Grupo 1 - Delvar/Shmul e Toshiharu/Gaijin

Delvar retribuiu a piscadela para Beghila e quando teve oportunidade – Bom dia, minha querida. Como tem passado? E os estudos? Eu vou querer carne de porco para o almoço.

O anão então se sentou à mesa, ouviu os relatos dos amigos e respondeu: - Truques novos, Sybel? Que magnífico. Espero que possamos por logo em prática nossas habilidades. Que bom que o amigo de vocês ainda esta vivo. Eu não preciso passar em mais nenhum lugar, e você Elisie?

- Mestre samurai, pena minha especialidade ser em criar armas, caso contrario ficaria feliz em lhe forjar uma armadura – dá um sorriso largo.

Pois é terei que me arranjar com o que tenho. Não haverá problema quanto as armas - Ele olha para as espadas que carrega. - Jamais poderia troca-las.

A casa estava movimentada, e Beghila estava bem atarefada. Trazendo o porco que Delvar havia pedido, com um grande avental branco e os cabelos presos atrás, a anã se aproxima de mansinho e coloca a comida em frente do anão. As fatias de bisteca estavam arrumadas em um crescendo, junto com batatas e cebolas dispostas de maneira artesanal. Ela puxa uma cadeira e senta-se ao lado do clérigo, sendo observada pelo olhar emburrado de Elisie.
- Pra voce o que temos de melhor, querido... Por aqui esta uma loucura, parece que mais pessoas querem conhecer o local onde o famoso grupo de aventureiros que salvou a princesa de Ling-Xao vem se encontrar. Bem, não é tanta gente assim, mas não custa nada valorizar, né, Delvar?

Beghila da uma risadinha e continua.
- Tenho estudado muito, e logo, logo farei a prova dos magos! Não é demais? Papai ainda esta apreensivo, pois sabe que terá que contratar uma outra atendente para entrar no meu lugar! Ve se pode?

Elisie balança a cabeça.
- Olha, por mais que eu esteja adorando esta conversa, que tal nós irmos logo para onde devemos ir? Passamos tempo demais esperando pela aventura pra gente ficar so de conversinha...

Tainsa olha desconfiado para Elisie.
- Voce anda muito estranha ultimamente, menina, nem brigar com a Beghila voce esta brigando! Aconteceu alguma coisa?
A guerreira revira os olhos, cruza os braços e recosta na cadeira, olhando para outro lado.

***

Após a refeição, o grupo se despede de Beghila e Kiror e saem do “Raposa Esperta” satisfeitos. O sol estava alto, indicando ser por volta do meio-dia, e as ruas estavam movimentadas. Eles então atravessam o ponto de controle para a área nobre da cidade, e dirigem-se ate a casa da aventureira Loene, que mais parecia um mini-castelo, com torres e sacadas para todos os lados. A propriedade era cercada por um muro alto, e em sua entrada estavam dois vigias.

Após se identificarem como os aventureiros do mago Laeroth, eles tem sua passagem liberada e são levados até o jardim onde um imenso carvalho esta ao centro. Todos sentam em bancos, dispostos ao redor da grande arvore.

Vojta aproveita seu tempo para afiar sua arma, enquanto Sybel observa maravilhada a arvore. “Ouvi falar que esta arvore não é nativa daqui, foi transplantada magicamente!”, comenta.

Súbito, todos ouvem um sibilar de uma flecha, que atinge um alvo em cheio localizado a 50 metros de distancia. Ao acompanhar a origem daquela flecha, eles veem que uma elfa de cabelos negros esta com um arco e flecha, apoiada agilmente sobre um dos grandes galhos do carvalho.



Ela salta do local onde está, da uma pirueta em pleno ar, e cai graciosamente entre os aventureiros. Ela faz um gesto circular de cumprimento com a mão, arqueia o corpo e diz:
- Bom dia, aventureiros! Meu nome é Loene, e gostaria de fazer uma pergunta a vocês... A quem vocês servem? Entendam como queiram, e respondam sem titubear!

A elfa olha para os heróis com expectativa, a procura de suas respostas.

Toshiharu não teme ou deve então responde com sinceridade o nome de seu Senhor Sirvo ao Daimyo Shimazu e você?

- Obrigado, querida Beghila. Sei que sua mãe é uma cozinheira de mão cheia! - afirmou quando recebeu o prato de comida.

- Quanto as tais provas de magia, tomara que você se saia bem. Estarei torcendo por você, e entendo a preocupação de seu pai. Diga para ele que alcançaremos muita fama e sempre indicarei a "Raposa Esperta" - deu uma gargalhada sonora.

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Delvar adentrou a pequena cidadela com bastante interesse observando a engenharia das estruturas de pedra, ferro e madeira e comparando mentalmente com uma fortaleza Anã, "muito bom, mas embaixo da terra era bem melhor", pensava.

Se impressiona, também, quando Sybel comenta que a árvore foi implantada magicamente. Nunca ouviu falar de algo parecido.

Após o exibicionismo da Elfa o Anão responde sem hesitar - Sirvo a Deusa Fenrir e as causas justas que julgo ser capaz de ajudar.

Depois de Toshiharu e Delvar, respondem os outros.
- Sirvo a mim mesmo, elfa! – responde Tainsa.
- A minha comunidade – responde Sybel.
- Vojta serve quem paga Vojta – diz o meio-orc.

Elisie olha para Delvar antes de responder. “Sirvo aos meus tios, que me cuidaram e me fizeram o que sou hoje... Para sempre!”, diz, com firmeza na voz.

Loene, que observava a todos com atenção, acena com a cabeça. “E eu sirvo a minha divindade, Freyalise, mãe da natureza, a de mil formas... Se servimos a algo ou a alguém de nossa livre vontade, é porque tivemos a liberdade para tal, e que não somos controlados por forças externas que queiram nos fazer mal. Nossas ações são fruto de nossas escolhas...”, comenta a elfa. Cada um do grupo fica em silencio por alguns instantes, tentando descobrir qual o sentido daquelas palavras, e o que a aventureira quis dizer com aquilo.

- Venham, vamos para a casa. O mago Laeroth esta a sua espera! – diz Loene, indo na frente e indicando o caminho.

***

A sala onde se encontravam era grande, acomodando facilmente todo o grupo. Estavam ao redor de uma mesa quadrada de madeira castanha quase negra, talhada com motivos silvestres e adornada com pedras preciosas. Nas paredes estavam quadros de pintores famosos da terra dos elfos e de Galia, todos indicando uma cena de batalha, seja contra exércitos como monstros fantásticos. Haviam também alguns pedestais, que continham objetos raros e muito provavelmente mágicos.

Laeroth estava com o semblante fechado, com as mãos nas temporas e os cotovelos na mesa, continuando nesta mesma posição por vários minutos, sem se alterar, mesmo quando Delvar, Toshiharu e os outros se sentaram.

Finalmente Loene o cutucou, e então Laeroth abriu os olhos.
- Ah sim, vocês já estão aqui... Sim, sim... E então, quais as novidades sobre o caso?

O samurai entreolha seus companheiros, mas ele sabe que nada foi descoberto exceto o episódio que tivera recentemente, mas provavelmente não seria digno de nota para o que o mago desejava saber, mas mesmo assim o diria.

- Sobre o Selo? Infelizmente diretamente não, mas fui informado recentemente sobre a traição que o grupo que tinha como missão resgata-lo teve. E isso significa um traidor dentro das fileiras de meu senhor... alguém de importância e confiança, mas não sabemos quem é ainda.

- Pois digo que nada descobri senão o que o mestre samurai compartilhou agora com todos, Senhor Laeroth - dizia isso e se perguntava por que não tinha ido atrás de nenhuma pista sobre o caso. De qualquer maneira Delvar sabia que não era a pessoa indicada para esse tipo de operação pois não sabe ser discreto, muito menos silencioso, e não possuir contatos pela região além de Adriaan, Kiror e Beghila.

O arquimago ouve as palavras de Delvar e Toshiharu com a mão apoiando o queixo, sua expressão sendo de seriedade. Ele balança a cabeça, preocupado.
- Sim, nossos inimigos estão por toda a parte, por todo o lugar. Temos que tomar muito cuidado, especialmente naqueles em que depositamos muita confiança... – diz, olhando para cada um do grupo. – A Guilda da Serpente, o traidor do grupo samurai, todos são componentes de uma maquina muito maior, algo que deseja aquilo que devemos proteger!

A elfa Loene pega um pergaminho e o abre para que todos possam ver. Nele esta desenhado uma cena terrível, onde pessoas se transformam em monstros, fogo cai dos céus e mortos estão espalhados por todos os lados. “Isto é o que os inimigos querem... Ter as mãos em uma arma capaz de trazer desgraça a toda Dominus!”, diz.

Laeroth acena com a cabeça.
- O selo de Asano é apenas uma parte, e é imperativo que nós peguemos as partes faltantes.

O elfo então volta seu olhar para Delvar.

- E o próximo destino de vocês é... Hammerheim.

- E lá encontraremos o que? Mais pistas?

O anão observou assombrado ao desenho maligno e caótico contido no pergaminho. Seria esse o apocalipse?

Quando Laeroth menciona Hammerhein um misto de temor e alegria acometeram Delvar. Voltaria para sua terra natal, mas o que o aguardava? Seu maior algoz estava lá, bem como seu irmão encarcerado. Talvez a ida de Delvar dificultasse ainda mais a difícil tarefa de encontrar os outros selos ou partes do selo.

- Devo avisar de antemão que possuo inimigos em Hammerhein, e que minha presença não é bem vinda em minha terra natal, porém, se todos entenderem que devo acompanhá-los, irei de bom grado, pois tenho amor por aquele reino e seria uma oportunidade única de salvar meu irmão Thimon – Delvar olhou para Elisie com os olhos brilhantes e cheios de esperança.

Laeroth volta seus enigmáticos olhos amarelos para Toshiharu, observando-o por alguns instantes.
- Engraçado como sua cultura e povo encontra-se presente em grande parte dos mundos que conheci... Evolução paralela? Designios dos deuses? Imigração planar? Quem sabe... – fala para si mesmo, e então, dirige-se ao oriental – Toshiharu, diria algo mais que pistas... É a próxima parte faltante... A Pena da Roca! Deixada aos cuidados do clã Fierybrow de Stoneholme.

Embora o nome Pena da Roca não tivesse causado nenhuma lembrança a Delvar, o nome dos Fierybrow era bem conhecido. Segundo clã na linha de sucessão de Stoneholme e notórios adversários dos Powderkeg, eram conhecidos por encantarem suas sobrancelhas com chamas magicas antes dos combates.

Depois da colocação de Delvar, Elisie, que há muito tempo permanecia seria, permitiu-se dar um sincero sorriso de apoio para seu tio.

A elfa Loene, que estava acompanhando a conversação, manifestou-se a favor.
- Todos temos inimigos em todos os lugares, mas quando os conhecemos de antemão, conseguimos nos preparar, Delvar. Sua presença é indispensavel nesta missão... Posso ate arriscar que os deuses apoiam suas jornadas, por montarem um grupo tão conveniente. Resta saber se conseguirão dar conta do recado...

Delvar entendia quase nada sobre os planos e se importava menos ainda mas tinha sua opinião – Acredito que a Elfa já respondeu sua pergunta, Laeroth. Talvez um viajante dos venha adquirir mais dúvidas do que respostas com suas experiências extraplanares, o que eu entendo ser uma coisa boa.

Refletiu alguns instantes sobre a tal Pena da Roca e o clã Fierybrow e exclamou – Pelas bigornas de Fenrir! Não imagino se meu vil irmão continuou as desavenças ou se uniu com os Fierybrow. Quanto a essa tal Pena Roca eu nunca ouvi falar. Seria uma pena propriamente dita?

Toshiharu concorda com um aceno de cabeça e acrescenta - De fato não sei por quantos lugares meu povo já andou e prova disso são os fatos relatados nesse momento. Recuperaremos a Pena e teremos que superar as adversidades. Mestre anão seus inimigos ... se estiverem lá não se preocupe, pois sozinho você não estará e comigo você pode contar.

Laeroth ouve as replicas de Delvar e Toshiharu com o olhar distante, como se estivesse em um outro planeta. Ele então sacode rapidamente a cabeça, pisca os olhos ligeiro e diz:
- De que estava falando mesmo? Ah sim, a pena da roca... Já viram alguma criatura da variedade roca em suas vidas? Se já viram alguma águia, só imaginar uma versão bem, mas bem maior. A pena de roca acompanha seu tamanho, mas não sera necessário procurar por uma pena tão grande, pois ela foi convenientemente reduzida por magia.

O arquimago então olha fixamente para Loene, como se estivesse tendo uma conversação sem palavras. Volta-se então para os heróis e diz:
- Bem, tudo isto é mera conversa. O que importa é que vocês irão ate la e vão pegar a pena antes do inimigo... se é que ele já não pegou... A aventureira Loene fornecerá o transporte para Hammerheim e dará outras informações necessárias.

A elfa de cabelos escuros acena com a cabeça. Ela pega um outro desenho que mostra um navio do tamanho de uma escuna, com o que parece ser alguns mastros laterais e hélices.
- Providenciei um “windrunner” que os levará direto para o reino dos anões por ar. Porém peço que se atenham ao plano de desembarque, a chegada de vocês não pode ser percebida pelos altos escalões! Desejam fazer alguma coisa aqui em União antes de partirmos?

- Um “Wind o que”? Esse barco voa? – perguntou impressionado enquanto analisava o desenho. Delvar nunca tinha visto nada parecido e nem gostava de alturas.

- Creio estar pronto para partirmos. Qual é o plano de desembarque? – se preocupava, agora, em memorizar o tal plano. Tudo tinha que correr perfeitamente bem, pois a liberdade de seu irmão podia depender disso.

Diante da resposta positiva referente a partida, a elfa Loene se levanta e vai em direção a porta. Ela então se vira e diz:
- Ótimo! Queiram fazer o favor de me seguir. Explicarei o plano no caminho ate o nosso destino.

Todos então se dirigem ate os fundos da mansão, onde uma grande carruagem os espera. O grupo se acomoda nos assentos, e logo o veiculo parte, indo em direção ao portão principal. Loene esta espremida no meio de Toshiharu e Delvar, mas a aventureira parece não se incomodar com o contato físico, permanecendo com seus braços nos ombros dos heróis. Elisie olha desconfiada para aquela elfa por demais desinibida.
- Muito bem, o plano já começa por aqui mesmo, em União – diz Loene. Ela da uma olhadinha pela janela da carruagem, e então continua - Nós estamos sendo seguidos por agentes inimigos, que estão vigiando todos os nossos passos. Por isto vocês terão que ir por um caminho alternativo...

A carruagem avança pelas ruas de União, até que chega num local mais movimentado, tendo que parar constantemente a espera da passagem de transeuntes e outras carruagens e carroças. Em um determinado ponto, Loene faz um sinal para o grupo, e abre um fundo falso da carruagem. Ela pede a ajuda de Vojta para abrir a tampa do bueiro que estava logo abaixo, e pelo buraco os aventureiros vão descendo um a um.
- Nos encontramos novamente na colina próxima da Universidade de Magia, onde você se encontrou com sua namorada, Delvar... - diz Loene piscando um olho. A elfa então fecha a tampa, ficando todos na escuridão.

A halfling Sybel conjura uma magia de luz, que mostra que os esgotos de União foram construídos bem espaçosos e organizados, embora infelizmente o cheiro fosse o mesmo que o esgoto de qualquer cidade.

O gnomo Tainsa fica com a mão no queixo, pensativo.
- Não sabia que voce já conhecia a elfa, Delvar... O que fazemos agora?

Delvar seguiu os passos que lhe foram ordenados e entrou na galeria de esgoto, mas ficou bastante confuso quando a elfa apontou a colina onde esteve com Beghila como coordenada de destino. Como a elfa sabia que eles estiveram na tal colina? Estava sendo vigiado, então? O anão não gostava nada dessa hipótese.

- Acabei de conhecer essa elfa estranha. Não tenho certeza do que fazer, mas talvez eu consiga nos guiar através dessas galerias até próximo da Universidade de Magia - Delvar fazia uma careta estranha enquanto tentava se acostumar com o fedor do local.

O samurai não gostou de ouvir que estava sendo vigiado e muito menos que não iriam ao encontro dos mesmos, mas apenas disse.

- Devemos então ludibria-los? Certo preferia acabar com isso de uma vez, mas talvez seja melhor engana-los um pouco, mas o esgoto? Muito bem devemos suportar isso...pela missão.