar deixar rastros. Era automático. Era o treinamento. O cara parecia melhor que ela, em melhor estado que Irina. O irraka segura firme o homem antes de o mover para a manta. Mesmo um uratha pode piorar sendo sacodido com pescoço aberto, não podia? Levar o homem não era difícil, ele estava imóvel afinal, era só garantir que os passos tivessem o mesmo tamanho e cadência dos da mulher.

    Olhar os dois quebrados daquele jeito nas camas... Aquilo seria o fim para qualquer um. Ele não diz nada até acomodarem o ferido. "Makya, é meu nome." Para mulher que tinha chamado ele de garoto. Zana viria o que? Sepultar os dois? Porque estavam bem mal, mas se você estabiliza um uratha ele sai de qualquer coisa, não é? Ele queria garantir que os dois fossem viver. Definitivamente não era hora de dar privacidade a nenhum ferido.

    Ele assente quando o velho chama os dois. Mesmo contra a vontade. Makya tenta esconder a cara preocupação, mas era inútil. Ele anda até Irina e coloca na mão que ela ainda tem o bracelete arrancado com a outra fechando bem os dedos dela. Ele não sabia se ela ligava para aquilo, pro bracelete, mas era tudo que ele tinha para dar. "Cê tá feia, mas já vi piores..." Era verdade, ainda não tinha visto nada pior sobreviver, aí que ele começaria a mentir. Então Makya se apressa evitando olhar os outros.

    --

    Logo eles estão andando pela casa. Ele e os dois Horvat. O velho e a moça com cara de perdida. O velho claramente tinha manias. Isso ou talvez estivesse afastando espíritos ruins. Jeff disse que eles podem ser incomodados com coisas pequenas. O lugar em si era velho e cheirava a cuidados recentes e ocupação humana. Era um lugar bacana. Tudo ali transpirava custos estravagantes e desnecessários.

    Quando eles chegam a comida o irraka nem quer saber o que é. Assim que recebe o convite ele limpa as mãos onde pode, lavar séria ótimo e se serve. Ainda em silêncio. Ainda ouvindo. Então tudo muda com a apresentação e pergunta de Beatrice. Ela não era Horvat e nem sabia falar? Ele percebe que tinha paradado de arrumar seu prato e logo volta ao trabalho. Existia segurança em dividir a comida de um anfitrião. Sua bebida também. Por isso ele coloca algo na boca e engole com um longo gole de o que quer que seja aquilo de uva. Não parecia combinar para o paladar dele. Mas tinha um doce sabor de tradição e segurança.

    Tudo ilusão, claro. "Makya Chase, Irraka. Urdaga." Ele acrescenta por ultimo sem pensar. É o que ele era. Não era das tribos. Mas estavam do mesmo lado, não é? E se estavam juntos de lado tinha que ter um outro lado. Um inimigo.

    Ele pensa de novo em Beatrice e a olha com cuidado. Eram dela os peitos? Não foi o que disse? Era nova. Tinha acabado se mudar. Talvez mais perdida que ele mesmo. Definitivamente mais perdida que ele mesmo. "Essas palavras fazem sentido sozinhas, você já sabe o que significam. Procure dentro de você e vai encontrar." Ele não sabia o que responder ao velho e sinceramente preferia ajudar ela. Já que pelo menos ela não dava calafrios.

    "Eu não tenho um nome, Vigia-morte, nós somos dois dos que acabaram de aparecer e a gente não quer jogar merda em tudo. Tenho certeza que eu não quero e ela não parece estar tentando ser um problema." Ele começa a mastigar esperando ter ajudado, talvez Beatrice entendesse que ela não precisava ter um segundo nome ainda. Provavelmente eles iriam falar agora. Perguntar e corrigir e informar. Ele estaria mastigando lentamente, saboreando a comida equanto pudesse escapar de falar mais.
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    Mensagem por Ankou Qui Ago 12, 2021 8:08 pm





    Beatrice & Makya


    - Agnes. - ela responde a Makya se recompondo e estendendo a mão, tomando uma postura muito profissional logo antes dele se retirar do quarto.

    Irina não diz nada, ela parece já ter desistido de falar qualquer coisa, mas parece disposta a seguir as recomendações de Beatrice, quando Makya lhe dirige as palavras ele pode sentir alguma satisfação vindo dela, ela coloca o sorriso irritante no rosto, dessa vez faltando um dos caninos pontiagudos e alguns outros dentes.

    --

    As bebidas são fortes, mesmo a de uva, não tinha gosto de vinho, nem de perto, no máximo lembrava Pisco que Makya tinha bebido uma vez com um cara chileno que trampou um tempo na Blackbird, a bebida de ameixa tem exatamente o sabor que se espera só que menos licorosa e doce do que se imagina.

    Makya abre as panelas uma contém um guisado bovino cheiroso que dá água na boca, batatas, cenoura, mandioca que engrossava o caldo, o cheiro ataca imediatamente a barriga de Beatrice, a outra arroz branco temperado com anis.

    - Ela sabe, mas é compreensível a confusão Sr. Makya. - Senhor, taí uma coisa que ele talvez nunca tivesse escutado ser dirigida a ele fora da vida de militar, talvez por algum garçom de um restaurante que ele nem podia imaginar o cheiro e o sabor da comida mais.

    O velho meneia em positivo e parece aprovar a posição respeitosa de Makya, mas não fala nada sobre, no entanto, o comentário de Beatrice lhe arranca uma risada divertida e sem escárnio - A coisa mais quebrada naquele quarto é o ego do Vayne. - A voz rouca parece cheia de satisfação.

    Em seguida ele se serve um copo de shot da bebida de uva, e retira de dentro do casaco uma agenda, a coisa colorida não combina em nada com as vestes quase fúnebres do velho, não combina em nada com ele de verdade, ele abre sobre a mesa, coisas escritas demais, dá pra ver os números grandes 2005 timbrado em cada página, ele para em uma folha específica e se volta pros dois tomando a atenção deles.

    - Minha irmã Ivana era uma Cahalith como a senhorita, infelizmente ela nos deixou há quase uma década atrás, mas muito do que ela sonhava e conseguia compreender ela anotava em cadernos e agendas como essa, e a penúltima coisa que ela escreveu é sobre a senhorita. - ele não diz mais nada e gira a agenda sobre a mesa.

    10/10/15, primeira mudança de Coração de Tinta, ele vai correr com a Loba da Morte.

    A coisa com uma precisão monstruosa, mesmo virada mais pra direção de Beatrice não impede em nada de Makya ler. - Eu decidi que era inteligente ficar de olho no comportamento dos Cahalunim hoje, Irina foi a primeira a te achar, Agnes a primeira a te contactar, infelizmente não antes de todo problema com a polícia. - ele diz com algum pesar, mas parece dar a coisa toda como resolvida.

    - Vocês querem saber o que foi a última coisa que ela escreveu? - ele ri simpático, tinha o tom de um adulto que dava guloseima pra crianças, logo ele vira a página.

    11/10/15, quando a pequena Irina chutar a bunda do Vayne, dar minha faca pra ela de presente.

    Dobrasin ri como se aquilo fosse uma piada muito boa, ele toma um trago da bebida e guarda a agenda no mesmo lugar de onde ela saiu. - Eu jurei que ela tinha errado, que tinha errado pela primeira vez, mas era meia noite e um. - A coisa se transforma numa gargalhada rouca e xiada, ele tosse algumas vezes colocando o punho na frente da boca, por um instante ele nem parece o caçador assassino que é, parece só um velhinho simpático.

    --

    No correr da madrugada a conversa parece ficar mais séria, Dobrasin era um professor didático, ele fala de cada uma das tribos com perfeição, o que faz Jeff parecer um imbecil pra Makya se comparado, ele conta histórias dos lobos patronos delas e do que eles fizeram, a dos Sombras Descarnadas ele conta por último, a Loba da Morte, a mais curiosa das lobas, a tribo que persegue os espíritos que saem da linha, que ajudam ou destroem as almas penadas quando é tarde demais, mas que também pagam o preço justo, foi então que Beatrice percebeu porque era o destino dela seguir aquele caminho, todos aqueles espíritos em volta do pai chegavam a fazer o estômago dela revirar.
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    Mensagem por Wordspinner Sex Ago 13, 2021 6:12 pm

    Filha da puta teimosa... é o que ele pensa olhando pra aquele pedaço de carne meio morta que era Irina. Makya não esconde a satisfação e o alívio de ver que ainda tem algo funcionando ali.

    __

    Senhor... chamaram ele de senhor. O velho que parecia querer derreter ele com os olhos dois minutos atrás chamando ele de senhor. Melhor não rir para não engasgar. Ok. Balançar a cabeça e pensar no assunto. Ela só deve tá tentando fazer conexões, não é? Encaixar aquilo no mundo. Essa porra parece o fundo do oceano quando você só tem uma lanterna, tem muito mais coisa do que dá para entender de uma vez só.  

    O ego do cara podia ser a coisa mais quebrada dali, mas só se você ignorar a harmonia familiar. Com essa perspectiva a família de Makya era bem mais funcional agora. Muito mais. Pelo menos ninguém arrancava a mão de ninguém.  

    Cahalith. O som dessa porra fazia a o lobo e o humano em Makya se arranharem até arrancar a camada confortável de sanidade artificial em volta do mundo. Porra, de troço sem sentido. A galera da física quântica ia chorar pra tentar engolir esse conceito. Mas fodam-se eles também. Makya não entendia eles também.

    Mas as porras dos cahaliths pareciam um inimigo de certa forma. Suas visões. Seus vislumbres do futuro. Verdade é que aquela coisa deixava ele inseguro e se sentindo inútil. Se já estava tudo decidido o que diabos eles estavam fazendo? Dançando ma musica silenciosa em uma coreografia inescapável, marionetes de... de que? Equações cósmicas da cabeça da lua? De alguma outra coisa escura no vazio? A porra do guardião lunar rodando no céu e chovendo amanhãs nos cahalith. Quantas vezes era futuro de verdade?

    O irraka olha o caderno e pensa que coração de tinta pode ser qualquer um em qualquer lugar e sem essas linhas talvez ela nunca fosse se tornar quem foi previsto ser. Mas ali estavam elas rabiscadas em papel esperando Beatrice, feitas para ela? Ou ali para fazê-la?

    A ultima coisa que ela escreveu? Claro que não.  Claro qur sim. Será que a morte deles eatava em algum caderno meio comido de traças em algum porão perdido? Ele mastiga mais devagar esperando uma surpresa. Mas como algo que já aconteceu podia ser uma surpresa?

    Mas quem não iria querer uma vantagem como saber exatamente o que vai acontecer? Ele poderia jogar fora algo assim? "Ela já errou?" Ele não sabia se queriaa resposta, mas a pergunta pulou dele sem permissão. A imagem de Irina tão clara na mente dele.

    "Eu fui lá. Lá onde aconteceu com você.  Meus pêsames. Tenho certeza que foi horrível." Ele não tinha certeza, mas apostaria uma grana. Quantos filhos da puta eram sortudos feito ele de matar só um trio de amigos? "O estrago tava feio. Cê vai botar os peitos de volta?" Ele pergunta genuinamente curioso se isso é possível.

    --

    O velho Dobrazin fala sobre as tribos e nada faz o coração de Makya correr. Ele não sabia qual era sua presa. Qual era sua fé. Ele sabia que o juramento era importante e maior que tudo que ele tinha cogitado como moralidade. Era uma convicção escrita em cada parte dele. "Porque eles lutaram? De verdade? Porque?" Ele não sabia porque a pergunta estava ali. Mas era importante naquele momento e não antes.
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    Mensagem por Bastet Sáb Ago 14, 2021 11:43 pm







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
    Sombras Descarnadas   |  Cahalith


    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
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    _______________________________________________________________________


    As narinas de Beatrice se movimentam de leve, farejando o cheiro de comida boa quando Makya começa a mexer nas panelas... Seu estômago reclama, mas ela decide não se levantar, estava curiosa com o que Vigia-Morte queria com eles... A curiosidade ultrapassava a fome.

    Deu um sorriso discreto quando percebeu que o outro uratha “novo” tentou ajudá-la. Ele parecia uma pessoa gentil – Eu já tinha tanta coisa na cabeça antes... Agora então, porra... – apertou os lábios quando soltou o palavrão, afinal, tinha uma pessoa bem mais velha e importante ali. Suspirou e continuou - Tanta informação, tanto significado. Não é uma narrativa que eu tenho prática ainda. – ficou aliviada quando o mais velho confirmou que era ok ela estar confusa... E mordeu o lábio pra segurar um riso quando percebeu que o senhor zoava o cara fodão deles por tomar um pé na bunda de uma menina respondona. Apesar disso, achou mais adequado deixar o assunto morrer com um leve assentir de cabeça.

    O que veio a seguir era algo que ela não tava realmente esperando. Seu nome “secreto” escrito em uma folha de uma década antes. Enquanto passava a unha de leve no nome, perguntou – Sonhos? – a palavra chamou atenção... Bea tinha sonhos estranhos... tinha algo ligado? – Eu uso esse nome... Como ela sabia... – a segunda parte era quase uma divagação pra si mesma. Os dedos brincavam nas páginas, como se quisesse virar não somente para a última anotação, mas também para as anteriores. Queria conhecer a história dela. Por isso, presta bastante atenção quando Dobrasin fala mais. Uma pergunta feita no impulso, depois da pergunta de Makya – O senhor queria que ela estivesse errada? – os olhos claros e gentis analisando o rosto dele, procurando uma resposta que talvez ele quisesse esconder.

    Estava se servindo de mais uma dose, quando a pergunta de Makya atravessou a cozinha. Ela parou o que fazia, o olhando. Não com os olhos alegres de sempre, mas com uma sombra de oportunidade e interesse.

    O olhar saiu do dele e foi para os próprios seios. Ela não estava com uma roupa que valorizasse seu corpo ali, mas dava pra perceber as formas arredondadas, durinhas e medianas, claramente naturais. Voltou a olhar pra ele – Eu não acho que eu precise deles mais, você acha? – o olhar durou pouco tempo em seguida e ela voltou a servir a bebida, olhando pro velho, não esperando um comentário sobre aquilo – Sua sobrinha é uma pessoa maravilhosa. Agradeço por ficar atento às anotações da sua irmã e mandar Agnes até mim – serviu para Dobrasin também a bebida, erguendo o corpinho esperando um tintim.

    ---

    Enquanto Vigia-Morte falava sobre os lobos, os dedos dela brincavam nas folhas da agenda, mas não virava sem permissão. Queria poder anotar algumas coisas, mas guardava as informações na mente. A última fez ela parar de respirar por alguns instantes. O coração bater mais forte... Um medo que ela não precisava mais ter, podia resolver. Voltou uma página na agenda, vendo o relato sobre si.

    - Ela não errou em nada – comentou baixo, indicando a Loba que Ivana tinha dito que ela seguiria. Não atropelou, no entanto, a pergunta de Makya, querendo saber a resposta. Após o velho explicar, ela então pediria.

    - Hirfathra Hissu repetiu as palavras na primeira língua – Eu quero seguir a Loba da Morte... E acho que o senhor pode me ajudar nisso. Aparentemente ela achava que sim – indicou o caderno, com animação daquela nova descoberta. Uma crença que ela estava pronta para aceitar.

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    Mensagem por Ankou Seg Ago 16, 2021 4:27 pm





    Beatrice & Makya


    Os olhos do velho se enchem de brilho com a pergunta do Irraka e ele enche a boca pra falar - Nunca. - ele acaricia o próprio rosto liso de barba bem feita - Mas eu nunca descobri como ela fazia pra saber as datas, eu te digo jovem, a palavra dela enquanto viva era respeitada e temida até pelos Anshega e pelos espíritos, ela já aliviou e pesou muito corações com previsões, ela amava sonhar e brigar de faca. - ele ri de novo, nostálgico, e no momento seguinte o rosto toma um tom de luto que ele nem parece fazer questão de esconder, ele suspira - Eu vejo muito dela em Irina, mas nem vou negar que ela é mais complicada de lidar do que minha irmã era, não é atoa que ela corre com a Loba Destruidora, a pele veste nela como nenhum outro Garra  Sangrenta que eu conheci. - Ele olha com as sobrancelhas arqueadas pra Makya e Beatrice - Não tem lobos cinzentos em Brimstone, nunca houveram, nenhum outro Horvath é cinzento. Ainda assim ela é minha bisneta e eu vi ela nascer. Curioso não? - ele ri novamente como se estivesse lançando um saco de jujuba entre crianças, mas não revela o mistério.

    O velho se atém a bebericar mais de seu copo conforme Makya e Beatrice trocam palavras Ele parece não se importar ou mesmo se ofender com qualquer coisa que é dita, nem mesmo palavrões, mas ele choca seu copinho com o de Beatrice fazendo o brinde por etiqueta.

    - A polícia e a lei dos homens sempre foram um problema, muita das vezes se chocam com o que precisamos fazer, Agnes é boa em dobrar a lei deles, às vezes as nossas também. - ele não sorri dessa vez, mas dá pra ver divertimento no olhar dele.

    --

    O velho se levanta, e meneia em positivo pra Beatrice e se vira pra Makya em seguida - Senhor Chase, se quiseres acompanhar Coração-de-Tinta e ser testado pra se provar um Sombra Descarnada será bem vindo. - o nome na primeira língua tocava Beatrice, soava muito melhor do que na língua humana, cheio de significado de pertencimento. - Caso contrário será bem vindo a passar a noite na casa de hóspedes, nada nem ninguém irá lhe perturbar lá. - o velho aponta numa direção encoberta por algumas árvores, mas dá pra ver pedaços das paredes brancas no escuro entre as folhagens e troncos.
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    Mensagem por Wordspinner Ter Ago 17, 2021 8:02 am

    Ela vai e diz que tem muita coisa na cabeça, claro que ela tem e a gente só tem vento, né? Uma brisa fresca no lugar das preocupações. Uma leve maresia corroendo o passado, não é? Se ao menos fosse. Makya balança a cabeça, não da para saber o que tem dentro das pessoas, fica diferente quando o lobo entra para dançar com os outros pensamentos.

    Narrativas... eram sim, não é? "São histórias. Um monte de mentiras e verdades emaranhadas em percepções enviezadas ou equivocadas." Ele tinha ouvido isso na faculdade e fazia sentido ali onde era tudo verdade, mas meio mentira também.  

    Nunca... ela nunca tinha errado. Mas de alguma forma estavam livres com a morte dela. O fim das previsões. Mas parece que era como bebês, aconteciam todo dia. Todo dia ao mesmo tempo a lua era um monte de coisa e todo dia em algum lugar a todo momento ela era um navio quebra-gelo arrombando o futuro e os cacos caiam nos cahalith. Uma puta de uma benção e uma pressão do caralho.

    Sonhar e brigar de faca. Parecia perigosa. "Não devia ser nada fácil de lidar. Saber o futuro deve mecher muito com a pessoa. Especialmente assim sempre certa, como ela fazia pra ser normal?" Era quase o que ele queria perguntar. Ele queria perguntar se tinham alguma chance de ser normal, ou se acabariam feito o velho na frente deles, fora da caixinha, ou que nem os doidos lá fora se matando.

    Então uma armadilha. O irraka sabia que aquilo era uma e não entendia o porque. Makya olha calmamente para os peitos dela. "Não sei nem porque você usava aquilo. Parece muito bom para mim." Ele dá de ombros depois, a sinceridade era o único caminho que ele conseguia percorrer nesses momentos. Mulheres e sua vaidade. Melhor mastigar um pouco mais.

    Curioso ela ser cinza? "Eu gostei de Irina. Parece boa companhia." São racistas mesmo todos esses Horvat. Racistas de um jeito ou de outro. Mas é melhor não jogar isso na cara do velho bacana. Ele é legal. "Ela parece leal pra caralho, já vi muito vacilão pra saber a diferença."

    --

    Ela não errou nada... as palavras de Beatrice fazem essa coisa de previsão parecer ainda pior. Makya pixa de leve a gola e toma mais um gole do seu copo.

    "Eu gostaria de testemunhar. " Ele diz se levantando e olhando a tal casa de hóspedes. "Nunca estive tão perto de algo assim, sagrado até. " ele não tinha as palavras para dizer o que queria. "Mas não estou pronto para me unir a tribo alguma." A verdade era tudo que ele tinha de novo.
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    Mensagem por Bastet Ter Ago 17, 2021 10:09 pm







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
    Sombras Descarnadas   |  Cahalith


    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
    Mas filma direito, se der merda pelo
    menos dá views”



    _______________________________________________________________________


    - Curti. Toda história é um ponto de vista... Boa forma de pensar. Mas quanto mais a gente sabe, mais divertido fica – sorriu, realmente acreditando naquilo. Não foram poucas vezes que livros a haviam tirado da realidade péssima de casa. Mesmo que fossem de coisas que ela não conhecia... Nenhum conhecimento era ruim o suficiente pra se desperdiçar.

    Beatrice ouvia atentamente, curiosa sobre a história da companheira de augúrio já falecida.  Pensava se os sonhos que ela tinha, antes de se transformar, eram algum tipo de presságio jocoso sobre o seu futuro. Seria a Lua tão certeira pra fazer ela ver e sonhar coisas, desde cedo, para então a transformar naquele dia, conforme Ivana tinha sonhado quando Beatrice ainda era uma criança?

    Não interrompeu a conversa sobre Irina. Não a tinha conhecido o suficiente... Mas, do que conhecera, parecia realmente ser complicada. E corajosa. Precisa de coragem pra ser estúpida daquele jeito e “chutar a bunda” de um cara fodão.

    Se absteve de opiniões, principalmente, quando o homem falou da pelagem da bisneta... Talvez Irina fosse tão esquentada por que tinha um sangue além do Horvath correndo nas veias.  Exame convencional DNA funcionava neles?

    A pergunta de Makya a tira de seus pensamentos. Olhou para Vigia-Morte, querendo saber a resposta. Talvez, agora, mais que nunca, fosse preciso passar um “quê” de normalidade pro mundo... Ainda mais com a polícia de olho nela. Agnes tinha a livrado da merda, mas de qualquer forma ela precisava ficar na cidade. Ou pelo menos Luther precisava. Esse pensamento a fez dar um meio sorriso involuntariamente, que se expandiu mais quando Makya falou que seus peitos pareciam “muito bons”. Não estendeu o assunto, apenas passando a mão de leve na blusa larga, a deixando mais justa por um instante e, em seguida, brindando com Vigia-Morte.  

    Observa ele com calma, percebendo como a personalidade do velho era excêntrica. Imaginava quanto tempo de vida era necessário para se divertir com quase mortes e com as brechas das leis que pareciam tão... Inquebraveis na mente da Cahalith.

    - Posso ler? Por essa noite, não vou tirar da casa se não permitir. Eu gostaria de saber mais sobre Ivana Horvath – “talvez um pouco mais sobre mim, dessa forma” , pensou, os dedos tamborilando no diário.

    ---

    Bea se arrepia quando o nome foi dito na primeira língua. Apenas se levanta, aguardando Dobrasin instruir Makya... ansiosa para o seu teste.

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    Mensagem por Ankou Qua Ago 18, 2021 6:59 pm





    Beatrice & Makya


    - Irina nunca falhou com a alcateia, Garras Sangrentas geralmente são boas companhias, boas festas, boa comida, boas histórias, mas isso até eles decidirem que você fez algo de errado e caçarem seu couro. - ele responde Makya com um certo humor mórbido estampado nos lábios - Conflitos ideológicos e internos podem levar a disputas e disputas a alguns arranhões. - o sorriso de canto dela chega a parecer vil, mas ele fala como se o estado deles, de Irina principalmente fosse completamente aceitável.

    Um pouco do calor do velho parece ir embora conforme Beatrice pergunta sobre o diário - O diário não tem mais qualquer valor, mas tem dores, vergonhas e segredos alheios do passado que não cabem a mim revelar. - ele é decisivo, mas sem perder a candura, na verdade ele nunca parecia fazê-lo. - Além do mais, se tudo for como planejado, não haverá tempo essa noite. - o velho gostava de soltar suas migalhas, mas sempre pela metade e ali não era diferente.

    No momento seguinte, já de pé, preparando-se pra retirar-se - Sr. Chase, o que virá não são para seus olhos, o senhor poderá fazer parte do sagrado, assim que decidir que é a hora, ou talvez seu destino esteja com outro dos quatro irmãos. - dessa vez ele é sério, gelado, parece até outra pessoa, não dava pra saber se o antes era um disfarce ou o agora, mas ele parece sério e rígido, bem diferente de momentos antes.

    A casa de hóspede continuava à sua espera sem parecer ter uma viva alma perto dela.


    Dobrasin segue vale adentro, em algum momento ele toma a forma de lobo de forma impressionantemente silenciosa, era negro e esguio, com o focinho esbranquiçado, ele acelera o passo, mas era mais devagar que Agnes em sua correria, eles seguem até uma pedra negra que parecia uma gigantesca ponta de carvão mineral cavando seu espaço pra fora da terra logo ao lado de um riacho, ali ele toma a forma de dalu e pede que ela faça o mesmo, ele a segura pelo pulso e puxa ela em direção da pedra, era como sentir um veu fino passar pelo corpo inteiro, do outro lado mais claro e cinzento a lua minguante parecia iluminar mais do que no mundo físico, uma criatura de pelo menos três metros olha pra eles, parecia um golem feito do mesmo materal da pedra do loci, mas ela não se move.

    Ele pede pra Beatrice retirar a camisa sem pudor, mas também sem malícia alguma, no momento seguinte ele tira um pacote de cinzas do bolso, ele usa a água do riacho pra misturar e fazer uma espécie de tinta na palma da mão, ele traça símbolos no corpo de Beatrice, no rosto e torso, ele perde algum tempo e ensina pra ela, cada um dos símbolos os traçando no chão, o fazendo com muita prática.

    Logo ele começa a citar algo que parece uma oração solene deixando Beatrice repetir cada uma das palavras na primeira língua, que rogavam a mãe e a loba da morte o direto e o dever da caçada, e nomeava a corte do medo como presa, ele o fazia por Beatrice, essa caçada não era dele.

    Ao final as sensações de Beatrice vão a mil, nem parecem a daquela corridinha com Agnes -  Siskur-dah - ele disse. Agora ele segue na frente na forma lupina gigantesca, o caminho é plano e longo.

    A sombra parece mais clara que a noite do outro lado, a lua mais forte, mais visível, venta muito, ao longe furacões no deserto, no caminho um monte de criaturas possíveis e impossíveis, a bola cheia de olhos, um cachorro com chifres de boi, um tatú de pedra do tamanho de um fusca que parece dormir calmamente, entre outras coisas.

    - Sua presa saiu daqui. - ele diz isso quando eles estão de frente pro fosse de enxofre o cheiro de ovo podre é insuportável ao ponto da ânsia de vômito vir na garganta e voltar - Só seguir o rastro mais fresco, é mais fácil na forma de lobo. - agora é Beatrice que toma a frente, o rastro é tão fácil de seguir quanto o velho havia dito, tinha cheiro de ovo podre e se estendia deserto adentro, em algum momento o cheiro de sangue se junta ao rastro também, a coisa toda culmina numa ravina, o corpo de uma mulher destroçado, barriga aberta, pescoço mordido, membros quebrados e pedaços comidos, ela vestia roupas de lycra, daquelas que se usa pra correr, parecia de meia idade, provavelmente com filhos e netos.

    O velho ao lado comenta sem sentimento algum - Se você demorar ele vai pegar e matar mais um. - aquilo enche Beatrice de ódio além da adrenalina e vontade de sanguinolência da caçada.

    Quinhentos metros mais à frente, puro deserto entre o fosso de enxofre e a cidade, dá pra ver uma criatura amarelada como o fosso, fedida igualmente. - Macio e fácil de rasgar. - o velho comenta, mas não se move.

    A criatura percebe o que está em seu encalço e avança sobre Beatrice, ela é mais rápida, a patada na fuça do quadrúpede deformado que parecia mais um cão leproso dói, macio uma ova, era como bater em pedra, o problema é que a pedra batia de volta e cortava a carne, bater e morder a criatura faz ela parecer começar a se quebrar e partir, mas não é fácil, em algum momento a coisa está toda em cima dela, pronta pra lhe arrancar a cabeça, o terror é gigantesco, dá vontade de correr a todos custo, de admitir a derrota, a forma de guerra é o que traz novo vigo e o que a salva, a transformação na hora certa e é a criatura que termina sem cabeça, sem nada na verdade, ela desaparece no ar, e o velho não moveu um dedo pra ajudar.

    - Não acabou. - o velho diz tomando a frente de novo, dessa vez ele corre de verdade, o corpo de Beatrice magicamente ileso pela regeneração monstruosa do gauru, ela cansada mal tem tempo de acompanhar e dá pra ver que o velho se segura.

    Eles chegam em Honeycomb, ela reconhece por causa da pedra, tinha planos de fazer um vídeo lá, o frio na espinha corre o corpo todo, ela sente e sabe que ali tem uma passagem pro outro lado - Você pode comer ele a caça é sua, o prêmio é seu, mas ele não merece essa caridade - a voz do dalu do velho é mais rouca e sepulcral ainda.

    Ele retira uma soqueira do bolso a colocando na terra, em volta dela na terra ele desenha símbolos, não dá pra reconhecer nenhum deles, eram diferentes do que eles havia ensinado pra caçada, a essência se refazendo no loci, dá pra ver a cabeça do bicho se reformar parcialmente, o velho enfia a mão, e puxa a energia pra dentro do círculo invocando palavras antigas, de acordos de tempos inomináveis, e de como a criatura havia infringindo a lei e consumido a carne dos homens.

    Quando ele termina de puxar e forçar a essência da coisa pra dentro não tem mais nada, está tudo acabado. Em volta dá pra ver fumaça e olhos, formas no vento ao redor de todo o lugar, como se outros olhassem eles.

    - Se fudeu! - Beatrice tem certeza que é algum moleque do colegial falando, até uma menininha jovem de talvez quatorze ou quinze anos sair de trás de uma pedra, o problema é que ela parece ser feita de vapor e vento. - Fosso desgraçado. - a voz agora é de um homem - Essas coisas não param de vir de lá. - agora era uma mulher enjoadinha, mas todas as vozes eram da criança ou pelo menos vinham dela, tudo em inglês, até que finalmente ela soa na primeira língua, mas ainda é o vento, não é voz nenhuma - Não é um bom dia pra atravessar, tem um monte de humanos fazendo festa do outro lado, tá sendo divertido, sempre é divertido ver eles. - os olhos dela parecem brilhar em algum instante.

    O velho balança a cabeça em positivo e começa a se retirar do local no caminho estendendo a soqueira em direção de Beatrice - Toma conta disso, se ela se quebrar ele se solta e você vai ter que dar conta dele de novo. - a voz é séria, não era como se tivesse entregando um presente e sim uma responsabilidade.

    De volta a pedra negra ele se senta em dalu na base dela, e pede pra ela se aproximar, ele acaricia a barriga dela como se fosse uma tela em branco, as garras raspando sem cortar sobre a pele, no momento seguinte a dor é excruciante conforme ele escarifica a barriga dela em torno do umbigo, marcando a carne e a alma, em algum momento ela tem certeza que ouve alguém ou alguma coisa lhe dar as boas vindas como um sussurrar no ouvido, por fim ela apaga, ou quase isso, ela parece ficar em um silêncio sepulcral dentro da escuridão, mas só o bastante pra “acordar” vendo a alguns passos dela pra lhe estender a mão e lhe ajudar a levantar do chão.

    - Hoje você caçou como uma Sombra Descarnada e agora você é uma de nós - Su A Sar-Hith Sa. - ele olha pra ela profundamente, ele tinha seguido aquele voto a vida inteira certamente por incontáveis gerações.

    O momento solene e quase solitário, só um velho pra ver sua chegada na tribo, mas cheio de pertencimento, tão diferente de casa. Na barriga o símbolo perfeito brilhando entre o vermelho do sangue e a luz prateada da lua.

    - Vamos, é hora de descansar, tem um quarto pra você também na casa de hóspedes. - a voz dele soa como se a caçada fosse corriqueira, mas ele tinha um olhar orgulhoso de Beatrice.
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    Mensagem por Wordspinner Qui Ago 19, 2021 7:58 pm

    Makya entendia essa parte. Ele tinha saído do caminho. Abandonado o trabalho e então... então caçaram ele e meteram chumbo. "Soa bom o bastante para mim." Mas era? Era repetir os erros ou um lembrete de se manter na estrada certa?

    Não era para ele olhar. "Boa sorte garota, a gente se fala depois." As expectativas guardadas para mais tarde. Não conhecia a garota que ia sair com o velho e outra ia voltar vestindo a pele dela, com essa ele ia ter tempo de conversar. Provavelmente.

    "Vou aceitar a casa de hóspedes se não for abusar demais. A comida estava muito boa e a bebida também. Obrigado. Obrigado especilmente pelas histórias." Ele olha para o caderno na mesa. "Queela possa descansar agora." Onde quer que os urathas vão quando morrem. O irraka estica o corpo ficando de pé e afastando a sensação de insegurança.

    "Se precisarem de mim sabem onde encontrar." Ele devia desistir das piadas. Mas ajudavam com o nervosismo. Era bom ter um motivo para meter um sorriso no rosto.

    --

    Makya aproveita o tempo sozinho para ficar confortável e olhar o telefone. As mensagens no grupo, as redes sociais dos amigos. O perfil da irmã. Ele tinha que falar com ela. Olhar para ela. Segurar ela nos braços e dizer que tava tudo bem. Não tava. Mas era o que ele precisava dizer para ele mesmo.
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    Mensagem por Bastet Qui Ago 19, 2021 11:15 pm







    Coração de Tinta


    Beatrice Thompson
    Sombras Descarnadas   |  Cahalith


    “Sim, eu sei o que eu tô fazendo...
    Mas filma direito, se der merda pelo
    menos dá views”



    _______________________________________________________________________


    Beatrice olhou para o diário, como se fosse custoso dizer adeus, e o arrastou em direção ao ancião, assentindo. Respeitava ele querer manter aquilo sem revelar, mesmo que não gostasse da ideia.  Observou os dois conversando, entendendo como era importante para Vigia-Morte aquilo que se seguiria.

    - Valeu... Até depois – deu uma piscadinha pra Makya, seguindo com Dobrasin até o vale. Quando atravessam para a Sombra, ela se surpreende com a criatura enorme do outro lado, a olhando para aquilo até que o velho falou com ela novamente.

    A Cahalith não parece envergonhada sobre tirar a blusa. Na verdade, depois que o faz, fica olhando pra si mesma por uns instantes, até que o ancião começa a desenhar e ensinar os símbolos para ela. Beatrice parece dedicada em aprender o significado de cada um e também a entoar as orações. “Imagina o orgulho do papai ao me ver nessas macumbas”, pensou em tom jocoso, tentando afastar pensamentos mais obscuros.

    - Siskur-dah – ela repetiu, sentindo uma adrenalina enorme correndo em seu corpo. Ela tinha uma presa agora... Tinha a convicção. Queria correr, caçar e morder. Queria sentir medo e mandar ele pra puta que pariu na hora certa. E Vigia-morte proporcionou isso.

    A levou até o rastro fedido... Ensinou a encontrar a presa. Naquele momento não importava todas as outras criaturas bizonhas ali... Ver a mulher com as entranhas pra fora só reforçou sua convicção. Aquele espírito precisava pagar pelo que fez. Bea a cheirou, sentindo uma tristeza imensa ao vê-la daquela forma... Mas já tinha acontecido. Depois ela poderia chorar por aquilo, pensar na dor... Agora, ela só podia punir.

    Mal ouviu as palavras de Dobrasin, já voltou a correr em quatro patas... E atacou a presa. Sentiu dor, medo, sentiu raiva... E sentiu prazer quando sua forma de guerra se mostrou mais forte. Dessa vez, sem sangue de inocentes.

    Chega a rosnar para o velho quando ele disse que tinha algo melhor do que comer sua presa... Apesar disso, se entretém com o ritual que ele aplica, forçando a essência do espírito pra dentro de uma soqueira. Uma soqueira que não combinava nada com o estilo dele.

    - Oh! – a uratha leva um susto com o espírito desbocado. Estufa o peito quando percebe que deu conta de uma ameaça que parecia incomodar – Como é seu nome? – perguntou na primeira língua – Eu sou Coração-de tinta – fala pra Corre-Corredores, mas olha em volta, pra todos os olhos curiosos no meio das brumas – Responsável por esse feito. Sejam meus amigos e justos, e vocês sempre estarão do lado certo das minhas histórias – parecia animada em conhecer a menina/moleque espírito.  – Festa?! – tentou observar além do mundo espiritual, tentada a ir até lá... Mas logo percebe Dobrasin voltando por onde vieram. Suspirou – Outro dia? – perguntou pra Corre-Corredores e, após a resposta, deu um xauzinho, indo com o ancião.

    ---

    Não entende bem o que ele fazia ao acariciar sua barriga... Mas precisava confessar a si mesma que ele parecia foda... Forte, inteligente... Nem teve tempo de concluir o pensamento, sentindo a dor e desmaiando.

    Aceitou a ajuda ao acordar, dando um grande sorriso quando ele a recebeu na tribo. Repetiu o juramento, com convicção. Era bom fazer parte de algo sem ser a parte ruim. A parte errada.  Ela queria mais. Queria a festa que foi negada... Sanar a adrenalina que corria em seu corpo. Colocou a soqueira nos dedos, para não correr perigo de a perder (já que não tinha bolsos naquelas calças), sorrindo ao ouvir o espírito xingar ela de coisas que ela nunca nem tinha ouvido.

    - Ainda não – falou, quando ele sugeriu que ela fosse descansar. Se aproximou dele, o olhando nos olhos, o rosto próximo. Se ele não se afastasse, o beijaria... E faria daquele momento uma pequena festa de boas vindas, da tribo... da lua... do seu novo eu como mulher e predadora.

    -----------

    Pegou a blusa de volta quando saem de lá e corre com ele até a casa. Antes de ir, olhou para Dobrasin. – Obrigada por me explicar tudo e inserir na tribo, Vigia-Morte – falou o nome dele na primeira língua – pela hospitalidade também e por isso aqui– indicou a soqueira – Agora sim eu preciso descansar.

    Caso ele não a impedisse, iria em direção à casa de hospedes, parando no meio do caminho pra catar os silicones do chão e dando uma risadinha sobre aquilo. Bateria na porta antes de entrar.


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