Francis James Welsh

- Nah, não quero roubar o trovão da galera. Hehehehe... - Francis se sentiu um pouco ofendido por não ter sido lembrado, mas era claro que não haviam sido apresentados, apenas de vista. Estendeu a mão para um cumprimento - Francis Welsh, ao seu dispor. Mas pode me chamar de Franco.

Ser bicho do mato? Bem que o Caminhante gostaria. Na verdade, não faltaria vontade quando se tratade lidar com a pecuinha da maioria das pessoas.... Francis cada dia se aproximava um pouco de ser mais bicho do mato do que se vestir como . Elogios, ótimo. É o que a galera merece...  - Heh.. Muito cedo para dizer isso. Mas é verdade, temos.... Gracias. - sorriu imodesto.

Com todo mundo ali, aceitando Francis, ele parou um momento encarando o grupo, sem nenhuma negatividade. Era claro que esperavam ele fazer a frente de conversa, pois foi ele que entrou, então o fez - Não sei se algum de vocês já parou numa prisão e ainda se tivesse, é que nem cu, todo mundo tem uma experiência diferente. Mas dizer... Prisão é inferno. É onde todos os condenados ficam, começa ai a metáfora. Todo mundo tá sujo de alguma forma. E assim como inferno, cê tem a hierarquia baseada em poder e medo. Tu passa as noites em claro as vezes pensando se vai acordar com uma faca na garganta. - enquanto isso, ele brincava com as unhas na mesa, dançando os dedos para um lado e outro - Irônico, eu nunca fui um de sonhos até ir para prisão e é aí que ela funciona, a prisão: única fuga é na sua mente. Enquanto você poder sonhar que vai sair de lá, aquele lugar funciona. Que poder tem o inferno se aqueles que moram lá não poderiam sonhar em deixá-lo?

Sorriu e se ajustou na cadeira - E pensei em vir falar de sonhos. Tem suas noites sido cantadas pela canção da lua?

- O nome de verdade tava junto, Francis. - riu junto e depois bebeu o copo que Anne serviu para ele - Danka! - bebeu e continuou.

- Verdade, esperança é um demônio muito safado. Ô porra, cê abriu uma memória fodida minha agora. Meu pai não se importava com que eu assistia na TV, mas quando moleque, ele me pegou um desenho. E cê sabe, pega desenho, nem vê nada da capa. Vê desenho é de criança né. Mas era de cachorros... Os cachorros eram experimentados, acho que um tinha até a cachola exposta de tão ruim que era o negócio e sabe o que eles testavam? Eles botavam os cachorros para se afogar, várias e várias vezes, tiravam o bicho só quando tava desmaiando de tanto esforço de ficarem nadando. E sabe onde os cientistas putos chegaram? Quando tinha água muito alta, onde o cachorro consegue ver a superfície, eles lutavam mais. Quando tinham esperança, os cachorros se esforçavam mais. Quando a água era baixa, o bicho não lutava e deixava ir... Porra fodida.

Francis fica com uma cara chateada quando respondem sobre os sonhos - É... nunca é bom né... Não não, não precisa ser a sós... Bem, na primeira noite que a gente se falou, tinha tudo aquilo sobre os... - cuidou as palavras - ... Sobre os putos puros. Eu vi... Eu vi o merda em chamas, coroa negra e blabla... E vermes, vermes e moscas... Sei que vir falar de sonhos é tipo jogar folhas ao alto e tentar fazer sentido dos recortes mas... - estendeu a mão, dando espaço para falar.

Francis dá um sorriso nervoso com a resposta dela, virando o olhar por um momento - Se são mais velhos, então histórias se repetem... Histórias gostam de se repetir, só mudam os detalhes, como nome das vítimas... - se reclinou na cadeira - A goroa... Imagino que a coroa é como toda outra coroa por ai no mundo: um título com molde em metal que tem significado apenas para aqueles que botaram o puto com ela. Isso é que é o problema. Os Tocados pelo Fogo? São fanáticos, não são?

- No dia que eu me prestar a ouvir um puto que se diz "Tocado Pelo Fogo" vou fazer ele se sentir "Tocado pelo Franco procologista" heheheh... Tá porra, e o que faltou para aparar o cara nos cotocos e deixar acorrentado no porão de alguém? - Franco se inclina de novo para frente para ouvir a cahalith - Bem, já digo, não se tivermos algo a dizer a respeito disso. Pau no cu deles. Alias, são essa tribo que tá nos arredores da região enchendo o saco ou são separados?

Francis sorri e depois ri com resto da mesa e ouve com cuidado as palavras de Stuart. Felizmente, Francis vê nele a mesma compreensão que havia colocado na cabeça durante a conversa: Puros são lobo ainda, mesmo que sejam os irmãozinhos destituídos da família.... Escolha interessante, "os destituídos". Isso põe tudo em interessante perspectiva... - Não levo a mal. É isso aí. Tudo que eles fazem, tudo que eles são... ainda são sangue de lobo. São uns putos, mas são uns que sabemos o que come, por onde andam e como mijam. Pega o pensamento: nossa vantagem é nossa fraqueza... E não, não tô falando tipo prata literal... A gente sabe quais limites não vamos e daí sabemos onde fica o tapete que vamo por fogo quando eles pisarem em cima.

Francis soaria bastante imbecil tentando parecer mais introspectivo e inteligente do que realmente era, que tomou nota e reduziu - ... É pra ser ao menos. - rapidamente botou bebida na garganta - Nessa que queria manjar do puto da Coroa. É especial por que ele sabe falar? Arranca a língua. A coroa faz dele o Jafar? Quebra e faz ele comer.... Heh... Uma coroa de prata cairia bem no puto então.

- Irmão não tenta comer teu cu com sal e areia, gata. - olhou sério - Gostei... Líquido como diesel. Qual as tuas rodas? Não consigo te imaginar com uma, desculpa Stuarts. Você é quase tão... suave. E isso que a gente compartilha... mesmos gostos, digamos assim. - Francis sacode a mão no ar, fazendo alusão à tribo.

- Há! Touchê gata.

Francis acompanha Stuarts no seu entusiasmo - Você tá me fodendo, essa desgraçada é linda caralho. - olhava com as mãos, ficando sempre um palmo de distância (pois sabia do valor e não queria arriscar levar uma facada nos dedos por isso), admirando. O assunto muda logo para um mais pessoal bem sutilmente. Fez uma volta mental através dos assuntos, voltando para preocupação das alcateias com os Meninnas - Hikaon-Ur, cê diz? Se resolve o problema, Stuarts Little, outro surge. Estar puto da vida é um estado de ser. Rebelião tá no sangue diante da merda que o mundo é. Errado é não estar puto, brother. - Francis sorri - Bom saber, eu tava preocupado de cê não estar puto o bastante, isso sim.

- Oh hoho E ficar abraçadinho em ti? Não obrigado. Hehehehe - Franco ouve com atenção, braços cruzados - E ir até o oriente médio para isso? Se uma porra eu saco dos filmes de terror que eu via para impressionar as gatinhas quando era novo: essas merdas se perdem e estão escondidas por uma razão. - paradoxalmente, abre um sorriso - ... E acho perfeito abrir. Se meus sonhos dizem uma coisa, esse mundo luta para tentar equilibrar a merda que é ficar se negando ser o que não é. Este lugar é fogo e enxofre e raiva e sangue. É ridículo fingir que não. Maninha da Destruição? Então é a Criação, né?

- E se aprendi outra coisa, se tem dois, é equilíbrio, né? Irmão Destruição, Irmã Criação. O que somos sem a fúria? O que somos com equilíbrio?... Ainda somos nós. O escolhemos tanto quanto nos foi escolhido. Não para porque temos um quarto para quebrar. Isso estagna. Fúria não é contida com agrados. Fúria é contida com Extravasos. - cada sentença ele se aproxima um pouco, trocando a posição do pescoço como se estivesse buscando um ângulo. Mas um ângulo para quê? Parou na distância do braço - Quem és tu, Teodoro Stuarts? - abriu outro sorriso, largou a postura, se afastou um pouco - Bela bike.

Cahalith cai na gargalhada junto com Stuarts, farinha do mesmo saco, pelo visto. Quando a risada cai e Stuarts abre o coração, ele acompanha as palavras dele com respeito - Cê você diz, parece realmente interessante de visitar. Conflito tá no coração do ser... Nem dá para dizer humano, heh. O conflito tá no coração do indivíduo filho da puta, e somos todos filhos da puta. E dizem que a casa é onde o coração está. Nada é mais verdadeiro que a casa é onde a guerra está. - pausou e retomou antes que Stuarts respondesse - Inventei essa agora.

Gargalhou de novo - Te cuida. E obrigado por dar atenção a um bunda-mole perdido por ai.

Conforme Stuarts foi embora, Francis volta para casa e procura por Joe. Espera encontrar o rapaz dormindo. Ele ficará em pé, observando, esperando o momento para acordá-lo. Em pé, com os olhos brilhantes vindo da escuridão - Joe... Joezinho... É hora.