Arredores - Deserto de Mojave

Sorte dela...

Era sorte mesmo. O mundo era uma tempestade de caos sem compaixão nenhuma. Ela tinha alguém para olhar por ela. Pra se preocupar.

Makya muda dolorosamente a forma do seu corpo. Precisava falar como humano para aquilo.

"Parece que ela tem sorte mesmo já que você tava aqui protegendo ela." Era isso, não tinha como ser outra coisa. Um uratha que a quisesse morta teria conseguido. Um armado então?

"Obrigado por isso e desculpa a demora." Makya não era o melhor para causar uma boa impressão. Nem sabia se queria isso.


Ele respira fundo, era difícil falar o que ele pretendia.

"A gente pode conversar? Se você tava aqui vigiando ela merece pelo menos uma dose e tem pelo menos uma peça desse quebra-cabeça. A gente pode acabar descobrindo que tem muito em comum." Ele sorri amarelo. Era uma piada. Claro que tinham muito em comum. Eram urathas. Raros monstros que derretiam e moldavam a realidade como abelhas voam, sem explicação ou sentido. "Quem sabe a gente te apresenta pra ela." Ele dá de ombros, pode ser a ultima coisa que o estranho quer, ou até algo que ele teme. Mas faz sentido oferecer. Fazer pensar na possibilidade.

***: Protegendo sim, esperando Anshegas também… Seu amigo negão e a moça de cabelo desbotado são bons indicadores que vocês não são… -

Olhos podem ser enganados. Mas ele chegou na conclusão certa então, fazer o que?

"Urdagas, todos os três. " Era uma das perguntas e Makya não daria voz a ela. Não era hora.

***: Esperava um monte de merda, vampiros armados à prata não.

"A gente viu esses caras. Filhos da puta bons de mira. Preparados e organizados. Assassinos." Makya falava sem pressa. A conversa de verdade ia acontecer com todos eles juntos.

"Esses caras.Não qual é a deles. Nem um pouco." A frustração e a raiva eram óbvias. Malditos zumbis.

O homem diz que a área tá limpa, mas como ele realmente podia saber? Impossível, melhor não deixar a luz do sol te relaxar. Melhor nunca relaxar.


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Serge: Quem é o seu amigo?

"Ainda não fiz essa pergunta do jeito que cê quer a resposta. Mas ele tava de olho nela pra gente, né não?" O irraka aponta o homem com o polegar e então aponta para Serge.

"Esse cara é o Serge. Gente fina. Meio sério." O irraka diz com um riso de lado. Começando a cruzar a estrada.

"Aquela ali atrás é a Cheryl. Cuidado com ela." Ele aponta a elodoth e espera um instante pela reação.

"Eu sou Makya, o cara que se acha esperto." E estende a mão esperando um aperto.

"Você é?" Quando finalmente tira os pés do asfalto.

"Nossos amigos dentuços passaram aqui, não foi?" Ele diz para a alcetai e pergunta ao homem. "Será que foram eles que pegaram o Morgan?" A ultima frase ecoa nos pensamentos de Serge e Cheryl.

Little John. Quanta ironia. Ele sorri sem nem pensar. Não é bem um nome uratha. Mas porque não? Cheryl não se aproximava e mantinha a parente afastada. Curioso. Bom. Prudente. Não era fraqueza era proteger o fraco.

Quando John diz que ela parece uma cracuda. "As anfetaminas acabam com o cara, mas ela só tá suja e assustada. Uma boa noite de sono, um banho e uma refeição e ela tá nova em folha."

O irraka tenta um sorriso encorajador para Anastásia. Ela merecia um pouco de motivação extra.

A mensão aos rifles de prata da arrepios frios. Uma corrente elétrica que desce do pescoço e deixa ele puto. Medo não é o que queria sentir. Queria raiva. Queria vingança. Porque? Eles tiraram o momento deles. Deixaram eles impotentes frente aos putos. Não, deixaram os puros impotentes e arrancaram a vitória da boca dos caras e ainda cagaram em cima deles. Cagaram em cima de todo mundo.

"Filhos da puta intrometidos." Ele olha pra Serge. "Achei que esses filhos da puta tinham assunto com o cara que eles mataram. Mas parece que tem assuntos com a gente também. " Cheryl sabia da história mas não tinha estado lá. Não tinha visto a primeira baixa. Cinco que viraram dois. Ela era um sopro de vida em brasas já testadas.

Eles iam durar. Eles iam queimar.

Serge devia estar pensando nesses vampiros. Deve ter sido jogado de volta pra aquele pedaço encarniçado de deserto onde a gente enterrou os Anshega.

"Não vão assumir pica nenhuma. Mas eles sabem bem como a gente corre. Os frios tem até um lobo de totem e andam nos dois mundos. São problema sério." Ele cospe sentindo um amargo ruim na boca, amargo feito areia e sangue. "São problema nosso." Um olhar sério de Cheryl para Serge.

É o que era. Problema deles. Podiam reclamar e espernear. Chutar e rolar. Gritar e se debater. Era problema deles. Tava na conta deles e alguém ia pagar. Eles iam pagar, claro, quem mais? Ainda iam pagar com juros.

"Eles chegaram armados e continuaram assim." Makya fade ombros.

"Você descobriu algo com os vampiros? Pode me mostrar o rastro deles?" Makya deixa aquilo afundar. As palavras. Ele queria saber ir atrás dos caras. Aonde você vai deixa um rastro.

John: ...e isso é absolutamente fodido cara

"Profano. Isso é profano." Makya não esconde o horror. O trauma deve ser irrecuperável, sentir o chamado da mãe e ao invés do seu abraço vivo e ardente ser afundado em morte e escuridão.

John: O outro foi lá em cima, o puto quase me fodeu.

"Um de nós não estava nos planos deles. Mas os filhos da puta se meteram com a minha alcatéia. Eu quero ouvir a história da Anastasia depois que ela tomar um banho e comer alguma coisa. Acho que tem mais crimes para eles responderem." Makya não queria dizer mas tinha pelo menos uma presa em mortos vivos. Ao menos um deles tinha que morrer. De novo.

John:... qual o problema de vocês americanos cara?

"Ela gostou de você então. Meteu umas cinco balas na minha perna na minha primeira noite." Makya balança a cabeça. " A gente pode te arranjar tudo isso. Eu posso te guiar por aí enquanto Serge e Cheryl cuidam da princesa perdida. Os dois foram um cochilo e jantamos juntos para conversar de novo." Ele olha em volta de pessoa para pessoa. "Fechado? Eu mando a localização e vocês trazem a comida." Então como se tivesse acabado de lembrar. "Tragam a família, as noites tão perigosas pra gente."