(Vou escrever um pouco mais aqui, mas fica a vontade pra interagir com o Yoosuke em qualquer momento se quiser colocar na construção da cena! E, sim, podemos trocar a imagem da Yura, vou "controlar" o Yoosuke em alguns momentos para acelerar a primeira parte da cena.)
Em um momento, quando tudo já tinha sido dito e falado - todos eles ali se entreolharam e por um breve momento, houve confiança plena - Yoosuke sentia que de fato, havia um interesse genuíno em Mokuzai de consertar aquele mundo, embora suas palavras e ações fossem confusas e até tivessem problemas - no final das contas, ele parecia se preocupar com qual seria o resultado daquilo tudo. E mais, embora animado com os dois fazendo aquele experimento, também parecia preocupado com os dois.
Yura avançou para a beirada do navio, jogou a corda e meneou pular. Yoosuke não permitiria que fosse a primeira, estava fora de cogitação e foi ele - o jovem da família Shufen fechou os olhos e deixou o corpo cair com seu peso, virando sob a beirada das guardas do navio, enquanto caía - o tempo pareceu ter parado, viu ao longe três navios muito maiores ao longe, vindo na direção de seus companheiros, a fumaça que aqueles navios soltavam não deixa dúvidas, a nação do fogo havia os encontrado e logo em seguida, antes que pudesse fazer qualquer coisa, sentiu todo o seu corpo gelado e nada mais viu.
O frio ao encostar naquele líquido enegrecido era tanto que sem ter controle de seus pulmões, tentou respirar - aquele líquido entrou por sua narinas e boca, parecia ir congelando todo o seu corpo até chegar nos seus pulmões. E não parecia estar sobre a água, mas caindo - continuava a cair sem fim - tudo ficava cada vez mais frio, mais escuro, mais distante. Com um baque seco e surdo, seus olhos se abriram vagarosamente.
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Estava de volta no palácio ancestral de sua família. Sentia algumas dores no corpo e mesmo sem ver, sabia que seu corpo tinha queimaduras - seu braço direito estava completamente queimado, com cicatrizes profundas, havia também uma cicatriz que cortava seu olho esquerdo de cima para baixo, o qual tinha dificuldade para enxergar mais do que vultos por este. Sentia melancolia, uma tristeza profunda e não sabia o motivo. Estava sentado em uma espécie trono e parecia estar recebendo algumas pessoas, até que a primeira chegou. Um primeiro homem se aproximou, um servo da família Shufen.
- Jovem Mestre, tem um casal de velhos que quer vê-lo, já falamos que você não pode ajudar, mas estão acampados há dias na frente do palácio. Os guardas já os expulsaram, mas eles voltam sempre. Tomei a liberdade de marcar essa breve reunião para resolvermos isso de uma vez por todas - infelizmente, não sei do que se trata, uma vez que eles não querem dizer nada se não diretamente a você.
Um casal de velhos entrou logo em seguida, usavam roupas características do reino da terra. Estavam apressados, foram rápidos até a frente de Yoosuke e se ajoelharam logo em seguida.
- Senhor do Fogo, por favor, nos diga onde está nossa filha! A família Shufen a comprou quando era muito nova, não pudemos fazer nada. Mas agora você não precisa mais dela, por favor, nos diga onde ela está e nos deixe procurar por nossa querida Yura.
Como o relâmpago que saia da ponta de seus dedos, sentiu o mesmo atravessar seu corpo e uma lembrança surgiu em sua cabeça. Ele e Yura lutaram contra Kamai e Yura se comprometeu com o impossível, entregando sua vida para que Yoosuke pudesse sair vitorioso. O custo foi alto demais.
Seus olhos se fecharam, deixando aquela cena para trás.
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Yoosuke estava no meio de um campo arado. Tinha uma casa bem simples próxima dali, não tinha mais os ferimentos de outrora - com a diferença de seu cabelo, que estava bem mais comprido e amarrado atrás das costas, tinha a saúde perfeita. O campo arado parecia ser obra de suas próprias mãos - tinha uma enxada nas mãos, machados próximos e um cavalo que o auxiliava roçando a terra marrom daquele local. Estava feliz. O sol brilhava forte e o calor lhe fazia bem. Tinha pensamentos positivos em sua cabeça e como dois raios, duas crianças de aparentes idades iguais passaram correndo por ele, pisando sobre seu trabalho.
- Vocês dois! Não atrapalhem o pai de vocês!
Da casa próxima, saiu com um cantil, Yura. Usava roupas mais folgadas - não era um vestido, não combinaria com ela. Mas parecia mais a vontade. Não tinha sua expressão estóica e preocupada, mas estava tranquila. Podia-se dizer que estava feliz, também. Aproximou-se e deixou o cantil de lado, para Yoosuke.
- Vou atrás deles.
Sorriu, com olhos gentis e tocou o rosto de Yoosuke, dando um beijo breve.
Sentiu calor, sentiu-se como pensou se sentiria um dobrador de fogo enquanto estivesse executando sua dobra. Num estado sublime, fechou os olhos - deixando tudo aquilo para trás.
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Acordou uma terceira vez. E agora, parecia que estava no controle - um sonho antigo voltou em sua mente.
O céu estava escuro e cuspia relâmpagos em Yoosuke, eram absorvidos na ponta de um dos dedos, passando por todo o seu corpo e sendo disparados pela ponta dos outros dedos. Sentia calor. Seu peito estava quente e seu sangue fervia. Yura estava ao seu lado, ajoelhada e observando. À frente dos dois, estava Kamai, ajoelhado e entregue à sorte, o homem responsável pela destruição da nação do fogo como Yoosuke conhecia. Os raios que viajavam por seu corpo se tornaram chamas, envolto em um turbilhão de fogo, parecia controlar o fogo com facilidade e restava uma decisão.
Disparou um relampago contra Kamai - seu alvo foi atingido em cheio e caiu de costas. Sem vida.
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Acordou, uma última vez. Agora, parecia estar em uma praia - mas via as coisas diferentes - espíritos pairavam no ar, as cores pareciam alteradas de várias formas e por fim, alguma coisa começava a fazer sentido. Não sabia como explicar, mas sabia - tinha atravessado aquele portal e estava no mundo espiritual, mas tudo o que aconteceu durante a passagem parecia tão real que se misturava com suas lembranças.
Yura estava próxima, tinha pulado atrás dele, então. Estavam os dois no mundo espiritual. Ela pegou o saco de suprimentos e fez um rápido movimento com as mãos, parecia estar tentando usar sua dobra na areia da praia. Em vão, não conseguiu.